As redes interorganizacionais tornaram-se um tema de grande discussão nos estudos organizacionais. Segundo Nohria e Eccles (1992), existem três razões principais para o aumento do interesse sobre o tema: a) A emergência da “nova competição” como a que está ocorrendo nos distritos industriais do Vale do Silício – se o “velho” modelo de organizações era a grande firma hierárquica, o modelo da organização considerada da “nova competição” é a rede de interrelações laterais intra e interfirmas; b) O surgimento das tecnologias de informação e comunicação (TIC) tem tornado possível uma maior capacidade de inter-relações entre firmas dispensas; c) A consolidação da análise de redes como uma disciplina acadêmica não somente restrita a alguns grupos sociólogos, mas expandida para uma ampla interdisciplinaridade dos estudos organizacionais. O desenvolvimento das redes empresariais vem ganhando força não só nos países desenvolvidos como a Itália ou Japão, mas também em países em desenvolvimento como o Brasil e outros países da América do Sul e Central. No Brasil, a associação de empresas , arranjos produtivos, pólos industriais, entre outros modelos, vêm ganhando incentivos governamentais. Essas tipologias de arranjos interorganizacionais visam criar um ambiente de sinergia, de cooperação, de complementaridade de conhecimento em prol de um contexto propício à competitividade, sobretudo, no caso das PME (BALESTRIN; VARGAS, 2004). Essas relações interorganizacionais mostram-se em muitos casos como uma alternativa mais eficaz em relação as empresas “isoladas”, no que diz respeito ao conhecimento, desde sua criação até sua recombinação. Diantes disso, essas relações tornam-se uma importante estratégica competitiva para essas empresas. Isso pode ser comprovado pela afirmação de Kogut e Zander(1992) e Grant (1996) de que um processo efetivo de criação de novos conhecimentos poderá tornar-se uma importante fonte de sustentabilidade de vantagens competitivas para as empresas.
Elementos de formação e funcionamento das redes Como primeiro elemento de influência sobre essas redes, podemos destacar as pressões contigenciais. Segundo Oliver (1990) as redes são formadas a partir de pressões contingenciais que forçam as empresas a trabalharem conjuntamente, apresentando seis contingências determinantes, que muitas vezes ocorrem conjuntamente:
a) Necessidade – uma organização freqüentemente estabelece elos ou trocas com outras organizações por necessidade. Essa contingência está sustentada por estudos oriundos, sobretudo das abordagens de dependência de recursos; b) Assimetria – sob esta contingência, as relações interorganizacionais são induzidas pelo potencial exercido de poder de uma organização sobre outra; c) Reciprocidade – de acordo com essa perspectiva, as redes interorganizacionais ocorrem com o propósito de buscar interesses e objetivos comuns em ações de cooperação; d) Eficiência - a eficiência é a única dessas seis contingências que apresenta uma orientação interna ao buscar uma melhor performance na eficiência organizacional que as redes são estabelecidas; e) Estabilidade – a incerteza induz as organizações a estabelecer e gerenciar inter-relações para encontrar a estabilidade no ambiente; f) Legitimidade – é sustentada fundamentalmente pela teoria institucional, a qual sugere que o ambiente institucional impõe pressões sobre as organizações para justificar suas atividades e resultados. Outro fator de influência é a conectividade entre os atores. Para que haja uma rede é necessário que exista comunicação entre seus participantes. Quanto melhor e mais freqüente esta comunicação, maior a quantidade de conhecimento transmitido. Essa comunicação pode ser feita tanto pelo contato “face a face” quanto através dos recursos de comunicação (tecnológicos ou mecânicos) As modernas tecnologias facilitam comunicação entre os atores do ambiente institucional, pois dispõe de formas mais complexas de comunicação e interação, favorecendo deste modo a inovação (POWELL, 1990). Porém as redes precisam preparar-se para potencializar-se este recurso. É importante ressaltar que apesar das enormes vantagens oferecidas pelas TIC, é importante manter a interação “face a face”, principalmente para comunicação de conhecimentos tácitos ou desestruturados. No terceiro fator que influencia no desempenho de uma rede é a coerência, que de acordo com Castells (1999) ocorre da medidas em que há interesse compartilhados entre os objetivos da rede com os objetivos de seus autores. Para isso é necessário em que haja confiança, onde o nível de cooperação seja maior do que o nível de competição. Em seu estudo sobre a estratégia em rede, Jarillo (1988) demonstrou o quão importante torna-se nessas inter-relações, visto que permite a redução de custos de transação e torna mais viável economicamente a existência dessas redes.
A coordenação e as pressões situacionais de origem destas redes, podem ser destacadas como fatores de influencia no nível coerência. Como ultimo fator destaca-se os mecanismos de coordenação. Caglio(1998), define esses mecanismos como forma de governança entre os interesses da rede e o mesmo de seus atores, por meio de uma variedade de instrumentos que tentam governar o comportamento, estruturando informações irrelevantes e estabelecendo regras de conduta. Esses mecanismos variam