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Microbiologia Ambiental - Professor Marcos de Paula Júnior
Utilização de microorganismos para fins ambientais Os
microorganismos
são
os
grandes
recicladores
da
natureza,
transformando a matéria morta ou em decomposição em Matéria que pode ser utilizada na síntese de novas substancias pelas plantas (adubo) e estas
servem
característica
de
alimento
para
dos
microorganismos
os
animais.
podemos
Aproveitando
aproveita-los
em
essa vários
processos para fins ambientais. Veremos alguns durante nosso estudo em Microbiologia Aplicada. Esses seres são capazes de limpar o solo, a água e até áreas contaminadas por radiação, através de seus processos biofisioquímicos. Microorganismos e o aquecimento global Um
dos
maiores
desafios
dos
séculos
XXI
e
XXII
será
o
aquecimento global devido a grande quantidade de gases provocantes de efeito estufa lançado na atmosfera, principalmente CO2 ou dióxido de carbono. As algas podem nos ajudar a combater esse efeito devido a sua grande
produção
absorver
grandes
fotossintetizante, quantidades
de
ou
CO2
seja, da
elas
atmosfera
são além
capazes de
de
serem
empregadas na produção de biocombustível, alimentos e outros produtos úteis aos seres humanos. Certas espécies de fungos podem produzir Hidrocarbonetos como se diz na reportagem abaixo:
Cientistas americanos identificaram na Patagônia um fungo capaz de produzir hidrocarbonetos da Biomassa O fungo poderia ser potencialmente uma nova fonte de energia limpa, segundo o artigo publicado na revista científica Microbiology. O fungo, conhecido como Gliocladium roseum, foi identificado em uma árvore ulmo (Eucryphia cordifolia) por cientistas da universidade do Estado de Montana, nos Estados Unidos. No Brasil há relatos de ocorrencia do fungo Gliocladium roseum em solos de São paulo. O Gliocladium roseum gera várias moléculas diferentes que produzem hidrogênio e carbono, e que são também encontradas no óleo diesel. Os cientistas trabalham agora em criar o que chamam de "mycodiesel", um combustível limpo a partir da nova descoberta. "Este é o único organismo que demonstrou ser capaz de produzir esta combinação importante de substâncias combustíveis", disse o professor Gary Strobel, que conduziu a pesquisa. "O fungo pode inclusive produzir estes combustíveis de diesel a
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partir da celulose, que poderia ser uma melhor fonte de biocombustível que qualquer uma das que se usa atualmente", opina o cientista. Hidrocarbonetos Muitos tipos de micróbios podem produzir hidrocarbonetos, que são compostos formados de hidrogênio e carbono. Os fungos que crescem na madeira parecem produzir uma série de compostos potencialmente explosivos. "Quando examinamos a composição do Gliocladium roseum, ficamos totalmente surpreendidos de ver que ele estava produzindo uma variedade de hidrocarbonetos e derivados de hidrocarbonetos", disse Strobel. "Os resultados foram totalmente inesperados". Posteriormente, quando os investigadores cultivaram o fungo em laboratório, ele foi capaz de produzir um combustível que, segundo eles, é muito similar ao óleo diesel usada em automóveis e caminhões. Outra vantagem potencial do combustível, segundo Strobel, é que ele pode ser produzido diretamente da celulose, o principal composto das plantas e do papel. Quando se utiliza plantas para produzir biocombustíveis, elas precisam primeiro ser processadas para depois serem convertidas em compostos úteis, como a celulose. Mas no caso do Gliocladium roseum, ele pode produzir o "mycodiesel" diretamente da celulose."Isso significa que o fungo pode produzir combustível saltando-se um grande passo no processo de produção", diz Strobel. Julho de 2008
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Compostagem Como compostar o lixo orgânico, mesmo em pequenos apartamentos A compostagem é uma técnica milenar, praticada pelos chineses há mais de cinco mil anos. Nada muito diferente do que natureza faz há bilhões
de
anos
desde
que
surgiram
os
primeiros
microorganismos
decompositores. Seguindo o exemplo da floresta, onde observamos que cada resíduo, seja ele de origem animal ou vegetal, é reaproveitado pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas que, em última análise, são o sustentáculo da vida terrestre. Pois bem, quando procedemos com a compostagem estamos seguindo as regras da natureza e destinando corretamente nossos resíduos. Tradicionalmente a compostagem é vista como uma prática usual em propriedades rurais e centrais de reciclagem de resíduos. No primeiro caso
é
uma
estratégia
do
agricultor
para
transformar
os
resíduos
agrícolas em adubos essenciais para a prática da agricultura orgânica. No segundo é uma necessidade administrativa, que tem a intenção de diminuir o volume do material a ser gerenciado além de estabilizar um material poluente. No espaço urbano existe a crença de que lixo deve ser recolhido pela prefeitura e despejado em algum local onde possa feder e sujar a vontade. Esta realidade perversa está sendo mudada, graças às ações práticas
de
alguns
municípios
e
pelos
avanços
nas
leis
e
normas
ambientais em nosso país. Mas o que nós cidadãos podemos fazer em nossas casas para colaborar neste processo? Uma
coisa
muito
apartamentos
é
a
precisam
de
adubos
precisam
se
livrar
boa
que
compostagem. para desse
os
podemos
fazer
Diferentemente
seus
cultivos
resíduos;
nós
ou em
em dos das casa
nossas
casas
e
agricultores
que
prefeituras
que
podemos
começar
simplesmente tentando diminuir a quantidade de lixo orgânico emitido para a prefeitura. É claro que só é possível isto em casas onde o lixo é separado. Entre os muitos modelos de composteira existentes, destacamos os engradados de pvc (lembra das caixas plásticas usadas em supermercados para o transporte das compras?). Com dois ou três engradados podemos
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montar uma sistema de compostagem bem eficiente e que não ocupa muito espaço. Vamos ver isto passo-a-passo: Como montar a composteira em espaços mínimos (sacadas e áreas de serviço) 1. Forre por dentro um engradado de pvc (destes que usamos para carregar as compras no supermercado) com uma camada espessa de jornal
bem
úmido,
mais
ou
menos
6
ou
8
folhas.
Depois
de
acomodar estas folhas de jornal faça furos no fundo. 2. Preencha o fundo deste engradado com composto já pronto e com minhocas. Faça uma camada de mais ou menos 10 cm de espessura. Nos
supermercados
e
em
floriculturas
encontramos
um
produto
genericamente chamado de húmus de minhoca. Um bom húmus sempre tem
alguns
ovos
e
filhotes
de
minhoca
que
sobrevivem
ao
peneiramento e à embalagem. 3. Escolha no seu lixo orgânico algumas porções de cascas de frutas ou folhas de verduras, não muito. 4. Enterre este material no composto. Isto vai servir para avaliar a quantidade de minhocas que existe neste material, já que elas serão atraídas pela comida (lixo orgânico). 5. Cubra tudo com mais uma camada de jornal úmido. O jornal tem que estar sempre úmido, caso contrario roubará água do material que esta
sendo
compostado
e
este
uma
para
não
ficará
pronto
em
poucas
semanas. 6. Providencie
tampa
o
seu
composto.
Isto
evitará
a
proliferação de moscas e baratas além de servir de barreira para um eventual rato. 7. Agora uma parte bem importante! Observe por alguns dias quanto tempo
as
pequenas
minhocas
levam
para
comer
uma
determinada
quantidade de lixo orgânico. Esta é a capacidade de reciclagem da sua composteira. À medida que as minhocas vão crescendo e se reproduzindo o consumo de resíduo orgânico vai aumentando. Uma minhoca
vermelha
do
composto
(Eisenia
foetida)
pode
comer
o
5
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próprio peso em um único dia, além disso com apenas três meses elas já estão se reproduzindo, podendo depositar um casulo a cada semana. Cada casulo desses pode gerar de quatro a doze pequenas minhocas que já nascem prontas para comer muito pelo resto da vida. Uma composteira doméstica pode ser considerada eficiente quando os resíduos orgânicos somem totalmente em menos de
duas
semanas.
Outra
técnica
muito
usada
por
jardineiros
experientes para avaliar um composto é a quantidade de ruídos que este pode produzir. Difícil de acreditar? Então experimente, quando
seu
composto
estiver
produzindo
um
pequeno
ruído
que
lembra um líquido escorrendo é sinal de que as minhocas estão trabalhando
a
todo
vapor.
Daí
para
a
frente
é
um
processo
contínuo e crescente. O que fazer quando a composteira está cheia: 1. O que acontece com as composteiras domésticas é que elas sempre têm uma quantidade de material pronto, uma parcela de material em processo de decomposição e uma porção diária de lixo orgânico ainda fresco. Isto dificulta bastante a coleta do material que já está pronto para o uso. Para este problema temos uma solução. Veja a seguir: 2. Um engradado composteira vai sendo lentamente preenchido e as minhocas vão comendo e reciclando material de baixo para cima. Bem,
um
dia
nosso
engradado
estará
completamente
cheio,
com
material já reciclado no fundo e lixo fresco junto à superfície. Isto é inevitável, mas uma maneira de contornar este problema é simplesmente forrar as laterais de um novo engradado e empilhar sobre o primeiro. Assim, dê continuidade ao processo colocando uma porção do composto cheio de minhocas no fundo do segundo engradado e siga o processo normalmente. Desta forma as minhocas continuarão trabalhando no sentido vertical e em algumas semanas a sua primeira caixa estará completamente reciclada e você terá mais
ou
qualidade.
menos
25
Kg
de
adubo
orgânico
de
primeiríssima
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Onde colocar a composteira 1. A composteira de engradados de pvc não deve ser colocada em locais
sem
ensolarados
ventilação. com
a
Não
compostagem
devemos que
desperdiçar
dispensa
a
luz
locais
solar;
as
plantas sim precisam dela. Os engradados de compostagem devem ser colocados sobre um suporte que pode ser desde de um simples e pouco eficiente jornal, até bandejas ou caixas que possam coletar e canalizar o chorume (líquido que escorre do composto) completamente.
Um
bom
composto
deve
produzir
muito
pouco
ou
nenhum chorume. Mas quando regamos o composto no verão isto é inevitável.
Por
garantia
podemos
acomodar
nossos
engradados
sobre uma bandeja plástica, de metal ou de madeira, de pelo menos
5
centímetros
cheia
de
brita,
cascalho
ou
areia
bem
grossa. O importante é que o composto tenha o mínimo contato com o chorume. 2. Sofisticando concreto
um
ou
pouco
tijolos
mais e
podemos
cimento
construir
que
tenha
um
suporte
de
menos
40
pelo
centímetros de altura e onde possamos encaixar os engradados. Devemos
cuidar
para
tenha
um
dreno
(furo)
no
fundo
e
então
podemos preencher metade da altura com carvão vegetal (aquele que compramos para fazer churrasco) e logo por cima despejamos a mesma quantidade de brita, e por cima da brita acomodamos os engradados. Desta forma o eventual chorume escorre pela brita até
a
camada
de
carvão
onde
é
desodorizado
e
ligeiramente
filtrado. Evitando sujeira na sacada ou na área de serviço. Para composteiras
feitas
diretamente
na
terra
este
problema
praticamente não existe já que o solo absorve o chorume. O que pode ser compostado e como usar o composto gerado 1. Praticamente qualquer coisa orgânica é passível de compostagem. Preferencialmente devemos usar os resíduos orgânicos vegetais crus gerados em nossa cozinha, os restos de comida podem e devem ser compostados, porém devemos lembrar que o sal pode diminuir a qualidade de nosso composto tornando-o mais salino do que o conveniente. Pensando ecologicamente o certo é não termos restos de comida, um pouco de organização pode evitar desperdícios e viabilizar
a
prática
da
compostagem
domiciliar
de
forma
7
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totalmente eficiente. Mas quando não conseguimos comer tudo o que
preparamos
o
destino
é
os
compartimentos
que
vão
sendo
preenchidos com resíduos orgânicos um de cada vez. Assim, as minhocas
vão
reciclando
o
material
a
cada
preenchido, seguindo o mesmo procedimento anterior.
compartimento
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Aplicação de microorganismos na recuperação de metais Introdução Com o crescente desenvolvimento tecnológico e industrial há uma constante
preocupação
no
mundo
atual
com
a
liberação
de
resíduos
industriais metálicos, pois podem causar danos em todo o ecossistema. Metais como chumbo, arsênio, cromo, zinco, cádmio, cobre e mercúrio podem causar danos significativos ao ambiente e a saúde humana graças à facilidade de solubilização e mobilização. A escolha mais apropriada do
método
de
remediação
para
solos
ou
sedimentos
depende
das
características do local, concentração, tipos de poluentes a serem removidos e o destino final do meio contaminado. Dentre as tecnologias empregadas para contornar os problemas gerados pelas áreas impactadas por
metais
pesados
imobilização,
podem
redução
de
ser
citados
toxicidade,
o
isolamento
separação
do
física
e
local,
a
extração.
Barreiras físicas feitas de aço, cimento e bentonita, por exemplo, podem ser usadas para isolar e minimizar a mobilidade dos metais. Por outro lado, existem processos que promovem a separação das partículas menores (mais poluídas) das maiores, empregando hidrociclones, leito fluidizado e flotação. Todavia alguns dos processos de remoção podem apresentar
custo
final
elevado
e/ou
causar
a
liberação
de
novos
contaminantes. É nesse contexto que surge a necessidade pela busca de novas
tecnologias
desenvolvimento
para
de
a
remoção
metodologias
para
de
metais,
aplicação
de
baseadas
no
microrganismos.
Entretanto, técnicas convencionais de remoção de metais tóxicos (ex: troca iônica, precipitação, e eletroquímica), podem não ser efetivas, especialmente quando a concentração do metal está abaixo de 100 mg L-1. Os
microorganismos
são
capazes
de
afetar
a
especiação
dos
metais, por causa de sua capacidade efetora ou mediadora nos processos de
mobilização
ou
imobilização,
que
influenciam
no
equilíbrio
das
espécies metálicas entre as fases solúveis e insolúveis. A capacidade que
os
solos
naturais,
têm
de
biológicos,
atenuar químicos
os e
impactos, físicos,
através
pode
ser
de
processos
utilizado
como
tratamento na remediação de solos contaminados, e é conhecido com o nome
de
atenuação
natural.
Muitos
microorganismos,
incluindo
bactérias, algas e fungos, possuem a habilidade para remover metais pesados
do
meio
ambiente.
A
capacidade
de
remoção,
assim
como
os
mecanismos de acumulação, podem variar amplamente de acordo com a
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espécie microbiana, ou até mesmo com a linhagem. Tanto as células, como
os
produtos
potencial
para
excretados,
remover
parede
metais
de
celular
soluções
e
que
polissacarídeos os
contém.
têm
Fatores
externos como pH, temperatura, ausência ou presença de nutrientes e outros
metais
também
influenciam
no
mecanismo
atuante
e,
conseqüentemente, na eficiência e seletividade de acumulação. Metais, o seu emprego e as suas implicações com a saúde humana A dissolução de metais pesados que escapam no meio ambiente pode acarretar sérios problemas de periculosidade. O controle das descargas de metais pesados e remoção de metais tóxicos de rejeitos líquidos tem se convertido numa séria preocupação, especialmente para as indústrias químicas. Os metais pesados compreendem 40 elementos com densidade superior a 5 g/cm3. Alguns, como ferro, em pequenas quantidades, são elementos essenciais ao crescimento tanto de organismos procariontes quanto de eucariontes. No entanto, outros, como o cádmio, não possuem função
biológica
conhecida
e
são
extremamente
tóxicos,
mesmo
em
concentrações muito baixas. O controle da emissão de resíduos através de
normas,
mundial
definidas
com
os
em
efeitos
Leis
e
nocivos
Decretos, do
uso
resulta
da
indiscriminado
preocupação de
produtos
químicos tóxicos e de seu descarte para o meio ambiente. Efluentes das indústrias efluentes
do de
setor plantas
mineral de
e
metal-mecânico,
tratamento
de
em
superfície,
particular contêm
os alta
concentração de metais dissolvidos. Os metais que mais preocupam e representam um risco ambiental são, em ordem de prioridade: cádmio, chumbo, mercúrio, cromo, cobalto, cobre, níquel, zinco e alumínio. Remediação O mecanismo bioquímico microbiano não é o da degradação do átomo contaminante, mas aquele que produze uma mudança no estado de oxidação do metal para sua detoxificação. Independente das reações ocorridas, provavelmente o metal ainda permanecerá no local, pois sabe-se que as bactérias possuem a capacidade para concentrar ou remover os mesmos, seja
em
forma
conseqüentemente
de menos
precipitados tóxicos
e
ou
de
substâncias
facilmente
disponíveis.
voláteis, Em
outras
palavras, os microorganismos podem apenas alterar a especiação dos contaminantes e convertê-los em formas não tóxicas.
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Mecanismo de captação dos metais Vários são os mecanismos pelos quais os microorganismos interagem com os metais, conforme resumido na Figura 1:
A parede celular é considerada um complexo trocador de íons, similar a uma resina. A capacidade de troca iônica depende da presença de
grupos
celular.
funcionais
Dentre
os
e
da
estrutura
principais
grupos
espacial
da
funcionais
própria
parede
responsáveis
por
mecanismos de captação de metais, podemos citar a carboxila, o grupo amino,
sulfato
e
fosfato,
que
são
responsáveis
pela
captação
de
cátions metálicos, seja por atração eletrostática ou por formação de ligações. pronunciada
Portanto, no
caso
essa de
interação
íons
aniônicas da parede celular.
metálicos
pode
ser
devido
às
particularmente características
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Acúmulo de metais pesados por microorganismos Materiais de origem biológica como os biossorventes possuem a capacidade de adsorver e/ou absorver íons metálicos dissolvidos. Entre estes
materiais
fungos) Partes
estão
os
microorganismos
(bactérias,
microalgas
e
vegetais macroscópicos (algas, gramíneas, plantas aquáticas). ou
tecidos
específicos
de
vegetais
como
casca,
bagaço,
e
sementes também apresentam a capacidade de acumular metais pesados. Materiais de
origem mineral
(zeolitas, bentonitas,
caulinita,
diatomita, etc.) possuem a capacidade de remover íons metálicos do meio aquoso podendo ser utilizados no tratamento de águas. Subprodutos industriais
de
arsenopirita,
origem
etc.)
mineral
também
foram
(argilas, avaliados
pirita, na
dolomita,
remoção
de
íons
metálicos tóxicos de soluções aquosas. A capacidade de remoção, assim como
os
mecanismos
de
acumulação,
varia
de
acordo
com
a
espécies
microbiana, ou até mesmo com a linhagem. As células microbianas têm potencial
para
remover
metais
de
soluções,
empregando
metabólitos
excretados, parede celular e polissacarídeos. Fatores externos como pH temperatura, ausência ou presença de nutrientes e outros metais também influenciam
no
mecanismo
atuante
conseqüentemente,
na
eficiência
e
seletividade de acumulação. Mecanismos de captação microbiana para remoção de metais pesados Biossorção A acumulação de metais pesados, por mecanismos independentes do metabolismo celular se dá através de interações fisico-químicas entre o metal e constituintes da parede celular, de exopolissacarídeos e outros materiais associados à face externa da membrana celular. A independência do metabolismo ocorre pelo fato de não ser necessário o gasto
energético
por
parte
da
célula
microbiana,
para
que
haja
captação dos íons metálicos. A remoção neste caso pode ocorrer tanto em células vivas quanto em células mortas. Bioacumulação O
transporte
de
íons
de
metais
pesados
através
da
membrana
celular e sua acumulação intracelular são dependentes do metabolismo,
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Microbiologia Ambiental - Professor Marcos de Paula Júnior
ou seja, ocorrem somente em células vivas, capazes de gerar energia. A remoção de íons metálicos por este tipo de mecanismos é usualmente mais
lento
que
o
mecanismo
de
adsorção
físico-químico.
Em
contrapartida maiores quantidades de metal podem ser acumuladas. A fonte de energia, presença de inibidores metabólicos, temperatura e luminosidade
são
os
principais
fatores
que
afeta
este
tipo
de
acumulação. Os mecanismos de transporte envolvidos não acumulação de metais pesados são pouco conhecidos. Uma das suposições seria a de que os metais pesado podem ser captados pelos sistemas de transporte de metais essenciais para o desenvolvimento microbiano . Uma vez dentro da célula, os íons metálicos podem se localizar em organelas, ou podem estar
ligados
posições,
a
proteínas,
prejudicando
alternativa,
os
as
deslocando
funções
biosurfactantes
os
íons
metabólicas.
produzidos
por
adequados Como
uma
bactérias
de
suas
tecnologia e
fungos
poderiam ser usadas para a remediação ambiental de metais pesados de solos, superfícies e águas subterrâneas. Na figura 2 mostra-se um esquema sobre os mecanismos de interação entre metais e células microbianas.
13
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Microorganismos no tratamento de águas residuais Assim como a água, também o tratamento dos esgotos envolve o trabalho de vários operários que trabalham dia e noite nas estações de tratamento,
para
poder
lançar
a
água
com
a
qualidade
no
corpo
receptor. A escolha do processo de tratamento de esgoto depende do grau de tratamento exigido pelo corpo receptor, ou seja, rios, lagos e outros. Entre os processos existentes de tratamento de esgoto apresentamos alguns dos mais utilizados: 1. Pré-tratamento 2. Lagoa de Estabilização 3. Lodos ativados 4. Filtro Biológico. 1 – O pré-tratamento O pré-tratamento é feito já no processo de coleta dos esgotos, deixando-os livres de materiais grosseiros e areia. Mesmo assim é comum a utilização de um sistema de grades e caixa de areia no sistema de esgotos. 2 – Lagoas de estabilização Processo simples e natural para tratar esgotos domésticos, tendo como principal objetivo remover matéria orgânica. É indicado para as condições
brasileiras
devido
ao
clima
favorável,
suficiente
disponibilidade de área, à operação simples e à utilização de poucos equipamentos. As
lagoas
de
estabilização
podem
ser
classificadas
em
três
tipos: lagoas anaeróbias, lagoas facultativas e lagoas de maturação.
Lagoas anaeróbias: São lagoas com profundidades da ordem de 3 a 5 metros, cujo objetivo é minimizar ao máximo a presença de oxigênio para que a estabilização da matéria orgânica ocorra estritamente em condições anaeróbias.
A eficiência nesse tipo
de sistema poderá atingir até 60% na remoção de DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) dependendo da temperatura.
14
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Lagoas facultativas: São lagoas com profundidade de 1,5 a 3
metros.
Nesse
aeróbios
e
processos
tipo
de
lagoa
anaeróbios.
Na
fotossintéticos,
ocorrem região
2
processos
superficial
realizados
pelas
distintos: ocorrem
algas,
onde
os há
liberação de oxigênio no meio, favorecendo o processo aeróbico. No
fundo,
quando
a
matéria
orgânica
tende
a
sedimentar,
acontecem os processos anaeróbios. Lagoas de maturação: São lagoas com profundidades de 0,8 a 1,5 m
e
sua
principal
função
é
remover
patogênicos
devido
à
boa
penetração de radiação solar, elevado pH e elevada concentração de oxigênio dissolvido. O arranjo desses três tipos de lagoas são os seguintes: O sistema funciona em série com uma lagoa anaeróbia seguida de três lagoas facultativas chicanadas. A lagoa anaeróbia possui uma superfície relativamente grande com profundidades úteis médias de 2,60 m junto aos diques e 3,30 na área restante e a alimentação do esgoto bruto é feita na extensão da lagoa de um canal ou duto. As lagoas facultativas possuem profundidade média de 1,70 m, com cortinas para direcionamento de fluxo. 3 – Lodos ativados É um processo biológico onde o esgoto afluente, na presença de oxigênio dissolvido, agitação mecânica e pelo crescimento e atuação de microorganismos específicos, forma flocos denominados lodo ativado ou lodo biológico. Essa fase do tratamento objetiva a remoção de matéria orgânica biodegradável presente nos esgotos. Após essa etapa, a fase sólida
é
separada
da
fase
líquida
em
outra
unidade
operacional
denominada decantador. O lodo ativado separado retorna para o processo ou é retirado para tratamento específico ou destino final. Esse
processo
de
tratamento
de
esgotos
desvantagens: Vantagens
exige pouca área para implantação;
maior eficiência no tratamento;
apresenta
vantagens
e
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maior flexibilidade de operação; Desvantagens
custo operacional elevado;
controle laboratorial diário;
operação mais delicada.
4 – Filtro biológico (Leito percolador) Filtros
biológicos
são
unidades
de
tratamento
de
esgotos
destinados a oxidação biológica da matéria orgânica remanescente de decantadores. O
efluente
do
decantador
é
aspergido
continuamente
sobre
um
leito de pedras justapostas entre os quais o ar pode circular. O ambiente ecológico desempenhado pelo filtro biológico tem como condicionantes a matéria orgânica, luz, oxigênio temperatura e pH. O leito de pedras, atravessado por líquido contendo matéria orgânica e os
outros
fatores
acima
citados,
propicia
o
desenvolvimento
de
microorganismos aeróbios. A variabilidade dos fatores de oxigenação também permite desenvolvimento anaeróbico resultando uma alternância de condições que permite a predominância de organismos facultativos. As populações microbianas nos leitos dos filtros biológicos são principalmente bactérias heterotróficas, são consumidoras da matéria orgânica predominante e por isso consideradas os principais agentes primários da purificação.