este arquivo contem 11 artigos do prof olavo, publicados em maio de 2007. lembrem-se de karl radek jornal do brasil, 31 de maio quem manda no brasil di�rio do com�rcio, 28 de maio porcaria de lei jornal do brasil, 24 de maio met�fora punitiva di�rio do com�rcio (editorial), 23 de maio voc�s querem bacalhau? di�rio do com�rcio, 22 de maio ci�ncia ou palha�ada? di�rio do com�rcio, 21 de maio �dio � realidade jornal do brasil, 17 de maio para compreender a revolu��o mundial di�rio do com�rcio, 14 de maio debatendo com o crime di�rio do com�rcio (editorial), 10 de maio ainda h� tempo jornal do brasil, 10 de maio precau��o elementar di�rio do com�rcio, 07 de maio uma gl�ria da educa��o nacional
lembrem-se de karl radek olavo de carvalho jornal do brasil, 31 de maio de 2007
karl radek, um dos mentores do levante comunista de 1917, foi tamb�m um pioneiro da revolu��o sexual. sua campanha contra a �moral burguesa�, seus apelos ao amor livre impregnaram de tal modo a propaganda revolucion�ria, que toda uma gera��o de jovens desajustados, filhos de m�es solteiras, veio a ser conhecida como �a prole de karl radek�. mais tarde, o homem caiu em desgra�a, como outros tantos pais da
revolu��o. st�lin, num lance de humor negro, mandou intern�-lo num pres�dio de delinq�entes juvenis, que fizeram do velho revolucion�rio, j� doente e alquebrado, seu saco de pancadas predileto. karl radek morreu surrado e pisoteado pelos filhos da sua revolu��o sexual. o epis�dio n�o me sai da cabe�a quando ou�o os discursos edificantes com que os ap�stolos do chavismo justificam o fechamento da rctv, acusando o canal de disseminar a imoralidade e destruir a sacrossanta institui��o da fam�lia. a esquerda � assim. num dia ela prega o abortismo generalizado, o casamento gay , a criminaliza��o da b�blia, o ensino da homossexualidade nas escolas infantis. quando voc� embarca na onda e colabora, �timo, voc� se torna duplamente �til: ajuda os esquerdistas a disseminar o caos moral no capitalismo e j� fornece o pretexto com que eles v�o jogar voc� �s urtigas quando n�o precisarem mais da sua ajuda. o que me espanta a� n�o � a duplicidade de l�nguas � ela � inerente ao esp�rito revolucion�rio. o que me espanta � o n�mero de pessoas poderosas, ricas e, no seu pr�prio entender, espertas, que caem de novo e de novo nas ofertas sedutoras do tentador, sem lembrar que ele alterna esse papel com o de acusador, hoje induzindo ao erro, amanh� jogando-o na cara do pecador, com eloq��ncia furiosa, desde o alto dos p�lpitos, como o bispo ch�vez. nos meus quarenta anos de jornalismo, jamais vi nenhum dos grandes empres�rios de m�dia colocar sua empresa a servi�o da libertinagem por puro e grosso desejo de lucro. todos preservavam sua imagem de cidad�os respeit�veis e se abstinham da pornografia expl�cita, deixando-a para os aventureiros, os marginais da ind�stria midi�tica. s� entraram eles pr�prios na �rea quando sentiram que a gandaia tinha sido legitimada e, por assim dizer, enobrecida pelo consenso da intelectualidade falante. a�, libertos de escr�pulos, descobriram o potencial de um mercado que antes desprezavam. a chave que muda a atitude do empresariado � acionada pelo clero leigo, os intelectuais iluminados, portadores das novas t�buas da lei, sancionadas pela autoridade de charlat�es como alfred kinsey, margaret mead e os frankfurtianos. pois bem, senhores, esses mesmos que os induziram a envergonhar-se da sua velha �moral burguesa� e os aconselharam a transformar seus �rg�os de m�dia em megafones da revolu��o pornocultural sabem que os senhores s� lhes s�o �teis numa parte do trajeto. quando eles estiverem seguros de controlar o poder de pol�cia, fechar�o os canais de tv e os jornais dos quais se serviram, e os acusar�o de corromper a moral, de fomentar os maus costumes. ent�o ser� tarde para aprender com o exemplo de karl radek.
quem manda no brasil olavo de carvalho di�rio do com�rcio, 28 de maio de 2007
quando um massacre acontece, a �ltima coisa que logicamente se espera � que as id�ias que o geraram venham a ser enaltecidas e celebradas, ainda que de maneira impl�cita, na cerim�nia mesma de homenagem �s suas v�timas. no entanto � precisamente isso o que vem se tornando a norma em tais cerim�nias
sempre que as id�ias envolvidas s�o consideradas politicamente corretas. o assassinato de 34 alunos da virginia tech foi induzido pela prega��o homicida, anti-americana e anticrist� da professora-ide�loga nikki giovanni, mas a pr�pria giovanni foi depois escolhida pela universidade para fazer o discurso de homenagem aos mortos. na celebra��o religiosa que se seguiu foram invocados buda e allah: toda men��o a jesus cristo foi omitida, por ser supostamente o deus dos brancos � o deus das v�timas. o mais poderoso crist�o do planeta, presente ao espet�culo, n�o ousou destoar do ambiente invocando o nome de seu senhor e salvador: diante do olhar indiferente � ou intimidado -- de george w. bush, cho seng-hui e sua mentora assassinaram novamente, em esp�rito, os 34 execr�veis representantes da religi�o opressora e imperialista. h� dois tipos de agress�o psicol�gica: a escandalosa e a t�cita. a primeira choca e ofende �s claras, para suscitar gritos de revolta que ser�o em seguida denunciados como provas da brutalidade ou loucura da v�tima. a segunda humilha e pisoteia em atos, ao mesmo tempo que fala de outra coisa, como quem n�o quer nada. a v�tima, acovardada e at�nita, em geral prefere sofrer calada para preservar ao menos uma apar�ncia de dignidade, e assim consente em tornar-se c�mplice passiva do agressor. todos os crist�os presentes � cerim�nia da virginia tech perceberam a ironia da situa��o calculada para humilh�-los, mas n�o tiveram for�as para pagar o mico de denunci�-la em voz alta: preferiram sair levando uma ferida oculta, que vai mat�-los aos poucos, como um veneno lento. menos desafortunados foram os parentes das v�timas do�massacre empreendido pelo pcc em 12 e 20 de maio de 2006 na cidade de s�o paulo. em massa, como que advertidos sincronicamente por um sexto sentido, eles abstiveram-se de comparecer � encena��o macabra realizada em s�o paulo no �ltimo dia 18, a qual, a pretexto de homenagear os mortos, absolveu os criminosos como v�timas da desigualdade e ainda aproveitou para fazer campanha contra a redu��o da maioridade penal, que praticamente todos os familiares de todos os brasileiros assassinados desejam. tirar proveito publicit�rio de seus pr�prios crimes, seja atribuindo-os �s v�timas, seja colhendo os lucros morais de uma c�nica afeta��o de piedade, � um costume antigo dos ativistas revolucion�rios, inspirado na l�ngua dupla que � o idioma mental inato dessa comunidade. l�nin e st�lin criavam movimentos de oposi��o a si pr�prios para acenar com uma esperan�a aos anticomunistas exilados, atra�-los de volta � R�ssia e mat�-los. no tribunal de nuremberg, os sovi�ticos criaram fama de justiceiros ao denunciar como crime nazista a matan�a de vinte mil prisioneiros poloneses, que depois se comprovou ser obra dos pr�prios sovi�ticos. no brasil, h� meio s�culo os partidos esquerdistas fomentam o progresso da criminalidade para depois poder denunci�-lo como efeito da injusti�a capitalista. os liberais e conservadores, habituados � l�gica linear do c�lculo econ�mico, mal conseguem imaginar � quanto mais acreditar � que a incoer�ncia possa ser um instrumento t�o �til e pr�tico. apostam na racionalidade matem�tica e se vangloriam de suas vit�rias econ�micas, mas, na pol�tica, s�o levados de derrota em derrota pela ast�cia dial�tica de um advers�rio que, justamente por fazer da incoer�ncia um estilo habitual de vida, apreende mais facilmente os movimentos sinuosos da mente humana e da hist�ria. tanto na virginia tech quanto em s�o paulo , o que se viu foi, novamente, o ativismo esquerdista ganhar honra e gl�rias pelas conseq��ncias devastadoras de sua doutrina��o assassina. mas h� uma diferen�a. l�, o aproveitamento publicit�rio do crime foi apenas um improviso a posteriori escorado na preponder�ncia psicol�gica do esquerdismo na universidade. nikki giovanni, afinal, foi apenas inspiradora ideol�gica dos assassinatos, mas, na �poca do crime ao menos, n�o estava associada a cho seng-hui de maneira alguma. no caso paulista, as entidades que promoveram o ritual farsesco
n�o tinham com os autores f�sicos do massacre s� uma remota afinidade ideol�gica, mas nexos organizacionais bem firmes, ainda que indiretos. de um lado, estava l� o conselho de defesa dos direitos humanos, entidade submetida � Comiss�o de direitos humanos da c�mara federal e � Secretaria especial de direitos humanos, chefiadas respectivamente pelo deputado luiz couto e pelo ministro paulo de tarso vannuchi, ambos com um longo curr�culo de milit�ncia pr�comunista desde o tempo do regime militar e, sobretudo, ambos figuras de primeiro plano na hierarquia petista. � not�rio e arqui-sabido que o pt tem um compromisso de lealdade com as farc assinado na x assembl�ia geral do foro de s�o paulo (resolu��o n�mero 9 de 7 de dezembro de 2001). as farc, por sua vez (conforme despacho da ag�ncia estado j� advertia em 3 de julho de 2005) forneceram ao pcc o treinamento nas t�cnicas de guerrilha urbana que viriam a ser usadas para paralisar a cidade de s�o paulo e matar tr�s centenas de pessoas por puro capricho, por pura exibi��o de poder. a conclus�o � �bvia: a �nica homenagem decente que o partido ou qualquer entidade associada a ele poderiam prestar �s v�timas seria portanto pedir desculpas por ter ajudado a armar a m�o do criminoso mediante a legitima��o dada �s atividades do seu prestativo instrutor. o sentido ir�nico da cerim�nia tornou-se ainda mais patente porque o n�mero de velas ent�o acendidas nas escadarias da prefeitura de s�o paulo, 493, incluiu entre os alvos da homenagem os membros do pcc mortos pela pol�cia, nivelando os autores e v�timas do crime. mas a principal entidade promotora do evento foi uma tal comunidade cidad�. o editorial do seu site, www.comunidadecidada.org.br , constitui-se de varia��es em torno do slogan do f�rum social mundial, �um outro mundo � poss�vel�. identidade ideol�gica mais clara n�o poderia haver. a organiza��o tem uma rede de parcerias com outras entidades. a mais inofensiva, em apar�ncia, � a par�quia santos m�rtires, no jardim �ngela � nome excelente para dar aos empreendimentos da comunidade ares de coisa crist�. s� que, quando vamos ao site da par�quia para saber quais s�o os santos m�rtires da sua devo��o, lemos o seguinte: � o nome santos m�rtires � uma homenagem a todo m�rtir que deu sua vida pela f� e justi�a, como: santo dias, margarida alves, dom oscar romero e outros.� esses nomes n�o est�o no calend�rio lit�rgico da igreja. n�o s�o m�rtires da f�. s�o �dolos do movimento comunista, bem conhecidos nos anais do esquerdismo revolucion�rio latino-americano. a par�quia santos m�rtires � um exemplar t�pico de institui��o criada para realizar a receita de antonio gramsci: n�o combater a igreja, mas esvazi�-la de seu conte�do e us�-la como canal da propaganda comunista. outra liga��o da comunidade cidad� � com a rede de entidades que promove o concurso de reda��es jornal�sticas �objetivos do mil�nio�. o esp�rito desses objetivos e do concurso que os celebra j� vem indicado no link para o artigo �oito jeitos de mudar o mundo�. autor: frei betto, um dos quatro pais-fundadores do foro de s�o paulo, comando estrat�gico da revolu��o comunista na am�rica latina e m�ximo protetor das farc. mas frei betto n�o est� nessa rede como mero inspirador casual e remoto. a p�gina �objetivos do mil�nio� pertence � Ong �fa�a parte� ( www.facaparte.org.br ), em cujo �conselho estrat�gico� est� precisamente o ex-frade. e o t�tulo do artigo acima citado n�o � s� t�tulo de artigo: � o nome de uma das campanhas promovidas pela institui��o, que � presidida pela quatrocentona mil� Vilela e entre cujos patrocinadores e parceiros se encontram a rede globo, a onu, a unesco, os bancos ita� e Real, a imprensa oficial, o minist�rio da educa��o e o site terra. h� uma pergunta que n�o sai da cabe�a de todos os brasileiros: por que nada se faz para acabar com as gangues criminosas que v�o adquirindo cada vez mais poder sobre a sociedade brasileira? releia os nomes de pessoas e organiza��es citadas neste artigo, examine as conex�es e ver� que um s� esquema de poder desce dos altos
escal�es do globalismo e do petismo at� o submundo do crime, por interm�dio do foro de s�o paulo e das farc, passando, a meio caminho, por ilustres representantes do empresariado banc�rio local -- e, de modo geral, da �classe dominante� --, que talvez n�o tenham a menor id�ia de onde est�o se metendo com isso. o conjunto forma uma malha t�o complexa e indeslind�vel de interesses e comprometimentos m�tuos, que mexer num ponto � mexer no todo. nela est�o bem costurados um ao outro o estado, os organismos internacionais, as grandes fortunas, o foro de s�o paulo, as farc e, no extremo mais obscuro, o pcc e outras entidades do g�nero. muitas dessas partes, � claro, se ignoram umas �s outras, mas o foro de s�o paulo conhece a todas e sabe mant�-las unidas de modo que nenhuma possa fazer dano substancial �s outras e todas concorram para a consolida��o do poder petista. o esquema n�o apenas transcendeu e absorveu o estado: ele abarcou e dominou a pr�pria estrutura da sociedade brasileira, de alto a baixo, colocando a seu servi�o todas as classes, todos os grupos, todos os interesses mais heterog�neos. essa malha � a verdadeira estrutura do poder no brasil � o �bloco hist�rico�, diria gramsci --, da qual as institui��es oficiais s�o somente a carapa�a formal e o instrumento passivo. ter mantido unido e coeso um tecido t�o complexo de fatores sociologicamente antag�nicos � a obra genial da estrat�gia petista, desenvolvida ao longo de mais de quarenta anos de leitura e medita��o das obras de antonio gramsci. tamb�m � nessa fus�o de elementos antag�nicos e n�o raro mutuamente inconscientes das inten��es de seus respectivos parceiros-inimigos que se deve buscar a explica��o do estado de farsa, mentira e loucura gerais onde todos t�m rabo preso e ningu�m pode dizer o que pensa, muito menos o que v�, cada um devendo contentar-se, portanto, com bracejar como pode num oceano de enigmas insol�veis. s� quem tem a chave de todos os mist�rios � o pr�prio dominador da situa��o, gerador de todas as causas, controlador de todos os efeitos, senhor do crime e da lei, da ordem e da desordem, da loucura e do m�todo. � verdade que a f�rmula n�o � t�o original de gramci. conforme apontei anos atr�s (o globo, 8 de janeiro de 2005, www.olavodecarvalho.org/semana/050108globo.htm ), ela j� tinha sido testada, com algum sucesso, antes que as obras de gramsci se espalhassem pelo mundo. � a t�cnica da revolu��o nazista. assim a descreve um observador privilegiado e int�rprete magistral: �o poder e os recursos do estado moderno tornam as revolu��es civis virtualmente imposs�veis... tudo o que � poss�vel � [...] o golpe ou revolu��o mediante arranjo, desde cima, sob o patroc�nio dos poderes constitucionais. �para atingir os fins revolucion�rios sem colocar as massas em a��o, golpes que sigam a t�tica de inocular nas leis o impulso revolucion�rio, de manipular a legalidade at� que ela tenha passado de um est�gio de revolu��o mascarada para emergir como uma nova legalidade, s�o empreendidos a pretexto de prevenir um per�odo de anarquia, de manter o controle dos acontecimentos, de impedir que o pa�s seja entregue � merc� de incalcul�veis elementos �demon�acos'. depois que a legalidade revolucion�ria foi institu�da sem sangue, o curso dos acontecimentos fica � merc�, precisamente, desses elementos incalcul�veis e demon�acos. este m�todo desfere um golpe muito mais paralisante na justi�a e no senso de justi�a do que uma revolu��o aberta... a revolu��o-mediante-arranjo termina na exaust�o geral. pois em sua artificial combina��o de for�as ela inclui elementos irreconcili�veis... cada um pretendendo secretamente sobrepujar o outro na primeira oportunidade.� (hermann rauschning, the revolution of nihilism. warning to the west , new york, alliance book, 1939, pp. 10-12.)
porcaria de lei olavo de carvalho jornal do brasil, 24 de maio de 2007
ilustres senhores parlamentares: vossas excel�ncias podem votar, se quiserem, essa porcaria de lei que pro�be criticar o homossexualismo. podem vot�-la at� por unanimidade. podem vot�-la sob os aplausos da presid�ncia da rep�blica, da onu, do foro de s�o paulo, de george soros, das funda��es internacionais bilion�rias, do j� Soares, do beautiful people inteiro. n�o vou cumpri-la. n�o vou cumpri-la nem hoje, nem amanh�, nem nunca. por princ�pio, n�o cumpro leis que me pro�bam de criticar ou elogiar o que quer que seja. nem as que me ordenem faz�-lo. n�o creio que haja, entre os c�us e a terra, nada que mere�a imunidade a priori contra a possibilidade de cr�ticas. nem reis, nem papas, nem santos, nem s�bios, nem profetas reivindicaram jamais um privil�gio t�o alto. nem os fara�s, nem j�lio c�sar, nem �tila, o huno, nem gengis khan ambicionaram t�o excelsa prerrogativa. o pr�prio deus, quando j� lhe atirou as recrimina��es mais medonhas, n�o tapou a boca do profeta. ouviu tudo pacientemente e depois respondeu. as �nicas criaturas que tentaram vetar de antem�o toda cr�tica poss�vel foram adolf hitler, josef st�lin, mao-tse-tung e pol-pot. s� o que conseguiram com isso foi descer abaixo da animalidade, igualar-se a vampiros e dem�nios, tornar-se alvos da repulsa universal. nada � incritic�vel. quanto mais o simples gostinho que algumas pessoas t�m de fazer certas coisas na cama. nunca na minha vida parei para pensar se havia algo de errado no homossexualismo. agora estou come�ando a desconfiar que h�. nenhuma coisa certa, nenhuma coisa boa, nenhuma coisa limpa necessita se esconder por tr�s de uma lei hedionda que criminaliza opini�es. quem est� de boa inten��o recebe cr�ticas sem medo, porque sabe que � capaz de respond�-las no campo da raz�o, talvez at� de humilhar o advers�rio com a prova da sua ignor�ncia e m�-f�. s� quem sabe que est� errado precisa se proteger dos cr�ticos com uma armadura jur�dica que ali�s o desmascara mais do que nenhum deles jamais poderia faz�-lo. s� quem n�o tem o que responder pode pedir socorro ao aparato repressivo do estado para fugir da discuss�o. e quanto mais se esconde, mais p�e sua fraqueza � mostra. sim, senhores. nunca, ao longo dos s�culos, algu�m rebaixou, humilhou, desmascarou e escarneceu da comunidade gay como vossas excel�ncias est�o em vias de fazer. as pessoas podem ter acusado os homossexuais de fingidos, de rid�culos, de tarados, de pecadores. ningu�m jamais os qualificou de tiranos, de nazistas, de inimigos da liberdade, de opressores da esp�cie humana. vossas excel�ncias v�o dar a eles, numa s� canetada, todas essas lindas qualidades. depois n�o reclamem quando aqueles a quem essa lei est�pida jura proteger se tornarem objeto de temor e �dio gerais, como acontece a todos os que tomam de seus desafetos o direito � palavra.
quem, aprovada a plc 122/ 06, se sentir� � vontade para conversar com pessoas que podem mand�-lo para a cadeia � primeira palavrinha desagrad�vel? os homossexuais nunca foram discriminados como dizem que o s�o. gra�as a vossas excel�ncias, ser�o evitados como a peste.
met�fora punitiva olavo de carvalho di�rio do com�rcio (editorial) , 23 de maio de 2007
o dicion�rio longman's, um dos mais atualizados da l�ngua inglesa, define �homofobia� como �medo e �dio aos homossexuais�. o termo foi introduzido no vocabul�rio do ativismo gay pelo psiquiatra george weinberg, no livro society and the healthy homosexual (new york, st, martin's press, 1972) para designar o complexo emocional que, no seu entender, seria a causa da viol�ncia criminosa contra homossexuais. at� hoje os apologistas do movimento gay n�o entraram num acordo sobre se existe ou n�o a homofobia como entidade cl�nica, comprovada experimentalmente. uns dizem que sim, outros que n�o. o que � absolutamente imposs�vel provar, por meios experimentais ou por quaisquer outros, � que toda e qualquer rejei��o � conduta homossexual seja, na sua origem e nas suas inten��es profundas, substancialmente id�ntica ao impulso assassino voltado contra homossexuais. no entanto, � precisamente isso o que o termo significa quando aplicado ao papa, ao deputado clodovil hernandez ou a qualquer outro cidad�o de bem, hetero ou homo, que sem nem pensar em agredir um homossexual se limite a expressar educadamente suas reservas, j� n�o digo nem quanto ao homossexualismo em si, mas simplesmente quanto �s pretens�es legiferantes do movimento gay . em seu livro a history of homophobia , que pode ser lido na internet , o ensa�sta rictor norton, um apologista da homossexualidade, � bem franco sob esse aspecto: �com muita freq��ncia, a palavra �homofobia' � apenas uma met�fora pol�tica usada para punir.� �homof�bico� � termo que s� pode ser usado de maneira descritiva e neutra quando referido estritamente aos criminosos que o dr. weinberg tinha em vista ao cunhar a express�o. aplicado a quaisquer outras pessoas, � propositadamente pejorativo e insultuoso. foi calculado para ferir, humilhar, rebaixar, intimidar � e, pior ainda, para fazer tudo isso com base na infla��o metaf�rica de um termo m�dico que nem mesmo na sua acep��o origin�ria correspondia a uma realidade comprovada. n�o � s� um insulto. � um insulto e uma fraude. mas, uma vez que o uso repetido tenha dessensibilizado o p�blico de modo a que ele n�o perceba a fraude, passa-se � etapa seguinte do embuste: associada a mera express�o racional de opini�es a uma conduta psicop�tica e assassina, trasmuta-se o sentido metaf�rico em sentido literal, e a suposi��o insultuosa se torna prova do crime: toda e qualquer obje��o �s exig�ncias do movimento gay ser� punida com pena de pris�o. a gravidade do insulto, em si, � monstruosa, e qualquer pessoa que o sofra pode e deve processar criminalmente o atacante antes que este, usando seu pr�prio crime
como prova contra a v�tima, a processe por �homofobia�. toda e qualquer acusa��o de �homofobia�, se n�o dirigida a autor comprovado de crime violento contra homossexuais, � crime de inj�ria, difama��o e cal�nia, acrescido do uso fraudulento da justi�a como instrumento de persegui��o pol�tica. se as v�timas dessa fraude n�o reagirem contra ela, acabar�o indo para a cadeia por motivos metaf�ricos.
voc�s querem bacalhau? olavo de carvalho di�rio do com�rcio, 22 de maio de 2007
nada na semana passada � nem as visitas do papa e de al gore, nem o assalto boliviano aos bens da petrobr�s, nem as elei��es na fran�a, nem mesmo o tornado no kansas � me impressionou mais do que as l�grimas de indigna��o da deputada cida diogo, cujas qualifica��es est�ticas para o of�cio de prostituta haviam sido negadas (oh, que horror!) pelo seu colega de plen�rio, clodovil hernandes. n�o, n�o � a aproxima��o da velhice que me afasta das quest�es importantes, desviando minha aten��o para ninharias. esse epis�dio miser�vel sucedido no parlamento chinfrim de um pa�s ignorado pela hist�ria diz mais sobre a �ndole do mundo atual do que todos os magnos acontecimentos da atualidade. nunca se deve tentar fazer dano � reputa��o de um homem p�blico escarafunchando mis�rias da sua vida privada. mas hoje em dia s�o os pr�prios homens p�blicos que exibem suas mis�rias, �s vezes n�o sabendo que s�o mis�rias -- porque lhes falta o crit�rio moral para julgar-se a si pr�prios --, �s vezes sabendo-o perfeitamente e tirando proveito delas como arma para chocar e desnortear o advers�rio, ou mesmo como instrumentos de autovitimiza��o e chantagem psicol�gica. vinte ou trinta anos atr�s, a mulher adulta que chorasse e se descabelasse por ter sido chamada de �feia� seria enviada a algum psicoterapeuta, se gostassem muito dela. hoje em dia a pobrezinha n�o s� recebe manifesta��es gerais de solidariedade, mas p�e em marcha o aparelho repressor do estado para punir com castigo exemplar o atrevido que ousou colocar seus encantos em d�vida. antigamente, declara��es como a do deputado clodovil hernandes sa�am a toda hora em revistas de fofocas, sendo respondidas com agulhadas equivalentemente ferinas, tudo contribuindo para o divertimento geral num pa�s onde imperava o bom humor. hoje a coisa se transfigura numa crise pol�tica, com efus�es de moralismo ofendido, discursos com voz embargada e olhos vermelhos de indigna��o. para voc�s verem como os tempos mudaram, um rapaz enfezadinho, na internet, me perguntou como eu reagiria se em lugar da sra. diogo estivesse a minha esposa. uai, n�o vejo por que ela ou qualquer outra pessoa deveria se ofender por algu�m lhe negar as qualifica��es para um emprego que n�o lhe interessa de maneira alguma. eu mesmo, se contestados os meus m�ritos para gerente financeiro das farc, cabo eleitoral do pt ou campe�o do concurso de fantasias no baile do scala gay , n�o me sentiria nem um pouco humilhado. as l�grimas da sra. diogo a expuseram mais plenamente ao rid�culo do que as palavras do sr. hernandes jamais poderiam faz�lo. nos bons tempos, qualquer mocinha humilde, qualquer manicure ou faxineira,
seria esperta o bastante para rir e responder: �n�o se preocupe, si� dot� , eu n�o quero tomar o seu emprego� ou coisa assim. hoje em dia, faltante a capacidade para isso, sobram as afeta��es histri�nicas de revolta c�vica. a seriedade do ser humano mede-se na propor��o inversa das picuinhas que leva a s�rio. hoje, a moda, e mais que a moda, a obriga��o, � sentir-se mortalmente ofendido por qualquer coisinha, � exibir aos quatro ventos um cora��o partido e transfigurar l�grimas de crocodilo em votos, em indeniza��es, em verbas p�blicas. examinado o fen�meno na escala civilizacional, o epis�dio chega a ser tem�vel. a �tica aristot�lica do �homem magn�nimo�, que t�o profundamente impregnou a cultura da antig�idade, desapareceu por completo do horizonte contempor�neo. seu �ltimo res�duo, j� invertido e caricatural, era a �austeridade� burguesa, que cultivava a dec�ncia como substituto da moralidade, a apar�ncia exterior de racionalidade e equil�brio como ersatz das qualidades internas correspondentes. mas essa tamb�m j� desapareceu. a afeta��o de dignidade dos nossos pol�ticos do terceiro mundo � sua imita��o ainda mais remota e dilu�da � caricatura de um simulacro, par�dia da par�dia, apoteose do ris�vel e do grotesco. o indiv�duo magn�nimo, ou maduro, o spoudaios da concep��o de arist�teles, � o homem cuja personalidade alcan�ou sua forma est�vel para al�m dos percal�os da vida. o que o caracteriza � o dom�nio balanceado da raz�o sobre os v�rios impulsos discordantes que se agitam na sua alma. o equil�brio tensional dos contr�rios, estabilizado na forma din�mica de uma imagem pessoal que � a mesma para fora e para dentro � eis o ser humano visto na plenitude da sua perfei��o terrestre, que uma vez alcan�ada o abre para a contempla��o do transcendente e do eterno. george misch, na sua cl�ssica hist�ria da autobiografia na antiguidade , observa que, se os bi�grafos gregos e romanos s� se interessavam pelos epis�dios da vida de seu personagem que conduziam diretamente � conquista dessa forma pessoal e definitiva, desprezando os demais como advent�cios e irrelevantes, era porque tinham uma concep��o do ser humano fundada na id�ia aristot�lica do spoudaios e no verso imortal de p�ndaro, s�ntese magistral da mais alta moralidade laica: torna-te aquilo que �s. nessa perspectiva, cada indiv�duo nasce dotado de uma forma pessoal intransfer�vel, que no entanto tem de ser descoberta, realizada e estabilizada atrav�s de mil e uma contradi��es e dificuldades. goethe dizia que a �nica verdadeira del�cia desta vida � a personalidade: � descobrir-se a si mesmo num esp�rito de dever e miss�o pessoal � que mais tarde victor frankl chamar� �o sentido da vida� � e alcan�ar, na maturidade, a plenitude vis�vel de um destino singular. segundo essa concep��o, a import�ncia dos acontecimentos biogr�ficos depende da sua contribui��o positiva ou negativa para a conquista do equil�brio pessoal final. n�o � preciso enfatizar que toda aten��o mesquinha a pequenas incomodidades e desgostos � fatal para a conquista desse objetivo. dizia goethe: �aquele que n�o sabe desprezar n�o sabe honrar� � nem aos outros, nem a si pr�prio, nem muito menos a deus. gera��es inteiras est�o sendo hoje educadas para cultivar e ampliar desmesuradamente cada pequena ofensa sofrida e a sistematizar milhares de mi�dos ressentimentos numa estrat�gia pol�tica da autovitimiza��o rent�vel. qualquer ganho pol�tico ou financeiro obtido nessa dire��o � um desastre espiritual imensur�vel e irrepar�vel. pelo bem da sra. diogo, afirmo que reagir com bom humor ante a tirada do sr. hernandes teria sido muito melhor para ela e muito mais educativo para a popula��o brasileira. por�m, nada mais caracter�stico dos pol�ticos de hoje em dia do que a vontade radical de degradar-se at� a �ltima mis�ria em troca de uns votos, de um
carguinho, de uns subs�dios. o homem da antig�idade podia rebaixar-se muito mais, na pr�tica, sem se sujar tanto quanto os atuais benefici�rios da estrat�gia de autovitimiza��o o fazem com suas afeta��es de dignidade ofendida. j�lio cesar confessava ter se prostitu�do carnalmente a um pol�tico em troca do seu primeiro cargo p�blico. ningu�m jamais lhe jogou isso na cara, porque ele o mencionava de passagem, com fria indiferen�a, como detalhe exterior que n�o afetava em nada a sua dignidade. ele era um spoudaios . se, ao contr�rio, ele se fizesse de v�tima, choramingando e exigindo indeniza��es, os s�culos estariam rindo dele at� hoje.
ci�ncia ou palha�ada? olavo de carvalho di�rio do com�rcio, 21 de maio de 2007
�verdade inconveniente�, por defini��o, � algum fato cuja divulga��o fere os interesses de uma elite dominante e por isso acaba sendo boicotada e suprimida. quando, ao contr�rio, quem sai alardeando a tal verdade s�o os grupos pol�ticoecon�micos mais possantes do universo � propriet�rios da quase totalidade dos meios de comunica��o na europa e nos eua �, o m�nimo que a prud�ncia recomenda � suspeitar que est� sendo servida ao p�blico uma farsa monstruosa calculada para usurpar, em benef�cio dos pr�prios donos do poder, o prest�gio cultural da marginalidade e da independ�ncia. o detalhe de que no brasil o apoio a esse empreendimento venha do maior banco nacional e da maior rede local de tv j� basta para alertar que n�o se trata de nenhuma verdade renegada buscando abrir espa�o entre barreiras de sil�ncio erigidas pela classe dominante. voc�s j� viram alguma verdade inconveniente ser estampada nas manchetes do new york times , ganhar o oscar , ser trombeteada pela rede globo e abrilhantada pelo charme e beleza (j� um pouco passados, � verdade) de xuxa meneghel em pessoa? a sabedoria popular brasileira j� deu sua opini�o a respeito, acorrendo aos milh�es para aplaudir o papa bento xvi e ignorando solenemente o show bilion�rio do sr. al gore, bem como as gesticula��es hist�ricas com que nossos parlamentares procuravam, na mesma semana, mobilizar as massas contra os supostos horrores da �homofobia�. �gore� quer dizer �ferir�, �derramar sangue�. nomen est omen , �o nome � profecia�, diziam os romanos. a carreira do referido, uma longa sucess�o de gentilezas a algumas das for�as pol�ticas mais sanguin�rias do planeta, incluindo fidel castro e as farc, s� foi possibilitada pelo dinheiro com que a ditadura sovi�tica engordou o seu pai, albert gore, por interm�dio do megapicareta armand hammer, o qual, com raz�o, dizia ter o ent�o senador �no bolso do colete� (a hist�ria completa de hammer est� no livro de edward jay epstein, �dossier. the secret history of armand hammer�, carroll & graf publishers, new york, 1999). desse bolso emergiu a figura bisonha de gore j�nior, em cuja candidatura presidencial outro pr�ncipe da picaretagem internacional, george soros, apostou quantias incalcul�veis nas elei��es de 2000.
com a mesma cara de pau com que durante anos negou o genoc�dio stalinista na ucr�nia e proclamou fidel castro um campe�o da democracia no caribe, o new york times apresenta-nos agora o ex-candidato cr�nico � presid�ncia americana como um homem bem-aventurado a quem o fracasso eleitoral libertou das malhas do oficialismo, dando-lhe a oportunidade de falar em seu pr�prio nome, ser sincero, dizer aquilo em que acredita e ser reconhecido enfim como um profeta. essa mudan�a de casta, da realeza para o sacerd�cio, � uma farsa total. se gore acreditasse numa s� palavra do que diz, n�o gastaria mais combust�vel f�ssil em sua mans�o de belle meade, tennessee, do que v�rias centenas de fam�lias americanas juntas (ver link). e o estatuto de profeta s� se consegue quando aqueles que por longo tempo negaram as nossas previs�es acabam concordando com elas a contragosto. no caso de gore isso n�o aconteceu de maneira alguma. aqueles que o aplaudem agora s�o os mesmos que sempre o fizeram: o nyt, o cfr, george soros, a onu, hollywood e as funda��es bilion�rias. n�o consta que um s� membro da abomin�vel direita tenha dado sua m�o � palmat�ria ante as revela��es eco-il�gicas de al gore. para compensar, a mobiliza��o mundial para dar ares de verdade cient�fica final � imposs�vel teoria da origem humana do aquecimento global adquire dia a dia mais for�a, alimentada pela santa alian�a da m�dia chique, dos organismos internacionais, da milit�ncia esquerdista organizada e das grandes fortunas � os quatro pilares da estupidez contempor�nea. a mais recente efus�o de sapi�ncia dessas criaturas � o manifesto �defendam a ci�ncia�, assinado por 128 professores universit�rios que, por motivos insond�veis, acreditam falar em nome de uma entidade m�tica chamada �a ci�ncia�. a referida ci�ncia, segundo os distintos, est� sofrendo, nas m�os da administra��o bush, horrores s� compar�veis �queles que os primeiros m�rtires do saber cient�fico teriam padecido nos c�rceres da santa inquisi��o. em v�o se procurar� nas colunas do index librorum prohibitorum um s� t�tulo de descartes, de kepler, de newton, de leibniz ou qualquer outra obra fundamental para o advento das ci�ncias modernas; mas, uma vez consagrada a lenda de que a persegui��o inquisitorial sufocou a ci�ncia nascente, novas lendas podem ser fabricadas a partir dessa, tomada como premissa tremendamente cient�fica. bebendo nessa fonte, o manifesto acusa o governo americano de � bloquear o progresso cient�fico, minar a educa��o dos cientistas e sacrificar a integridade mesma do processo cient�fico, tudo em busca de implementar sua pr�pria agenda pol�tica particular,... aliada a uma agenda ideol�gica extremista defendida por poderosas for�as religiosas fundamentalistas geralmente conhecidas como a direita religiosa. � freq�ente, na presente administra��o, o governo negar subs�dios, censurar relat�rios cient�ficos, manipular, distorcer ou suprimir descobertas cient�ficas que ela ache objet�veis .� contra este calamitoso estado de persegui��o e censura, a ci�ncia silenciada geme e se debate no fundo do po�o da exclus�o social, pedindo socorro (e dinheiro, evidentemente) � opini�o p�blica. mas s� um trouxa completo ou um c�rebro intoxicado de maconha intelectual esquerdista pode acreditar nessa patacoada. �o governo� n�o rejeita relat�rio cient�fico algum. quem o faz s�o cientistas de profiss�o � t�o cientistas quanto os signat�rios do manifesto � que exercem o seu direito de n�o dar chancela oficial a teorias que lhes parecem duvidosas ou simplesmente interesseiras (o fato, por exemplo, de que o sr. gore tenha quase toda a sua fortuna investida hoje em �fontes alternativas de energia� mostra que o que est� em jogo para ele n�o � tanto a sobreviv�ncia da humanidade, mas a integridade do seu pr�prio traseiro). em segundo lugar, george w. bush n�o � �o governo americano�, � s� uma parte dele.
o congresso � dominado pelos f�s de al gore; se eles tivessem em m�os a prova de uma s� supress�o proposital de dados cient�ficos vitais para a seguran�a nacional, j� haveria comiss�es de inqu�rito mordendo os calcanhares do presidente como o fazem a toda hora pelos motivos mais f�teis (como por exemplo as historinhas de valerie plame). em terceiro lugar, o governo americano, considerado como m�quina de divulga��o, � literalmente um nada, � um coc� de mosquito, em compara��o com o conjunto da grande m�dia que ap�ia maci�amente o alarmismo goreano. como na hist�ria do milion�rio portugu�s que instalou uma janela de vidro fum� na sala de sua casa para que os vizinhos n�o espionassem as gandaias hom�ricas que ele ali promovia, mas, por um lapso formid�vel, colocou o vidro voltado para o lado errado, o governo bush, se quisesse ocultar alguma �verdade inconveniente� sobre o aquecimento global, s� conseguiria ocult�-la de si pr�prio, deixando-a � vista da opini�o p�blica. voc�s j� viram algum jornal ou canal de tv alardear as conquistas espetaculares da ajuda americana no iraque, a recupera��o da economia do iraque, a prosperidade geral da popula��o iraquiana, a reconstru��o de todas as escolas e hospitais do pa�s em tempo recorde? j� leram em manchetes de oito colunas que, em compara��o com todas as guerras dos �ltimos cem anos, a do iraque foi a que menos atingiu a popula��o civil? o governo vive divulgando essas coisas, mas elas sim s�o verdades inconvenientes. o establishment midi�tico suprime-as t�o completamente que falar delas � passar por maluco. o manifesto dos 128 iluminados, exatamente como o pr�prio t�tulo do livro-filme de al gore, condensa a exata invers�o do estado real de coisas. a organiza��o que promove o empreendimento � ali�s bem caracter�stica da rede de entidades ativistas por onde circula o dinheiro dos bilion�rios ap�stolos da nova ordem mundial. o site www.defendscience.org tem como principal financiador o institute for the study of natural and cultural resources. o diretor deste �ltimo, lee swenson, come�ou sua carreira na milit�ncia anti-americana dos anos 60, indo heroicamente para a cadeia para fugir do servi�o militar. depois ajudou a criar uma s�rie de entidades militantes da new left , entre as quais o institute for the study of non-violence, junto com a cantora joan baez. o institute the study of natural and cultural resources � apenas a �ltima da s�rie. uma not�vel carreira cient�fica, como se v�. mas nem tudo no manifesto � empulha��o barata. h� nele uma subcorrente de argumentos que vem do fundo dos s�culos, alimentando um dos erros mais tr�gicos em que a humanidade j� se meteu. o paradoxo mais chocante da ideologia cient�fica atual � sua capacidade de fundir, �s vezes num mesmo par�grafo, o prest�gio intelectual das precau��es metodol�gicas popperianas que afirmam a inexist�ncia de verdades cient�ficas definitivas com o apelo � prosterna��o geral ante a autoridade inquestion�vel dessas mesmas verdades. do ponto de vista sociol�gico, trata-se de misturar numa s� pasta confusa, os tr�s tipos de autoridade assinalados por max webber, os quais, normalmente, deveriam permanecer estranhos e independentes entre si: a autoridade racional da ci�ncia, a autoridade tradicional da religi�o estabelecida e a autoridade carism�tica dos profetas. conforme expliquei em artigo anterior, a condi��o b�sica da investiga��o cient�fica � a ren�ncia ao dom de proferir verdades definitivas, quanto mais ao de transfigur�-las em leis e reivindicar a puni��o dos discordantes. a pr�pria natureza cr�tica e anal�tica do processo cient�fico exige essa ren�ncia, bem como a abertura permanente e ilimitada �s obje��es e cr�ticas, que s�o a alma mesma da racionalidade cient�fica. essa ren�ncia, que deu � classe dos cientistas o prest�gio incalculavelmente valioso da mod�stia racional em confronto com as pretens�es dogm�ticas do clero religioso, dissolve-se a si mesma no momento em que as conclus�es provis�rias de tal ou qual conjunto de investiga��es s�o proclamadas como verdades definitivas e a tentativa
de discuti-las � criminalizada como um ato de lesa-majestade. ap�s haver atribuido esse tipo de autoridade � teoria da evolu��o, o ativismo cient�fico procura arrog�-la agora a uma doutrina ainda mais incerta e problem�tica, a da origem humana do aquecimento global. e, ao mesmo tempo que usa de todos os recursos econ�micos e pol�ticos ao seu dispor para sufocar as vozes dissonantes, ele pr�prio se faz de perseguido e silenciado. a voz que se queixa de sufocada ecoa por todos os canais da m�dia mundial, denunciando sua pr�pria farsa da maneira mais patente e apostando, em �ltima an�lise, na incapacidade p�blica de notar o paradoxo. esse apelo � autoridade dogm�tica por parte daqueles que continuam se nomeando representantes do pensamento cr�tico � maravilhosamente complementado pela glamuriza��o de al gore como um profeta � profeta que clama no deserto de hollywood, ante as c�meras, holofotes e microfones. o car�ter par�dico do empreendimento no seu conjunto n�o escapa ao observador atento, mas talvez escape �s multid�es distra�das. e � com isso que contam os autores do manifesto. se voc�s querem uma genu�na �verdade inconveniente�, assistam ao document�rio �a grande trapa�a do aquecimento global� (�the great global warming swindle�), uma resposta arrasadora aos esfor�os publicit�rios do sr. gore. n�o foi feito com subs�dios bilion�rios nem recebeu da m�dia e do beautiful people o respaldo generosamente oferecido � autopromo��o desse indiv�duo. os depoimentos ali apresentados s�o de cientistas profissionais, alguns de fama mundial, que n�o t�m por que ser exclu�dos a priori da condi��o de representantes leg�timos da sua classe, na qual ocupam posi��es pelo menos similares �s dos sacerdotes do culto goreano. vejam e em seguida escrevam �s organiza��es envolvidas na promo��o da visita de al gore, perguntando por que elas se recusam a oferecer ao p�blico os dois lados da quest�o; por que alardeiam um s� e ainda proclamam, com intoler�vel cinismo, que � uma verdade sufocada pelo establishment , quando obviamente elas pr�prias s�o o establishment e a �nica verdade sufocada � aquela que elas sufocam. mesquinharia oficializada nada na semana que passou � nem as visitas do papa e de al gore, nem o assalto boliviano aos bens da petrobr�s, nem as elei��es na fran�a, nem mesmo o tornado no kansas � me impressionou mais do que as l�grimas de indigna��o da deputada cida diogo, cujas qualifica��es est�ticas para o of�cio de prostituta haviam sido negadas (oh, horror!) pelo seu colega de plen�rio, clodovil hernandes. n�o, n�o � a aproxima��o da velhice que me afasta das quest�es importantes, desviando minha aten��o para ninharias. esse epis�dio miser�vel sucedido no parlamento chinfrim de um pa�s ignorado pela hist�ria diz mais sobre a �ndole do mundo atual do que todos os magnos acontecimentos da atualidade. nunca se deve tentar fazer dano � reputa��o de um homem p�blico escarafunchando mis�rias da sua vida privada. mas hoje em dia s�o os pr�prios homens p�blicos que exibem suas mis�rias, �s vezes n�o sabendo que s�o mis�rias -- porque lhes falta o crit�rio moral para julgar-se a si pr�prios --, �s vezes sabendo-o perfeitamente e tirando proveito delas como arma para chocar e desnortear o advers�rio, ou mesmo como instrumentos de autovitimiza��o e chantagem psicol�gica. vinte ou trinta anos atr�s, a mulher adulta que chorasse e se descabelasse por ter sido chamada de �feia� seria enviada a algum psicoterapeuta, se gostassem muito dela, ou � p. q. p., na hip�tese inversa. hoje em dia a pobrezinha n�o s� recebe manifesta��es gerais de solidariedade, mas p�e em marcha o aparelho repressor do estado para punir com castigo exemplar o atrevido que ousou colocar seus encantos em d�vida. antigamente, declara��es como a do deputado clodovil hernandes sa�am a toda hora
em revistas de fofocas, sendo respondidas com agulhadas equivalentemente ferinas, tudo contribuindo para o divertimento geral num pa�s onde imperava o bom humor. hoje a coisa se transfigura numa crise pol�tica, com efus�es de moralismo ofendido, discursos com voz embargada e olhos vermelhos de indigna��o. para voc�s verem como os tempos mudaram, um rapaz enfezadinho, na internet , me perguntou como eu reagiria se em lugar da sra. diogo estivesse a minha esposa. uai, n�o vejo por que ela ou qualquer outra pessoa deveria se ofender por algu�m lhe negar as qualifica��es para um emprego que n�o lhe interessa de maneira alguma. eu mesmo, se contestados os meus m�ritos para gerente financeiro das farc, cabo eleitoral do pt ou campe�o do concurso de fantasias no baile do scala gay, n�o me sentiria nem um pouco humilhado. as l�grimas da sra. diogo a expuseram mais plenamente ao rid�culo do que as palavras do sr. hernandes jamais poderiam faz�lo. nos bons tempos, qualquer mocinha humilde, qualquer manicure ou faxineira, seria esperta o bastante para rir e responder: �n�o se preocupe, si� dot�, eu n�o quero tomar o seu emprego� ou coisa assim. hoje em dia, faltante a capacidade para isso, sobram as afeta��es histri�nicas de revolta c�vica. a seriedade do ser humano mede-se na propor��o inversa das picuinhas que leva a s�rio. hoje, a moda, e mais que a moda, a obriga��o, � sentir-se mortalmente ofendido por qualquer coisinha, � exibir aos quatro ventos um cora��o partido e transfigurar l�grimas de crocodilo em votos, em indeniza��es, em verbas p�blicas. examinado o fen�meno na escala civilizacional, o epis�dio chega a ser tem�vel. a �tica aristot�lica do �homem magn�nimo�, que t�o profundamente impregnou a cultura da antig�idade, desapareceu por completo do horizonte contempor�neo. seu �ltimo res�duo, j� invertido e caricatural, era a �austeridade� burguesa, que cultivava a dec�ncia como substituto da moralidade, a apar�ncia exterior de racionalidade e equil�brio como ersatz das qualidades internas correspondentes. mas essa tamb�m j� desapareceu. a afeta��o de dignidade dos nossos pol�ticos do terceiro mundo � sua imita��o ainda mais remota e dilu�da � caricatura de um simulacro, par�dia da par�dia, apoteose do ris�vel e do grotesco. o indiv�duo magn�nimo, ou maduro, o spoudaios da concep��o de arist�teles, � o homem cuja personalidade alcan�ou sua forma est�vel para al�m dos percal�os da vida. o que o caracteriza � o dom�nio balanceado da raz�o sobre os v�rios impulsos discordantes que se agitam na sua alma. o equil�brio tensional dos contr�rios, estabilizado na forma din�mica de uma imagem pessoal que � a mesma para fora e para dentro � eis o ser humano visto na plenitude da sua perfei��o terrestre, que uma vez alcan�ada o abre para a contempla��o do transcendente e do eterno. george misch, na sua cl�ssica �hist�ria da autobiografia na antiguidade�, observa que, se os bi�grafos gregos e romanos s� se interessavam pelos epis�dios da vida de seu personagem que conduziam diretamente � conquista dessa forma pessoal e definitiva, desprezando os demais como advent�cios e irrelevantes, era porque tinham uma concep��o do ser humano fundada na id�ia aristot�lica do spoudaios e no verso imortal de p�ndaro, s�ntese magistral da mais alta moralidade laica: �tornate aquilo que �s�. nessa perspectiva, cada indiv�duo nasce dotado de uma forma pessoal intransfer�vel, que no entanto tem de ser descoberta, realizada e estabilizada atrav�s de mil e uma contradi��es e dificuldades. goethe dizia que a �nica verdadeira del�cia desta vida � a personalidade: � descobrir-se a si mesmo num esp�rito de dever e miss�o pessoal � que mais tarde victor frankl chamar� �o sentido da vida� � e alcan�ar, na maturidade, a plenitude vis�vel de um destino singular. segundo essa concep��o, a import�ncia dos acontecimentos biogr�ficos depende da
sua contribui��o positiva ou negativa para a conquista do equil�brio pessoal final. n�o � preciso enfatizar que toda aten��o mesquinha a pequenas incomodidades e desgostos � fatal para a conquista desse objetivo. dizia goethe: �aquele que n�o sabe desprezar n�o sabe honrar� � nem aos outros, nem a si pr�prio, nem muito menos a deus. gera��es inteiras est�o sendo hoje educadas para cultivar e ampliar desmesuradamente cada pequena ofensa sofrida e a sistematizar milhares de mi�dos ressentimentos numa estrat�gia pol�tica da autovitimiza��o rent�vel. qualquer ganho pol�tico ou financeiro obtido nessa dire��o � um desastre espiritual imensur�vel e irrepar�vel. pelo bem da sra. diogo, afirmo que reagir com bom humor ante a tirada do sr. hernandes teria sido muito melhor para ela e muito mais educativo para a popula��o brasileira. por�m, nada mais caracter�stico dos pol�ticos de hoje em dia do que a vontade radical de degradar-se at� a �ltima mis�ria em troca de uns votos, de um carguinho, de uns subs�dios. o homem da antig�idade podia rebaixar-se muito mais, na pr�tica, sem se sujar tanto quanto os atuais benefici�rios da estrat�gia de autovitimiza��o o fazem com suas afeta��es de dignidade ofendida. julio cesar confessava ter se prostitu�do carnalmente a um pol�tico em troca do seu primeiro cargo p�blico. ningu�m jamais lhe jogou isso na cara, porque ele o mencionava de passagem, com fria indiferen�a, como detalhe exterior que n�o afetava em nada a sua dignidade. ele era um spoudaios . se, ao contr�rio, ele se fizesse de v�tima, choramingando e exigindo indeniza��es, os s�culos estariam rindo dele at� hoje.
�dio � realidade olavo de carvalho jornal do brasil, 17 de maio de 2007
o sexo anal pode dar c�ncer no reto; o oral, c�ncer na garganta. exclu�da a masturba��o, que n�o exige parceiros, eis a� esgotado, com riscos incomparavelmente mais altos que os do abominado tabaco, o rol dos contatos sexuais poss�veis numa rela��o gay. que haver� nisso de t�o excelso para que toda cr�tica a essas atividades seja proibida por lei? decerto estou mais disposto a defender o direito de os senhores parlamentares se entregarem a esses perigosos afazeres do que eles a me deixar acender um �nico cigarro nas �reas cada vez mais vastas onde o pro�bem. o que n�o posso entender � que atos prejudiciais � sa�de devam ser considerados mais dignos de prote��o oficial do que a boa e velha rela��o conjugal da qual todos nascemos, ao ponto de a simples afirma��o da superioridade desta �ltima ser condenada como uma abomina��o e um crime. afinal, n�o � poss�vel fazer sexo oral ou anal sem ter nascido, nem muito menos nascer mediante uma dessas pr�ticas, ao passo que o nascimento as antecede de muitos anos e independe delas por completo. entre as diversas atividades sexuais, aquela da qual deriva a continuidade da esp�cie humana tem manifesta prioridade sobre as que se destinam somente a fins l�dicos ou deleitosos, por mais interessantes que estas pare�am a seus aficionados. n�o posso crer que meu pai teria agido melhor se em vez de depositar seu esperma no ventre da minha m�e ele o injetasse no conduto retal do vizinho, de onde o
referido l�quido iria para a privada na primeira oportunidade. nem h� como imaginar que essas duas hip�teses sejam t�o nobres e respeit�veis uma quanto a outra. por mais que � luz da doutrina gay isto soe at� presun�oso, n�o posso admitir que eu e um coc� sejamos resultados igualmente desej�veis e valiosos de uma rela��o sexual. nem suponho que os pr�prios senhores parlamentares mere�am esse radical nivelamento, ainda que muitos se esforcem para alcan��-lo. tudo isso � bastante evidente, e o deputado clodovil hernandes � a prova de que n�o � preciso ser heterossexual para admiti-lo. se a afirma��o do �bvio est� em vias de se tornar crime, � porque o �dio do movimento gay n�o se volta contra injusti�as e persegui��es reais (infinitamente menores, em todo caso, do que aquelas sofridas pelos crist�os e judeus), mas contra a raz�o, a l�gica, o bomsenso e a civiliza��o. culturalmente, a ideologia gay nasce de correntes de pensamento que professam destruir a "tirania do logos" e instaurar, em lugar da ordem racional, a pura vontade de poder de um ativismo prepotente e chantagista. cada vez que um de seus porta-vozes, como uma nova rainha de copas, ordena que todos se prosternem diante de exig�ncias absurdas, ele sabe que n�o est� combatendo "a homofobia", mas a estrutura da realidade ou, em termos religiosos, o verbo divino. s� a op��o total pela irracionalidade explica que, sob a alega��o de proteger uma comunidade contra a mera opini�o alheia, se busque submeter a novas persegui��es judiciais outras comunidades que n�o est�o expostas ao simples risco de ouvir palavras desagrad�veis, mas de morrer em campos de exterm�nio.
para compreender a revolu��o mundial olavo de carvalho di�rio do com�rcio, 14 de maio de 2007
prometi explicar mais detalhadamente as �teses sobre o movimento revolucion�rio mundial� (confer�ncia na academia militar de west point) que publiquei aqui semanas atr�s. como essas explica��es s�o longas, vou subdividi-las em v�rios artigos, voltando ao assunto sempre que haja oportunidade. come�o com o primeiro par�grafo: �o movimento revolucion�rio � um fen�meno �nico e cont�nuo ao longo do tempo, pelo menos desde o s�culo xv. cada gera��o de revolucion�rios tem consci�ncia de ser herdeira e continuadora das anteriores. isso est� abundantemente documentado nos seus escritos. � um fato, n�o uma interpreta��o minha.� qualquer que seja o estado de coisas, n�o h� atitude pol�tica consciente sem o conhecimento dos antecedentes hist�ricos que o produziram; e n�o s� dos antecedentes factuais imediatos, mas tamb�m e principalmente dos elementos duradouros, de longo prazo, que n�o exercem sobre a situa��o atual a influ�ncia de est�mulos causais diretos mas moldam e determinam de longe o quadro geral onde tudo acontece. quando o discurso de um agente pol�tico repete o de personagens de dois, tr�s ou quatro s�culos atr�s, os quais ele n�o conhece e n�o poderia citar de prop�sito, �s vezes esse fato pode ser explicado pela simples persist�ncia residual de antigos giros de linguagem, impregnados na cultura geral e assimilados
passivamente pelo falante. mas quando a essa coincid�ncia vocabular se soma a identidade dos valores e objetivos que se expressam atrav�s do discurso, ent�o � prov�vel que a a��o desse agente d� continuidade a uma seq��ncia iniciada muito antes dele, � qual ele serve com maior ou menor consci�ncia de sua participa��o num esfor�o de muitos s�culos. se, ademais, rastreando as origens do seu linguajar podemos reconstruir uma cadeia de transmiss�o ininterrupta que de gera��o em gera��o veio vindo desde os pioneiros da id�ia at� seu �ltimo repetidor passivo, ent�o � claro que estamos diante de um �movimento hist�rico� identific�vel, cont�nuo e autoconsciente. um movimento hist�rico pode abranger e conter muitos movimentos pol�ticos, culturais e religiosos, que constituem suas vers�es parciais, locais e tempor�rias e que podem ser bastante diferentes e at� contrastantes entre si sem deixar de contribuir, por isso, para a unidade do conjunto que os arrasta, inexoravelmente, � consecu��o de um sentido geral j� formulado, em ess�ncia, desde o in�cio. um movimento hist�rico n�o age por si, n�o � uma for�a m�gica nem, como diria hegel, uma �ast�cia da raz�o� que opere e realize seus objetivos mediante uma l�gica invis�vel, passando por cima das inten��es conscientes de indiv�duos e gera��es. �, ao contr�rio, a continuidade temporal de um conjunto de s�mbolos, valores e objetivos que a cada gera��o s�o introjetados e subscritos conscientemente pelos indiv�duos que se colocam a seu servi�o. apenas, em cada um desses indiv�duos, o conhecimento dos valores a que serve n�o implica uma consci�ncia integral da totalidade do movimento abrangente. em alguns deles, sim. a cada gera��o h� pelo menos um n�cleo de �intelectuais�, que sabe de onde veio e para onde vai o conjunto do movimento a que serve. mas a maioria dos envolvidos pode ter consci�ncia somente das subcorrentes parciais imediatas. isto � mais do que suficiente para garantir a inser��o perfeita das suas a��es no sentido total do movimento hist�rico. ao observador leigo a unidade do movimento pode escapar de todo, principalmente porque ele n�o sabe distingui-la de tr�s outros tipos de unidade que podem aparecer por tr�s da multiplicidade dos atos humanos: (1) a unidade espont�nea do desenvolvimento hist�rico. o crescimento da economia capitalista, por exemplo, n�o resulta de nenhum plano e n�o � um processo dirigido por ningu�m. ele resulta, como dizia ludwig von mises, da somat�ria de uma quantidade inumer�vel de atos individuais, cada um deles racional em si mesmo, mas inconexos no conjunto, praticados pelos agentes econ�micos em vista de seus objetivos pessoais e grupais. (2) a unidade concreta e deliberada de um movimento pol�tico, social, religioso ou cultural expl�cito, dotado de um comando identific�vel e de uma massa de militantes, fi�is ou adeptos conscientes dessa unidade. o catolicismo ou o comunismo s�o exemplos caracter�sticos. para distingui-los do movimento hist�rico em geral, vou cham�-los de �movimentos especiais�. (3) a unidade invis�vel do �poder secreto� ou �conspira��o�. neste caso, a unidade existe s� para os l�deres, os condutores do processo, e seus colaboradores imediatos. a massa dos ajudantes an�nimos, aglomerada em unidades menores sem contato umas com as outras, n�o t�m uma id�ia clara � e �s vezes n�o t�m id�ia nenhuma -- da articula��o maior nem do prop�sito de conjunto a que servem. embora a unidade de um movimento hist�rico possa ter elementos colhidos desses tr�s modelos, nenhum deles a explica. um movimento hist�rico n�o � um puro desenvolvimento espont�neo, mas � um esfor�o consciente e prolongado para levar as coisas numa certa dire��o. mas ele distingue-se tamb�m dos movimentos especiais no sentido de que n�o precisa ter uma estrutura hier�rquica de comando, ao menos
permanente. distingue-se tamb�m da unidade conspirat�ria porque essa estrutura hier�rquica, quando existe, n�o tem necessariamente de permanecer secreta. a unidade de um movimento hist�rico repousa inteiramente no apelo de certos s�mbolos que condensam e d�o corpo a desejos, ideais e objetivos duradouros. uma vez adotados como bandeira de luta por algum movimento especial, esses s�mbolos se disseminam e se arraigam t�o profundamente na cultura que sua for�a aglutinadora pode ser renovada a qualquer instante por algum outro movimento especial que se inspire direta ou indiretamente no anterior. uma sucess�o de movimentos especiais inspirados num mesmo n�cleo de s�mbolos e valores, atravessando as �pocas sem conex�o organizacional uns com os outros, forma por si um movimento hist�rico, mesmo que a consci�ncia da continuidade se torne bastante t�nue ou seja compartilhada somente por uma elite intelectual sem voz de comando direta sobre o conjunto. se este continua na mesma dire��o, n�o se pode dizer que parou nem que foi extinto. um movimento hist�rico pode, alternadamente, cristalizar-se como movimento especial em torno de um comando hier�rquico conhecido de todos os participantes ou, ao contr�rio, subdividir-se em tantos n�cleos independentes que pare�a ter-se dissolvido, n�o s� em tempos adversos, mas at� nas �pocas em que os ventos lhe s�o mais favor�veis e ele pode contar com um crescimento vegetativo apoiado no puro desenvolvimento espont�neo dos fatos sociais. �s vezes, aparece uma lideran�a genial capaz de manter por algum tempo o controle consciente do movimento, �s vezes � preciso esperar at� que a espontaneidade do acontecer crie as condi��es para isso, mas em ambas essas duas �pocas o movimento revolucion�rio prossegue, inabal�vel, ningu�m compreender� jamais o movimento revolucion�rio mundial enquanto continuar a encar�-lo apenas pelo prisma dos movimentos especiais que o integram. como explicar, por exemplo, a ascens�o brutal do esquerdismo no mundo depois da queda da urss que, segundo a expectativa geral, deveria prenunciar o seu fim? a suspresa diante do fen�meno � t�o grande que muitos preferem at� neg�-lo, refugiando-se numa ilus�o psic�tica. mas a explica��o dele � simples se voc� entende que o movimento comunista organizado desde os centros de comando em moscou e pequim era apenas uma encarna��o parcial e tempor�ria do movimento revolucion�rio, que este continuava se desenvolvendo em outros contextos sob outras formas, latentes e discretas, prontas a subir ao primeiro plano t�o logo a vers�o sovi�tico-chinesa falhasse, como de fato aconteceu. � deprimente, por exemplo, notar como os eua, nos anos 50, ao mesmo tempo que combatiam de frente o expansionismo comunista e a espionagem sovi�tica, recebiam de bra�os abertos os fil�sofos da escola de frankfurt, que j� traziam consigo o germe da new left destinada a florescer na d�cada seguinte com uma for�a, uma virul�ncia e uma amplitude jamais sonhadas pelos partidos comunistas. combater um movimento especial sem ter em vista suas liga��es com o conjunto do movimento revolucion�rio � arriscar-se a fortalecer este �ltimo no instante mesmo em que se imagina derrot�-lo. na verdade, a pr�pria elite sovi�tica tinha muito mais flexibilidade e um horizonte estrat�gico incomparavelmente mais vasto do que os profissionais de intelig�ncia e os analistas estrat�gicos nos eua podiam imaginar ent�o. estes, al�m de enfocar o movimento comunista isoladamente, fora da tradi��o revolucion�ria, ainda consideravam esse movimento apenas um pseud�podo do poder sovi�tico, quando na verdade o poder sovi�tico era apenas uma encarna��o local e tempor�ria de uma corrente hist�rica que vinha desde muito antes dele e que sobreviveu perfeitamente bem � dissolu��o da urss. a unidade do movimento hist�rico tem de ser buscada, antes de tudo o mais, na linguagem. � a recorr�ncia dos motivos condutores (no sentido que esta express�o tem em literatura e em m�sica) que assinala a continuidade do movimento. e, no instante em que essa continuidade n�o � s� a de uma vaga �influ�ncia cultural�, mas a de organiza��es revolucion�rias que geram suas sucessoras e nelas se reencarnam ap�s o seu desaparecimento aparente, ent�o a caracteriza��o do
movimento hist�rico � n�tida e insofism�vel, e j� n�o h� mais desculpa para n�o enxergar a sua unidade por baixo da varia��o aparente, por mais desnorteante que seja. para quem conhece a hist�ria do movimento revolucion�rio como conjunto, essa unidade, que o leigo tem tanta dificuldade de enxergar, transparece at� em detalhes aparentemente irris�rios. quando, por exemplo, o sr. lula se declara cat�lico e no instante seguinte, com a cara mais bisonha do mundo, afirma que est� habilitado a comungar sem confessar por ser homem �sem pecados�, quem atribui isso � tolice pessoal do sr. presidente � infinitamente mais tolo do que ele. a frase ecoa um leitmotiv do movimento revolucion�rio, circulante pelo menos desde o s�culo xv: a impec�ncia essencial do revolucion�rio, limpo e santo a priori e incondicionalmente. ah, � apenas uma coincid�ncia verbal!, dir�o os sapient�ssimos observadores. n�o � n�o. toda a mentalidade do sr. lula foi formada pelo ensinamento direto e persistente do sr. frei betto, que � a encarna��o mesma da heresia revolucion�ria, em nada diferente daquela dos c�taros e albigenses. o sr. lula, no caso, talvez n�o tenha a menor consci�ncia de que � um boneco de ventr�loquo sentado no colo de uma tradi��o de cinco s�culos. mas o sr. frei betto, que pensa com o devido recuo hist�rico, sabe perfeitamente para que fins treinou o seu disc�pulo. prosseguirei estas explica��es na semana que vem. absurdo sensato as escolas infantis inglesas eliminaram do curr�culo de hist�ria a men��o ao holocausto, porque ofendia as delicadas sensibilidades dos alunos mu�ulmanos, persuadidos de que n�o aconteceu holocausto nenhum, de que os judeus inventaram tudo s� para tomar dinheiro da ing�nua esp�cie humana. parece loucura, mas n�o �. � c�lculo. e vem mais por a�. quando o herdeiro do trono est� sob a influ�ncia direta de mestres espirituais mu�ulmanos, inteligentes o bastante para fazer dele um disc�pulo d�cil e obediente, � natural que a inglaterra se prepare para ceder seus �ltimos res�duos de orgulho nacional ante a chantagem moral isl�mica. a �abolition of britain� que peter hitchens anunciou num livro indispens�vel (san francisco, encounter books, 2000) e a total islamiza��o da europa segundo o diagn�stico assustador de bat ye'or em �eurabia: the euro-arab axis� (cranbury, nj, associated university presses, 2005) est�o mais perto do que a opini�o p�blica imagina. o pr�ncipe charles aparece de vez em quando como um simples mecenas, protetor da arte e da cultura isl�micas no seu pa�s, mas, acreditem, isso � s� uma fachada. ele est� pessoalmente ligado a uma organiza��o esot�rica fundada por frithjof schuon, o m�stico mu�ulmano, su��o de nascimento, que ao voltar de uma viagem inici�tica � Arg�lia nos anos 50 prometeu islamizar a europa no prazo de uma gera��o. schuon morreu, mas seu trabalho, extremamente bem sucedido, continua atrav�s de dedicados sucessores. a influ�ncia incalculavelmente vasta e ao mesmo tempo discret�ssima que ele logrou obter sobre a elite intelectual e pol�tica europ�ia � invis�vel ao grande p�blico, mas sem ela o mero afluxo de imigrantes n�o teria o dom de transformar o islam na �nica autoridade religiosa que tem o poder de vergar a espinha do governo brit�nico, e de faz�-lo at� mesmo em nome de uma exig�ncia absurda, ofensiva em �ltimo grau. schuon sempre soube que as grandes transforma��es hist�ricas v�m de cima, que os movimentos de massa n�o s�o sen�o o efeito remoto da influ�ncia espiritual exercida sobre os cora��es e mentes dos homens mais cultos e capacitados. a abertura da europa ao islam n�o come�ou com a importa��o de trabalhadores. come�ou com discretos rituais m�sticos em oxford e cambridge, aos quais o prest�gio de intelectuais de primeiro plano acabou atraindo membros do parlamento e at� o pr�ncipe herdeiro. nenhum pa�s pode resistir a uma cultura estrangeira quando a
classe pensante local j� se rendeu a seus encantos hipn�ticos. pouco importando o que pensemos de seus m�ritos e dem�ritos, schuon n�o abriu uma fresta na cultura europ�ia: abriu um rombo. esse cap�tulo decisivo da hist�ria recente � totalmente desconhecido dos polit�logos, dos analistas estrat�gicos, dos comentaristas de m�dia e dos demais �formadores de opini�o�. den�ncia a prop�sito do recente indiciamento dos dois pilotos americanos no caso do acidente com a aeronave da gol, recebi a seguinte mensagem de um ouvinte do meu programa true outspeak, george rocha, e acredito dever repass�-la aos leitores desta coluna: � sou piloto de linha a�rea e instrutor de v�o (jatos) h� 27 anos. digo-lhes, sem d�vidas, que os pilotos norte-americanos n�o cometeram qualquer erro durante o fat�dico v�o. provo minha afirma��o inclusive diante de qualquer juiz. desculpemme por estar endere�ando coletivamente esta minha mensagem sobre a realidade do acidente legacy x gol 1907. eu li todos 79 coment�rios de o globo online e sintome no dever moral, por possuir as informa��es t�cnicas corretas, de informar os demais brasileiros, leigos ou n�o, sobre fatos transitados acerca deste acidente a�reo. no meu blog � no ar� ( http://www.globoonliners.com/icox.php?mdl=pagina&op=listar&usuario=363 ) todos voc�s poder�o ler o que aconteceu para o desfecho do acidente e ainda as preocupa��es da aeron�utica, governo, infraero, cindacta, etc. estejam certos de que a investiga��o tem sido manipulada politicamente.� estrangulamento o golpe que, segundo comentei no artigo anterior, est� sendo armado pela esquerda parlamentar americana para quebrar a resist�ncia conservadora abrigada nas esta��es de r�dio, � s� parte de um projeto mais vasto destinado a instaurar de vez a hegemonia esquerdista e calar por completo a voz dos conservadores. depois do r�dio, a arma mais poderosa do conservadorismo americano � a rede de organiza��es populares (�grassroots�), sustentadas pelas contribui��es de milh�es de eleitores e criadas para pressionar a c�mara dos representantes e o senado por meio de cartas, telegramas, e-mails e telefonemas nos dias que antecedem alguma vota��o importante. h� tempos o partido democrata vem tramando um meio de tomar essa arma dos republicanos. agora os adeptos de nancy pelosi encontraram a f�rmula: regulamentar aquelas organiza��es de modo a que todos os seus membros contribuintes, mesmo os mais pobres e humildes, tenham de ser fichados perante o governo federal. ser�, pela primeira vez na hist�ria americana, um monstruoso cadastro ideol�gico, que deixar� milh�es de eleitores expostos � espionagem oficial e � press�o direta do parlamento esquerdista. a id�ia � t�o c�nica, t�o ostensivamente ditatorial, que n�o � poss�vel deixar de contrast�-la com as afeta��es de esc�ndalo com que os democratas, pouco tempo atr�s, denunciaram como viola��o de privacidade a escuta telef�nica praticada pelo governo bush em cima de duzentos e poucos suspeitos de terrorismo, quase todos eles estrangeiros. n�o � uma maravilha? nada no mundo tem a for�a de autosupera��o da hipocrisia esquerdista. quando imaginamos que ela atingiu seu �ltimo limite, ela al�a v�o ainda mais ambicioso, sempre com aquele ar de pureza excelsa de quem se considera imune ao pecado. crimes do abortismo
quem quiser mais informa��es sobre os crimes do movimento abortista, que aqui denunciei em editorial publicado no dia 11 de maio, pode encontr�-las nas seguintes fontes: para maiores informa��es, as fontes s�o as seguintes. livros -- patrick j. buchanan, �the death of the west: how dying populations and immigrant invasions imperil our country and civilization� (st. martin's press, 2002) e �state of emergency : the third world invasion and conquest of america� (id., 2006); ramesh ponnuru, �the party of death: the democrats, the media, the courts and the disregard for human life� (regnery, 2006). v�deos -- http://www.youtube.com/watch?v=ugh7bkv0dm4 , http://www.youtube.com/watch?v=pr5g49nnkhu&mode=related&search =, http://www.youtube.com/watch?v=rizxnjnr2uq&mode=related&search = e http://www.youtube.com/watch?v=q-umkgr9nfu&mode=related&search =. para os membros da comunidade orkut, coloquei esses v�deos na minha p�gina pessoal. artigos meus -- http://www.olavodecarvalho.org/semana/051208jb.htm , http://www.olavodecarvalho.org/semana/050822dc.htm , http://www.olavodecarvalho.org/semana/050409globo.htm , http://www.olavodecarvalho.org/semana/050430globo.htm e http://www.olavodecarvalho.org/semana/980122jt.htm .
debatendo com o crime olavo de carvalho di�rio do com�rcio (editorial) , 10 de maio de 2007
as alega��es em favor da libera��o do aborto s�o t�o escandalosamente mentirosas que o simples fato de aceitar debat�-las j� � conceder-lhes uma honra indevida. n�o � a mesma coisa discutir com a pessoa honesta que tem uma id�ia errada na cabe�a e com vigaristas dispostos a impor suas decis�es por meio de quantas fraudes e engodos lhes pare�am necess�rios para isso. os abortistas, sob esse aspecto, j� superaram a quota de mendacidade rotineira de qualquer movimento social ou pol�tico, tornando-se um perigo p�blico que deve ser denunciado como tal. mesmo porque a impunidade de que v�m desfrutando s� os encoraja a usar a pr�pria justi�a como instrumento da fraude, perseguindo e acossando os discordantes por meio de trapa�as jur�dicas como aquela, j� aqui denunciada, de tentar criminalizar o uso da palavra abortistas para design�-los, como se existisse termo melhor. � desonestidade permanente e sistem�tica da sua propaganda acrescenta-se ainda a brutalidade incomum de uma ret�rica baseada na intimida��o e na chantagem psicol�gica, que inventa males sociais puramente imagin�rios para em seguida imputar sua culpa aos advers�rios do aborto, fazendo da f� religiosa um crime e assim legitimando implicitamente a matan�a de crist�os e as legisla��es repressoras que configuram de maneira cada vez mais n�tida um deliberado e crescente genoc�dio cultural.
s� a t�tulo de amostra, vejam alguns dos feitos not�veis do movimento abortista, e digam, com toda a franqueza, se essa gente merece um debate educado ou uma resposta judicial � altura. 1. as cat�licas pelo direito de decidir s�o uma organiza��o pr�-abortista fraudulenta que se finge de cat�lica para ludibriar a popula��o religiosa mas na verdade � explicitamente satanista. se isso n�o � propaganda enganosa e estelionato, a lei mudou sem que eu fosse avisado. j� acusei a organiza��o em p�blico por esses crimes, e a presidente da entidade, ap�s uns rosnados de puro blefe, se recolheu a um sil�ncio altamente significativo. 2. o processo judicial roe versus wade , que produziu a legaliza��o do aborto nos eua, foi uma fraude completa. a pr�pria autora da peti��o inicial, que solicitava permiss�o para abortar sob a alega��o de estupro, j� confessou que n�o sofreu estupro nenhum, que foi tudo uma invencionice tramada entre ela e os l�deres do movimento abortista. 3. as estat�sticas que procuravam impressionar o p�blico americano com a alega��o de milh�es de abortos clandestinos realizados anualmente foram forjadas pelo l�der abortista bernard natanson, que j� confessou tudo. natanson foi propriet�rio da maior cl�nica de abortos dos eua, mas se arrependeu dos seus crimes, voltou � f� judaica da sua inf�ncia e hoje � um dos mais corajosos denunciadores do genoc�dio abortista. ainda hoje essas estat�sticas monstruosamente aumentadas s�o brandidas pela grande m�dia nacional como argumentos s�rios. 4. o financiamento bilion�rio da campanha abortista vem dos mesmos grupos multinacionais que h� meio s�culo tentam impor ao mundo o controle populacional por todos os meios l�citos e il�citos. a desculpa da campanha era eliminar a mis�ria no terceiro mundo. hoje est� provado que o seu �nico resultado foi, ao contr�rio, diminuir a natalidade nos pa�ses ricos, desencadeando a onda de imigra��o ilegal que hoje amea�a destruir a sociedade europ�ia e americana. em vez de admitir o erro, os iluminados autores da id�ia decidiram redobrar a aposta, adquirindo a peso de ouro o apoio dos partidos de esquerda por toda parte e investindo no controle indireto por meio do incentivo ao aborto e ao homossexualismo. resultado: aqueles partidos, que na d�cada de 60 denunciavam a campanha de controle populacional como interven��o imperialista, se tornaram os maiores defensores e ap�stolos daquilo que condenavam. se isso n�o � com�rcio de consci�ncias, n�o sei o que �. 5. o com�rcio de fetos para a ind�stria de cosm�ticos � o benefici�rio mais direto e �bvio da legaliza��o do aborto, mas nem uma palavra sobre isso se admite nos �debates� montados pela grande m�dia, toda ela comprometida com a causa abortista.
ainda h� tempo olavo de carvalho jornal do brasil, 10 de maio de 2007
uma not�cia do uol, traduzida do el pa�s , informa que o governo da pol�nia planeja derrubar os monumentos constru�dos no territ�rio polon�s pela urss, � incluindo os dedicados aos soldados do ex�rcito vermelho que libertaram a pol�nia dos nazistas�. o preconceito pr�-comunista embutido no texto n�o poderia ser mais vis�vel. os sovi�ticos jamais libertaram a pol�nia; eles a invadiram � e invadiram duas vezes: uma em parceria com os nazistas, no come�o da guerra, outra contra eles, no fim. a ocupa��o sovi�tica, ali como em toda a europa oriental, n�o foi nem um pouco menos cruel que a nazista. enquanto os eua ajudavam os pa�ses derrotados a tornar-se pot�ncias econ�micas independentes, a urss s� espalhava terror e mis�ria nas na��es que tomou dos alem�es. desde que tive a grata ocasi�o de caminhar sobre a est�tua de lenin jogada num dep�sito de lixo em bucareste, tenho pensado no seguinte: n�o s� os monumentos erigidos � gl�ria do comunismo t�m de ser demolidos, mas todos os que colaboraram para a constru��o da mais vasta monstruosidade pol�tica de todos os tempos devem ser tratados como os criminosos c�nicos e desumanos que s�o � incluindo nisso o beautiful people comunista que ainda brilha na nossa m�dia e no nosso parlamento, ditando regras, posando de santo, empanturrado de verbas p�blicas. ao protestar contra a decis�o polonesa, o governo russo mostrou sua fidelidade inalterada ao culto de l�nin e st�lin, mas n�o � da r�ssia que vem hoje o grosso do �dio estrangeiro � Pol�nia cat�lica. desde a queda da urss a elite comunista se refugiou nos organismos pol�ticos internacionais, de onde comanda a guerra anticrist�, antijudaica e anti-americana sob novos pretextos publicit�rios e com armas emprestadas � estrat�gia anest�sica do socialismo fabiano. os gurus iluminados da onu j� amea�am processar os governantes da pol�nia por sua oposi��o ao abortismo, apoiada na vontade majorit�ria do povo polon�s. pela primeira vez na hist�ria, impedir um mortic�nio tornou-se �crime contra a humanidade�. nesse momento, a proposta de um acordo anti-abortista entre o vaticano e o governo brasileiro mostra claramente o intuito papal de ampliar a frente de resist�ncia � opress�o global, cujas iniciativas contra os crist�os e os judeus no ocidente j� v�o assumindo as fei��es n�tidas de um genoc�dio cultural, contrapartida do genoc�dio tout court que prossegue, impune e mal camuflado, nas na��es isl�micas e comunistas. funcione ou n�o o acordo, uma coisa � certa: se bento xvi toma essa iniciativa, � sinal de que tem em mente algo como uma estrat�gia abrangente para a autodefesa da religi�o contra o ass�dio ate�stico cada vez mais brutal e mendaz. ainda h� tempo para isso, mas em dois mil�nios de cristianismo nada trouxe mais dano � Igreja do que a acomoda��o com as esquerdas adotada no conc�lio vaticano ii. jo�o paulo ii esbo�ou uma volta atr�s, mas no fim do reinado j� estava engrossando o coro do anti-americanismo universal. �o destino da igreja ser� decidido no brasil�, disse seu sucessor. oremos para que saiba avaliar o peso de suas pr�prias palavras.
precau��o elementar olavo de carvalho di�rio do com�rcio, 07 de maio de 2007
n�o acreditar em nada que seja apresentado como fato pela folha de s. paulo ou por
sua associada uol � uma precau��o t�o elementar quanto trancar as portas e janelas � noite. vejam por exemplo a mat�ria sobre a aprova��o do projeto mathew sheppard pela c�mara de representantes dos eua, em http://gonline.uol.com.br/site/arquivos/estatico/gnews/gnews_noticia_19433.htm . desde logo, nem uma palavra sobre a promessa formal do presidente bush de vetar a medida �anti-homof�bica� se ela chegar � sua mesa, isto �, se n�o for logo rejeitada pelo senado. sem essa informa��o, o leitor fica imaginando que o projeto j� virou lei. como not�cia, n�o vale nada, mas vale muito como est�mulo � aprova��o da plc 122/2006, o equivalente nacional daquele projeto. leitores persuadidos de que a legisla��o pr�-gay j� est� em vigor na p�tria do conservadorismo se sentir�o decerto inibidos de condenar como radical de esquerda a sua equivalente nacional. � um dos mais velhos truques do esquerdismo jornal�stico brasileiro: usar not�cias americanas, devidamente alteradas, como entorpecente para anestesiar a direita local, que, verdade seja dita, jamais deixa de cair no engodo com uma docilidade admir�vel. logo em seguida a ag�ncia informa que �a lei em quest�o foi renomeada como matthew shepard act em homenagem ao estudante matthew shepard, que foi brutalmente e homofobicamente assassinado em 1998 e, desde ent�o, se tornou marco na luta homossexual americana por direitos iguais�. o assassinato de mathew sheppard n�o teve nada de homof�bico. os bandidos mataram para roubar. eles apenas se fingiram de homossexuais para mais facilmente ganhar a confian�a do estudante e poder seq�estr�-lo. o homossexualismo da v�tima foi instrumento, n�o motivo do crime. apesar disso, o movimento gay imediatamente inventou um jeito de tirar proveito publicit�rio do delito, atribuindo-o a um �clima de �dio� anti-homossexual e jogando a culpa de tudo nos crist�os, como se a motiva��o dos assaltantes tivesse sido um preceito evang�lico. com a maior sem-cerim�nia, o uol endossa a vers�o publicit�ria e a vende como not�cia l�quida e certa. � fraude jornal�stica em estado puro. mas n�o se pode dizer que n�o tenha precedentes. o exemplo vem de cima. todos os grandes jornais e redes de tv dos eua fazem a mesma coisa, j� que pertencem a grupos pol�ticofinanceiros globalistas interessados em fomentar a homossexualidade como meio de controle populacional junto com o abortismo. com o mesmo cinismo com que transformam um assalto � m�o armada em pr�tica religiosa, seguem um rigoroso crit�rio seletivo no que diz respeito �s rela��es entre sexo e homic�dio: quando a v�tima � gay ou l�sbica, sua prefer�ncia sexual � trombeteada aos quatro ventos, mesmo que n�o tenha nada a ver com o delito. se, ao contr�rio, quem � homossexual � o assassino, este fato � omitido por completo, mesmo quando diretamente relacionado ao motivo do crime. no famoso massacre de columbine, pelo menos um dos dois garotos assassinos era homossexual e ambos eram fan�ticos anticrist�os, tendo gravado um v�deo repleto de express�es de �dio expl�cito ao cristianismo logo antes de invadir a escola e fuzilar doze crian�as. nem uma palavra a respeito saiu nos grandes jornais ou nos notici�rios de tv. do mesmo modo, a prega��o da professora nikki giovanni que inoculou na cabe�a de cho seng-hui o �dio aos crist�os, aos judeus e aos brancos em geral � at� hoje desconhecida dos leitores � ou, melhor dizendo, das v�timas � do new york times e similares. � assim que se cria a lenda da homofobia epid�mica, encobrindo o fato brutal do anticristianismo e do anti-americanismo militantes, as maiores causas de delinq��ncia juvenil nos eua, diretamente alimentadas pela elite iluminada que em seguida tira proveito dos efeitos letais de seus pr�prios atos, lan�ando as culpas sobre aqueles a quem deseja destruir. se n�o fosse pelo r�dio e pela internet, milhares de not�cias fundamentais para a compreens�o dos estado de coisas permaneceriam totalmente inacess�veis ao p�blico americano (a diferen�a entre os eua e o brasil � que neste �ltimo a elite iluminada que manda nos jornais domina tamb�m o r�dio e a internet, n�o deixando
espa�o sen�o para a m�dia eletr�nica nanica e um ou outro colunista aberrante, no sentido t�cnico que esta palavra tem no contexto gramsciano). mesmo com as verbas estatais que a alimentaram depudoradamente, a radio america de bill clinton foi um fracasso. nenhum ve�culo de esquerda pode concorrer com o worldnetdaily no jornalismo eletr�nico ou com os shows de rush limbaugh e michael savage no r�dio. isso explica o abismo entre o que os americanos e os brasileiros sabem dos eua: a r�dio americana n�o chega ao brasil, s� os programas de tv e o material traduzido dos jornais, isto �, o recorte esquerdista exclusivo. mas explica tamb�m por que uma das primeiras iniciativas da sra. nancy pelosi ap�s a conquista da c�mara dos representantes pelo partido democrata foi sugerir a volta a um antigo regulamento da united states federal communications commission que obrigava as esta��es de r�dio a apresentar, junto com cada opini�o emitida, a sua contr�ria. esse regulamento, conhecido como �fairness doctrine� (mais ou menos �doutrina da dec�ncia�), vigorou numa �poca em que n�o existia a atual divis�o de territ�rio, com os jornais e a tv � esquerda, o r�dio e a internet � direita. seu retorno, hoje, daria imediatamente aos esquerdistas, de m�o-beijada, cinq�enta por cento do espa�o dominante dos conservadores no r�dio, deixando intacto o monop�lio praticamente absoluto que a esquerda tem na tv e na m�dia impressa. do atual meioa-meio, a divis�o mudaria para 75 por cento contra 25 por cento. do dia para a noite, os eua se tornariam quase um brasil petista em ingl�s (digo �quase� porque 25 por cento, para o anti-esquerdismo brasileiro, seria um sonho dourado muito acima das suas ambi��es atuais). por uma coincid�ncia ir�nica, o �nico �rg�o da grande m�dia que pratica usualmente a �fairness doctrine�, e o faz ali�s por vontade pr�pria e n�o por obriga��o legal, � a foxnews. em cada acontecimento, em cada programa, os dois lados s�o ouvidos. bill o'reilly, conservador moderado nas id�ias mas radical nas atitudes, praticamente s� entrevista esquerdistas, batendo ou apanhando conforme a sorte do momento. e o programa que personifica a orienta��o geral do canal � o show de sean hannity e larry colmes, um conservador e um esquerdista que s� est�o de acordo em discordar a respeito de tudo. pois olhem que isso basta para que a esquerda em peso considere a fox um canal de extrema direita e at� �parte integrante da m�quina de guerra do governo bush�. conto essas coisas para mostrar que o uol tem a quem imitar. mas h� certos ardis mais grosseiros que s� podem ser praticados � dist�ncia, porque aqui dariam na vista. no dia 17 de abril a ag�ncia punha a circular o seguinte par�grafo: �sacerdotes americanos se reuniram nesta ter�a-feira, dia 17 de abril, na colina do capitol, para pedir a aprova��o da lei antidiscrimina��o em todo o pa�s, agora rebatizada de matthew shepard act. �n�s somos pessoas de f� e tamb�m somos pessoas que t�m um compromisso com a verdade', afirmou o reverendo william sinkford, presidente da unitarian universalist association.� descontemos o fato de que o redator semi-alfabetizado ignora o termo vern�culo �capit�lio�, usado desde h� dois s�culos para designar a sede do parlamento americano em vez do original ingl�s �capitol�. qualquer crian�a de escola, nos eua, sabe que os membros da unitarian universalist association n�o s�o �sacerdotes americanos� tout court , mas um tipo muito, muito especial de sacerdotes americanos, diferentes de todos os outros. a igreja unitarista n�o � crist�. n�o � nem � de�sta, como voltaire. o unitarismo declarase �uma f� sem credo� e proclama que sua doutrina � uma mistura de princ�pios crist�os, judaicos, budistas, naturistas, ate�stas e agn�sticos. �, em suma, a religi�o da new age, o que pode haver de mais antag�nico ao cristianismo majorit�rio da popula��o americana. ao apresentar seus porta-vozes como �sacerdotes americanos�, o uol induz o leitor a acreditar que os crist�os da am�rica ap�iam a legisla��o �anti-homof�bica� concebida para coloc�-los na cadeia.
chamar isso de jornalismo � como chamar o fernandinho beira-mar de empres�rio. por�m ainda mais mentiroso � dizer, com o uol, que a luta dos homossexuais americanos � �por direitos iguais�. uma lei que criminaliza as cr�ticas a uma op��o sexual em especial e n�o concede a mesma prote��o a todas as outras (muito menos � heterossexualidade monog�mica religiosa, contra a qual os doutrin�rios do gayzismo poder�o continuar dizendo as maiores barbaridades, como ali�s sempre disseram) � exatamente o contr�rio da igualdade de direitos. � a institucionaliza��o de um privil�gio. pois justamente o que os advers�rios do projeto mathew sheppard mais alegam contra ele � o princ�pio constitucional da igualdade perante a lei. mas como � que o leitor vai saber disso, se o uol diz que tudo o que os homossexuais querem � a �igualdade�? n�o entendo por que at� agora nenhum leitor indignado se lembrou de usar, contra esses abusos da m�dia, o c�digo do consumidor. se um jornal ou ag�ncia promete cobertura honesta e depois faz coisas como essa que acabo de mostrar, � obviamente culpado de propaganda enganosa. por que n�o ensinar aos senhores da m�dia, pelo meio mais simples e r�pido, que eles n�o est�o acima da lei? mas n�o pensem que estou falando do caso folha-uol em particular. quando se trata das causas queridinhas do globalismo esquerdista (aborto, gayzismo, neo-racismo, ecologismo, feminismo, libera��o das drogas, etc. etc.), toda a grande m�dia nacional, sem exce��o, se torna mentirosa ao ponto de raiar a sociopatia pura e simples. n�o � preciso dizer que, em todos esses t�picos, seu acordo com o pt � completo e indiscut�vel. ela s� ataca o governo em quest�es menores, acusando sua inefici�ncia ou corrup��o, como ali�s a m�dia comunista tamb�m podia fazer e fazia na pr�pria urss. s�o briguinhas de comadres sobre o fundo de uma uniformidade ideol�gica espantosa, subsidiada, de parte a parte, pelas mesmas fontes internacionais. *** por falar nisso, voc�s repararam que na m�dia nacional o champinha deixou de ser o assassino de liana e felipe e se tornou �um jovem envolvido� nesse crime? quanta delicadeza! quantos cuidados paternais! se ao menos nossos jornais e jornalistas tivessem id�ntica gentileza para falar das v�timas, este pa�s seria mais suport�vel. *** perceber os nexos l�gicos entre senten�as � coisa que qualquer crian�a faz espontaneamente e um macaco, se bem treinado, n�o ficar� longe disso. o racioc�nio l�gico, no fim das contas, n�o passa de um automatismo, e � por isso mesmo que pode ser imitado por m�quinas. mais dif�cil, e infinitamente mais importante, � captar a liga��o entre o encadeamento l�gico-verbal e as conex�es reais entre coisas, fatos e a��es. isto requer algo mais do que racioc�nio l�gico: requer imagina��o. mas a imagina��o segue a vontade. quando voc� n�o quer entender alguma coisa, com a maior desenvoltura corta os elos entre os dois tipos de nexos e, sem deixar de compreender perfeitamente bem a demonstra��o l�gica, torna-se incapaz de captar a conex�o real que ela significa. � uma esp�cie de psitacismo volunt�rio, ou melhor, um psitacismo que come�a por um ato de vontade e se torna depois um cacoete incur�vel. n�o conhe�o um s� brasileiro que, em maior ou menor medida, n�o pade�a desse mal. digo isso porque h� quarenta anos o combato em mim mesmo, e de vez em quando ainda me pego raciocinando no vazio. � uma doen�a terr�vel. os pol�ticos, ent�o, j� morreram dela faz tempo, e s� continuam vivos em apar�ncia. n�o h� Uti cognitiva que os recupere. � pois com absoluto ceticismo que ofere�o aos senhores parlamentares as
seguintes considera��es sobre o projeto de lei plc 122/2006: proteger contra cr�ticas uma determinada prefer�ncia sexual mas n�o as outras � discrimina��o ostensiva e irracional. aprovada a plc, teremos a seguinte situa��o: se eu, num acesso de loucura, disser que o sr. presidente da rep�blica transar com a pr�pria esposa � a abomina��o das abomina��es, ele nada poder� fazer contra mim; mas, se ele sair bolinando o sr. marco aur�lio garcia na sala da presid�ncia, n�o poderei dizer nem uma palavra contra isso. (n�o creio que ele venha a ter essa id�ia, muito menos a realiz�-la, � claro. dou o exemplo extremo porque sua tipicidade esquem�tica � insofism�vel e � assim que se raciocina em ci�ncia do direito.) s� h� dois meios de contornar essa dificuldade: permitir que todas as prefer�ncias sexuais continuem expostas � cr�tica ou estender a todas, por igual, a prote��o da lei. a primeira hip�tese equivale a rejeitar in limine a plc 122. a segunda implica que a prefer�ncia pela monogamia heterossexual indissol�vel, nos moldes religiosos, seja considerada � vejam voc�s -- pelo menos t�o decente e digna de amparo estatal quanto a perversidade polimorfa, o sadomasoquismo ou o sexo com animais. o pr�prio homossexualismo n�o poder� aspirar a mais privil�gios do que essas outras variantes. mas a� surge uma nova dificuldade: a lei proteger� s� o direito de praticar discretamente cada op��o escolhida ou tamb�m o de alardear em p�blico a sua superioridade em rela��o �s demais? dito de outro modo: se o legislador desiste de proteger uma s� prefer�ncia e admite proteger todas, ele tem de optar, em seguida, entre (a) permitir a apologia ostensiva de todas, (b) proibi-las por igual ou (c) proibir a de algumas e vetar a das outras. na hip�tese �c�, voltamos ao problema da discrimina��o enunciado acima. na hip�tese �b� teremos instaurado a censura total em mat�ria de sexo, uma apoteose de moralismo repressor que nem mesmo a santa inquisi��o ambicionou criar. na hip�tese restante, nada poder� impedir que cada cidad�o, se assim o desejar, proclame a sua prefer�ncia a �nica aceit�vel e saia falando mal das demais. � mais ou menos a situa��o que temos hoje, sem lei nenhuma para separar as opini�es proibidas e permitidas em mat�ria de sexo. � a liberdade. s� h� um problema: se a liberdade de falar em favor de uma op��o sexual e contra as outras deixa de ser um mero costume espont�neo e se torna uma garantia legal, o legislador ter� de esclarecer se essa garantia h� de ser concedida a todos incondicionalmente ou se ter� limites. o primeiro caso equivale consagrar como lei a aus�ncia de leis a respeito do objeto dessa mesma lei (mais ou menos como a constitui��o americana fez com a liberdade de imprensa: �este congresso n�O far� leis a respeito�). � o que recomendo que suas excel�ncias fa�am. o segundo caso, por�m, obrigar� os senhores parlamentares a decidir se todos os motivos que o cidad�o possa alegar para ser contra determinada op��o sexual ser�o permitidos, ou s� alguns deles. por exemplo, ser� l�cito ser contra o homossexualismo por motivos morais e religiosos, ou, ao contr�rio, s� a falta do tes�o respectivo ser� considerada motivo leg�timo? na primeira eventualidade, os religiosos continuar�o falando mal do homossexualismo, e os homossexuais continuar�o falando mal deles, todos sob igual prote��o do estado (considero isso a maravilha das maravilhas, mas ela requer precisamente a aus�ncia de lei espec�fica). na segunda, o estado consagrar� um fator pessoal subjetivo -- o tes�o, ou falta dele -- como �nico fundamento leg�timo de qualquer opini�o a respeito de sexo, proibindo toda tentativa de apelar a argumentos suprapessoais de qualquer natureza. as pessoas poder�o justificar suas op��es dizendo �gosto disto, n�o gosto daquilo�, mas ser�o proibidas de buscar raz�es superiores � mera prefer�ncia pessoal. a liberdade de gostar ou desgostar ter� como contrapartida a proibi��o de pensar, ao menos em voz alta.
nenhuma das dificuldades que aqui enunciei � apenas um obst�culo de ordem l�gica. todas s�o problemas reais, concretos e insol�veis que, se aprovada a plc 122, logo aparecer�o nos tribunais, exigindo dos senhores ju�zes decis�es que, em todos os casos, resultar�o em alguma injusti�a patente. *** ao terminar de redigir este artigo sairei correndo para washington d. c. vou tentar entrevistar um grupo de deputados equatorianos que, perseguidos pelo presidente correa, vieram pedir socorro � Comiss�o de direitos humanos da oea. vejam voc�s como s�o as coisas. esses opressores burgueses vieram sem um tost�o para pagar hotel, dormem na casa de uma pessoa amiga em washington, empilhados numa sala de tr�s metros e meio por quatro. se fossem pobres e oprimidos, estariam no sheraton ou no hilton, cada um numa su�te. a vida � assim.
uma gl�ria da educa��o nacional olavo de carvalho jornal do brasil, 3 de maio de 2007
nada debilita mais a intelig�ncia racional do que a ostenta��o de racionalismo. erigida em s�mbolo de autoridade, a raz�o perde toda efic�cia cognitiva e se torna um mero fetiche hipn�tico. o opinador ignorante, infectado de progressismo �cient�fico� e decidido a n�o ler, ouvir ou compreender nada que possa abalar as suas cren�as, �, na escala humana, a encarna��o mais perfeita da invencibilidade absoluta. nada pode demov�-lo da convic��o de que seu apego fan�tico a chav�es iluministas faz dele a personifica��o triunfante do conhecimento e das luzes, um her�i libertador em luta contra o obscurantismo fundamentalista. nas presentes condi��es da sociedade brasileira, esse personagem caricato tende a tornar-se o tipo dominante na cultura, no ensino e nos meios de comunica��o. exemplo n�tido � o autor deste par�grafo da apostila de hist�ria do col�gio pent�gono/coc, institui��o de ensino particular de s�o paulo: � a escravid�o no brasil [era] justificada pela condi��o de inferioridade do negro, colocado como animal, pois era �desprovido de alma'. a igreja... legitimou tal sandice. � n�o vou nem perguntar onde o distinto obteve a id�ia de que segundo a igreja os negros n�o tinham alma. � uma lenda urbana de origem setecentista, que de tempos em tempos ressurge nos meios iletrados junto com aquelas hist�rias sinistras de fetos inumer�veis, produtos da incontida lubricidade eclesi�stica, enterrados nos por�es dos claustros. o cr�dito que nenhum historiador jamais deu a essas tolices lhes � sempre abundantemente concedido por algum botequineiro anarquista ou por estudantes de gin�sio empenhados em tornar-se voltaire quando crescerem, se crescerem. jean s�villia, no indispens�vel historiquement correct (paris, perrin, 2003),
assinala que hoje em dia h� duas hist�rias, separadas por um abismo de incompatibilidades: a dos estudiosos acad�micos e a do cidad�o comum, inventada pela m�dia e pelo sistema de ensino. o fen�meno � universal. a diferen�a nacional espec�fica � que no mundo civilizado a ci�ncia dos historiadores ainda tem alguma autoridade para reprovar a do pedagogo iluminado, ao passo que no brasil esta �ltima est� sob a prote��o da lei. t�o logo o par�grafo acima foi denunciado como cal�nia imbecilizante pelo site www.escolasempartido.org , um juiz sentenciou que o nome da institui��o respons�vel pelo seu uso no ensino secund�rio fosse apagado da mat�ria. imunizado � cr�tica hist�rica, o col�gio poder� assim continuar transmitindo a seus estudantes a �educa��o transformadora� que alardeia, sem ter de explicar em que, afinal, ela os h� de transformar. em empres�rios � que n�o, ao menos se depender do autor da apostila, que assim descreve o cotidiano de um membro t�pico dessa classe abomin�vel, na qual se incluem ali�s os propriet�rios da entidade e os pais de uma boa parcela de seus alunos: �...vendeu, ganhou, lucrou, lesou, explorou, burlou, convocou, elogiou, bolinou, estimulou, beijou, convidou, despiuse, deitou-se, mexeu, gemeu, fungou, babou, antecipou, frustrou, saiu, chegou, beijou, negou... �