Apstilia Ii Microbiologia Aplicada

  • May 2020
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1

Microbiologia Ambiental - Professor Marcos de Paula Júnior

Utilização de microorganismos para fins ambientais Os

microorganismos

são

os

grandes

recicladores

da

natureza,

transformando a matéria morta ou em decomposição em Matéria que pode ser utilizada na síntese de novas substancias pelas plantas (adubo) e estas

servem

característica

de

alimento

para

dos

microorganismos

os

animais.

podemos

Aproveitando

aproveita-los

em

essa vários

processos para fins ambientais. Veremos alguns durante nosso estudo em Microbiologia Aplicada. Esses seres são capazes de limpar o solo, a água e até áreas contaminadas por radiação, através de seus processos biofisioquímicos. Microorganismos e o aquecimento global Um

dos

maiores

desafios

dos

séculos

XXI

e

XXII

será

o

aquecimento global devido a grande quantidade de gases provocantes de efeito estufa lançado na atmosfera, principalmente CO2 ou dióxido de carbono. As algas podem nos ajudar a combater esse efeito devido a sua grande

produção

absorver

grandes

fotossintetizante, quantidades

de

ou

CO2

seja, da

elas

atmosfera

são além

capazes de

de

serem

empregadas na produção de biocombustível, alimentos e outros produtos úteis aos seres humanos. Certas espécies de fungos podem produzir Hidrocarbonetos como se diz na reportagem abaixo:

Cientistas americanos identificaram na Patagônia um fungo capaz de produzir hidrocarbonetos da Biomassa O fungo poderia ser potencialmente uma nova fonte de energia limpa, segundo o artigo publicado na revista científica Microbiology. O fungo, conhecido como Gliocladium roseum, foi identificado em uma árvore ulmo (Eucryphia cordifolia) por cientistas da universidade do Estado de Montana, nos Estados Unidos. No Brasil há relatos de ocorrencia do fungo Gliocladium roseum em solos de São paulo. O Gliocladium roseum gera várias moléculas diferentes que produzem hidrogênio e carbono, e que são também encontradas no óleo diesel. Os cientistas trabalham agora em criar o que chamam de "mycodiesel", um combustível limpo a partir da nova descoberta. "Este é o único organismo que demonstrou ser capaz de produzir esta combinação importante de substâncias combustíveis", disse o professor Gary Strobel, que conduziu a pesquisa. "O fungo pode inclusive produzir estes combustíveis de diesel a

Microbiologia Ambiental - Professor Marcos de Paula Júnior

2

partir da celulose, que poderia ser uma melhor fonte de biocombustível que qualquer uma das que se usa atualmente", opina o cientista. Hidrocarbonetos Muitos tipos de micróbios podem produzir hidrocarbonetos, que são compostos formados de hidrogênio e carbono. Os fungos que crescem na madeira parecem produzir uma série de compostos potencialmente explosivos. "Quando examinamos a composição do Gliocladium roseum, ficamos totalmente surpreendidos de ver que ele estava produzindo uma variedade de hidrocarbonetos e derivados de hidrocarbonetos", disse Strobel. "Os resultados foram totalmente inesperados". Posteriormente, quando os investigadores cultivaram o fungo em laboratório, ele foi capaz de produzir um combustível que, segundo eles, é muito similar ao óleo diesel usada em automóveis e caminhões. Outra vantagem potencial do combustível, segundo Strobel, é que ele pode ser produzido diretamente da celulose, o principal composto das plantas e do papel. Quando se utiliza plantas para produzir biocombustíveis, elas precisam primeiro ser processadas para depois serem convertidas em compostos úteis, como a celulose. Mas no caso do Gliocladium roseum, ele pode produzir o "mycodiesel" diretamente da celulose."Isso significa que o fungo pode produzir combustível saltando-se um grande passo no processo de produção", diz Strobel. Julho de 2008

3

Microbiologia Ambiental - Professor Marcos de Paula Júnior

Compostagem Como compostar o lixo orgânico, mesmo em pequenos apartamentos A compostagem é uma técnica milenar, praticada pelos chineses há mais de cinco mil anos. Nada muito diferente do que natureza faz há bilhões

de

anos

desde

que

surgiram

os

primeiros

microorganismos

decompositores. Seguindo o exemplo da floresta, onde observamos que cada resíduo, seja ele de origem animal ou vegetal, é reaproveitado pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas que, em última análise, são o sustentáculo da vida terrestre. Pois bem, quando procedemos com a compostagem estamos seguindo as regras da natureza e destinando corretamente nossos resíduos. Tradicionalmente a compostagem é vista como uma prática usual em propriedades rurais e centrais de reciclagem de resíduos. No primeiro caso

é

uma

estratégia

do

agricultor

para

transformar

os

resíduos

agrícolas em adubos essenciais para a prática da agricultura orgânica. No segundo é uma necessidade administrativa, que tem a intenção de diminuir o volume do material a ser gerenciado além de estabilizar um material poluente. No espaço urbano existe a crença de que lixo deve ser recolhido pela prefeitura e despejado em algum local onde possa feder e sujar a vontade. Esta realidade perversa está sendo mudada, graças às ações práticas

de

alguns

municípios

e

pelos

avanços

nas

leis

e

normas

ambientais em nosso país. Mas o que nós cidadãos podemos fazer em nossas casas para colaborar neste processo? Uma

coisa

muito

apartamentos

é

a

precisam

de

adubos

precisam

se

livrar

boa

que

compostagem. para desse

os

podemos

fazer

Diferentemente

seus

cultivos

resíduos;

nós

ou em

em dos das casa

nossas

casas

e

agricultores

que

prefeituras

que

podemos

começar

simplesmente tentando diminuir a quantidade de lixo orgânico emitido para a prefeitura. É claro que só é possível isto em casas onde o lixo é separado. Entre os muitos modelos de composteira existentes, destacamos os engradados de pvc (lembra das caixas plásticas usadas em supermercados para o transporte das compras?). Com dois ou três engradados podemos

4

Microbiologia Ambiental - Professor Marcos de Paula Júnior

montar uma sistema de compostagem bem eficiente e que não ocupa muito espaço. Vamos ver isto passo-a-passo: Como montar a composteira em espaços mínimos (sacadas e áreas de serviço) 1. Forre por dentro um engradado de pvc (destes que usamos para carregar as compras no supermercado) com uma camada espessa de jornal

bem

úmido,

mais

ou

menos

6

ou

8

folhas.

Depois

de

acomodar estas folhas de jornal faça furos no fundo. 2. Preencha o fundo deste engradado com composto já pronto e com minhocas. Faça uma camada de mais ou menos 10 cm de espessura. Nos

supermercados

e

em

floriculturas

encontramos

um

produto

genericamente chamado de húmus de minhoca. Um bom húmus sempre tem

alguns

ovos

e

filhotes

de

minhoca

que

sobrevivem

ao

peneiramento e à embalagem. 3. Escolha no seu lixo orgânico algumas porções de cascas de frutas ou folhas de verduras, não muito. 4. Enterre este material no composto. Isto vai servir para avaliar a quantidade de minhocas que existe neste material, já que elas serão atraídas pela comida (lixo orgânico). 5. Cubra tudo com mais uma camada de jornal úmido. O jornal tem que estar sempre úmido, caso contrario roubará água do material que esta

sendo

compostado

e

este

uma

para

não

ficará

pronto

em

poucas

semanas. 6. Providencie

tampa

o

seu

composto.

Isto

evitará

a

proliferação de moscas e baratas além de servir de barreira para um eventual rato. 7. Agora uma parte bem importante! Observe por alguns dias quanto tempo

as

pequenas

minhocas

levam

para

comer

uma

determinada

quantidade de lixo orgânico. Esta é a capacidade de reciclagem da sua composteira. À medida que as minhocas vão crescendo e se reproduzindo o consumo de resíduo orgânico vai aumentando. Uma minhoca

vermelha

do

composto

(Eisenia

foetida)

pode

comer

o

5

Microbiologia Ambiental - Professor Marcos de Paula Júnior

próprio peso em um único dia, além disso com apenas três meses elas já estão se reproduzindo, podendo depositar um casulo a cada semana. Cada casulo desses pode gerar de quatro a doze pequenas minhocas que já nascem prontas para comer muito pelo resto da vida. Uma composteira doméstica pode ser considerada eficiente quando os resíduos orgânicos somem totalmente em menos de

duas

semanas.

Outra

técnica

muito

usada

por

jardineiros

experientes para avaliar um composto é a quantidade de ruídos que este pode produzir. Difícil de acreditar? Então experimente, quando

seu

composto

estiver

produzindo

um

pequeno

ruído

que

lembra um líquido escorrendo é sinal de que as minhocas estão trabalhando

a

todo

vapor.

Daí

para

a

frente

é

um

processo

contínuo e crescente. O que fazer quando a composteira está cheia: 1. O que acontece com as composteiras domésticas é que elas sempre têm uma quantidade de material pronto, uma parcela de material em processo de decomposição e uma porção diária de lixo orgânico ainda fresco. Isto dificulta bastante a coleta do material que já está pronto para o uso. Para este problema temos uma solução. Veja a seguir: 2. Um engradado composteira vai sendo lentamente preenchido e as minhocas vão comendo e reciclando material de baixo para cima. Bem,

um

dia

nosso

engradado

estará

completamente

cheio,

com

material já reciclado no fundo e lixo fresco junto à superfície. Isto é inevitável, mas uma maneira de contornar este problema é simplesmente forrar as laterais de um novo engradado e empilhar sobre o primeiro. Assim, dê continuidade ao processo colocando uma porção do composto cheio de minhocas no fundo do segundo engradado e siga o processo normalmente. Desta forma as minhocas continuarão trabalhando no sentido vertical e em algumas semanas a sua primeira caixa estará completamente reciclada e você terá mais

ou

qualidade.

menos

25

Kg

de

adubo

orgânico

de

primeiríssima

6

Microbiologia Ambiental - Professor Marcos de Paula Júnior

Onde colocar a composteira 1. A composteira de engradados de pvc não deve ser colocada em locais

sem

ensolarados

ventilação. com

a

Não

compostagem

devemos que

desperdiçar

dispensa

a

luz

locais

solar;

as

plantas sim precisam dela. Os engradados de compostagem devem ser colocados sobre um suporte que pode ser desde de um simples e pouco eficiente jornal, até bandejas ou caixas que possam coletar e canalizar o chorume (líquido que escorre do composto) completamente.

Um

bom

composto

deve

produzir

muito

pouco

ou

nenhum chorume. Mas quando regamos o composto no verão isto é inevitável.

Por

garantia

podemos

acomodar

nossos

engradados

sobre uma bandeja plástica, de metal ou de madeira, de pelo menos

5

centímetros

cheia

de

brita,

cascalho

ou

areia

bem

grossa. O importante é que o composto tenha o mínimo contato com o chorume. 2. Sofisticando concreto

um

ou

pouco

tijolos

mais e

podemos

cimento

construir

que

tenha

um

suporte

de

menos

40

pelo

centímetros de altura e onde possamos encaixar os engradados. Devemos

cuidar

para

tenha

um

dreno

(furo)

no

fundo

e

então

podemos preencher metade da altura com carvão vegetal (aquele que compramos para fazer churrasco) e logo por cima despejamos a mesma quantidade de brita, e por cima da brita acomodamos os engradados. Desta forma o eventual chorume escorre pela brita até

a

camada

de

carvão

onde

é

desodorizado

e

ligeiramente

filtrado. Evitando sujeira na sacada ou na área de serviço. Para composteiras

feitas

diretamente

na

terra

este

problema

praticamente não existe já que o solo absorve o chorume. O que pode ser compostado e como usar o composto gerado 1. Praticamente qualquer coisa orgânica é passível de compostagem. Preferencialmente devemos usar os resíduos orgânicos vegetais crus gerados em nossa cozinha, os restos de comida podem e devem ser compostados, porém devemos lembrar que o sal pode diminuir a qualidade de nosso composto tornando-o mais salino do que o conveniente. Pensando ecologicamente o certo é não termos restos de comida, um pouco de organização pode evitar desperdícios e viabilizar

a

prática

da

compostagem

domiciliar

de

forma

7

Microbiologia Ambiental - Professor Marcos de Paula Júnior

totalmente eficiente. Mas quando não conseguimos comer tudo o que

preparamos

o

destino

é

os

compartimentos

que

vão

sendo

preenchidos com resíduos orgânicos um de cada vez. Assim, as minhocas

vão

reciclando

o

material

a

cada

preenchido, seguindo o mesmo procedimento anterior.

compartimento

8

Microbiologia Ambiental - Professor Marcos de Paula Júnior

Aplicação de microorganismos na recuperação de metais Introdução Com o crescente desenvolvimento tecnológico e industrial há uma constante

preocupação

no

mundo

atual

com

a

liberação

de

resíduos

industriais metálicos, pois podem causar danos em todo o ecossistema. Metais como chumbo, arsênio, cromo, zinco, cádmio, cobre e mercúrio podem causar danos significativos ao ambiente e a saúde humana graças à facilidade de solubilização e mobilização. A escolha mais apropriada do

método

de

remediação

para

solos

ou

sedimentos

depende

das

características do local, concentração, tipos de poluentes a serem removidos e o destino final do meio contaminado. Dentre as tecnologias empregadas para contornar os problemas gerados pelas áreas impactadas por

metais

pesados

imobilização,

podem

redução

de

ser

citados

toxicidade,

o

isolamento

separação

do

física

e

local,

a

extração.

Barreiras físicas feitas de aço, cimento e bentonita, por exemplo, podem ser usadas para isolar e minimizar a mobilidade dos metais. Por outro lado, existem processos que promovem a separação das partículas menores (mais poluídas) das maiores, empregando hidrociclones, leito fluidizado e flotação. Todavia alguns dos processos de remoção podem apresentar

custo

final

elevado

e/ou

causar

a

liberação

de

novos

contaminantes. É nesse contexto que surge a necessidade pela busca de novas

tecnologias

desenvolvimento

para

de

a

remoção

metodologias

para

de

metais,

aplicação

de

baseadas

no

microrganismos.

Entretanto, técnicas convencionais de remoção de metais tóxicos (ex: troca iônica, precipitação, e eletroquímica), podem não ser efetivas, especialmente quando a concentração do metal está abaixo de 100 mg L-1. Os

microorganismos

são

capazes

de

afetar

a

especiação

dos

metais, por causa de sua capacidade efetora ou mediadora nos processos de

mobilização

ou

imobilização,

que

influenciam

no

equilíbrio

das

espécies metálicas entre as fases solúveis e insolúveis. A capacidade que

os

solos

naturais,

têm

de

biológicos,

atenuar químicos

os e

impactos, físicos,

através

pode

ser

de

processos

utilizado

como

tratamento na remediação de solos contaminados, e é conhecido com o nome

de

atenuação

natural.

Muitos

microorganismos,

incluindo

bactérias, algas e fungos, possuem a habilidade para remover metais pesados

do

meio

ambiente.

A

capacidade

de

remoção,

assim

como

os

mecanismos de acumulação, podem variar amplamente de acordo com a

9

Microbiologia Ambiental - Professor Marcos de Paula Júnior

espécie microbiana, ou até mesmo com a linhagem. Tanto as células, como

os

produtos

potencial

para

excretados,

remover

parede

metais

de

celular

soluções

e

que

polissacarídeos os

contém.

têm

Fatores

externos como pH, temperatura, ausência ou presença de nutrientes e outros

metais

também

influenciam

no

mecanismo

atuante

e,

conseqüentemente, na eficiência e seletividade de acumulação. Metais, o seu emprego e as suas implicações com a saúde humana A dissolução de metais pesados que escapam no meio ambiente pode acarretar sérios problemas de periculosidade. O controle das descargas de metais pesados e remoção de metais tóxicos de rejeitos líquidos tem se convertido numa séria preocupação, especialmente para as indústrias químicas. Os metais pesados compreendem 40 elementos com densidade superior a 5 g/cm3. Alguns, como ferro, em pequenas quantidades, são elementos essenciais ao crescimento tanto de organismos procariontes quanto de eucariontes. No entanto, outros, como o cádmio, não possuem função

biológica

conhecida

e

são

extremamente

tóxicos,

mesmo

em

concentrações muito baixas. O controle da emissão de resíduos através de

normas,

mundial

definidas

com

os

em

efeitos

Leis

e

nocivos

Decretos, do

uso

resulta

da

indiscriminado

preocupação de

produtos

químicos tóxicos e de seu descarte para o meio ambiente. Efluentes das indústrias efluentes

do de

setor plantas

mineral de

e

metal-mecânico,

tratamento

de

em

superfície,

particular contêm

os alta

concentração de metais dissolvidos. Os metais que mais preocupam e representam um risco ambiental são, em ordem de prioridade: cádmio, chumbo, mercúrio, cromo, cobalto, cobre, níquel, zinco e alumínio. Remediação O mecanismo bioquímico microbiano não é o da degradação do átomo contaminante, mas aquele que produze uma mudança no estado de oxidação do metal para sua detoxificação. Independente das reações ocorridas, provavelmente o metal ainda permanecerá no local, pois sabe-se que as bactérias possuem a capacidade para concentrar ou remover os mesmos, seja

em

forma

conseqüentemente

de menos

precipitados tóxicos

e

ou

de

substâncias

facilmente

disponíveis.

voláteis, Em

outras

palavras, os microorganismos podem apenas alterar a especiação dos contaminantes e convertê-los em formas não tóxicas.

10

Microbiologia Ambiental - Professor Marcos de Paula Júnior

Mecanismo de captação dos metais Vários são os mecanismos pelos quais os microorganismos interagem com os metais, conforme resumido na Figura 1:

A parede celular é considerada um complexo trocador de íons, similar a uma resina. A capacidade de troca iônica depende da presença de

grupos

celular.

funcionais

Dentre

os

e

da

estrutura

principais

grupos

espacial

da

funcionais

própria

parede

responsáveis

por

mecanismos de captação de metais, podemos citar a carboxila, o grupo amino,

sulfato

e

fosfato,

que

são

responsáveis

pela

captação

de

cátions metálicos, seja por atração eletrostática ou por formação de ligações. pronunciada

Portanto, no

caso

essa de

interação

íons

aniônicas da parede celular.

metálicos

pode

ser

devido

às

particularmente características

11

Microbiologia Ambiental - Professor Marcos de Paula Júnior

Acúmulo de metais pesados por microorganismos Materiais de origem biológica como os biossorventes possuem a capacidade de adsorver e/ou absorver íons metálicos dissolvidos. Entre estes

materiais

fungos) Partes

estão

os

microorganismos

(bactérias,

microalgas

e

vegetais macroscópicos (algas, gramíneas, plantas aquáticas). ou

tecidos

específicos

de

vegetais

como

casca,

bagaço,

e

sementes também apresentam a capacidade de acumular metais pesados. Materiais de

origem mineral

(zeolitas, bentonitas,

caulinita,

diatomita, etc.) possuem a capacidade de remover íons metálicos do meio aquoso podendo ser utilizados no tratamento de águas. Subprodutos industriais

de

arsenopirita,

origem

etc.)

mineral

também

foram

(argilas, avaliados

pirita, na

dolomita,

remoção

de

íons

metálicos tóxicos de soluções aquosas. A capacidade de remoção, assim como

os

mecanismos

de

acumulação,

varia

de

acordo

com

a

espécies

microbiana, ou até mesmo com a linhagem. As células microbianas têm potencial

para

remover

metais

de

soluções,

empregando

metabólitos

excretados, parede celular e polissacarídeos. Fatores externos como pH temperatura, ausência ou presença de nutrientes e outros metais também influenciam

no

mecanismo

atuante

conseqüentemente,

na

eficiência

e

seletividade de acumulação. Mecanismos de captação microbiana para remoção de metais pesados Biossorção A acumulação de metais pesados, por mecanismos independentes do metabolismo celular se dá através de interações fisico-químicas entre o metal e constituintes da parede celular, de exopolissacarídeos e outros materiais associados à face externa da membrana celular. A independência do metabolismo ocorre pelo fato de não ser necessário o gasto

energético

por

parte

da

célula

microbiana,

para

que

haja

captação dos íons metálicos. A remoção neste caso pode ocorrer tanto em células vivas quanto em células mortas. Bioacumulação O

transporte

de

íons

de

metais

pesados

através

da

membrana

celular e sua acumulação intracelular são dependentes do metabolismo,

12

Microbiologia Ambiental - Professor Marcos de Paula Júnior

ou seja, ocorrem somente em células vivas, capazes de gerar energia. A remoção de íons metálicos por este tipo de mecanismos é usualmente mais

lento

que

o

mecanismo

de

adsorção

físico-químico.

Em

contrapartida maiores quantidades de metal podem ser acumuladas. A fonte de energia, presença de inibidores metabólicos, temperatura e luminosidade

são

os

principais

fatores

que

afeta

este

tipo

de

acumulação. Os mecanismos de transporte envolvidos não acumulação de metais pesados são pouco conhecidos. Uma das suposições seria a de que os metais pesado podem ser captados pelos sistemas de transporte de metais essenciais para o desenvolvimento microbiano . Uma vez dentro da célula, os íons metálicos podem se localizar em organelas, ou podem estar

ligados

posições,

a

proteínas,

prejudicando

alternativa,

os

as

deslocando

funções

biosurfactantes

os

íons

metabólicas.

produzidos

por

adequados Como

uma

bactérias

de

suas

tecnologia e

fungos

poderiam ser usadas para a remediação ambiental de metais pesados de solos, superfícies e águas subterrâneas. Na figura 2 mostra-se um esquema sobre os mecanismos de interação entre metais e células microbianas.

13

Microbiologia Ambiental - Professor Marcos de Paula Júnior

Microorganismos no tratamento de águas residuais Assim como a água, também o tratamento dos esgotos envolve o trabalho de vários operários que trabalham dia e noite nas estações de tratamento,

para

poder

lançar

a

água

com

a

qualidade

no

corpo

receptor. A escolha do processo de tratamento de esgoto depende do grau de tratamento exigido pelo corpo receptor, ou seja, rios, lagos e outros. Entre os processos existentes de tratamento de esgoto apresentamos alguns dos mais utilizados: 1. Pré-tratamento 2. Lagoa de Estabilização 3. Lodos ativados 4. Filtro Biológico. 1 – O pré-tratamento O pré-tratamento é feito já no processo de coleta dos esgotos, deixando-os livres de materiais grosseiros e areia. Mesmo assim é comum a utilização de um sistema de grades e caixa de areia no sistema de esgotos. 2 – Lagoas de estabilização Processo simples e natural para tratar esgotos domésticos, tendo como principal objetivo remover matéria orgânica. É indicado para as condições

brasileiras

devido

ao

clima

favorável,

suficiente

disponibilidade de área, à operação simples e à utilização de poucos equipamentos. As

lagoas

de

estabilização

podem

ser

classificadas

em

três

tipos: lagoas anaeróbias, lagoas facultativas e lagoas de maturação. 

Lagoas anaeróbias: São lagoas com profundidades da ordem de 3 a 5 metros, cujo objetivo é minimizar ao máximo a presença de oxigênio para que a estabilização da matéria orgânica ocorra estritamente em condições anaeróbias.

A eficiência nesse tipo

de sistema poderá atingir até 60% na remoção de DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) dependendo da temperatura.

14

Microbiologia Ambiental - Professor Marcos de Paula Júnior

Lagoas facultativas: São lagoas com profundidade de 1,5 a 3



metros.

Nesse

aeróbios

e

processos

tipo

de

lagoa

anaeróbios.

Na

fotossintéticos,

ocorrem região

2

processos

superficial

realizados

pelas

distintos: ocorrem

algas,

onde

os há

liberação de oxigênio no meio, favorecendo o processo aeróbico. No

fundo,

quando

a

matéria

orgânica

tende

a

sedimentar,

acontecem os processos anaeróbios. Lagoas de maturação: São lagoas com profundidades de 0,8 a 1,5 m



e

sua

principal

função

é

remover

patogênicos

devido

à

boa

penetração de radiação solar, elevado pH e elevada concentração de oxigênio dissolvido. O arranjo desses três tipos de lagoas são os seguintes: O sistema funciona em série com uma lagoa anaeróbia seguida de três lagoas facultativas chicanadas. A lagoa anaeróbia possui uma superfície relativamente grande com profundidades úteis médias de 2,60 m junto aos diques e 3,30 na área restante e a alimentação do esgoto bruto é feita na extensão da lagoa de um canal ou duto. As lagoas facultativas possuem profundidade média de 1,70 m, com cortinas para direcionamento de fluxo. 3 – Lodos ativados É um processo biológico onde o esgoto afluente, na presença de oxigênio dissolvido, agitação mecânica e pelo crescimento e atuação de microorganismos específicos, forma flocos denominados lodo ativado ou lodo biológico. Essa fase do tratamento objetiva a remoção de matéria orgânica biodegradável presente nos esgotos. Após essa etapa, a fase sólida

é

separada

da

fase

líquida

em

outra

unidade

operacional

denominada decantador. O lodo ativado separado retorna para o processo ou é retirado para tratamento específico ou destino final. Esse

processo

de

tratamento

de

esgotos

desvantagens: Vantagens 

exige pouca área para implantação;



maior eficiência no tratamento;

apresenta

vantagens

e

15

Microbiologia Ambiental - Professor Marcos de Paula Júnior 

maior flexibilidade de operação; Desvantagens



custo operacional elevado;



controle laboratorial diário;



operação mais delicada.

4 – Filtro biológico (Leito percolador) Filtros

biológicos

são

unidades

de

tratamento

de

esgotos

destinados a oxidação biológica da matéria orgânica remanescente de decantadores. O

efluente

do

decantador

é

aspergido

continuamente

sobre

um

leito de pedras justapostas entre os quais o ar pode circular. O ambiente ecológico desempenhado pelo filtro biológico tem como condicionantes a matéria orgânica, luz, oxigênio temperatura e pH. O leito de pedras, atravessado por líquido contendo matéria orgânica e os

outros

fatores

acima

citados,

propicia

o

desenvolvimento

de

microorganismos aeróbios. A variabilidade dos fatores de oxigenação também permite desenvolvimento anaeróbico resultando uma alternância de condições que permite a predominância de organismos facultativos. As populações microbianas nos leitos dos filtros biológicos são principalmente bactérias heterotróficas, são consumidoras da matéria orgânica predominante e por isso consideradas os principais agentes primários da purificação.

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