Apostila Completa Parasitologia.pdf

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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PARASITOLOGIA VETERINÁRIA O QUE É PARASITO: -Parasito é um ser vivo de menor porte que vive associado a outro ser vivo de maior porte (hospedeiro), sempre dependendo deste para seu abrigo, alimentação e reprodução. Parasito  organismo agressor Hospedeiro  organismo agredido -Normalmente, parasito e hospedeiro vivem em equilíbrio uma vez que a doença no hospedeiro irá comprometer a sobrevivência do parasito. Entretanto, condições adversas podem ocorrer, principalmente no que diz respeito à sanidade ambiental, fazendo com que este equilíbrio da relação parasito-hospedeiro seja comprometido e conseqüentemente com que a doença clínica ocorra. PRINCIPAIS CONCEITOS UTILIZADOS EM PARASITOLOGIA *AGENTE ETIOLÓGICO - É o agente causador ou responsável pela origem da doença. Ex: vírus, bactéria, fungo, protozoário e helmintos. *EPIDEMIOLOGIA - É o estudo da distribuição e dos fatores determinantes da freqüência de uma doença. *HOSPEDEIRO - É o organismo que alberga o parasito. Ex: Ascaris suis - suíno. Hospedeiro Definitivo (HD)- apresenta o parasito em fase de maturidade ou de atividade sexual. Hospedeiro Intermediário (HI) - alberga o parasito em fase larval ou assexuada. Hospedeiro Paratênico ou de transporte- é o HI no qual o parasito ñ sofre desenvolvimento, mas permanece encistado até ser ingerido pelo HD. *NICHO ECOLÓGICO – espaço onde vivem os organismos, incluindo os alimentos que utilizam, as atividades que desenvolvem, suas relações com outros seres, seus hábitos e maneiras de reagirem às condições ambientais. Em cada nicho encontramos apenas uma espécie, mas o mesmo nicho pode ser ocupado em lugares diferentes por espécies diferentes. Ex: Na Europa o Ancylostoma duodenale é parasito do intestino delgado do homem (nicho). No Brasil este mesmo nicho é ocupado pela espécie Ancylostoma brasiliensis. *PARASITEMIA - Indica a carga parasitária no sangue do Hospedeiro. *PARASITISMO - Associação entre seres vivos, onde existe unilateralidade de benefícios, sendo um dos associados prejudicado pela associação. *PARASITO ACIDENTAL - É o que parasita hospedeiro Diferente do habitual. Ex: Dipylidium caninum parasitando crianças. *PARASITO FACULTATIVO - É o que pode viver parasitando ou não outro hospedeiro. Ex: larvas de Sarcophagidae. *PARASITO OBRIGATÓRIO- É aquele incapaz de viver fora do hospedeiro. Ex: Toxoplasma gondii. *PARASITO HETEROXÊNICO - Possui um HD e outro(s) HI. *PARASITO MONOXÊNICO - Possui apenas o HD. *PATOGENIA OU PATOGÊNESE - Mecanismo pelo qual o agente infeccioso provoca as lesões no hospedeiro. Ex: A maioria dos helmintos provoca lesões nos locais em que se fixam no aparelho digestivo.

*PATOGENICIDADE - É a habilidade do agente infeccioso em provocar lesões. *PATOGNOMÔNICO - Sinal ou sintoma característico de uma doença. Ex: o sinal de Romanã é típico da doença de Chagas. *PERÍODO DE INCUBAÇÃO - É o período decorrente entre o início da infecção e o aparecimento dos primeiros sinais clínicos. *PERÍODO PRÉ-PATENTE - É o período que decorre entre a infecção e o aparecimento das primeiras formas detectáveis do agente infeccioso. Ex: No Schistosoma. mansoni o período entre a penetração da cercária até o aparecimento de ovos nas fezes é de 43 dias. *PROFILAXIA - É o conjunto de medidas que visam a prevenção, erradicação ou controle das doenças ou fatores prejudiciais aos seres vivos. *RESERVATÓRIO - São o homem, os animais, as plantas, o solo e qualquer matéria orgânica inanimada onde vive e se multiplica o agente infeccioso. *SINANTROPIA - É a habilidade de certos animais silvestres (mamíferos, aves e insetos) de freqüentar habitações humanas, normalmente resultante de uma alteração ou destruição do habitat natural desses animais (desmatamento, queimadas, etc...). *VETOR - É um artrópode, molusco ou outro veículo que transmite o parasito entre dois hospedeiros.  Vetor Mecânico - quando o parasito não se multiplica e nem se desenvolve no vetor, este simplesmente servindo de transporte.  Vetor Biológico - quando o parasito se multiplica ou se desenvolve no vetor. ZOONOSE - Doenças e infecções que são naturalmente transmitidas entre animais vertebrados e o homem.  Zooantroponose - doença primária do homem que pode ser transmitida aos animais. Ex: Equistossomose no Brasil.  Antropozoonose - doença primária de animais e que pode ser transmitida ao homem. Ex: Brucelose ASPECTOS DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO: ORIGEM DO PARASITISMO: -Os seres vivos na natureza apresentam grande inter-relacionamento que varia desde uma colaboração mútua (simbiose) até o parasitismo e canibalismo. Ocorreu quando na evolução de uma dessas associações, um organismo menor (parasita) se beneficiou do seu hospedeiro. (Proteção, obtenção de alimento) Relação unilateral.

Parasitismo

Evolução Adaptação

Melhor relacionamento Parasito-Hospedeiro

TIPOS DE ADAPTAÇÕES -As principais mudanças e adaptações:  Morfológicas -Degenerações: Ex: Tubo digestivo dos Cestodas. -Hipertrofia: Em órgão de fixação e reprodutivos. Ex: ventosas dos helmintos.  Biológicas -Alta capacidade reprodutiva. Ex: produção de grande quantidade de ovos. -Tipos diversos de reprodução = Hermafroditismo, partenogênese, polienbrionia. -Resistência à agressão do hospedeiro: Ex: produção de enzimas neutralizantes. -Tropismos: facilitam a propagação, reprodução ou sobrevivência do parasito. TIPOS DE ASSOCIAÇÕES ENTRE OS ANIMAIS -Na busca da sobrevivência o indivíduo irá buscar a melhor forma de obter alimento e abrigo, obrigando muitas espécies a conviver em um mesmo ambiente e conseqüentemente a desenvolverem formas variadas de associação e interação. Neste sentido pode ser observada desde a indiferença ou neutralismo, até a competição ou predatismo; ou, se as ações encaminham-se em outro sentido, até a cooperação, o comensalismo, o mutualismo e a simbiose. -Essas associações podem ser: HARMÔNICAS: quando ocorre benefício mútuo ou ausência de prejuízo. Além disso, são relações temporárias nas quais uma espécie não depende necessariamente da outra.  Foresia = É uma associação em que uma espécie fornece à outra suporte, abrigo ou transporte. Ex: Dermatobia hominis (berne) e insetos foréticos; rêmoras e tubarões.  Comensalismo = indica um tipo de associação bastante frouxa onde apenas um dos associados tira proveito da convivência para melhorar as suas condições alimentares, enquanto o outro não se beneficia e nem sofre nenhum tipo de prejuízo.  Mutualismo = Interações nas quais ambos interagentes se beneficiam. Exemplos: polinização, flora intestinal de herbívoros. Pode ser facultativo ou obrigatório. DESARMÔNICAS: quando há prejuízo para alguns dos participantes. Competição = Interação na qual um organismo é prejudicado por outro, como resultado do uso de um mesmo recurso limitado e essencial para ambos. Ocorre dentro de um mesmo nicho ecológico.  Predatismo = Interação na qual um organismo se alimenta de outro (inteiro ou apenas de uma parte), na qual o segundo organismo está vivo quando atacado. (Vivo para não confundir com necrofagia.). Exemplos: falcão e passarinho, lagarta e planta.  Canibalismo = é uma forma de predadismo, contudo entre indivíduos da mesma espécie.  Parasitismo PARASITISMO -Tipo de associação entre seres vivos de espécies diferentes, onde existe unilateralidade de benefícios, ou seja, o hospedeiro é espoliado pelo parasito, pois fornece alimento e abrigo para este.

Tendência ao equilíbrio Resistência do Hospedeiro Natural

Ação do Parasita

-Doença parasitária é um acidente que ocorre devido a um desequilíbrio entre o parasito e o hospedeiro”. O grau de intensidade da doença

 Nº. Formas infectantes  Patogenicidade do parasita  Condições físicas do hospedeiro  Resposta imune do hospedeiro

-Ação dos parasitos sobre o hospedeiro: *Ação Espoliativa  Ex: Hematofagismo dos triatomídeos e outros insetos. *Ação Tóxica  Ex: Certos helmintos produzem metabólitos alergênicos. *Ação Mecânica  Ex: Adultos de Fasciola hepática obstruindo o canal biliar. *Ação Traumática  Ex: Lesão hepática produzida pela migração das larvas de F. hepatica. *Ação Irritativa  Ex: A ação irritativa das ventosas dos cestódeos. *Ação Enzimática  Ex: Produção de enzimas que auxiliam por ex. na penetração do parasito. *Anóxia  Ex: Consumo do O2 da hemoglobina pelo parasito ou anemia. CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS -CLASSIFICAÇÃO = Ordenação dos seres vivos em classes baseando-se em vários aspectos de sua biologia e morfologia. -NOMENCLATURA = Aplicação de nomes distintos a cada uma dessas classes. -TAXONOMIA = É o estudo teórico da classificação (principais normas e regras). Espécie = Coleção de indivíduos que assemelham-se tanto entre si como os seus ascendentes e descendentes. Subespécies = Quando alguns indivíduos de determinada espécie destacam-se do resto do grupo por apresentarem característica(s) excepcional(s) ou um conjunto de pequenas diferenças que se perpetua(m) nas gerações seguintes. Gênero = Várias espécies com características comuns para reuni-las num grupo. Família = Agrupamento de vários gêneros com características comuns. Ordem Classe Filo Reino

Ex: Fasciola Hepática Reino: Animal Filo: Plathyelminthes Classe: Trematoda Ordem: Prosostomata Família: Fasciolidae Gênero: Fasciola PRINCIPAIS REGRAS DE NOMENCLATURA ZOOLÓGICA:  A nomenclatura das espécies deve ser latina e binominal (2 palavras: 1ª designa o gênero e deve ser escrita com a primeira letra em maiúsculo; a 2ª designa a espécie e é escrita em minúsculo) Ex: Fasciola hepatica  O nome das espécies deve ser escrito em itálico ou com letras grifadas.  Quando a espécie possuir uma sub espécie, essa palavra virá em seguida à da espécie, sem nenhuma pontuação. Ex: Culex pipiens fatigans  Quando a espécie possuir um subgênero, este virá interposto entre o gênero e a espécie, separado por parênteses. Ex: Anopheles (Kerteszia) cruzi As categorias tribo, subfamília, família e superfamília são escritas baseadas no gênero-tipo e acrescentandose uma desinência própria. Ex: Gênero-tipo: Culex Tribo - acrescenta-se ini - Culicini Subfamília - acrescenta-se inae - Culicinae Família - acrescenta-se idae - Culicidae

Quando vai se descrever uma espécie, seu nome deve ser simples e elucidativo.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO FILO PLATYHELMINTHES PRINCIPAIS CLASSES DE INTERESSE MÉDICO-VETERINÁRIO: -Classe Trematoda

Ex: Fasciola hepatica

-Classe Cestoda

Ex: Taenia solium

MORFOLOGIA E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Corpo em geral comprimido dorso ventralmente *Monóicos - Achatado em forma de folha (Trematódeos) *Dióicos - corpo em forma de fita e segmentado (Cestódeos)

-São geralmente indivíduos Hermafroditas nos quais se verifica a auto fertilização. -Possui ventosas para a fixação aos tecidos dos hospedeiros, indicando uma adaptação à vida parasitária. *Cestódeos  rostelo (auxilia a fixação) -Sistema digestivo pouco desenvolvido. *Cestódeos  Ausente (nutrientes absorvidos pela parede do corpo do parasita). *TrematódeosIncompleto TIPO DE CICLO BIOLÓGICO: -Classe Trematoda Monoxeno: ciclo direto (ñ utiliza HI) Heteroxeno: utilizam 1 ou + HI -Classe Cestoda: utilizam 1 ou + HI

PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE AS CLASSES:

Trematoda

Cestoda

*Corpo em forma de folha e ñ segmentado.

*Corpo em forma de fita e segmentado.

*Tubo digestivo geralmente incompleto.

*Tubo digestivo ausente.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA CLASSE TREMATODA -São vermes achatados em forma de folha e, às vezes, cilíndricos ou piriformes. -Possuem o tegumento desprovido de cílios. -Tubo digestivo incompleto (sem ânus). -Normalmente possuem ventosas para auxiliar a fixação no corpo dos hospedeiros. -O ciclo evolutivo pode ser direto ou indireto, havendo, no último caso, obrigatoriamente, passagem por um hospedeiro intermediário (normalmente molusco). As espécies de interesse médico veterinário evoluem-se através do ciclo indireto. REVESTIMENTO EXTERNO: -Resistente à ação da Tripsina e está associado à respiração e à absorção de substâncias nutritivas. -O revestimento é formado por duas principais camadas: •Região citoplasmática distal (anucleada). •Região citoplasmática perinuclear. SISTEMA DIGESTIVO: -Pouco desenvolvido. -Constituído normalmente por boca, faringe, esôfago e dois cecos. -Em geral não possui ânus.

SISTEMA EXCRETOR: -Sistema excretor é constituído por células excretoras (células em flama ou solenócitos), dois tubos excretores e uma vesícula excretora que se comunica com o exterior por meio do poro excretor. ÓRGÃOS DE FIXAÇÃO: -São representados por ventosas e rostelos. -Mais importantes: Ventosa oral, Ventosa ventral ou acetábulo, Ventosa genital SISTEMA VASCULAR: -Constituído por dois ou mais tubos longitudinais de cada lado e por vários capilares (transporte dos nutrientes). SISTEMA NERVOSO: -Sistema primitivo composto por dois gânglios cerebrais e um plexo submuscular.

SISTEMA REPRODUTIVO: -Com raras exceções são Hermafroditas, sendo os órgãos reprodutivos os mais desenvolvidos. -Sistema Reprodutivo Masculino: constituído de testículos, canais eferentes, canal deferente, vesícula seminal, canal ejaculador, pênis ou cirro, glândulas prostáticas e bolsa de cirro. -Sistema Reprodutivo Feminino: constituído de ovário, oviduto, receptáculo seminal (acúmulo de espermatozóides que sobem pelo útero), oótipo (parte modificada do oviduto onde os óvulos tomam forma definida), útero e glândulas anexas (glândula de Menhlis e glândulas vitelínicas). A fertilização irá ocorrer no oótipo ou nas suas proximidades. CICLO BIOLÓGICO: -Enquanto um ovo de nematóide pode desenvolver-se apenas em 1 (um) adulto, um ovo de trematóide pode dar origem a centenas de adultos. -Trematódeos monogenéticos = ciclo direto sem HI. -Trematódeos digenéticos = ciclo indireto c/ alternância de hospedeiro e de processo de multiplicação -Nos Hospedeiro Intermediário, os parasitas em suas formas larvárias, se multiplicam assexuadamente. *Quando existe apenas 1, este normalmente é representado por um molusco. *Mais HI 1o é um molusco e o 2o outro molusco, um artrópode ou um vertebrado. -O Hospedeiro Definitivo geralmente é um vertebrado no qual se dá o processo sexual de formação dos ovos. -Principais formas evolutivas: *Ovo: Constituído por uma célula ovariana fecundada e por várias células vitelínicas. São eliminados juntos com as fezes, urina ou secreções brônquicas dos HD. Os ovos após eclodirem, dão origem a larvas ciliadas denominadas miracídios.

*Miracídio: É a primeira forma evolutiva após a eclosão dos ovos, correspondendo a uma larva primária ciliada. Apresenta normalmente o corpo em forma de pêra ou cilíndrico, sendo coberto de placas epidérmicas variadas. É provido de glândulas de penetração que secretam enzimas próprias. Após a eclosão dos ovos na água, o miracídio irá se locomover através do batimento dos cílios, à procura de um HI (molusco) onde irá iniciar sua próxima fase de desenvolvimento. Ao penetrar no HI, o miracídio perde o epitélio ciliado, as glândulas de penetração e se transforma em um corpo alongado, denominado esporocisto-mãe. *Esporocisto-mãe: Contém várias células germinativas que se multiplicam por mitose, formando bolsas germinativas. Através de substâncias nutritivas provenientes do HI, as bolsas germinativas aumentam de

tamanho dando origem a uma segunda geração de esporocistos (esporocistos-filho) ou a uma próxima geração de larvas, denominadas rédias. No ciclo de algumas espécies, os esporocistos originam diretamente as cercárias, sem ocorrência da fase de rédia, como é o caso de parasitas que utilizam apenas um HI. *Rédias: Caracterizam-se por se apresentarem como uma estrutura alongada, com 2 ou 4 projeções em forma de broto. Da mesma forma que os esporocistos, possuem células e bolsas germinativas que irão se desenvolver em uma segunda geração de rédias (rédias-filhas) ou em uma próxima geração de larvas, denominadas cercárias. *Cercárias: Morfologicamente possuem corpo, cauda e uma ou duas ventosas. Após completado o desenvolvimento, as cercárias podem seguir os seguintes caminhos: . As cercárias saem do corpo do HI diretamente para a água, onde nadam ativamente até encontrarem o HD. A penetração direta no HD ocorre através da pele. . As cercárias abandonam o HI e penetram em um segundo HI (HI ) ou em plantas, onde irão se encistar dando origem a uma forma vegetativa denominada metacercárias.

-A contaminação do HD irá ocorrer, desta forma, pela penetração direta da cercária através da pele ou pela ingestão de HI ou plantas contendo a Metacercária. -No corpo do HD as cercárias perdem a cauda e as glândulas de penetração, atingem a circulação sanguínea e migram até os sítios de fixação, onde alcançam a maturidade sexual e iniciam a produção de ovos.

Ovo

Cercária Miracídioo

PRINCIPAIS FAMÍLIAS DE INTERESSE MÉDICO-VETERINÁRIO: SUB CLASSE DIGENEA ORDEM PROSOSTOMATA Sub Ordem Distomata

Família Fasciolidae

Ex: Fasciola hepatica

Família Dicrocoelidae Sub Ordem Strigeata

Família Eucotilidae

Ex: Eurytrema coelomaticum

Ex: Schistosoma mansoni

Fasciola hepatica CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA: (1) (2) (3) (4)

Filo Platyelminthes Classe Trematoda Ordem Prosostomata Família Fasciolidae PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS:

-Trematódeo parasita de canais biliares de ovinos, caprinos, suínos e outros animais, inclusive silvestres. Acidentalmente, parasita o homem. As formas imaturas são encontradas no fígado e na cavidade peritoneal. -Causa uma doença conhecida por Fasciolose. -Tem como hospedeiro intermediário (HI) o caramujo do gênero Lymnaea sp. -Além de ser um problema de saúde pública, pois pode acometer o homem, a Fasciolose é responsável por consideráveis prejuízos na economia nacional: * Índice de Mortalidade * Produtividade dos animais doentes ( Taxa de crescimento,  produção de leite,  produção de lã). *Condenação de vísceras (fígados) durante a inspeção nos matadouros. *Gastos com medidas de controle e com o tratamento dos animais acometidos. -A Fasciola hepatica é encontrada em quase todos os países do mundo, particularmente em zonas alagadiças e sujeitas a inundações, onde existe o hospedeiro intermediário. -É uma doença comum em muitas áreas do RS, SC e PR e em algumas áreas de SP e RJ. Em MG, já foram verificados focos desta parasitose principalmente na região Sul. Além disso, a Fasciolose encontra-se em expansão pelo território brasileiro. O aparecimento de casos de Fasciolose em áreas anteriormente livres está principalmente ligado ao baixo controle de trânsito animal, ao aumento do número de animais susceptíveis devido à intensificação da pecuária e à presença do Hospedeiro intermediário (Caramujo das espécies Lymnaea columela e L. cubensis). Essas situações ocorrem com crescente prevalência em algumas áreas de Minas Gerais. -Em regiões endêmicas a prevalência de Fasciolose nos animais é superior a 40%, podendo chegar a 100%. MORFOLOGIA: O PARASITO: -Verme adulto mede 20 a 30 mm de comprimento por 13 mm de largura. É hermafrodita. -Corpo achatado em forma de folha, de coloração vermelho castanha e c/ tegumento coberto por espinhos. -São hermafroditas, possuindo testículos e ovários ramificados. As glândulas vitelogênicas ocupam os campos laterais e posterior do corpo. Úteros e ovários anteriores aos testículos. O poro genital localiza-se na linha mediana longitudinal, entre o acetábulo e a bifurcação do esôfago.

-Possui faringe desenvolvida, esôfago curto e ceco longo e ramificado. -Como característica específica, possui cone cefálico caracterizado por uma projeção cônica anterior. -Os ovos são operculados e castanhos.

CICLO BIOLÓGICO: -Os parasitas adultos localizam-se nos canais biliares dos Hospedeiros Definitivos onde irão produzir ovos => Os ovos são expulsos junto com as fezes porém só se desenvolvem quando em contato com a água. Após 15 dias, estando a temperatura, luminosidade e umidade favoráveis, os ovos irão eclodir liberando na água, a larva do tipo Miracídio. => O miracídio irá penetrar ativamente na pele do Hospedeiro Intermediário (Caramujo do gênero Lymnaea) => Nos pulmões do HI, o miracídio irá perder os cílios e se diferenciar em esporocisto de 1ª geração os quais irão se multiplicar dando origem a uma primeira geração de rédias (5 ou 8 rédias). Em determinadas regiões pode ocorrer uma segunda geração de rédias. -Ainda no HI, as rédias irão se multiplicar, originado as cercárias (larvas providas de cauda) que irão abandonar o corpo dos HI e se encistar no ambiente. A larva encistada recebe o nome de Metacercária que após 15 dias se torna infectante. As cercárias só deixam o molusco quando a temperatura da água está compreendida entre 9 a 26ºC, e o processo independe de luz. O principal estímulo para a emergência das cercárias é a água limpa. -A infecção ocorre quando o Hospedeiro Definitivo ingere as Metacercárias encistadas presentes na água ou na vegetação que margeia os córregos, rios ou lagoas. No Hospedeiro Definitivo a metacercária irá se desencistar, liberando as larvas que atravessam a parede intestinal => cavidade peritoneal => fígado => adultos nos canais biliares. -O PPP varia de 60 a 90 dias.

-Os adultos produzem de 3.000 a 7.000 ovos por dia.

PATOGENIA E SINTOMAS: -A Forma Aguda ocorre principalmente devido à migração das larvas pelo parênquima hepático (2 a 6 semanas após a infecção). É comum quando o animal se infecta com uma grande quantidade de metacercárias (> 2.000). Os ovinos são menos resistentes à forma aguda e apresentam basicamente os seguintes sintomas: *Hemorragias hepáticas c/ fibrose após a migração do parasita. *Ocorrência de lesões necróticas (toxinas liberadas pelos parasitas). *Animais apresentam anorexia, apatia, dor abdominal e palidez de mucosas. *O fígado encontra-se aumentado de volume, hepatomegalia. *Febre *Eosinofilia *A mortalidade é de 10 a 15% dos animais acometidos. *Necropsia: fígado dilatado, hemorrágico e dividido em forma de favos pelo trajeto dos trematóides migrantes. -A Forma Subaguda ocorre devido à ingestão de menor quantidade de metacercárias por períodos mais prolongados. Neste caso, tanto a migração larval no parênquima hepático como a presença do adulto nos ductos biliares é responsável pelo quadro patogênico (6 a 10 semanas após a infecção). Acomete também com maior freqüência, os ovinos. *As larvas causam lesões menos graves, porém semelhantes à forma aguda *Colangite ação traumática dos adultos na parede dos ductos hepáticos e biliares. *Anemia Hemorrágica e hipoalbuminemia => palidez de mucosa e edemas.

*Necropsia: fígado dilatado c/ numerosos trajetos necróticos na superfície e no parênquima. Em geral observam-se hemorragias subcapsulares, mas sua ruptura é rara. -A Forma Crônica ocorre principalmente devido à presença do parasita adulto nos canais biliares (4 a 5 meses após a infecção). Acomete com maior freqüência os animais mais jovens (3 meses a 2 anos de idade), sendo assintomática nos adultos. Os bovinos são menos resistentes à forma aguda e apresentam basicamente os seguintes sintomas: *O parasita é hematófago causando hemorragias nos ductos biliares => anemia => hipoalbuminemia => edema submandibular. *Palidez de mucosa devido ao quadro de anemia. *Colangite (inflamação nos ductos). *Perda de peso, letargia, baixa produção de leite e lã. *Necropsia observa-se fibrose hepática e colangite hiperplásica. -A cercária pode atingir os pulmões durante a migração hepática com formação de cistos de ~ 1 cm de diâmetro. -Como as infecções são simultâneas, os animais apresentam a doença aguda e crônica ao mesmo tempo, porém, os bovinos são mais susceptíveis à forma crônica e os ovinos à forma aguda.

EPIDEMIOLOGIA: -Alguns fatores irão atuar, favorecendo a ocorrência das infecções e das manifestações clínicas por Fasciolose: Temperatura e Umidade: *Os dados relativos à Fasciolose correspondem a estudos feitos na região Sul do Brasil onde se observa a doença com mais freqüência (> umidade). *O limite de temperatura para o desenvolvimento dos ovos e larvas de Fasciola hepática e do HI varia entre 10 a 13ºC. No inverno do Sul ( Temperaturas) o desenvolvimento do parasita interrompe. *Na seca o parasita e o HI entram em estivação ou hibernação. *No Sul, a maior ocorrência de Fasciolose é verificada nos meses de agosto a novembro (final do inverno e início da primavera), após um aumento na população de HI e de metacercárias e conseqüentemente da taxa de infecção dos animais. No sudeste a doença acomete os animais principalmente em meados do verão (Pico em fevereiro).

Presença do Hospedeiro Intermediário: *Na região central do Brasil, os hospedeiros intermediários (caramujos) ocorrem durante todo o ano, apresentando um pico populacional durante o verão (+ chuva e temperaturas médias mais altas). Na região sul é no outono que observamos um aumento na população de caramujos Lymnaea sp. (+ chuva). No sudeste, durante o período de seca (inverno) observamos uma considerável diminuição na população de cercárias devido à estivação ou hibernação dos hospedeiros intermediários. Nestas condições, os caramujos podem se enterrar no subsolo, onde irão permanecer até que as condições ambientais se tornem favoráveis (umidade e temperatura acima de 13ºC).

*Os caramujos preferem águas limpas. Os habitats permanentes incluem as margens de valas ou córregos e as margens de pequenas lagoas. Os habitats temporários são constituídos por coleções de água que se formam em marcas de casco, sulcos de rodos entre outros, após chuvas pesadas ou inundações. *Biotipos primários são os sítios de sobrevivência dos caramujos durante os períodos de menor pluviosidade. *Os caramujos freqüentemente morrem devido à infecção pela Fasciola hepática, o que desfavorece a disseminação do parasita em casos de epidemias. *No Brasil existem 3 espécies de caramujos do gênero Lymnaea (L. columella, L. viatrix e L. cubensis) das quais a L. columella é a mais importante (> distribuição geográfica e > resistência à infecção). Fatores Relacionados ao Hospedeiro Definitivo: *Como na maioria das parasitoses, 10% dos animais irão albergam mais de 50% dos parasitas sendo estes os principais contaminadores do ambiente. *Estado imunológico dos animais. Este fator é diretamente influenciado pela sua idade, status nutricional, estado fisiológico (gestação, desmama), condição física (infecções concomitantes c/ agentes oportunistas) e pelo manejo ao qual encontram-se submetidos (criações intensivas com alta densidade animal). *Apesar de sofrerem mais com a doença, os ovinos apresentam uma menor taxa de infecção quando comparados aos bovinos pois estes últimos possuem uma maior predileção por pastagens alagadas. Desta forma, os bovinos apesar de apresentarem a doença de forma crônica e na maioria das vezes assintomáticas, se tornam disseminadores da doença para os ovinos que são mais vulneráveis. Aconselha-se portanto, evitar o uso de pastagens consorciadas entre estas duas espécies animais. *As capivaras e Ratões do Banhado, devido a alta afinidade por cursos d’água, apresentam-se como importantes reservatórios silvestres da Fasciola hepática no Brasil. DIAGNÓSTICO: -Clínico: difícil, pois os sintomas da forma aguda não são específicos para a doença e a forma crônica é na maioria das vezes assintomática. Em áreas endêmicas torna-se mais fácil. -Exame de fezes: Os ovos são característicos dos trematódeos (grandes e operculados). As técnicas usadas são as seguintes: *Tamissagem (passagem em peneira de Tamires). *Sedimentação (pior). -Necrópsia => conclusivo. Lembrar que na forma aguda o fígado encontra-se dilatado, hemorrágico e dividido em forma de favos; na forma subaguda o fígado está dilatado c/ numerosos trajetos necróticos na superfície e no parênquima e na forma crônica observam-se fibrose hepática e colangite hiperplásica. -Exames laoratorias: Detecção de enzimas liberadas por células hepáticas lesadas. A glucamato-desidrogenase (TGO) é liberada quando a lesão ocorre nas células do parênquima hepático e a glutamiltranspeptidase (TGP) quando as células epitelias dos ductos hepáticos são lesionadas. -Exames Sorológicos: melhores resultados.

*O teste Elisa que detecta a presença de anticorpos contra a Fasciola é o que apresenta

TRATAMENTO: -No tratamento da fascilose podem ser utilizadas drogas fasciolicidas que tenham efeito na forma adulta e na forma imatura também. Entretanto, a maioria delas só apresenta bons resultados sobre as formas adultas, sendo geralmente necessária a aplicação de uma segunda dose. -Não se recomenda esperar que o rebanho apresente sintomas clínicos da doença para iniciar o tratamento, pois as pastagens já estarão com um alto grau de infestação e o controle se tornará muito mais difícil. -A fasciolose é um problema de rebanho, portanto todos os animais devem ser incluídos no programa de tratamento para diminuir a infecção ambiental. Drogas disponíveis Albendazole Rafoxanide Nitroxinil Niclopholan Triclabendazol Clorulon Netobimin +: <60% ++: 60-85% +++: 85-95% ++++: 95-100%

Dose (mg/Kg)

Eficácia em Imaturos

Eficácia em Adultos

15 7,5 10 3 12 2 20

+ ++ ++ + +++ + -

+++ +++ ++++ ++++ ++++ ++++ +++

CONTROLE: -O controle da fasciolose consiste na aplicação de drogas fasciolicidas em épocas estratégicas, a fim de obter um melhor custo-benifício, e sempre associado a práticas de manejo que visem diminuir a contaminação dos pastos com metacercárias e/ou evite a translação parasitária. Na Região Sul: O primeiro tratamento é feito no final do verão e no início do outono (antes das chuvas) quando os animais albergam basicamente parasitos adultos, evitando a contaminação dos caramujos que emergirem do solo após o verão. Um segundo tratamento deve ser feito no final do inverno. Região Sudeste : O primeiro tratamento no final de outono e início de inverno, com a finalidade de atingir os parasitos que infectam os hospedeiros vertebrados na época das chuvas (época de maior população de metacercárias e caramujos na região Sudeste). Neste momento do tratamento, como a translação estará diminuída em função da seca e das baixas temperaturas, os hospedeiros estarão albergando basicamente parasitos adultos, sensíveis às drogas. Além disso, é a época de menor disponibilidade de pastagens aos animais que podem estar subnutridos e portanto, mais susceptíveis à fasciolose clínica. Um segundo tratamento deve ser feito no final do inverno para atingir as formas que se encontravam imaturas na época do primeiro tratamento. Estes dois tratamentos vão diminuir sensivelmente a eliminação de ovos nas pastagens para o período das chuvas, diminuindo, portanto, a translação no verão. Como o controle de verminose gastro-intestinal ideal para a região Sudeste é de três vermifugações no período seco (maio, julho e setembro), os fasciolicidas poderiam ser integrados a estes tratamentos (populações de caramujo e metacercária estão menores).

-O tratamento de qualquer animal introduzido no rebanho é extremamente importante, ainda mais se não souber se a área de origem é endêmica ou não. -Construção das instalações das propriedades em áreas mais altas, evitando o contato do hospedeiro vertebrado com os cursos d’água. -É imprescindível que a faciolose seja divulgada entre os técnicos do Sudeste como uma doença emergente na região. -Deve-se fazer a drenagem de planícies pantanosas para diminuir a área povoada pelo caramujo na propriedade. -O combate químico aos caramujos com substâncias moluscocidas pode ser feito, entretanto, apresenta sérios danos ao ambiente (ex: sulfato de cobre). -Práticas de controle natural podem ser utilizadas em áreas específicas, através da introdução em massa de animais predadores de Lymnaea spp (peixes e patos).

Eurytrema coelomaticum CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA: (1)

Classe Trematoda

(2)

Sub classe Digenea

(3)

Ordem Prosostomata

(4)

Sub Ordem Distomata

(5)

Família Dicrocoelidae PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Os parasitas adultos são encontrados no canal pancreático dos bovinos, caprinos e ovinos.

-A doença é diagnosticada em vários estados do Brasil. MG- 17,15% ocorrência. -Possui dois hospedeiros intermediários durante o seu desenvolvimento biológico. O primeiro é representado por um caramujo onde o parasita irá se desenvolver até o estádio de Cercária. O segundo HI, normalmente é um gafanhoto do gênero Conocephalus sp. no qual a cercária não se desenvolve mas permanece encistada até ser ingerida pelo bovino junto com a gramínea, durante a alimentação. -Normalmente é apatogênico para o hospedeiro podendo em infestações maciças, provocar atrofia e fibrose pancreática. MORFOLOGIA: -Possuem o corpo em forma de lança. -Possui ovos operculados. -Os adultos medem 0,8-1,6cm x 0,5–0,8cm. -Coloração vermelha com manchas escuras e com tegumento coberto por espinhos.

-Ventosas grandes. -Não possui cone cefálico. -Poro genital se localiza posterior à bifurcação esôfago. -Testículos não ramificados na linha horizontal. -Ovários não ramificados na linha mediana. -Bolsa de cirrus anterior ao acetábulo. -Ceco terminando em tubo longo e não ramificado. Ventosa Oral

Testículos

Ovários

Morfologia do Adulto de

Eurytrema coelomaticum

CICLO BIOLÓGICO: -O parasita adulto localizado nos canais pancreáticos dos hospedeiros definitivos, produz ovos que são eliminados junto com as fezes  Os ovos são expulsos junto com as fezes  a larva primária denominada miracídio inicia o seu desenvolvimento dentro dos ovos que são ingeridos pelo hospedeiro intermediário (Caramujo do gênero Bradybaena sp.). -Dentro do caramujo, os ovos irão eclodir e liberar o miracídio que dará origem a uma grande quantidade de esporocistos de 1ª geração. -Neste parasita não é verificada a ocorrência de uma geração de rédias durante o ciclo evolutivo, ao contrário, os esporocistos de 1ª irão gerar os esporocistos de 2ª geração que por sua vez darão origem às cercárias. -Os caramujos à medida que se locomovem irão liberando as cercárias que serão ingeridas pelo segundo HI (gafanhoto) onde elas se encistarão e se transformarão em metacercárias. -A infecção do animal ocorre quando ele ingere o gafanhoto contendo a metacercária, durante o pastejo. -No Hospedeiro Definitivo, as metacercárias irão penetrar na mucosa intestinal  corrente sangüínea  pâncreas onde irão se desenvolver em parasitas adultos.

PATOGENIA E SINTOMAS: -Considerado quase apatogênico porém, em infestações maciças pode causar a obstrução dos canais pancreáticos (adultos)  reação inflamatória  pancreatite crônica  Pode ocorrer focos de necrose no pâncreas. -O gado Zebu é mais resistente. -Os efeitos são principalmente observados em longo prazo e, quando a pancreatite crônica ocorre, o animal pode se tornar apático. DIAGNÓSTICO: -Exame de fezes. TRATAMENTO: -Complicado – Anti Helmintico.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA CLASSE CESTODA -Endoparasitas; em geral, achatados dorso-ventralmente; corpo em forma de fita e segmentado. Cada segmento é denominado proglote e possui órgãos reprodutivos independentes. -Não possuem tubo digestivo, sendo os nutrientes absorvidos diretamente pelo tegumento. -São hermafroditas e se reproduzem sexualmente através da auto-fecundação ou da fecundação cruzada entre proglotes. -Os órgãos de fixação são representados por ventosas e rostelo, este sendo um órgão protrátil e que pode apresentar-se armado por uma fileira de acúleos (espinhos) que auxiliam a adesão ao tecido do hospedeiro. -Os cestódeos se desenvolvem por evolução indireta, ou seja, necessitam de um hospedeiro intermediário durante o seu ciclo biológico. Normalmente, o HD se torna infectado ao ingerir um HI contendo o metacestódeo (formas imaturas dos cestódeos), e o HI, torna-se infectado ao ingerir os ovos dos adultos expelidos com as fezes do HD. -Os adultos são normalmente parasitos do tubo digestivo, ductos biliar e pancreático de vertebrados. As larvas (metacestódeos) são parasitas de tecidos de vertebrados e invertebrados. MORFOLOGIA: PARASITOS ADULTOS: Os cestódeos são constituídos por uma região anterior, denominada cabeça ou escólex, ligada ao corpo ou estróbilo por uma região intermediária denominada pescoço ou colo: (a). Escólex -Mede de 1 a 2 mm. -Composto por 4 ventosas musculares dispostas radialmente que servem como órgãos de locomoção e fixação. -Em algumas espécies, no ápice do escólex existe um rostelo armado por pequenos ganchos. Os cestódeos que não possuem rostelo, geralmente apresentam as ventosas maiores e mais desenvolvidas. -O escólex se fixa, por exemplo, no Intestino Delgado do Hospedeiro Definitivo e inicia o crescimento com a germinação das proglotes. No início são proglotes imaturas que atingem a maturidade sexual com o tempo, tornando-se proglotes grávidas. (b). Pescoço: -É também chamado colo. É a região de crescimento, e que une a cabeça ao corpo. -Não possui segmentação. -Possui células em constante atividade de multiplicação de onde são originados os segmentos (proglotes).

(c). Estróbilo: -O corpo ou estróbilo dos cestódeos é constituído por uma cadeia de segmentos que se denominam proglotes. A forma e o tamanho das proglotes, entre as várias espécies, variam muito. -São encontradas no estróbilo, proglotes em 3 estágios de desenvolvimento. Logo após o pescoço encontram-se as proglotes mais imaturas ou proglotes jovens nas quais os órgãos reprodutivos ainda não estão formados. Seguindo este primeiro estágio vêm as chamadas proglotes maduras que apresentam os órgãos genitais completamente desenvolvidos e em funcionamento. Finalmente, segue-se uma série de proglotes grávidas, nas quais o útero encontra-se repleto de ovos.

Proglote Maduro Útero Poro Genital

Testículos

Útero repleto de ovos

Ovário

Glândulas Vitelínicas

Proglote Grávido

-Cada proglote maduro possui órgãos reprodutivos masculino e feminino, músculos, canais excretores e nervos. -Os ovos fecundados ficam retidos no útero. Quando o proglote enche de ovos, ele se solta do resto do estróbilo e é expelido junto com as fezes dos animais. Alguns proglotes podem se movimentar nas fezes. OVOS: -Os ovos dos cestódeos contêm o embrião (oncosfera) completamente desenvolvido. -Ao serem expelidos, os ovos já se apresentam imediatamente infectantes para o hospedeiro intermediário. -No centro do ovo, o embrião é envolvido por uma estrutura denominada embrióforo. A cápsula é o revestimento mais exterior. METACESTÓDEOS: -O termo metacestódeo é coletivamente empregado a todos os estágios de cestódeos que parasitam os hospedeiros intermediários.

-O embrião ou oncosfera torna-se um metacetódeo ao emergir do embrióforo e penetrar na parede do intestino dos HI. O objetivo do desenvolvimento do metacestódeo é formar um escólex (cabeça) nos tecidos do HI onde terá probabilidade de ser ingerido pelo hospedeiro definitivo adequado. -Existe uma variedade em tamanho e formas dos metacestódeos que irá depender do hospedeiro intermediário que será parasitado: (a). Cestódeos da Família Taenidae: -Nos parasitas pertencentes aos gêneros Taenia sp. e Hidatígera sp., os hospedeiros intermediários são vertebrados e a larva metacestoda recebe o nome de Cysticercus que se apresenta como uma vesícula de paredes translúcidas, cheias de um líquido, tendo no interior uma escólex invaginado. Com relação aos cestódeos do gênero Echinococus sp., o que ocorre no HI é a formação de uma grande vesícula contendo várias vesículas internas que recebem o nome de vesículas prolígeras. Neste caso, a metacestoda é denominada hidátide ou cisto hidático.

Cysticercus Estrobilocerco Cisticercóide

Coenuro Hidátide ou Cisto Hidático

(b). Cestódeos das Famílias Anoplocephalidae, Hymenolepididae, Davaineidae e Dyledididae: -Nos parasitas pertencentes a estas famílias, as metacestodas possuem tamanho diminuto pois os hospedeiros intermediários são invertebrados (minhocas, baratas, ácaros , besouros, etc..). -Morfologicamente as metacestodas apresentam-se como pequenas vesículas, praticamente sem líquido no interior, com escólex invaginado e são denominadas larvas cisticercóides ou cisticercóide apenas. -Além desses dois tipos ainda existem as metacestodas do tipo coenuro e do tipo estrobilocerco que não serão consideradas por serem observadas em parasitas que não apresentam muita importância na parasitologia veterinária.

CICLO BIOLÓGICO:

INFECÇÃO DO HI

-Os adultos presentes no intestino dos hospedeiros definitivos irão se reproduzir sexualmente seja por autofecundação interna nos proglotes ou por fecundação cruzada entre proglotes. As proglotes grávidas serão expelidas junto com as fezes, contendo em seu interior centenas de ovos embrionados. -Os cestódeos de importância médico-veterinária apresentam sempre hospedeiros intermediários que podem ser animais vertebrados (Família Taenidae) ou invertebrados (Famílias Anoplocephalidae, Hymenolepididae, Davaineidae e Dylepididae). Esses HI irão se infectar ao ingerir os ovos liberados de dentro das proglotes grávidas. No aparelho digestivo dos HI os ovos irão liberar o embrião que irá penetrar na parede intestinal migrar para os tecidos e formar um escólex (cabeça) dando origem à larva do tipo metacestoda. -A evolução se completa quando as larvas, encistadas nos tecidos dos hospedeiros intermediários, são ingeridas por hospedeiros definitivos apropriados. No tubo gastrointestinal destes, as larvas, auxiliadas pelas enzimas digestivas, libertam-se dos tecidos dos HI e, após a evaginação, os escólex fixam-se pelos seus órgãos adesivos (ventosas e rostelos) às paredes intestinais. Aí instalado, o parasito cresce progressivamente e continuamente, formando segmentos (proglotes) que se tornam maduros à medida que vão se afastando do escólex. A expulsão

dos ovos dos cestódeos para o exterior é realizada através das fezes, no interior das proglotes grávidas que se destacam do estróbilo. PRINCIPAIS FAMÍLIAS E ESPÉCIES DE INTERESSE MÉDICO-VETERINÁRIO: Filo Platyelminthes Classe Cestoda Sub classe Eucestoda Ordem Cyclophyllidea Famílias:

*Anoplocephalidae

-Anoplocephala magna -Anoplocephala perfoliata -Paranoplocephala mamillana -Moniezia expanza -Moniezia benedeni

*Daivaineidae

-Daivainea proglotina -Raillietina tetragona -Raillietina schinobothrida -Raillietina cesticillus

*Dilepdidae

-Dypylidium caninum -Amoebotaenia cuneata

*Hymenolepididae

-Hymenolepis nana -Hymenolepis diminuta

*Taeniidae

-Taenia solium -Taenia saginata -Taenia hydatigera -Taenia taeniformis -Echinococcus granulosus

FILO PLATYELMINTHES CLASSE CESTODA Sub Classe Eucestoda ORDEM CYCLOPHYLLIDEA FAMÍLIA TAENIIDAE

Taenia solium / Cysticercus cellulosae PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -O parasito adulto é encontrado no intestino delgado do homem (Hospedeiro definitivo) onde causa a doença denominada Teníase. -Os hospedeiros intermediários (vertebrados) podem ser o porco, o cão e acidentalmente o homem nos quais as larvas metacestodas irão se encistar causando uma doença conhecida por cisticercose. -A larva metacestoda denominada Cysticercus cellulosae, é encontrada encistada nos tecidos do hospedeiro intermediário onde causa a cisticercose. -Além de apresentarem-se como um problema de saúde pública, pois podem acometer o homem, a Cisticercose é responsável por consideráveis prejuízos na economia nacional: * Produtividade dos animais doentes (quando o Cysticercus cellulosae se aloja no Sistema Nervoso Central e causa a neurocisticercose) *Condenação das carcaças durante a inspeção nos matadouros. -Os suínos com mais de seis meses de idade, raramente irão se infectar com a metacestoda. MORFOLOGIA: -Os parasitos adultos medem aproximadamente 3 metros de comprimento. -O escólex possui quatro ventosas e um rostelo não retrátil, armado por quatro fileiras de ganchos (acúleos). -Os proglotes são globosos c/ o útero apresentado ramificações dendríticas. -A proglote grávida é imóvel e pode conter até 40.000 ovos. Rostelo Ventosas

A.Escólex de Taenia solium B.Proglote madura de Taenia solium C.Proglote grávida de Taenia solium

CICLO BIOLÓGICO:

Ramificações Dendríticas

-Os parasitos adultos presentes no intestino delgado do hospedeiro definitivo (homem) irão liberar as proglotes grávidas repletas de ovos que serão expelidas junto com as fezes. No meio exterior, as proglotes irão se romper, liberando os ovos embrionados. -Os hospedeiros intermediários irão se contaminar, ingerindo os ovos presentes no solo, alimentos contaminados, água, etc. -No intestino delgado do HI os ovos irão eclodir, liberando o embrião que irá penetrar na mucosa intestinal e alcançar a circulação sanguínea  fígado  circulação geral  de onde será distribuída para vários tecidos do corpo do animal. -Uma vez alojado nos tecidos, o embrião irá se transformar na metacestoda que neste caso é o cisticerco denominado Cysticercus cellulosae. A metacestoda pode ficar encistada nos tecidos (músculos) do hospedeiro intermediário durante muitos anos sem causar nenhuma patogenia. A doença cisticercose irá ocorrer quando a larva se encistar em tecidos vitais como cérebro, músculo ocular, músculo cardíaco etc... -A contaminação do hospedeiro definitivo (homem) irá ocorrer quando este ingerir a carne do hospedeiro intermediário (principalmente suíno) contendo o Cisticercus cellulosae. Por este motivo é que devemos evitar ingerir carne mal passada de suínos pois neste caso o cisticerco não pode ser morto.

-No intestino do hospedeiro definitivo irá ocorrer a evaginação do cisticerco que irá perder as adjacências restando apenas o escólex. A partir de então, o escólex irá se fixar na mucosa intestinal e originará um parasito adulto através da germinação de proglotes. O crescimento ocorre a partir do colo ou pescoço do parasita fixado. -Atingindo a maturidade sexual, a tênia esta pronta para iniciar o ciclo. -O período pré-patente da teníase é de aproximadamente 60 dias. -Nos hospedeiros intermediários, os cisticercos necessitam de pelo menos 60 dias para se tornarem infectivos (tempo para que o embrião desenvolva o escólex c/ rostelo).

-Resumindo, o homem irá adquirir a teníase (parasito adulto) através da ingestão de carne contaminada dos hospedeiros intermediários (porco, cão e homem acidentalmente) que por sua vez, irão adquirir a cisticercose pela ingestão de ovos de tênia. -Além disso, o homem pode desenvolver a cisticercose através de coprofagia (ingestão de suas próprias fezes) e de auto-infecção interna. SINTOMAS CLÍNICOS: CISTICERCOSE *Hospedeiro Intermediário: Suíno

-Normalmente não apresentam sintomas. Porém, em caso de neurocisticercose (70% dos casos) podem apresentar baixo ganho de peso. Eventualmente pode ocorrer: sensibilidade no focinho, paralisia da língua e convulsões.

Cão

-Quando ocorre no sistema nervoso leva a uma doença denominada neurocisticercose que irá determinar sintomas semelhantes ao da raiva.

Homem

-Perda de visão quando o cisticerco se localiza no olho do homem. -Neurocisticercose determina pouca reação no homem enquanto o cisticerco está vivo  morte irá ocorrer a calcificação deste e desordens neurológicas podem aparecer. -Cisticerco pode impedir a circulação linfática intracraniana  hidrocefalia. TENÍASE

*Hospedeiro Definitivo Homem

-É na maioria das vezes assintomática. -Causa dores e incômodo abdominal devido à toxinas liberadas pelas tênias. Pode causar obstrução em infecções maciças.

Taenia Saginata / Cysticercus bovis PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Este parasita tem como hospedeiro definitivo o homem no qual também irá causar a Teníase. O hospedeiro intermediário (vertebrado) é o bovino onde as larvas metacestodas irão se encistar. -O parasito adulto é encontrado no intestino delgado do homem (HD). -A larva metacestoda denominada Cysticercus bovis, é encontrada encistada nos tecidos do bovino e eventualmente outros pequenos ruminantes (HI). -A maior prevalência de teníase humana é a causada por Taenia saginata (> que por Taenia solium). Isso ocorre devido ao maior consumo de carne de bovinos em relação à carne de suíno e devido à maior dificuldade de diagnóstico do Cysticercus bovis no matadouro quando comparado ao Cysticercus cellulosae. Além disso, a maioria das criações de suínos para abate corresponde a granjas altamente tecnificadas onde os animais recebem alimentação controlada.

MORFOLOGIA: -Os parasitas adultos medem aproximadamente 8 metros de comprimento sendo portanto significativamente maior que a Taenia solium. -O escólex possui 4 ventosas porém não possui rostelo. -Os proglotes são quadrangulares c/ o útero apresentado ramificações dicotômicas. -A proglote grávida é móvel e pode conter até 100.000 ovos.

Ventosas Ramificações Dicotomicas

D. Escólex de Taenia saginata E.Proglote grávida de Taenia saginata CICLO BIOLÓGICO: -O ciclo é semelhante ao da Taenia solium, porém neste caso, apenas o bovino e eventualmente outros pequenos ruminantes irão funcionar como hospedeiro intermediário. Neste caso, não existe cisticercose em humanos causada pela Taenia saginata. -Parasito adulto no intestino delgado do homem  proglotes grávidas nas fezes  bovino (HI) ingere os ovos embrionados  formação da metacestoda (Cysticercus bovis) no tecido do bovino (fígado, pulmão, rim e gordura abdominal) o HD (homem) ingere a carne do HI contendo o cisticerco  adulto se desenvolve do intestino delgado do homem.

Diagnóstico de Teníase e Cisticercose CISTICERCOSE *Taenia solium: -Suíno:

*Exame post mortem no matadouro através do exame da carcaça.

-Homem: *Exames sorológicos, raio x (cisticerco calcificado), tomografia, etc.. *Taenia saginata -Bovinos:

*Exame post mortem no matadouro através do exame da carcaça. *Mais difícil a detecção pois a infecção maciça é mais rara. TENÍASE

*Taenia solium -Homem: *Exame de fezes. Os ovos são bem característicos das tênias. *Taenia saginata -Homem

*Exame de fezes. Os ovos são bem característicos das tênias.

(Taenia solium e Taenia saginata)

(Cysticercus cellulosae e Cysticercus bovis)

Epidemiologia da Teníase e Cisticercose -A teníase é uma doença cosmopolita, estando ligadas ao consumo de carne de bovino e suíno. -Com relação à cisticercose animal, nos suínos as infecções são mais maciças pois uma vez que os proglotes são imóveis e permanecem nas fezes em alta concentração, permitindo ao animal ingerir uma maior quantidade de ovos. Tal fato facilita a identificação do Cysticercus cellulosae na carcaça do animal abatido. -Fatores de Risco que quando presentes podem determinara ocorrência da doença ou da infecção: *Tipo de Criação  Em criações tecnificadas com melhores condições de higiene (manejo de dejetos) os animais são menos acometidos pela cisticercose. *Hábitos Alimentares  Em regiões onde as comidas são feitas com carne de bovinos e suínos mal cozidas, é observada uma maior prevalência de teníase na população humana. *Condições Higiênicas da População  Pode determinar a auto infecção externa (coprofagia), a contaminação de nascentes, rios e culturas (irrigação c/ água contaminada ou uso de dejetos como fertilizante). A ingestão de verduras mal lavadas, contendo ovos de tênias é a principal forma de contaminação da cisticercose em humanos. * Abate Clandestino  Sem inspeção sanitária post mortem.

Tratamento da Teníase e da Cisticercose -Homem: *A teníase é tratada com praziquantel e nicosamida. *A cisticercose é tratada c/ medicamentos específicos dependendo do tecido acometido. Após a morte da larva e calcificação do cisticerco a remoção cirúrgica pode ser recomendada. -Animal: * Não se trata a cisticercose nos grandes animais. *Na neurocisticercose em cães, pode-se empregar o mesmo tratamento preconizado para o homem.

Controle da Teníase e da Cisticercose -As políticas de controle e profilaxia se baseiam principalmente no hospedeiro definitivo (Homem): *

Educação sanitária da população (Higiene alimentar, higiene básica).

*

Saneamento básico (esgotamento de dejetos).

*

Diagnóstico e tratamento da teníase na população infectada.

-Vigilância sanitária agindo em conjunto com a inspeção federal nos matadouros, de maneira a identificar a população de risco que possivelmente está ingerindo carne contaminada com cisticerco.

FILO PLATYELMINTHES CLASSE CESTODA Sub Classe Eucestoda ORDEM CYCLOPHYLLIDEA FAMÍLIA TAENIIDAE

Echinococcus granulosus / Cisto Hidático PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Este parasita tem com hospedeiro definitivo o cão onde causa a doença denominada Equinococose. -Os hospedeiros intermediários (vertebrados) podem ser os ovinos, caprinos, bovinos, suínos, camelos e acidentalmente o homem onde a metacestoda do tipo “Cisto Hidático” irá causar uma doença conhecida por Hidatidose. -O parasito adulto é encontrado no intestino delgado do hospedeiro definitivo no qual causa a Equinococose. -A Metacestoda é representada por uma estrutura denominada Cisto hidático que é encontrada encistada nos tecidos do hospedeiro intermediário. Os tecidos mais acometidos são fígado (80%), pulmão (15%) e eventualmente rim, baço, músculos e cérebro (5%). -A hidatidose humana é um problema sério na saúde pública. Os cistos hidáticos que podem assumir grandes dimensões crescem vagarosamente, de modo que as lesões por ele provocadas apenas são percebidas após vários anos de infecção. Há uma referência sobre um cisto hidático contendo 50 litros de líquido. Tais cistos podem comprimir órgãos vitais, comprometendo a sua função ou podem até mesmo se romper liberando substâncias internas altamente alergênicas, levando o HI a um choque anafilático. -A doença é cosmopolita, porém apresenta maior prevalência na região Sul (ovinos). MORFOLOGIA: PARASITA ADULTO: *Possuem de 3 a 6 proglotes apenas, medindo de 4 a 6 mm de comprimento. *O escólex apresenta um rostelo não retrátil, armado de acúleos.

(Parasito Adulto) *A primeira proglote é imatura e não apresenta esboço dos órgãos reprodutivos. A segunda é madura e apresenta os órgãos genitais desenvolvidos. A terceira (grávida), que corresponde a 1/3 ou ½ do comprimento total do estróbilo encontra-se repleta de ovos (500 a 800 ovos). CISTO HIDÁTICO: *No local de fixação no corpo do HI, o embrião irá crescer progressivamente até se transformar em uma vesícula de 5 a 10 cm de diâmetro conhecida por cisto hidático (metacestoda). O cisto hidático cresce aproximadamente 1 a 5 cm por ano, podendo chegar ao tamanho de uma bola de futebol de salão. *Depois de completamente desenvolvido o cisto hidático apresenta a seguinte estrutura:

CISTO HIDÁTICO Membrana Adventícia

Membrana Anista

Membrana Prolígera

Vesícula Prolígera

Protoescólex

1) Membrana Adventícia: É uma reação tecidual do órgão parasitado à presença da larva. É a estrutura de posição mais externa e tem espessura variável, podendo medir 1 mm. 2) Membrana Anista: É secretada pela membrana mais externa do cisto (membrana prolígera); tem aspecto homogêneo leitoso e funciona como uma barreira defensiva às defesas do hospedeiro. Apresenta estrutura variável, podendo medir, em média, 0,5 mm. 3) Membrana Prolígera ou Camada Germinativa: É a membrana responsável pela proliferação do parasito. É extremamente fina e delicada, reveste internamente todo o cisto e origina as vesículas prolígeras.

4) Vesícula Prolígera: Mede cerca de 1mm de diâmetro, tem a mesma estrutura da membrana prolígera e dá origem, internamente, de 2 a 50 escólex (protoescólex). 5) Protoescólex: Tem aspecto ovóide. Apresenta-se invaginado dentro de uma pequena vesícula e possui 4 ventosas e um rostelo armado de ganchos. 6) Areia Hidática: Formada por escólex isolados e por fragmentos da membrana prolígera. Um cm3 dessa areia pode conter cerca de 400.000 protoescólex. Cada protoescólex irá originar um novo parasita.

CICLO BIOLÓGICO: -O ciclo é semelhante ao da Taenia solium e Taenia saginata. -Parasita adulto no intestino delgado do cão  proglotes grávidas nas fezes  ovino, caprino, bovinos, homem, etc.. (HI) ingerem os ovos embrionados  formação da metacestoda (Cisto Hidático) no tecido dos HI o HD (cão) ingere a carne do HI contendo a metacestoda  adulto se desenvolve do intestino delgado do homem. Ciclo Biológico de Echinococcus granulosus

HD

Ovos nas fezes HD ingere a carne contaminada do HI

Parasita adulto HI morre

Hidátide HI ingere os ovos

HI

-Dos cistos hidáticos produzido uma grande proporção é infértil (sem protoescólex). Nos ovinos apenas 9% dos cistos são estéreis, ao contrário dos bovinos (90%) e suínos (20%). SINTOMAS E PATOGENIA: EQUINOCOCOSE: -Os parasitas presentes no ID normalmente não causam sintomas nos animais. -Em infestações maciças pode causar excesso de salivação HIDATIDOSE: -Nos animais domésticos a hidatidose hepática é normalmente assintomática, pois o crescimento do cisto é muito demorado e os animais normalmente são abatidos antes. -No Homem possui grande importância na saúde pública: *Disfunção hepática e de outros órgãos dependendo da localização dos cistos.

*Patogenia da doença: •Compressão mecânica de órgãos vizinhos •Reação anafilática devido ao rompimento do cisto c/ liberação de substâncias alergênicas presentes no líquido hidático. EPIDEMIOLOGIA: -O parasita é cosmopolita, porém no Brasil, ocorre com maior freqüência na região Sul e também nos estados de SP, MG, GO, MT, MA e BA. -O ciclo mais importante ocorre entre o cão de pastoreio e o ovino, principalmente no Sul do Brasil. -No sul da América do Sul é onde se observa a maior prevalência de hidatidose no mundo. O RS apresenta a maior taxa do Brasil. -A prevalência de hidatidose nos animais (HI) é de 25,30% em ovinos; 16,8% em bovinos e 6,39% em suínos. A hidatidose humana está altamente ligada a hábitos culturais com prevalência de até 20% em certos locais na China. -Em MG a prevalência de hidatidose bovina é de 6,44%. -Os ovinos são considerados os HI mais importantes por serem mais susceptíveis e por apresentarem maior contato com os cães (Hospedeiro Definitivo). DIAGNÓSTICO: EQUINOCOCOSE: -A necropsia com demonstração do parasito no intestino delgado é o método de diagnóstico mais conclusivo. -O exame de fezes é pouco conclusivo, pois os ovos de todos os pertencentes da família Taenidae são semelhantes. HIDATIDOSE: -Nos animais o diagnóstico da hidatidose é feito através da necropsia. -No homem pode-se fazer exames sorológicos, raio-x (cisto hidático), tomografia computadorizada , etc... TRATAMENTO: -Nos cães (HD) usa-se praziquantel a 5 mg/ Kg. -Nos HI o BDZ é usado em humanos. Muitas vezes o tratamento cirúrgico é preconizado. PROFILAXIA E CONTROLE: -Enterrar as fezes dos cães contaminados. -Educação sanitária da população. -Tratamento dos cães parasitados. -Inspeção em abatedores e destino adequado das carcaças e vísceras dos HI com hidatidose. -Evitar fornecer carne crua aos animais.

Taenia hydatigena / Cysticercus tenuicollis PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Este parasita tem com hospedeiro definitivo os cães e outros carnívoros silvestres. Os hospedeiros intermediários (vertebrados) são ruminantes e suínos. -O parasita adulto é encontrado no intestino delgado do hospedeiro definitivo (cão). -A larva metacestoda denominada Cysticercus tenuicollis aloja-se no fígado, peritôneo e na pleura (mais raro) dos hospedeiros intermediário. -O Cysticercus tenuicollis pode atingir o tamanho de uma bola de tênis. MORFOLOGIA: -O adulto mede de 0,75 a 5 m de comprimento (média de 1m). -Possui escólex com rostelo armado com 2 fileiras de ganchos (acúleos). -Possui o pescoço com largura equivalente ao escólex. -O Cysticercus tenuicollis é constituído por uma vesícula que pode medir cerca de 8 cm de diâmetro.

Taenia hydatigena

Cysticercus tenuicollis

CICLO BIOLÓGICO: -Parasita adulto no intestino delgado dos cães ou canídeos silvestres (HD)  proglotes grávidas nas fezes  ruminantes ou suínos (HI) ingerem os ovos embrionados  formação da metacestoda (Cysticercus tenuicollis) no tecido do HI (fígado, peritôneo, pleura e pericárdio) o HD (canídeos) ingerem a carne do HI contendo o cisticerco  adulto se desenvolve do intestino delgado do canídeo. PATOGENIA: -O verme adulto, como ocorre entre os outros tenídeos, é pouco patogênico para o hospedeiro definitivo, podendo causar desconforto abdominal em infestações maciças. -Com relação ao Cysticercus tenuicullis, quando se aloja no peritôneo é pouco patogênico. Porém, pode causar lesão séria no parênquima hepático denominada hepatite cisticercosa, quando a metacestoda se fixa neste órgão.

Taenia taeniformis / Cysticercus fasciolaris PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Este parasita tem com hospedeiro definitivo os gatos no qual o parasito adulto encontra-se no intestino delgado. -Os hospedeiros intermediários (vertebrados) são camundongos e outros roedores que albergam as larvas metacestoda do tipo Cysticercus fasciolaris no parênquima hepático.

MORFOLOGIA: -O adulto mede de 30 a 60 cm de comprimento. -Possui escólex com rostelo pouco desenvolvido com duas fileiras de 26 a 52 ganchos (acúleos). -Possui proglotes imbricados e em forma de trapézio. -O Cysticercus fasciolaris mede de 3 a 20 mm de comprimento e apresenta uma escólex, seguido por uma porção longa e segmentada à semelhança de um estróbilo, terminando em uma vesícula pequena. Apresenta-se no interior de uma vesícula grande, resultante da reação dos tecidos parasitados. CICLO BIOLÓGICO: -Parasita adulto no intestino delgado dos gatos (HD)  proglotes grávidas nas fezes  roedores (HI) ingerem os ovos embrionados  formação da metacestoda (Cysticercus fasciolaris) no tecido do HI (fígado) o HD ingerem a carne do HI contendo o cisticerco  adulto se desenvolve do intestino delgado do gato.

FILO PLATYELMINTHES CLASSE CESTODA Sub Classe Eucestoda ORDEM CYCLOPHYLLIDEA FAMÍLIA : DAVAINEIDAE PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Caracteriza-se por apresentar escólex com rostelo armado de pequenos e numerosos acúleos. -Alguns parasitos pertencentes a esta família também apresentam ventosas armadas de acúleos. -Normalmente são parasitas de aves domésticas e silvestres. -Desenvolve-se por ciclo indireto como os demais cestódeos. A metacestoda que se desenvolve nos tecidos do HI é do tipo “Larva Cisticercóide” ou “Cisticercóide”, apenas. -Os HI, na maioria das vezes, são artrópodes invertebrados. PRINCIPAIS GÊNEROS DE INTERESSE MÉDICO-VETERINÁRIO: Gênero Davainea

Davainea proglotina

Gênero Raillietina

Raillietina tetragona Raillietina schinobothrida Raillietina cesticillus

GÊNERO Davainea

Davainea proglotina PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -O parasito adulto é encontrado no duodeno de aves domésticas e pombos (HD). -Os HI são lesmas de vários gêneros nos quais irá ocorrer a formação da metacestoda do tipo larva cisticercóide (semelhante ao cisticerco, porém sem líquido – larva seca). -Cestoda mais patogênico para as aves sendo encontrado no mundo inteiro. MORFOLOGIA: -É relativamente pequeno, medindo de 0,5 a 4,0 mm de comprimento. -Escólex com rostelo armado de aproximadamente 80 acúleos. As ventosas também contêm acúleos em toda a sua extensão. -Estróbilo constituído por 4 a 9 proglotes. -Poros genitais alternados regularmente. -As proglotes grávidas são ativas como ocorre com a Taenia saginata.

CICLO BIOLÓGICO -Apenas uma proglote grávida é eliminada por dia junto com as fezes do HD (galinha). -As proglotes no meio exterior irão se movimentar, eliminando os ovos por onde elas passam  Os ovos são ingeridos pelos HI (lesmas)  liberação do embrião no tubo digestivo dos HI  Formação da larva cisticercóide no tecido do corpo do HI (3 semanas). -O HD se contamina pela ingestão da lesma (HI) contendo a larva cisticercóide  Evaginação da larva cisticercóide que irá se fixar na mucosa intestinal e originará um parasito adulto através da germinação de proglotes. O crescimento ocorre a partir do colo ou pescoço do parasito fixado. Atingindo a maturidade sexual, o parasita está pronto para iniciar o ciclo. -PPP é de 15 dias.

4. PATOGENIA E SINTOMAS -Espécie de cestódeo de maior patogenicidade para as galinhas, podendo causar 50% de mortalidade em algumas criações. -No HD, o adulto irá penetrar profundamente na mucosa duodenal, provocando erosão  inflamação e às vezes hemorragias  anemia. -Sinais Clínicos: penugem opaca, movimentos lentos, redução no ganho de peso, edema, dificuldade respiratória, paralisia nas patas e morte.

GÊNERO Raillietina PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO GÊNERO -O parasita adulto é encontrado no Intestino Delgado de várias espécies de de aves (HD). -Os HI são artrópodes invertebrados (formigas, coleópteros e moscas) nos quais se desenvolve a “Larva Cisticercóide”. Isto torna o controle difícil, pois o HI penetra facilmente no local de criação das aves (HD). -Estróbilos formados de vária proglotes em forma de trapézio -Pode ou não apresentar rostelo c/ pequenos e inúmeros acúleos. -Possuem cápsulas ovígeras contendo 6 a 18 ovos. -As espécies de Railietina sp. parasitos de aves domésticas são frequentemente encontradas em galinhas caipiras, apesar de ocorrerem também em criações tecnificadas. PRINCIPAIS ESPÉCIES DE INTERESSE MÉDICO-VETERINÁRIO: (a). Raillietina tetragona -É um Cestódeo cosmopolita. -Parasita adulto encontrado no ID de galinhas. -Os Hospedeiros Intermediários são as formigas e moscas nas quais se desenvolve as “Larvas Cisticercóides”. -Quando adulto, o parasita pode medir até 25 cm de comprimento.. -Poro genital unilateral. -Rostelo contendo 100 acúleos dispostos em 2 fileiras. -Ventosas ovais armadas com 8 a 10 fileiras de pequenos acúleos. -Cápsulas ovígeras com 6-12 ovos. (b). Raillietina schinobothrida -Comumente confundido com a Raillietina tetragona uma vez que possuem tamanho, forma e biologia semelhantes. -Parasito adulto encontrado no ID de galinhas. -Os Hospedeiros Intermediários são as formigas e moscas nas quais se desenvolve as “Larvas

Cisticercóides”. -Rostelos armado com 200 acúleos dispostos em duas fileiras. -Ventosas circulares armadas com 8 a 10 fileiras de acúleos significativamente mais largos que os encontrados nas ventosas da espécie Raillietina tetragona. (c). Raillietina cesticullus -É um Cestódeo cosmopolita sendo a espécie mais comumente encontrada. -Parasita adulto encontrado no ID de galinhas. -Os Hospedeiros Intermediários são coleópteros (Besouros), baratas e moscas nos quais se desenvolve as “Larvas Cisticercóides”. -Possui tamanho médio de 4 cm, podendo atingir até 13 cm. -Escólex largo e sem pescoço. -Rostelos armados com 300-500 acúleos. -As ventosas não possuem acúleos.

Raillietina tetragona

Raillietina schinobothrida

Raillietina cesticullus

-Cápsula ovígera com apenas 1 ovo.

CICLO BIOLÓGICO: -Adulto no intestino delgado das galinhas (HD) irá liberar a proglote grávida no lúmem intestinal que é expelida junto com as fezes  Os Hospedeiros Intermediários (artrópodes invertebrados) irão se infectar pela ingestão dos ovos liberados após a desintegração da cápsula ovígera e da proglote grávida  liberação do embrião no tubo digestivo dos HI  Formação da larva cisticercóide nos tecidos do corpo do HI.

-O HD se contamina pela ingestão dos HI contendo a larva cisticercóide  Evaginação da larva cisticercóide que irá se fixar na mucosa intestinal e originará um parasito adulto através da germinação de proglotes. O crescimento ocorre a partir do colo ou pescoço do parasito fixado. Atingindo a maturidade sexual, o cestódeo está pronto para iniciar o ciclo. -PPP médio de 3 a 4 semanas

HD Ovos liberados nas fezes

Parasita adulto Ingestão do HI pelo HD.

Parasito Adulto

ovo

HI

Ingestão dos ovos pelo HI

PATOGENIA E SINTOMAS: -Parasito adulto se enterra profundamente na mucosa duodenal, formando nódulos na parede do intestino que são perceptíveis pelo lado externo. -Aves parasitadas apresentam ganho de peso reduzido.

FILO PLATYELMINTHES CLASSE CESTODA Sub Classe Eucestoda ORDEM CYCLOPHYLLIDEA FAMÍLIA: DILEPIDIDAE PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Possuem escólex com rostelo armado de acúleos. As ventosas podem ou não possuírem acúleos, dependendo da espécie em questão. -Os adultos são encontrados parasitando certas espécies de mamíferos (HD). -Os Hospedeiros Intermediários são artrópodes invertebrados nos quais se desenvolve as metacestodas do tipo “Larva Cisticercóide”. -Desenvolve-se normalmente por ciclo indireto. -Possuem cápsula ovígera.

PRINCIPAIS ESPÉCIES DE INTERESSE MÉDICO-VETERINÁRIO: Gênero Dipylidium

Dipylidium caninum

Gênero Amoebotaenia Amoebotaenia cuneata

Dipylidium caninum: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Verme adulto comumente encontrado no ID de cães (+ importante) e gatos (HD). Ocasionalmente pode parasitar o homem. -Os HI nos quais se desenvolve as metacestodas do tipo “Larva Cisticercóide”, são pulgas de cães e gatos (Ctenocephalides felis; C. canis), piolhos (Trichidectis) e pulgas que parasitam o homem (Pulex irritans). -É um parasito cosmopolita que possui alta prevalência entre os cães. MORFOLOGIA: -Mede de 15 a 20 cm de comprimento, podendo chegar a 60 cm. -Rostelo retrátil c/ 4 fileiras de pequenos acúleos. -Ventosas sem acúleos. -Genitália dupla com poro genital bilateral. -Proglotes grávidas ativas, semelhantes a semente de abóbora. Nas fezes são frequentemente confundidas com larvas de moscas. -Cápsulas ovígeras nas proglotes grávidas contendo aproximadamente 20 ovos.

CICLO BIOLÓGICO:

Parasito adulto no ID do HD

Contaminação do HD (cães, gatos, homem) pela ingestão do HI contando a larva Cisticercóide (Metacestoda)

Intestino Delgado do HD (cães, gatos e Homem) Ingestão dos ovos pelo HI (larva da pulga) e formação da metacestoda nos tecidos do HI adulto

Embrião

Meio Ambiente Cápsula ovígera repleta de ovos são liberadas após a desintegração da proglotide

Ovos Meio Ambiente

-Proglotes grávidas dos parasitos são eliminadas junto com as fezes do HD (cão ou gato) ou saem através do ânus por movimentos próprios  No ambiente os ovos são liberados das proglotes e ingeridos pelos HI (larvas de pulgas)  No tubo digestivo do HI, a larva é liberada do embrióforo, penetra na parede intestinal e se transforma em larva cisticercóide nos tecidos. -O Hospedeiro Definitivo se infecta quando ingere o HI contendo a larva cisticercóide  parasita adulto no ID do hospedeiro definitivo (HD). -O PPP é de aproximadamente 2 meses. PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA: -É aparentemente pouco patogênico para cães e gatos. -Em caso de infestação maciça o parasito pode provocar irritação da mucosa intestinal  enterite hemorrágica  sangue nas fezes. -Irritação na região perianal (migração das proglotes) causando coceira e inquietação. DIAGNÓSTICO: -Exame de fezes (encontro das proglotes grávidas nas fezes ou presas na região peri-anal do Hospedeiro Definitivo).

CONTROLE: -Anti-helmíntico deve ser administrado nos animais parasitados. -Controle de pulgas e piolhos (HI) nos animais. -Controle de pulgas e piolhos (HI) no ambiente.

Amoebotaenia cuneata PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Parasito adulto encontrado no duodeno de galinhas (HD), muito frequente em algumas regiões do Brasil. -Os HI são minhocas de diversas espécies, nas quais se desenvolvem as larvas cisticercóides. -Apenas em infecções altas é considerada patogênica. MORFOLOGIA: -Possui uma forma grosseiramente triangular. Parasita de pequeno porte (2-4 mm x 1 mm). -Ventosas proeminentes e sem acúleos, rostelo retrátil c/ 12-14 acúleos. -Estróbilo formado por 20 proglotes (+ largas do que compridas). -Genitália simples c/ poros genitais alternados. CICLO BIOLÓGICO: -Adulto no duodeno das galinhas (HD) irá liberar a proglote grávida no lúmem intestinal que é expelida junto com as fezes  Os Hospedeiros Intermediários (minhocas) irão se infectar pela ingestão dos ovos liberados após a desintegração da cápsula ovígera e da proglote grávida  liberação do embrião no tubo digestivo dos HI  Formação da larva cisticercóide nos tecidos do corpo do HI. -O HD se contamina pela ingestão das minhocas (HI) contendo a larva cisticercóide  Evaginação da larva cisticercóide que irá se fixar na mucosa intestinal e originará um parasito adulto através da germinação de proglotes. O crescimento ocorre a partir do colo ou pescoço do parasito fixado. Atingindo a maturidade sexual, o cestódeo está pronto para iniciar o ciclo. -PPP médio de 15 a 30 dias. PATOGENIA: -O adulto no duodeno do hospedeiro definitivo é normalmente apatogênico. -Em infestações maciças pode provocar enterites.

FILO PLATYELMINTHES CLASSE CESTODA ORDEM CYCLOPHYLLIDEA FAMÍLIA: ANOPLOCEPHALIDAE PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Os cestódeos pertencentes a esta família são desprovidos de rostelos e de acúleos. -Possuem proglotes mais largas do que compridas com poro genital lateral. -Apresentam testículos numerosos e úteros transversais que podem ou não ser substituídos por cápsulas ovígeras. -Desenvolve-se por ciclo indireto. -Os adultos são parasitos de mamíferos, aves e répteis (HD). Geralmente são pouco patogênicos para os seus hospedeiros. -Os Hospedeiros Intermediários são ácaros das famílias Oribatidae e Psocidae que se localizam nas gramíneas e forrageiras. PRINCIPAIS ESPÉCIES DE INTERESSE MÉDICO-VETERINÁRIO: Gênero Anoplocephala

Espécie Anoplocephala magna Anoplocephala perfoliata

HD

HI

Equídeos

Ácaros Oribatídeos

Paranoplocephala

Paranoplocephala mamillana

Equídeos

Ácaros Oribatídeos

Moniezia

Moniezia expansa Moniezia benedeni

Ruminantes

Ácaros Oribatídeos

CICLO BIOLÓGICO GERAL PARA A FAMÍLIA ANOPLOCEPHALIDAE: -Os adultos se localizam no aparelho digestivo dos Hospedeiros Definitivos (Equídeos ou Ruminantes) de onde eliminam as proglotes grávidas junto com as fezes dos animais. -Os ovos que são libertados pela desintegração da proglote, são ingeridos por ácaros oribatídeos de vários gêneros (Hospedeiros Intermediários) que vivem nas pastagens. Nos ácaros, a larva se libera do ovo, e se desenvolve para larva metacestoda do tipo “Larva Cisticercóide”, entre 2 a 6 meses. -Os Hospedeiros Definitivos se infectam ingerindo, acidentalmente, os ácaros oribatídeos infectados, misturados às gramíneas ou outras plantas forrageiras. -O PPP é variável sendo em média de 4 a 6 semanas.

HD

HD ingere o HI

Ovos nas fezes

HI

Cisticercóide

Ciclo Biológico

Anoplocephala Perfoliata

Anoplocephala magna: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Parasito adulto encontrado no intestino delgado e raramente estômago de equídeos. -Os Hospedeiros Intermediários são ácaros oribatídeos que ocorrem na vegetação. -É provavelmente a mais patogênica de todas as espécies causando, em infestações pesadas, enterite catarral ou hemorrágica. MORFOLOGIA: -Parasita adulto mede 30 cm, podendo chegar a 60 cm de comprimento por 2 cm de largura. -Possui escólex globoso (4-6 mm), com as ventosas dirigidas p/ frente. -Apresenta Pescoço curto. -As proglotes são curtas com genitália simples. Poros genitais unilaterais. -Os testículos são numerosos e o útero é transverso com ramificações anteriores e posteriores.

Anoplocephala perfoliata: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Parasito adulto encontrado no intestino delgado, ceco e cólon de equídeos. -Os Hospedeiros Intermediários são oribatídeos que ocorrem na vegetação.

ácaros

-Anoplocephala perfoliata frequentemente se localiza próxima à válvula íleo-cecal onde pode causar ulceração, edema e ocasionalmente formação de tecido granuloso. Este processo pode levar a uma oclusão da válvula íleo-cecal. Em infestações maciças de animais jovens pode causar enterite catarral aguda ou ulcerativa.

MORFOLOGIA: -Parasita adulto mede 8 cm de comprimento por 1,2 cm de largura.. -Possui escólex menor (2-3 mm) e ventosas dirigidas para frente. -Apresenta uma projeção triangular (Expansão cefálica) posterior às ventosas semelhantes a uma gravata borboleta. -As proglotes são muito curtas e imbricadas uma sobre as outras apresentando genitália simples. Os poros genitais se abrem anteriormente, nas bordas laterais das proglotes. -Os testículos são numerosos e o útero é lobado.

Expansão cefálica

Paranoplocephala mamillana: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Parasito adulto encontrado no intestino delgado e raramente estômago de equídeos.

-Os Hospedeiros Intermediários são ácaros oribatídeos que ocorrem na vegetação. -Paranoplocephala mamillana raramente causa enfermidades no Hospedeiro Definitivo. MORFOLOGIA: -O parasita adulto atinge de 0,5 a 6 cm de comprimento por 4 a 5 mm de largura. -Escólex pequeno com ventosas localizadas lateralmente com aspecto de fenda longitudinal. -Os proglotes apresentam genitália simples que se abre unilateralmente através do poro genital. Gênero Moniezia:

Moniezia expansa: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Parasita cosmopolita comum em ruminantes domésticos. -O adulto se localiza no intestino delgado de ovinos, caprinos (mais importantes), bovinos e ruminantes silvestres. -Os Hospedeiros Intermediários são ácaros oribatídeos que ocorrem na vegetação. -Ação patológica do parasito adulto é pouco conhecida e, apesar de ocorrerem em animais adultos e jovens, são mais comuns nestes últimos. O número de parasitas no HD é variável, podendo ocorrer infestações maciças que são responsáveis por causar obstrução intestinal e irritação da parede intestinal dos hospedeiros, através da ação mecânica das ventosas. MORFOLOGIA: -O parasita adulto mede 3m podendo chegar a 6m de comprimento por 6 cm de largura. -Possui escólex globoso com ventosas sem acúleos proeminentes. -Próximas ao bordo posterior das proglotes localizam-se uma série de glândulas interproglotidiais espalhadas em uma longa fileira. -Proglotes com genitália dupla e poro genital bilateral. -Testículos numerosos e ovário sob forma de massa lobada. Útero ramificado, ocupando quase toda a proglote grávida. -Ovos com formato triangular e com aparelho piriforme apresentando duas projeções em forma de gancho.

Moniezia benedeni: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -O adulto se localiza no intestino delgado de bovinos (mais importante), caprinos, ovinos e ruminantes silvestres. -Os Hospedeiros Intermediários são ácaros oribatídeos que ocorrem na vegetação. -Ação patológica do parasito adulto é pouco conhecida e, apesar de ocorrerem em animais adultos e jovens, são mais comuns nestes últimos. O número de parasitas no HD é variável, podendo ocorrer infestações maciças que são responsáveis por causar obstrução intestinal e irritação da parede intestinal dos hospedeiros, através da ação mecânica das ventosas. MORFOLOGIA: -Muito semelhante à Moniezia expansa. -O parasito adulto mede 3m podendo chegar a 6m de comprimento por 2,6 cm de largura. -Escólex cm ventosas proeminentes e sem acúleos. -As glândulas interproglotidiais apresentam-se dispostas em uma cadeia contínua e curta e se localizam na borda posterior da proglote. -Proglotes com genitália dupla e poro genital bilateral. -Testículos numerosos e ovário sob forma de massa lobada. Útero ramificado, ocupando quase toda a proglote grávida. -Ovos com formato triangular e com aparelho piriforme apresentando duas projeções em forma de gancho.

Proglote de Moniezia benedeni

Glândulas Interproglotidiais

Proglote de Moniezia expansai

FILO ASCHELMINTHES PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Animais invertebrados de corpo vermiforme, cilíndricos, pseudocelomados, não segmentados e de simetria bilateral. -Corpo coberto por cutícula bem desenvolvida, apresentando espinhos, escamas e outras estruturas. -Tubo digestivo completo, geralmente reto. -Sistema circulatório e respiratório ausentes. -Sexo separado, podendo também ser hermafroditas ou partenogenéticos. -Compreende espécies aquáticas e terrestres. -Compreende cinco classes, porém apenas a Nematoda apresenta importância médico-veterinária.

CLASSE NEMATODA CARACTERÍSTICAS GERAIS: -Aschelminthes c/ tubo digestivo completo, cavidade geral s/ epitélio de revestimento; corpo cilíndrico ou filiforme. -O comprimento do corpo varia de acordo com a espécie, de poucos milímetros a pouco mais de um metro. -Com poucas exceções, os nematóides são de sexo separado, sendo o macho geralmente menor do que a fêmea. -A maioria dos nematódeos evolui diretamente, porém, alguns exigem hospedeiros intermediários. -Podem ser de vida livre ou de vida parasitária, sendo estes últimos comumente encontrados parasitando animais (vertebrados e invertebrados) e plantas.

REVESTIMENTO EXTERNO E INTERNO: -O corpo é revestido externamente por uma cutícula hialina que pode se apresentar lisa ou com estrias transversais finas. -Em algumas espécies a cutícula apresenta estruturas particulares, como espinhos, escamas, cordões cuticulares, colar cefálico, asas cervicais e caudais, bolsa copuladora, etc... SISTEMA DIGESTIVO: -Aparelho digestivo consta de um tubo simples dividido em três regiões: Estomodeo (boca, cavidade bucal e esôfago), Mesêntero (intestino) e Proctodeo (ânus). -Boca constituída por lábios que variam de número, tamanho e forma, conforme a espécie. Presença de papilas sensoriais nos lábios.

-A cavidade bucal de algumas famílias pode conter ou não dentes ou lâminas cortantes, ambos estruturas quitinosas. -O esôfago é parcial ou totalmente muscular (sucção do alimento), de forma cilíndrica ou claviforme, revestido até certa altura pela cutícula. Presença de glândulas que secretam enzimas digestivas. O esôfago funciona como órgão de sucção porém, pode variar consideravelmente de função e de estrutura. Existem 3 principais tipos de esôfagos: Oxyuróide (c/ bulbo posterior), Rabditóide (c/ pseudo-bulbo anterior, ístmo e bulbo posterior) e Filarióide (cilíndrico e s/ diferenciação).

Pseudo-bulbo Anterior

Bulbo Posterior

Istmo

Bulbo Posterior

Rabditóide

Filarióide

Oxyuróide

-O intestino apresenta-se como um tubo geralmente achatado, quase reto. O intestino exerce papel muito importante na absorção de alimentos, sendo observada a presença de glândulas que secretam enzimas digestivas. -Nos nematódeos a absorção de alimentos pode também ser feita através do tegumento. SISTEMA EXCRETOR: -Sistema excretor tubular, constituído por dois canais que excretores, que se iniciam posteriormente e percorrem os campos longitudinais laterais em toda a extensão e terminando em um canal comum que se desemboca no poro excretor. SISTEMA CIRCULATÓRIO E RESPIRATÓRIO: -Ambos ausentes. O fluido celomático contém oxihemoglobinas que se movimentam com as contrações do corpo.

6. SISTEMA NERVOSO: -Sistema Nervoso formado por gânglios situados em torno do esôfago de onde partem nervos para frente e para trás. -Presença de órgãos sensoriais (papilas sensoriais) que são classificados de acordo com a sua localização, podendo ser cefálicos, cervicais, caudais ou intestinais.

SISTEMA GENITAL Extremidade -Sistema Genital Masculino: Posterior do Macho Constituído por testículo, canal deferente, vesícula seminal e canal ejaculador. Os machos normalmente Espículos possuem na região posterior, órgãos genitais destinados a facilitar a união entre os sexos: os Gubernáculo espículos (função de prender a fêmea, dilatar a vagina e dirigir o fluxo de esperma), o gubernáculo e a bolsa copuladora.

-Sistema Genital Feminino: Bolsa Copuladora Geralmente constituído por dois tubos alongados diferenciados em ovário, oviduto e útero.

-Antes do oviduto pode aparecer uma dilatação do tubo genital que é o receptáculo seminal. As fêmeas podem ser classificadas em: Anfidelfas (um ovário em cada metade do corpo); Prodelfas (ambos ovários na metade anterior) e Opistodelfos (ambos ovários na metade posterior). O útero é um tubo +/- alongado e cilíndrico no qual os ovos recebem casca e se desenvolvem.

CICLO BIOLÓGICO: -Normalmente os nematóides são ovíparos (fêmeas põem ovos ñ segmentados) ou ovovivíparos (ovos segmentados), podendo em raros casos (Filarídeos) também ser vivíparos (eliminam larvas). -O ciclo pode ser direto (monoxeno) ou indireto (heteroxeno – uso de HI). -A produção de ovos (Potencial Biótico) varia dentro das espécies, com a idade da fêmea, com a época do ano e em decorrência de muitos fatores ainda não determinados. -Ovos: Variam muito entre as espécies. Geralmente são elípticos e mais raramente são arredondados ou assimétricos. Geralmente possuem opérculos e são envolvidos por 3 membranas (maior resistência). -Larvas: o desenvolvimento pós eclosão passa por quatro períodos distintos (L1, L2, L3, L4 e L5 ou pré adulto), sendo a mudança de estágio acompanhada pela troca da cutícula externa. Algumas larvas sofrem as duas primeiras mudas no exterior; outras mudam de estágio no corpo do HI. Normalmente as larvas tornam-se infectantes quando atingem o terceiro estágio (L3). A larva após infectante pode atingir o HD passivamente (ingestão) ou ativamente (penetração pela pele).

PRINCIPAIS ESPÉCIES DE INTERESSE MÉDICO-VETERINÁRIO: FILO ASCHELMINTHES CLASSE NEMATODA ORDEM ASCARIDIDEA Família Ascarididae Sub Família Ascaridinae

Sub Família Toxocarinae

Super Família Heterakoidea Familia Ascaridiinae

ORDEM STRONGYLIDEA Família Strongylidae

Família Trichostrongylidae

Ascaris suun Parascaris equorum Toxascaris leonina Toxocara canina Toxocara mystax Toxocara vitulorum Ascaridia gali Ascaridia columbae Ascaridia lineata

Strongylus equinus Strongylus vulgaris Strongylus edentatus Triodontophorus sp. Trichostrongylus sp Trichostrongylus axei Trichostrongylus columbiformis Cooperia sp. Cooperia punctata Cooperia pectinata Ostertagia sp. Ostertagia ostertagi Ostertagia trifurcata Nematodirus sp. Nematodirus spatigher Nematodirus filicolis Haemoncus Haemoncus contortus Haemoncus similis

Família Ancylostomatidae

Ancylostoma sp. Ancylostoma caninum Ancylostoma brasiliensis Bunostomum sp. Bunostomum phlebotomum Bunostomum trigonocephalum

Família Cyathostomatidae Sub Famíla Cyathotominae

40 espécie -> Pequenos estrongilídeos

Sub Família Oesophagostominae

Família Protostrongylidae Sub Família Dictyocaulinae

Oesophagostomum columbianum Oesophagostomum dentatum Oesophagostomum radiatum

Dictyocaulus viviparus Dictyocaulus filaria Dictyocaulus arnfieldi

Sub Família Metastrongylinae Metastrongylus apri Metastrongylus salmi Família Stephanuridae

Stephanurus dentatus

ORDEM DIOCTOPHIMIDEA Família Dioctophimidae

Dioctophime renale

ORDEM TRICHURIDEA Família Trichuridae Sub Família Trichurinae

Sub Família Capillariinae

Trichuris discolos Trichuris suis Trichuris vulpis Capillaria hepatica Capillaria bovis Capillaria feliscati Capillaria anatis Capillaria caudinflata Capillaria contorta

ORDEM OXYURIDEA Família Oxyuridae

Oxyuris equi

Família Heterakidae

Heterakis galinarum

ORDEM RHABDISIDEA Famíla Strongyloididae

Família Rhabdisidae

Strongyloides westeri Strongyloides ransoni Strongyloides füelleborni Strongyloides agouthi Strongyloides papillosus Strongyloides avium Strongyloides ratti Strongyloides stercoralis Rhabditis sp.

ORDEM SPIRURIDEA Família Spiruridae Sub Família Spirurinae Gênero Spirocerca Gênero Habronema

ORDEM FILARIDEA Família Stephanofilaridae

Família Dipetalonematidae Gênero Dirofilaria Gênero Oncocerca

Spirocerca lupi Habronema muscae Habronema megastoma Habronema microstoma

Setaria equina Setaria cervi Setaria digitata

Dirofilaria immitis Dirofilaria repens Oncocerca volvulus Oncocerca guturosa Oncocerca cervicalis

Gênero Dipetalonema Dipetalonema reconditum Dipetalonema grassi

Filo: Aschelminthes Classe: Nematoda Ordem: Ascarididea FAMÍLIA ASCARIDIDAE CARACTERÍSTICAS GERAIS: -Os ascarídeos estão entre os maiores nematóides e ocorrem na maioria dos animais domésticos, sendo de importância veterinária tanto os estágios larvais como os adultos. -São parasitos do intestino delgado de vertebrados e apesar de não serem hematófagos, alimentam-se do conteúdo intestinal pré-digerido do hospedeiro. Ainda que os adultos no intestino possam causar definhamento em animais jovens e ocasional obstrução, uma característica importante do grupo é a conseqüência patológica do comportamento migratório dos estágios larvais. -São vermes relativamente grandes e de evolução direta (sem HI), podendo, entretanto as larvas serem encontradas em hospedeiros paratênicos (transporte). -Durante o desenvolvimento as larvas podem realizar migrações pelo corpo do hospedeiro. -Fêmeas c/ alto potencial biótico, ou seja, alta capacidade reprodutiva. PRINCIPAIS ESPÉCIES DE INTERESSE MÉDICO-VETERINÁRIO: Sub Família Ascaridinae

Ascaris suun Parascaris equorum Toxascaris leonina

Sub Família Toxocarinae

Toxocara canis Toxocara cati Toxocara vitulorum

Super Família Heterakoidea Familia Ascaridiinae

Ascaridia gali Ascaridia columbae Ascaridia lineata

MORFOLOGIA GERAL: -Vermes grandes de coloração branca ou rósea. -Macho sem asa caudal, com numerosas papilas, com 2 espículos e sem bolsa copuladora. -Fêmeas com extremidade bucal cônica, 2 ovários, ovíparas. Ovos são postos não embrionados. -Não existe cápsula bucal, e a boca consiste simplesmente numa abertura circundada por três lábios em forma de triângulo (1 dorsal e 2 ventrais).

Boca de Ascarídeo Lábio dorsal

LV

Lábio Ventral

CICLOS BIOLÓGICOS BÁSICOS: CICLO DE LOSS OU CICLO HEPATO-TRAQUEAL: -Vermes adultos no ID do animal se acasalam e a fêmea faz a postura  ovos permanecem no meio ambiente s/ embrionar  de acordo com as condições ambientais forma-se o L1  ainda dentro do ovo L1 muda para L2 e posteriormente L3 (forma infectante). Este processo (L1 até L3) dura ~ 25 a 35 dias  Pode haver a existência de hospedeiros paratênicos que irão ingerir o ovo larvado (p.ex. minhocas), neste caso o HD irá ingerir diretamente o HP e não o ovo contendo a larva L3. -Normalmente o HD irá ingerir diretamente o ovo infectado c/ L3  No Intestino Delgado do HD, em função do pH e de enzimas proteolíticas o ovo irá eclodir  L3 penetra na parede intestinal, cai na circulação sanguínea e finalmente alcança o Fígado através do sistema porta  A larva L3 irá migrar pelo fígado direta (parênquima) ou indiretamente (sist. Porta)  Através da circulação venosa a larva L3 chega ao Coração Direito  Via artéria pulmonar a larva L3 alcança o Pulmão  Larva L3 muda para L4 (nos capilares alveolares)  Dos capilares L4 migra para os alvéolos e se transforma em L5 (pré-adulto) Bronquíolos  Brônquios  Traquéia  Ajudada pela expectoração natural, L5 é tossida e deglutida, alcançando o ID, onde cresce e atinge o estágio adulto  Acasalamento  Postura. CICLO SOMÁTICO: -No ciclo somático os HD irão ingerir o ovo contendo L3  L3 irá penetrar na parede do ID, atingir a circulação e chegar até o pulmão  Coração esquerdo  Grande circulação  A partir daí atinge todos os tecidos somáticos, onde permanecem em quiescência. -Se o HD for fêmea, quando esta atingir o estádio adulto e estiver em gestação (a partir do 42° dia) as L3 nos tecidos somáticos são ativadas (fatores hormonais e queda de resistência da fêmea gestante)  Migração placentária e circulação sanguínea  Nos fetos as larvas L3 migram pelo fígado e vão p/ o pulmão onde ficam retidas até o nascimento do animal  Após o nascimento, as larvas atingem a forma adulta através do Ciclo de Loss. -Não ocorre muda no ciclo somático, apenas encistamento. CICLO DE MUCOSA: -Vermes adultos no ID do animal se acasalam e a fêmea faz a postura  Ovos permanecem no meio ambiente s/ embrionar  De acordo com as condições ambientais forma-se o L1  Ainda dentro do ovo L1 muda para L2 (forma infectante). -O HD irá ingerir o ovo contendo L2  Eclosão no tubo digestivo  Penetração na mucosa do estômago  Após 2 semanas larvas na luz do estômago migram p/ ID  Formação de um nódulo na mucosa do onde irá ocorrer a muda p/ L3 e posteriormente p/ L4  Na luz intestinal L4 se transforma em L5  Adultos fazem acasalamento e postura. -Neste caso irão ocorrer mudas fora do aparelho respiratório.

ADULTOS NO ID DO HD

Ovos expelidos nas fezes Ovo contendo L3 é ingerido pelo HD

CICLO HEPATO-TRAQUEAL Na traquéia a larva L5 é deglutida  estomago

Eclosão das larvas e penetração na mucosa do ID

L4  L5 (alvéolos)

Pulmão

Migração hepática Coração (Veia Cava)

Milk spots L3  L4 (capilares)

PATOGENIA GERAL: -Migração larvar no Fígado: *Assintomática  Número de larvas pequeno. *Sintomática  Focos hemorrágicos que irão fibrosar podendo comprometer a função do fígado. Tais pontos fibróticos são substituídos por tecido conjuntivo branco (milk spot). Este processo pode levar a uma hepatomegalia ou a uma hipertrofia compensatória do fígado. -Alterações circulatórias (fígado) -Reações de Hipersensibilidade nos pulmões devido ao líquido alergênico produzido pelo parasita durante o processo de muda. Ocorrência de processos inflamatórios  Edema c/ acúmulo de líquido e também enfisema. -Pontos hemorrágicos nos pulmões devido ao rompimento de capilares. -Larvas erráticas podem causar reações inflamatórias por onde passam. -Os adultos no Intestino Delgado podem apresentar: *Ação Espoliativa: Ingestão de alimentos já digeridos causando anemia e emagrecimento. *Ação Tóxica: Liberação de metabólitos de ação tóxica. De acordo com o grau podem ocasionar lesões nervosas. *Ação sobre o Metabolismo: Inibição de enzimas pelos metabólitos.

*Ação Mecânica: Êmbolo causado pelos vermes pode levar a um quadro de obstrução intestinal, prejudicando o peristaltismo  Ruptura intestinal. Pode ocorrer um quadro de peritonite c/ morte do hospedeiro.

FAMÍLIA – ASCARIDIDAE Sub-família - ACARIDINAE GÊNERO Ascaris -São nematódeos usualmente robustos com asa cervical ausente. -Os machos possuem cauda cônica e não possuem asa caudal e gubernáculo. -As fêmeas possuem a vulva na metade anterior do corpo; com dois úteros. -Desenvolvem-se pelo “Ciclo de Loss”.

Ascaris suum PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Ascaridinaes parasito do intestino delgado de suínos. -O A. suum é considerado irmão do A. lumbricóides (ID do Homem), uma vez que não existem diferenças morfológicas entre eles. -Desenvolve-se no hospedeiro através do Ciclo de Loss, podendo em certos casos, haver participação de um hospedeiro paratênico. -Fêmea adulta c/ alto potencial biótico (500.000 ovos/dia). Os ovos são extremamente resistentes no ambiente. MORFOLOGIA: -Quando recentemente colhido, os vermes possuem coloração rósea. -Adultos machos medem de 15-25 cm de comprimento, com extremidade anterior delgada e posterior cônica. São curvados ventralmente e não possuem asa caudal ou cervical. -A fêmeas mede de 20-40 cm, com vulva localizada no meio do corpo e os dois úteros paralelos.

CICLO BIOLÓGICO: -Desenvolvem-se pelo “Ciclo de Loss” (Hepato-traqueal). -Vermes adultos no ID dos suínos (HD) se acasalam e a fêmea faz a postura  Os ovos não segmentados são eliminados junto com as fezes e permanecem no meio ambiente s/ embrionar. -De acordo com as condições ambientais (umidade e temperatura adequadas) os ovos desenvolvem-se até L3 (forma infectante). Este processo (L1 até L3) dura ~ 25 a 35 dias. Pode haver a existência de hospedeiros paratênicos que irão ingerir o ovo larvado (p.ex. minhocas), neste caso o HD irá ingerir diretamente o HP e não o ovo contendo a larva L3. -Normalmente o HD (suíno) irá ingerir diretamente o ovo infectado com a larva L3  No ID do HD o ovo irá eclodir  L3 penetra na parede intestinal, cai na circulação sanguínea e finalmente alcança o Fígado através do sistema porta  A larva L3 irá migrar pelo fígado direta (parênquima) ou indiretamente (sist. Porta)  Através da circulação venosa a larva L3 chega ao Coração Direito  Pulmão  No pulmão a larva L3 muda para L4 (nos capilares alveolares)  Dos capilares L4 migra para os alvéolos e se transforma em L5 (pré-adulto) Bronquíolos  Brônquios  Traquéia  Ajudada pela expectoração natural, L5 é tossida e deglutida, alcançando o ID, onde cresce e atinge o estágio adulto  Acasalamento  Postura. -O PPP é de aproximadamente 2 meses. PATOGENIA E SINTOMAS: Adultos: -Espoliação de nutrientes pelo verme adultos no ID  Diminuição da conversão alimentar, ou seja, o animal tem que se alimentar mais do que o normal para atingir uma determinada massa corporal. -Adultos podem causar obstrução intestinal que é agravada por ruptura e peritonite. (altas infestações). Larvas: -Lesões Hepáticas devido a migração larval (milk spot). -Pneumonia, principalmente de origem secundária. Reações de hipersensibilidade pulmonar levando a um quadro pneumônico (alergênicos produzidos). -As larvas de A. suum podem migram pelo pulmão de bovinos sem se estabelecerem => pneumonia intersticial. -Obstrução hepática podendo levar a quadros de icterícia. Sintomatologia: -Nos animais severamente parasitados observam-se sinais de pneumonias, tosse e exudato pulmonar. Às vezes pode ocorrer diarréia. -O principal efeito dos vermes adultos é causar queda de produção em termos de menor ganho de peso. EPIDEMIOLOGIA: -É mais prevalente nas zonas tropicais e subtropicais (boas temperaturas para a eclosão dos ovos). A temperatura ótima está em torno de 31 c. -Nematoda mais importante em criações tecnificadas de suínos ( Potencial Biótico e  resistência no ambiente) -Ocorre mais comumente em leitões jovens (3-5 meses), pois os adultos são mais resistentes à infecção. -Piso de concreto e lâmina d’água favorece a infecção. Piso ripado também é problemático.

DIAGNÓSTICO: -Sintomatologia clínica -Exame de fezes ( 1 vez por ano) e necropsia nos matadouros (parasita no intestino e milk spots). TRATAMENTO E CONTROLE: -Vermifugação das porcas prenhes antes do parto. Vermifugação dos suínos jovens quando estes vão para as instalações de acabamento e oito semanas mais tarde. Vermifugação dos varrões a cada 3 ou 6 meses. -Uso de desinfetante forte nas instalações (soda cáustica). -Em suínos criados em regimes de pastos (out door), o problema é maior, e onde há ascaridíase grave pode ser necessário interromper o uso de piquetes por vários anos, uma vez que os ovos podem sobreviver.

GÊNERO Parascaris

Parascaris equorum PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Ascarídes parasita de equinos, sendo que a forma adulta se localiza no ID -Desenvolve-se no hospedeiro através do Ciclo de Loss. -Fêmea produz aproximadamente 10.000 ovos/dia. Os ovos são extremamente resistentes no ambiente. MORFOLOGIA: -Apresenta projeção cefálica proeminente. -Adultos machos medem de 15-28 cm com extremidade anterior delgada e posterior cônica, com asa caudal. Os espículos medem entre 2.0 a 2,5 cm de comprimento. -As fêmeas medem de 18-50 cm.

CICLO BIOLÓGICO: -Os parasitas se desenvolvem no Hospedeiro Definitivo através do “Ciclo de Loss”, semelhante ao Ascaris suum. -O PPP varia de 2 a 2,5 meses. PATOGENIA E SINTOMAS: -Os parasitas adultos em infecções leves são assintomáticos. -Durante o período de migração pelo corpo dos eqüídeos, as larvas podem provocar hemorragias e focos de pneumonias, com sintomas de tosse e descarga de catarro pelas narinas. -Os parasitos adultos são responsabilizados por cólicas e outros distúrbios intestinais (diarréias, enterite catarral crônica, obstrução e perfuração intestinal, peritonite). -Obstrução e perfuração intestinal têm sido relatadas como causa de mortes em eqüinos. -Em potros tem sido observado ataque epilético (SNC) devido provavelmente às toxinas secretadas pelo parasito adulto. EPIDEMIOLOGIA: -Ocorre mais comumente em animais jovens (2-6 meses), pois os adultos são mais resistentes à infecção, apesar de se apresentarem como fonte constante de infecção para os potros. DIAGNÓSTICO: -Exame de fezes ( 1x/ano) e necrópsia nos matadouros (parasita no intestino e milk spots).

CONTROLE: Controle Químico – Vermifugação: -O controle da parasitose é fundamental, pois resulta em um melhor desempenho dos animais, especialmente quando estão com elevada carga animal por área. A forma de controle adotado na maioria dos criatórios utiliza exclusivamente os compostos antiparasitários por sua praticidade e eficiência, por sua ótima relação custobenefício e pela facilidade de aquisição. Dentre os compostos disponíveis, existem quatro grupos químicos distintos que são os mais utilizados: os benzimidazóis (ex: albendazole e oxibendazole), as pirimidinas e imidazotiazóis (ex: pamoato de pirantel e levamisole) e o grupo das lactonas macrocíclicas (ex: ivermectina e moxidectin). A grande diferença entre os grupos químicos está no seu mecanismo de ação diferenciado e nas formas de eliminação parasitária. Vale lembrar, no entanto, que nenhum composto antiparasitário é eficaz contra todos os estádios de desenvolvimento dos parasitas de eqüinos. Neste particular, somente a moxidectina tem efeito moderado contra larvas encistadas de terceiro e quarto estádio e nenhum efeito contra larvas em hipobiose (Molento, 2005) -Em relação à utilização dos medicamentos, a freqüência de sua utilização pode ser de forma supressiva: tratamentos a cada 4-8 semanas, estratégica: tratamentos regulados pelas condições climáticas da região (na região sudeste deve ser feito nos meses de maio, julho e setembro) e o possível aumento do número de parasitas no animal, ou curativa: tratamentos quando o animal apresenta alta contagem de ovos nas fezes ou sinais clínicos. Sabe-se também, que a alternância entre os quatro grupos químicos descritos acima é freqüente, ocorrendo várias vezes ao ano. Esta situação é complementada pela falta de monitoramento da eficácia dos produtos utilizados, o que dificulta uma melhor avaliação do Médico Veterinário no sucesso ou não do programa antiparasitário em execução (Molento, 2005).

Controle Físico: -Separação dos animais por faixa etária. -Construção das baias em locais que permitam a radiação solar no seu interior durante um período do dia. -Ajuste da densidade animal, evitando altas cargas por período prolongado de tempo. -Limpeza diária no interior das baias e limpeza periódica dos piquetes. -Construção de esterqueiras e origem adequada das águas para as baias. -Uso de desinfetantes fortes nas instalações (soda cáustica).

GÊNERO Toxascaris -Ascaridinae com asa cervical. -Os machos possuem cauda cônica e não possuem asa caudal e gubernáculo. Os espículos são subiguais. -As fêmeas possuem a vulva no terço anterior do corpo. -Desenvolvem-se pelo “Ciclo de Mucosa”.

Toxascaris leonina PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -O adulto é parasita do intestino delgado de cães, gatos e outros felídeos. -Pode ocorrer a existência de HI (roedores e coelhos silvestres), havendo mudanças de estágio das larvas nos tecidos destes animais. O HD irá adquirir a infecção através do predatismo dos HI infectados. Importante o controle de roedores em áreas endêmicas. -Desenvolve-se no hospedeiro através do Ciclo da Mucosa (ciclo direto). No ciclo indireto não ocorre migração da larva na mucosa intestinal. -Sintomatologia semelhante à da Toxocariose intestinal. MORFOLOGIA: -O macho mede ~ 2-7 cm -A fêmea mede ~ 2-10 cm -Os nematóides adultos possuem a extremidade anterior curva dorsalmente e asas cervicais alongadas, conferindo um aspecto lanceolado ao ao verme.

CICLO BIOLÓGICO: -Vermes adultos no ID do animal se acasalam e a fêmea faz a postura  Os ovos permanecem no meio ambiente sem se embrionar e, de acordo com as condições ambientais forma-se o L1  ainda dentro do ovo L1 muda para L2 (forma infectante). -O HD irá ingerir o ovo contendo L2  Eclosão do ovo no tubo digestivo  Penetração na mucosa do estômago  Após 2 semanas larvas voltam para a luz do estomago e migram para o ID  Formação de um nódulo na mucosa do ID onde irá ocorrer a muda para L3 e posteriormente p/ L4  Na luz intestinal L4 se transforma em L5 e posteriormente em adulto  Acasalamento e postura. GÊNERO Toxocara -Toxocarinae com asa cervical, sem interlabios e esôfago com bulbo posterior distinto. -Macho com apêndice caudal digitiforme, com varias papilas na região posterior do corpo. Não Possuem gubernáculo. -Fêmea com a abertura vulvar situada na região ¼ anterior do corpo. Toxocara canis PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -O adulto é parasita do ID de cães, gatos e raposas. É um dos mais importantes parasitos de cães, principalmente de animais novos. -No homem (hospedeiro paratênico) causa uma importante zoonose conhecida por “Larva Migrans Viceral”. Esta zoonose é responsável pela ocorrência de disfunções hepáticas, oculares e nervosas em crianças pequenas. O HP normalmente se infecta pela ingestão dos ovos larvados presentes nas fezes dos HD. O diagnóstico é feito através de sorologia ou biópsia hepática. MORFOLOGIA: -São esbranquiçados, relativamente robustos, com um par de asas cervicais estreitas e semi lanceoladas. -Macho mede de 4 a 10 cm de comprimento, c/ espículos desiguais, curvos e alados. -Fêmeas c/ 5-18 cm de comprimento. -Ovos são subglobulares, de cápsula espessa e rugosa. -No cão pode ser confundido apenas com o Toxascaris leonina, do qual se diferencia apenas pela presença de um processo digitiforme na cauda (microscópico).

Asa Cervical

Ovo de T.

canis

-Com relação à sua diferenciação do Toxocara cati, além desta espécie parasitar apenas gatos e felídeos, ela possui as asas cervicais largas e estriadas, dando à extremidade anterior do corpo, um aspecto de seta.

CICLO BIOLÓGICO: -Vermes adultos no ID do animal se acasalam e a fêmea faz a postura  ovos permanecem no meio ambiente s/ embrionar  de acordo com as condições ambientais forma-se o L1  ainda dentro do ovo L1 muda para L2 e posteriormente L3 (forma infectante). Este processo (L1 até L3) dura ~ 25 a 35 dias. -Esta espécie tem o ciclo evolutivo mais complexo na superfamília, com dois possíveis ciclos de desenvolvimento: Em cães de idade superior a seis meses: *Em hospedeiros com idade superior a seis meses de idade o parasita irá se desenvolver pelo ciclo somático, ficando encistado nos tecidos dos animais. *Neste caso, os HD com idade superior a 6 meses irão ingerir o ovo contendo L3 que irá penetrar na parede do ID, atingir a circulação e chegar até o pulmão  coração esquerdo  grande circulação  a partir daí atinge todos os tecidos somáticos, onde permanecem em quiescência. Se o HD for fêmea. *Neste ciclo, caso o HD seja uma fêmea, quando ela atingir o estádio adulto e estiver em gestação (a partir do 42° dia), a L3 encistada nos tecidos somáticos podem ser ativadas (fatores hormonais e queda de resistência da fêmea gestante)  circulação sanguínea  artéria umbilical  feto  circulação sanguínea fetal  fígado  coração direito  e pulmão onde ficam retidas até o nascimento. Após o nascimento, os parasitas retidos no pulmão completam o desenvolvimento através do cilo hepatotraqueal (Ciclo de Loss). Em cães de até seis meses de idade: *O ciclo hepatotraqueal irá ocorrer em HD recém nascidos e jovens que ainda não atingiram imunidade contra o parasita (até 6 meses de idade). *No Intestino Delgado do HD, em função do pH e de enzimas proteolíticas o ovo irá eclodir  L3 penetra na parede intestinal, cai na circulação sanguínea e finalmente alcança o Fígado através do sistema porta  A larva L3 irá migrar pelo fígado direta (parênquima) ou indiretamente (sist. Porta)  Através da circulação venosa a larva L3 chega ao Coração Direito  Via artéria pulmonar a larva L3 alcança o Pulmão  Larva L3 muda para L4 (nos capilares alveolares)  Dos capilares L4 migra para os alvéolos e se transforma em L5 (pré adulto) Bronquíolos  Brônquios  Traquéia  Ajudada pela expectoração natural, L5 é tossida e deglutida, alcançando o ID, onde cresce e atinge o estágio adulto  Acasalamento  Postura. -Modos de infecção: *Em animais adultos o que ocorre é a ingestão de ovos embrionados presentes no ambiente. *Com a reativação das larvas quiescentes nas cadelas gestantes, alguns parasitas podem completar o ciclo (ao invés de atingirem a artéria umbilical) e se fixarem no ID desses hospedeiros. Neste caso, as cadelas adultas irão contaminar o amibiente com ovos de T. canis e os filhotes podem adquirir esta parasitose via oral.

*Os fetos e cães récem nascidos normalmente adquirem a infecção via transplacentária ou transmamária. *A principal via de infecção é a transplacentária, encontrando-se vermes adultos no intestino dos filhotes a partir da Segunda semana de vida. PATOGENIA E SINTOMAS: -Lesões hepáticas (milk spot) e pulmonares causadas pela migração das larvas. Alguns fetos podem morrer ante do nascimento, em função da lesão hepática provocada pela migração das larvas neste órgão. -Os vermes adultos quando em grandes infestações, podem causar obstrução intestinal com complicações do tipo perfuração e peritonite. -Ocasionalmente os animais podem apresentar convulsões (toxinas? Produzidas por vermes mortos; irritação de terminações nervosas na mucosa do intestino? ou larvas c/ migração errática?). -Os principais sintomas nos filhotes são: abdome distendido, diarréia ou constipação, inquietação, vômitos, sinais de subnutrição, pelagem sem brilho, fraqueza, obstrução intestinal e sinais nervosos. EPIDEMIOLOGIA: -Verifica-se uma maior prevalência da doença em cães com menos de seis meses de idade. -Ampla distribuição e alta intensidade de infecção devido a 3 principais motivos: (1) Alta capacidade reprodutiva das fêmeas 700 até 15.000 ovos por grama de fezes. (2) Alta resistência dos ovos no ambiente. (3) Existe um reservatório constante de infecção nos tecidos somáticos da cadela, sendo as larvas nestes locais insensíveis à maioria dos anti-helmínticos. DIAGNÓSTICO: -O aparecimento de sinais pneumônicos numa ninhada, quase sempre dentro de duas semanas depois do nascimento possibilita um diagnóstico presuntivo. -Exame de fezes dos filhotes. Encontro dos ovos característicos ou verme adulto no material vomitado. TRATAMENTO E CONTROLE: -Todos os cãezinhos devem ser tratados com 2 semanas de idade (15 dias) e novamente 2 a 3 semanas mais tarde (45 dias) para eliminar a infecção adquirida antes do nascimento. -Uma outra dose deve ser administrada aos cãezinhos aos 2 meses de idade para eliminar qualquer infecção adquirida através do leite materno (transmamária) ou por algum aumento na contagem de ovos nas fezes maternas nas semanas posteriores ao parto. -Vermifugar a cadela/gata prenhe a partir do 42° dia de gestação. -Vermifugar cães adultos a cada 6 meses durante toda a vida. IMPORTÂNCIA DE TOXOCARA CANIS NA SAÚDE PÚBLICA – “LARVA MIGRANS VISCERAL”: -A doença é causada pela migração das larvas de Toxocara canis pelo corpo do homem. -Esta doença ocorre mais comumente em crianças com muito contato com cães de estimação ou que freqüentam locais como parques públicos, onde ocorre a contaminação dos solos por fezes caninas.

-Em muitos casos, a invasão limita-se ao fígado onde causa hepatomegalia, mas em algumas ocasiões uma larva escapa para a circulação geral e atinge um outro órgão, sendo o olho o mais freqüentemente observado. Aí se forma um granuloma ao redor da larva na retina. Na maioria das vezes ocasiona perda parcial da visão com retinite granulomatosa. Raramente a o granuloma se localiza no disco óptico, levando o hospedeiro a um quadro de cegueira total. -O controle de Larva Migrans Viceral baseia-se na aplicação de anti-helmínticos nos cães em épocas pré determinadas (ver tratamento e controle, item 6). Além disso, deve ser feita a remoção das fezes caninas dos locais de contato com as crianças e caso não seja possível, a restrição destas a ambientes possivelmente contaminados.

Toxocara cati PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Parasita cosmopolita, encontrado no intestino delgado de gatos e outros felídeos. -Ocorre normalmente em infecções mistas com o Toxascaris leonina do qual se difere pela morfologia das asas cervicais. No Toxocara cati as asas cervicais têm a forma de uma ponta de flecha, com as bordas posteriores quase em ângulo reto com o corpo, enquanto as de Toxascaris leonina se afilam gradativamente. MORFOLOGIA: -Da mesma forma que os demais parasitas da família Ascarididae, o Toxocara cati apresenta os 3 lábios característicos. -Possuem asas cervicais largas e estriadas. A extremidade anterior do corpo do animal tem aspecto de seta. -Os machos medem de 3-6 cm de comprimento. As fêmeas medem de 40-10 cm -Os ovos são subesféricos.

Asa Cervical

Toxocara cati

Toxascaris leonina

CICLO BIOLÓGICO: -Nestes parasitas não ocorre transmissão transplacentária. -Normalmente os gatinhos jovens se infectam pela via transmamária e os animais adultos, através do predatismo de hospedeiros paratênicos infectados. Nestes casos, as larvas infectantes não realizam migração em outros órgãos, ficando as mudas restritas à parede intestinal (Ciclo de Mucosas). -Outro modo de infecção é pela ingestão de ovos larvados. Neste caso o parasita irá se desenvolver no organismo do hospedeiro através do ciclo hepatotraqueal (“Ciclo de Loss”). -No Hospedeiro Paratênico (HP) após a ingestão dos ovos, os parasitas irão se encistar nos tecidos e só continuarão o desenvolvimento após serem ingeridos novamente pelos hospedeiros definitivos. Os principais HP para T. cati são roedores silvestres, pequenos ruminantes silvestres e alguns invertebrados (coleópteros, minhocas e baratas). PATOGENIA E SINTOMAS: -Semelhante ao observado no Toxocara canis.

Toxocara vitulorum PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Parasito do intestino delgado de bovinos bubalinos e outros ruminantes (menos comuns). Maior prevalência em búfalos devido à predileção desta espécie por locais alagadiços (maior difusão de ovos). -Da mesma forma que o T. cati, este parasita irá fazer uma mistura de ciclo Hepato-traqueal e de ciclo de mucosa. O primeiro é de pouca importância e irá ocorrer apenas nos animais que ingerirem ovos infectantes. O ciclo de mucosas irá ocorrer em todos os animais que se contaminaram via trans-mamária (epidemiologicamente mais importante). -As fêmeas apresentam um alto potencial biótico (100.000 ovos/dia) que decresce consideravelmente c/ a idade do parasita. MORFOLOGIA: -Adultos possuem três lábios distintos, s/ papilas. -Machos medem de 15-26 cm, possuem cauda curta em forma de espinho, papilas pré e pós-cloacais. -Fêmeas medem de 22-30 cm. Ovos subesféricos c/ casca espessa e finalmente granulosa. CICLO BIOLÓGICO: -O ciclo é muito semelhante ao observado no Toxocara cati uma vez que a principal via de infecção também é a transmamária. Da mesma forma, não ocorre transmissão transplacentária. -O HD pode se infectar por duas principais vias: (1).Via Transmamária = ocorre entre os bezerros. Neste caso o hospedeiro irá se contaminar com a larva L3 que irá penetrar na mucosa do estômago e continuar o desenvolvimento através do ciclo de mucosas.

(2).Via Oral = ocorre quando o HD (bezerros acima a partir de 6 meses) ingere o ovo contendo a larva infectante L2 que irá penetrar na parede intestinal, alcançar o fígado e fazer a muda p/ L3. No fígado a larva permanecerá encistada até o HD entrar em gestação quando ela será ativada. Em torno de 8 dias antes do parto, as larvas L3 migram p/ a glândula mamária do HD. Se o HD ingerir ovos a partir deste oitavo dia, as larvas L2 migram direto p/ gl. Mamária. A transmissão p/ o filhote inicia-se a partir do segundo dia pós-parto e se estende até o 18° dia. Quando o filhote ingere o leite, a larva infectante L3 completa o seu desenvolvimento através do Ciclo de Mucosa. -Raramente irá ocorrer o desenvolvimento do verme adulto em vacas (animal já se encontra imune). O que ocorre é a migração somática c/ encistamento no fígado ou a morte as larvas infectantes que foram ingeridas. O bezerro é o único que irá albergar o parasita adulto e conseqüentemente, eliminar ovos no ambiente (de 3 a 10 semanas de idade). Sendo assim, o tratamento deve ser concentrado nesta categoria animal (Tratamento. c/ 10 dias de idade). PATOGENIA E SINTOMAS: -Massa de adultos no intestino dificulta a passagem de alimentos  Degeneração da mucosa e musculatura lisa  Diminuição da digestão e do crescimento  Constipação, anorexia, dor abdominal, podendo levar a um quadro de desidratação. -Raramente ocorre obstrução intestinal c/ perfuração, intussuscepção e peritonite. DIAGNÓSTICO: -Deve ser feito o OPG apenas em animais c/ a faixa entre 3 a 10 semanas de vida (depois para de eliminar ovos e encistam as larvas).

FAMÍLIA ASCARIDIDAE Sub Família Ascaridiinae Gênero Ascaridia PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E MORFOLOGIA: -As espécies de Ascaridia parasitam o ID das aves, onde as fêmeas fazem postura de ovos de casca lisa. -Possuem esôfago c/ bulbo posterior. -Machos c/ ventosas pré cloacal, asa caudal estreita; espículos iguais, e s/ gubernáculo. Mede 3-8 cm. -Fêmea c/ vulva abrindo +/- na região mediana do corpo. Mede de 6-12 cm. -É certamente o maior nematóide das aves domésticas PRINCIPAIS ESPÉCIES DE INTERESSE MÉDICO VETERINÁRIO: -Ascaridia galli  Parasita de galinha e peru. (mais importante) -Ascaridia columbae  Parasita de galinha e pombo. -Ascaridia lineata  Parasita de galinha. CICLO BIOLÓGICO:

-Vermes adultos no ID do animal se acasalam e a fêmea faz a postura  ovos permanecem no meio ambiente s/ embrionar  de acordo com as condições ambientais forma-se o L1  ainda dentro do ovo L1 muda para L2 e posteriormente L3 (forma infectante). Este processo (L1 até L3) dura ~ 25 a 35 dias. -As aves (HD) ingerem o ovo contendo a larva infectante L3  Eclosão dos ovos no duodeno com liberação das larvas que completam o desenvolvimento através do ciclo de mucosas: Ciclo de Mucosas = No ciclo de mucosas não ocorre e migração das larvas pelo corpo do animal. O HD irá ingerir o ovo contendo L3  Eclosão no tubo digestivo  Penetração na mucosa do estômago  Após 2 semanas larvas na luz do estômago migram p/ ID  Formação de um nódulo na mucosa do onde irá ocorrer a muda p/ L4 e posteriormente p/ L5  Na luz intestinal os adultos fazem acasalamento e postura. -Algumas minhocas podem ingerir os ovos larvados e funcionarem como hospedeiros paratênicos (HP). -O PPP é de 5-6 semanas. EPIDEMIOLOGIA: -Infecção mais frequente em aves jovens (até 3 meses de idade) do que em adultos. -Maior problema em confinamentos do que em criações extensivas. Ovos encontram ambiente propício p/ desenvolvimento próximo aos bebedouros (locais úmidos e sombreados). As camas de frango usadas em granjas tecnificadas também constituem um ambiente propício p/ o desenvolvimento do parasita. PATOGENIA E SINTOMAS: -Lesão da mucosa e enterite catarral. Erosão na mucosa intestinal pelos vermes adultos (ação mecânica). -Adultos em grandes quantidades podem causar obstrução intestinal. -Os sintomas só ocorrem em caso onde se verifica infestações massivas: diarréias, c/ sangue às vezes, anemia, emaciação e perda de vivacidade. DIAGNÓSTICO PARASITOLÓGICO: -Necrópsia é a forma mais comum de diagnóstico. TRATAMENTO E CONTROLE: -Quando as aves são criadas em um sistema extensivo e a ascaridiose constitui um problema, as aves jovens devem, se possível, serem agrupadas e criadas em solo previamente não ocupado por aves. -Como o nematóide também pode ser um problema em alojamento com camas densas, devem ser utilizados sistemas de alimentação e fornecimento de água que limitem a contaminação dos alimentos e das águas por fezes. -Tratamento dos animais através da adição de anti-helmínticos (piperazina, levamizol ou benzimidazol) na ração ou na água de beber.

Filo Aschelminthes Classe Nematoda Ordem Strongylidea PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Possuem boca bem desenvolvida ou rudimentar, com lábios ou coroa radiada. -Os machos possuem bolsa copuladora e dois espículos iguais. -Principais famílias de interesse médico veterinário: Família Trichostrongylidae

Coroa Radiada Vesícula Cefálica

Família Strongylidae Família Cyatostomídae

Vesícula Cervical

Família Ancilostomatídae Família Stephanuridae Papila Cervical

Papila Cervical

Família Ancylostomatidae Família Protostrongylidae

Asa Cervical

FAMÍLIA – TRICHOSTRONGYLIDAE

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Os adultos são parasitas de ID e Abomaso de ruminantes; algumas espécies parasitam também eqüinos, suínos e aves. É nesta família onde se encontram os nematódeos de maior patogenia aos ruminantes, principalmente aos bovinos. -Encontra-se distribuído em praticamente 100% do território nacional sendo observado o favoritismo de algumas espécies por determinadas regiões. Este comportamento está intimamente ligado ao perfil climático do lugar. Normalmente o que ocorre no campo são infecções mistas. Os quadros patológicos, portanto serão resultados das interações entre os diversos parasitas. MORFOLOGIA: -Nematóides delgados de cavidade bucal reduzida ou ausente. -São de pequenas dimensões (os maiores medem menos de 4 cm). -Possuem abertura bucal pequena com 3 a 6 lábios ou sem lábios. Não possuem coroa radiada. -Os machos possuem bolsa copuladora bem desenvolvida. -Ovos com cápsula delgada e segmentados quando são expelidos pelo hospedeiro. -A infecção ocorre pela ingestão das larvas infectantes. Para tanto ocorre a migração da larva infectante L3 para a ponta do capim onde ela será ingerida pelo hospedeiro. Considerando que a movimentação das larvas é feita através das gotículas de H2O e orvalho presentes nas plantas, o fator umidade é limitante para a infecção dos animais o que explica uma maior taxa de infecção (translação parasitária) nos períodos úmidos do ano (primavera e verão na região sudeste).

CICLO BIOLÓGICO: -Os vermes adultos vivendo na luz intestinal, fazem postura dos ovos embrionados que serão eliminados p/ o meio exterior junto com as fezes. Nas fezes, em presença de oxigênio, os ovos eclodem dando origem a larvas L1 de esôfago rabditiformes. No meio ambiente, a larva L1 se alimenta de matéria orgânica e sofre a muda p/ L2 (esôfago rabditiformes) que também se alimenta e então se transforma em L3 ou larva infectante. Esta larva possui esôfago filarióide e ñ se alimenta. Além disso, conserva a cutícula do último estágio como fator de proteção. O período decorrido entre a emergência da larva L1 e a formação da larva L3 é de aproximadamente 7 dias. Em temperatura mais alta o período é mais curto, porém a larva L3 sobrevive por menos tempo devido ao aumento do metabolismo. -As larvas infectantes procuram sair das fezes migrando através da vegetação das pastagens, utilizando para tanto as gotículas de água que ficam retidas nas plantas. Algumas larvas permanecem retidas no solo. Dependendo das condições ambientais as larvas podem sobreviver por longos períodos (umidade e temperatura favoráveis). Uma vez que são repelidas pela luz, as larvas L3 freqüentemente procuram locais sombreados, porém, são governadas pelo fator umidade e não por qualquer outro estímulo, dentro de uma faixa de temperatura, variável para cada espécie de nematóide. -A larva infectante, quando ingerida pelo hospedeiro, emerge da cutícula protetora na luz do tubo digestivo. Quando se trata de parasitas que se localizam no abomaso, a larva irá emergir no rúmem; em se tratando de parasitas de intestino delgado, a larva irá emergir no abomaso. Libertada da cutícula protetora, a larva L3 entra na fase do ciclo histotrófico durante a qual se alimenta dos tecidos do hospedeiro (duração desta fase depende da resistência ou imunidade do hospedeiro contra o parasito). Para tanto a larva penetra na mucosa do abomaso ou ID, onde irá sofrer duas mudas p/ L4 e posteriormente p/ o estádio adulto. Os adultos na luz do trato digestivo irão se acasalar e produzir ovos. -O PPP depende da espécie de Tricostrongilídeo, da idade, grau de resistência e outros fatores intrínsecos do hospedeiro. Em uma média geral, fica em torno de 3 a 4 semanas.

Parasita no ID/Abomaso do HD Acasalamento

Na Mucosa L3  L4  L5

Libertada da cutícula, a L3 penetra na mucosa do Abomaso / ID

Ovos embrionados espelidos c/ as fezes

Eclosão no M.A L1 Se alimentam de M.O

L2

L3 Forma Infectante

Não se alimenta

PATOGENIA GERAL: -A penetração das larvas nos tecidos causa destruição das células estomacais ou intestinais, o que provoca uma perda de função do órgão. Com isso os processos digestivos ficam prejudicados (absorção alimentar, secreção de enzimas, etc...). -A larva e os adultos podem ser hematófagos ou se alimentarem dos metabólitos do hospedeiro. Isso pode provocar quadros de desnutrição ou hipoproteinemia devido à perda de albumina do sangue com conseqüente edema generalizado. -Durante a mudança de estágio larval no aparelho digestivo do hospedeiro, irá ocorrer a liberação do líquido de muda que é extremamente alergênico, causando reação inflamatória no local  Edema. -Normalmente se observa edema sub-mandibular em bovinos (papeiras) e ascite em caprinos. -Alguns parasitas podem provocar lesão no abomaso, principalmente nas glândulas produtoras de HCl e pepsinogênio. Com a diminuição da secreção de ácido clorídrico ocorre um aumento do pH do estômago. Nestas condições (pH básico) a digestão de proteínas irá parar, provocando nos animais um quadro conhecido por dispepsia. -Espécies de parasitas hematófagos podem produzir substância anti-coagulantes durante o processo de alimentação (Haemoncus sp.). Tais substâncias prolongam a hemorragia no local de fixação em até 6 minutos após a saída do parasito. -No intestino delgado onde o parasita se fixa, podem ocorrer úlceras com necrose da mucosa, levando a uma substituição de tecidos mortos por tecido fibroso com conseqüente diminuição da área de absorção. -Os catabólitos produzidos pelo parasito induzem a liberação da Coleocistoquinina, um hormônio intestinal que irá agir no hipotálamo inibindo o centro da fome. Desta forma, os animais entram em um quadro de Anorexia, que é o principal responsável pela redução do peso corporal.

SINTOMAS MAIS COMUNS: -Os efeitos variam com a idade do animal, com grau de resistência, com a intensidade da carga parasitária, com as espécies de helmintos envolvidos e com o estado nutricional dos animais. -Os animais novos, fêmeas gestantes e em lactação sofrem mais intensamente que os animais adultos (imunidade). -Na forma aguda os sintomas observados são: gastroenterite catarral; rápida perda de peso; diarréia associada c/ desidratação e anemia moderada. -Na forma crônica os sintomas mais evidentes são: debilidade, emaciação e edema nas partes baixas e intermandibular (papeira), anemia e diarréia. Os animais mostram decréscimo na produção de leite, carne e lã.

PRINCIPAIS GÊNEROS DE INTERESSE MÉDICO VETERINÁRIO: GÊNERO: TRICHOSTRONGYLUS: (a) Características Gerais e Morfológicas: -São parasitas pequenos e delgados (± 0,5 cm). As maiores espécies não ultrapassam 10 mm de comprimento. -A extremidade anterior não possui dilatação cuticular. -Possuem fenda cefálica (suco excretor) característica. -Os machos possuem bolsa copuladora simétrica, espículos curtos e fortes e gubernáculo distinto.

(b) Principais espécies de interesse Médico-Veterinário: Trichostrongylus axei: Abomaso ruminantes / ID de eqüinos T. colubriformis : ID de ruminantes T. retortaeformis: ID de coelhos

Extremidade Posterior do Macho Espículos Gubernáculo

Bolsa Copuladora

(c) Ação Sobre o Hospedeiro: -Não são Hematófagos -Quando são parasitas de Abomaso só causam patologias se presentes em infecções maciças. Geralmente desempenham papel aditivo aos danos causados pelas espécies dos gêneros Haemonchus e Ostertagia. Os adultos lesam a mucosa estomacal ocasionando uma reação inflamatória com erosão e hiperplasia na mucosa. -Quando são parasitas de ID penetram entre as glândulas da mucosa, formando túneis sob o epitélio. Quando estes túneis contendo os vermes se rompem ocorrem hemorragias e edemas consideráveis com perdas de proteínas plasmáticas na luz intestinal. Macroscopicamente ocorre enterite do tipo catarral, com achatamento das vilosidades e redução da área de absorção de nutrientes. -Onde os parasitos se agrupam em maior quantidade ocorre erosão da superfície da mucosa. -Nas infestações maciças, ocorre diarréia que, juntamente com a perda de proteínas na luz intestinal, resulta em redução de peso. -Os principais sinais clínicos em infecções maciças são perda de peso rápida e diarréia. Em níveis mais baixos de infecção, observa-se inapetência e diminuição do ritmo de crescimento.

GÊNERO: COOPERIA: (a) Características Gerais e Morfológicas: -Parasitos muito pequenos, delgados e de coloração avermelhada. (< 1 cm). -Possui vesícula cefálica na extremidade anterior e estrias cuticulares transversais na região esofágica. Estas são as características específicas do gênero. -Os machos possuem bolsa copuladora simétrica, com espículos fortes, curtos e geralmente com uma expansão rugosa em forma de asa. -Não possuem gubernáculo. -Fêmeas possuem a extremidade anterior cônica, terminando em ponta mais ou menos aguda. Vesícula Cefálica

(b) Principais espécies de interesse Médico-Veterinário: Cooperia punctata

ID de ruminantes (+ bovinos)

C. pectinata

ID de ruminantes (+ bovinos).

C. oncophora

ID de ruminantes (+ bovinos).

(c) Ação Sobre o Hospedeiro: -São hematófagos. -Lesões semelhantes às causadas pelos Trichostrongylus que parasitam ID. O parasito também cava túneis na mucosa intestinal. -As lesões se concentram no duodeno levando a uma inflamação catarral com hemorragias e espessamento da parede intestinal. Desta forma, observa-se uma diminuição da absorção de alimentos, com aumento do trânsito intestinal e conseqüente diarréia. -Isoladamente causam anemias devido ao consumo de sangue pelo parasita.

GÊNERO: OSTERTAGIA: (a) Características Gerais e Morfológicas: -Talvez seja a causa mais comum de gastroenterite parasitária em bovinos e ovinos. A doença é conhecida por ostertagiose, caracteriza-se por perda de peso e diarréia, acometendo tipicamente os animais jovens durante seu primeiro período de pastejo. -São vermes delgados, castanho avermelhados de até 1 cm de comprimento. -Não possuem vesícula cefálica na região anterior -Macho c/ bolsa copuladora c/ lobo dorsal pequeno e c/ membrana bursal. Gubernáculos fusiformes e espículos curtos. -As fêmeas possuem a vulva na metade posterior do corpo, protegida por um processo vulvar. A extremidade posterior é cônica e sem espinho terminal. -Ocorrem comumente em regiões frias (Sul do Brasil). (b) Espécies de interesse Médico-Veterinário: Ostertagia ostertagi: Abomaso de bovinos e ovinos O. trifurcata:

Abomaso de ovinos, caprinos e bovinos

O. circumcincta:

Abomaso de ovinos, caprinos e bovinos.

(c) Ação sobre o Hospedeiro: -São Hematófagos. -As larvas L3 que penetram na mucosa do abomaso, formam nódulos de aproximadamente 1 a 2 mm de diâmetro. As larvas podem permanecer em hipobiose nestes nódulos ou realizarem as mudas para os estágios seqüentes. -Ao abandonar a mucosa, o parasita irá lesar as glândulas produtoras de HCl, elevando-se o pH do abomaso de 2 para 7. Isso resulta em incapacidade de ativar o pepsinogênio em pepsina e, portanto, digerir as proteínas. Os resultados dessas alterações são o extravasamento de pepsinogênio na circulação com níveis plasmáticos elevados de pepsinogênio e perda de proteínas plasmáticas na luz intestinal, culminando em hipoalbuminemia. -Com o aumento do pH, algumas bactérias anaeróbicas se desenvolvem rapidamente causando putrefação da ingesta com acúmulo de gás. Este processo leva a um aumento do peristaltismo com conseqüente diarréia.

-O principal sinal clínico é uma profusa e aquosa diarréia. A pelagem dos animais acometidos é opaca e sem brilho (perda de aminoácidos) e os quartos posteriores encontram-se persistentemente sujos de fezes.

GÊNERO: NEMATODIRUS: (a) Características Gerais e Morfológicas: -Comuns em regiões frias (Sul do Brasil). -Delgados e atenuados anteriormente, com vesícula cefálica cuticular e estrias transversais na extremidade anterior. -Machos possuem bolsa copuladora com espículos longos e delgados, soldados na extremidade distal. Não possuem gubernáculo. -As fêmeas possuem cauda curta e truncada, terminando em um apêndice delgado em forma de espinho. -Os ovos são grandes, em relação aos dos outros gêneros. -Parasitam a região média do ID. (b) Espécies de interesse Médico-Veterinário: Nematodirus spatigher

ID de ruminantes

N. fillicolis

ID de ovinos

N. abnormalis

ID de ovinos

(c) Ação sobre o Hospedeiro: -Aparentemente não sugam sangue, mas podem causar danos mecânicos no epitélio do jejuno provocando uma enterite catarral com erosão epitelial e infiltração celular. Os maiores danos são causados pelo estágio larval.

GÊNERO: HAEMONCHUS (a) Características Gerais e Morfológicas: -Importante em caprinos. -Os adultos são facilmente identificados por sua localização específica no abomaso e seu grande tamanho. Pode atingir até 3 cm (H. contortus) ou 1,0-1,5 (H. similis). -Na extremidade anterior, o parasito apresenta duas papilas cervicais semelhante a uma barbatana. -Presença de papilas cervicais e de uma lanceta minúscula no interior da cápsula bucal. -No macho a bolsa copuladora é formada de um lobo dorsal assimétrico e dois lobos laterais desenvolvidos. Possui espículos curtos com ganchos. Possui gubernáculo. -Na fêmea a vulva localiza-se na extremidade posterior do corpo e é protegida por um processo vulvar, conhecido por Flap.

(b) Espécies: Haemonchus contortus:

Abomaso de ruminantes.

Haemonchus similis:

Abomaso de bovinos

(c) Ação sobre o Hospedeiro: -São essencialmente hematófagos causando uma anemia do tipo hemorrágico. Cada verme remove aproximadamente 0,05 ml de sangue ao dia por ingestão e por perda direta nas lesões. -No abomaso as larvas L3 e L4 penetram profundamente nas glândulas da mucosa gástrica. -Os vermes adultos e as larvas L4 sugam sangue e lesam a mucosa do abomaso provocando gastrite. -Os parasitos possuem glândulas esofagianas que liberam uma substância anticoagulante durante o hematofagismo. Tais substâncias prolongam a hemorragia no local de fixação em até 6 minutos após a saída do parasito. O tempo médio gasto pelo hematófago p/ se alimentar é de aproximadamente 12 minutos. -A espoliação sanguínea leva a um quadro de hipoalbuminemia com edema sub mandibular (papeira).

EPIDEMIOLOGIA GERAL: -Os ruminantes adquirem os tricostrongilídeos durante o pastejo. A contaminação das pastagens é mantida pelos animais adultos com infecções subclínicas. -No Brasil, todo rebanho deve ser considerado parasitado (100% de prevalência) e todas as pastagens devem ser consideradas contaminadas. O aparecimento da doença clínica é o resultado da interação parasito hospedeiro (desequilíbrio). -A prevalência das várias espécies de tricostrongilídeos, a intensidade de parasitismo, e o aparecimento da doença nos animais e nos rebanhos dependem de vários fatores, entre eles: FATORES INERENTES AO MEIO AMBIENTE: Umidade Relativa: Fator limitante. 100% de umidade relativa é ótimo para o desenvolvimento das larvas. A dessecação exerce a mais rápida ação letal entre as formas larvais. As larvas podem sobreviver durante longos períodos de tempo no microclima existente na base da vegetação, onde o grau de umidade é elevado devido à transpiração das plantas e do solo. Importante para a movimentação das larvas infectantes pelo capim. Temperatura: Desempenha um papel muito importante no desenvolvimento dos ovos nas pastagens. A temperatura ideal é entre 22 a 26°c. A partir de 15°c já é favorável. Em temperaturas muito baixas observamos a hipobiose e em temperaturas muito altas as larvas se tornam hipercinéticas e podem morrer rápido. A

temperatura média mensal em MG é ideal para o desenvolvimento e manutenção dos tricostrongilídeos. Nos meses quentes e chuvosos (primavera e verão) é observado um grande aumento na população parasitária. Clima: É um dos fatores mais importantes na disseminação dos triscostrongilídeos. As condições de clima quente e úmido, nas zonas intertropicas, favorecem a disseminação e manutenção desses parasitas. Solo: O solo arenoso e de maior porosidade facilita a movimentação das larvas e a sua sobrevivência (caso elas tenham que se enterrar para ñ sofrerem dessecação). O solo argiloso ñ permite a penetração das larvas  morte. Topografia: As baixadas normalmente constituem zonas mais contaminadas e consequentemente mais favorável ao desenvolvimento e infecção pelo parasito, pois elas retêm a umidade do terreno. Tipo de forrageira: Forragens com folhas longas formam touceiras que proporcionam um microclima favorável para a sobrevivência das larvas. Por outro lado, nas forragens de folhas mais curtas, os animais são obrigados a pastejar mais próximos ao solo, ingerindo uma maior quantidade de larvas. As larvas L3 nas pastagens têm baixa dispersão, sendo que migração horizontal máxima atingida é cerca de 1 metro e, a maioria das larvas sobe até aproximadamente 20 cm. Com isso, manejo de pastagens em alturas maiores tende a diminuir a translação parasitária, além de proporcionar uma maior disponibilidade de matéria seca nos pastos e de evitar praga de pastagens como a cigarrinha. O manejo adequado do pasto é essencial a fim de manter os animais melhores nutridos e poder responder imunologicamente melhor às verminoses Densidade animal: Altas densidades favorecem a disseminação do parasito, a contaminação ambiental e consequentemente, a infecção dos hospedeiros. Tipo de Manejo: Está diretamente ligado à densidade animal. Nas criações extensivas, a densidade é menor com pouco contato entre os animais e consequentemente menor taxa de infecção entre os bezerros. Este tipo de manejo apresenta-se menos favorável para a sobrevivência e disseminação do parasito. Por outro lado, nas criações intensivas como é o caso da maioria do rebanho leiteiro nacional, a alta densidade animal e a utilização de currais coletivos, aumenta a possibilidade de ocorrência de gastroenterites por nematóides. Tipo de Nutrição: Animais alimentados c/ leite de soja são mais infectados do que aqueles alimentados com leite integral, uma vez que a composição desse último é desfavorável ao desenvolvimento do parasito. Isso justifica o fato de que no período de amamentação do bezerro, normalmente o nível de infecção é baixo. O tipo de fermentação do leite é desfavorável ao parasito. FATORES INERENTES AO PARASITO: Patogenicidade: Alguns parasitos são mais competentes em provocar a doença no animal. Isto depende principalmente da localização e dos hábitos destes no tubo digestivo. Normalmente os nematóides hematófagos são mais patogênicos que os histiófagos. Algumas espécies se adaptam melhor em determinadas temperaturas. Isso limita a ocorrência desses parasitos em certas regiões. Por exemplo, as espécies dos gêneros Nematodirus e Ostertagia se adaptam melhor em regiões de clima frio como é o caso do Sul do Brasil (RS). As dos gêneros Cooperia e Trichostrongylus se adaptam em quase todas as regiões climáticas. As espécies do gênero Haemoncus predominam em regiões de climas intertropicais (quente e úmido). Em MG, SP e GO a composição genérica dominante inclui: Haemoncus e Cooperia. FATORES INERENTES AO HOSPEDEIRO: Idade: Os animais mais jovens são mais suscetíveis, pois ainda não desenvolveram resistência. Normalmente a primeira infecção coincide com a desmama do animal (Gado de leite  2 meses; Gado de Corte  3 a 7 meses). O período crítico corresponde dos 12 aos 20 meses de idade. Grau de Imunidade: Após uma infecção por tricostrongilídeos, os ruminantes adquirem certo grau de imunidade que se manifesta pelo prolongamento do período pré-patente, desenvolvimento mais lento dos helmintos,

decréscimo ou inibição da ovipostura, redução do período de vida dos helmintos e cura espontânea. Quando adulto, o animal apresenta um certo grau de imunidade que o protege contra o desenvolvimento do quadro clínico, mas não impede a infecção subclínica (animais portadores). Estado fisiológico do animal: No final da gestação e início da lactação as fêmeas ficam mais susceptíveis em adquirir uma infecção por tricostrongilídeos. Isso ocorre provavelmente devido à ação de hormônios imunossupressores. Este período dura aproximadamente 2 meses e é de fundamental importância no controle das verminoses. Estado Nutricional do animal: O estágio nutricional ou escore corporal do animal é de fundamental importância na determinação da ocorrência da doença clínica. Animais desnutridos são mais comumente abalados pela verminose. Deve-se levar em consideração a disponibilidade de forragens para se preconizar o tratamento dos animais. Na época seca, os animais não estão se alimentando suficientemente, por isso preconiza-se o tratamento com anti-helmíntico. Estresse: Algumas situações estressantes, como por exemplo a desmama, fazem com que os animais apresentem uma queda na imunidade e se tornem mais vulneráveis às infecções.

DIAGNÓSTICO: -Os animais de campo são todos suscetíveis às infecções verminóticas, especialmente os jovens. Entretanto, a presença de determinadas espécies de helmintos no trato digestivo nem sempre apresenta um perigo iminente. A patogenicidade verminótica e a intensidade de infecção por nematódeos gastrointestinais estão diretamente relacionadas com: idade e imunidade do animal, as espécies de helmintos, o grau de infestação e a suscetibilidade do animal e as condições ambientais (solo, relevo, clima, etc...) EXAME CLÍNICO: -Pelos arrepiados, animal magro e c/ mucosas pálidas. Edemas de membros e submandibular. -Não é o mais indicado pois a sintomatologia causada pelas diferentes espécies de helmintos, na maioria das vezes confunde-se entre si, além de assemelhar-se com a causada por outras enfermidades. EXAME LABORATORIAL: -Hemograma: detecta a anemia nos animais submetidos às infestações por vermes hematófagos (Haemonchus sp., Cooperia sp., Bunostomum sp.) -Contagem de Ovos por Grama de Fezes (OPG): Fazer em aproximadamente 10% de cada categoria animal. Colher amostrar diretamente da ampola retal de forma aleatória. Com o OPG obteremos um diagnóstico de rebanho, determinando apenas a ordem dos parasitos envolvidos. Em rebanho de leite A e B fazer de 6/6 meses. Em rebanho de leite tipo C e de corte fazer uma vez por ano. Acima de 600 ovos por grama de fezes preconiza-se o tratamento emergencial do rebanho. A partir dessa técnica é possível identificar a ordem do parasito baseando-se no aspecto dos ovos.

CONTROLE: CONTROLE QUÍMICO: (a) Tratamento Curativo ou Tratamento Clínico: -É aquele método em que o criador só trata os animais quando esses apresentam a verminose clínica. Tais animais representam uma importante fonte de contaminação ambiental.

-Considerando a distribuição bionominal, estes animais são justamente aqueles 10% do rebanho (animais de “fundo”) que albergam 50% da população parasitária. O tratamento desses animais garante que uma alta carga de helmintos seja eliminada do rebanho. Contudo, o ideal é que não exista necessidade que esse tipo de medida seja tomado uma vez que no momento em que este tratamento é feito, a verminose já causou todo o prejuízo aos animais acometidos. Este tipo de tratamento não melhora a produtividade dos animais e nem elimina a carga parasitária do ambiente uma vez que as populações de vida livre permanecem altas nas pastagens. -A necessidade de se empregar o tratamento curativo no rebanho está diretamente ligada a problemas de manejo que permitiram que a doença clínica se manifestasse. Em situações nas quais o tratamento curativo não pode ser evitado é ideal que os animais tratados sejam posteriormente submetidos a uma dieta com maiores índices nutricionais. Desta forma, o vermífugo deve funcionar como um “ponta pé” inicial à recuperação do bovino, aliado à conscientização do produtor no sentido de implementar medidas de prevenção e de controle estratégico na propriedade. (b) Tratamentos Tradicionais: -Os tratamentos antihelmínticos tradicionais são os mais usados e estão geralmente associados aos aspectos culturais do meio rural que são passados de uma geração para outra. -O mais comum é aquele que consiste em duas vermifugações, geralmente em todo o rebanho, uma na entrada da estação chuvosa e outra na entrada da estação seca. Este método não apresenta quase que nenhum efeito sobre as populações de vida livre (95% da população total) e seus resultados são semelhantes aos obtidos com os tratamentos curativos, consistindo basicamente na melhoria do estado orgânico daqueles animais mais severamente acometidos pela verminose. -Outra falha deste tratamento é que ele geralmente inclui animais adultos da propriedade, que muitas vezes não necessitariam de serem tratados por já estarem resistentes às verminoses. Tais animais são justamente os mais pesados, portanto, com as dosagens mais caras. (c) Tratamento Estratégico: -São tratamentos suportados por trabalhos científicos realizados no campo e que têm como principal objetivo a diminuição das populações de vida livre, atingindo como alvo direto a população em parasitose. Considera-se este método racional por basear-se em conhecimentos epidemiológicos, levando-se em conta principalmente as condições climáticas da região. -Considerando que o Brasil é um país continental a distribuição pluviométrica varia de acordo com as regiões. No estado de Minas Gerais a época seca ocorre nos meses de Julho, Agosto e Setembro. -Na época das águas, as populações de vida livre estão aumentadas, pois as condições ambientais são favoráveis ao parasito. Com isso, a translação parasitária nesta época, ou seja, a passagem dos parasitos da vida livre para a vida parasitária é muito alta. Além disso, reinfecções são intensas e constantes, o que inviabiliza um tratamento neste. Por outro lado, as pastagens apresentam os maiores índices nutricionais, permitindo que os animais mantenham um padrão orgânico de resistência frente às verminoses. -Na época seca, as condições ambientais não são favoráveis ao parasito (↓ UR e Tc°), com isso ocorre naturalmente uma queda muito grande do número de larvas nas pastagens e a quantidade de parasitos nos animais é significativamente maior que a observada na época das chuvas. Além disso, na época da seca, embora a translação esteja diminuída, os bovinos sentem mais os efeitos das verminoses, pois geralmente estão com a resistência orgânica diminuída em função do baixo valor nutricional das pastagens. -Baseando-se nestes dados, a melhor época para se tratar os animais e atingir com maior intensidade a população de vida livre é durante a época seca, quando a relação população parasitária / população de vida livre, é maior.

-Considerando os três meses mais secos de cada região, preconiza-se as três vermifugações: 1ª no mês anterior ao primeiro mês mais seco, 2ª no segundo mês mais seco, 3ª após o terceiro mês mais seco. No caso do Brasil Central, estes três meses seriam junho, julho e agosto. Portanto, as três vermifugações seriam em maio, julho e setembro: Maio (Entrada da Seca): Nessa época os animais apresentam um maior número de vermes dentro do trato gastrointestinal. Nosso objetivo é limpar os animais e impedir novas infecções através do pasto. O ideal é se utilizar antihelmíntico de largo espectro que atinjam todas as formas de desenvolvimento do parasita (ovo, larva e adulto). Desta forma, produtos a base de Benzimidazóis são os mais recomendados: Endazol, Panacur, Albendathor, Ricobendazole, etc... Julho (Durante a seca): Este é o período crítico da verminose. A tendência é de haver um maior número de vermes adultos dentro dos animais e, sendo uma época de escassez alimentar, o parasitismo interno começa a prejudicar a boa performance dos animais. Neste caso, quando o tratamento foi corretamente realizado na entrada da seca (maio) espera-se que caso ainda exista algum parasito interno, essa Segunda dosificação seja capaz de eliminá-lo. O produto normalmente recomendado é aquele a base de levamisol (Ripercol) ou Tetramisol (Agroverm), pois os objetivos são controlar parasitos adultos e larvas remanecentes do tratamento anterior. É uma época do ano em que poucos ovos e vermes são depositados no pasto devido à falta de calor e de umidade, por isso não há necessidade de se utilizar drogas mais caras: o levamisol e o tetramisol cumprem perfeitamente o seu papel. Setembro (Final da Seca): Com o fim da seca e início das águas, o número de larvas no pasto começa a aumentar. Os vermes adultos iniciam a postura de seus ovos, tornando-se necessário defender os animais contra o próximo período de intensa proliferação deles nos pastos. Além disso, inicia-se aí um novo período de intenso parasitismo por ectoparasitas, como o berne e o carrapato. O objetivo do tratamento nessa época é combater a proliferação dos vermes, tanto dentro dos animais como fora destes e também reduzir a infestação por ectoparasitas. Assim podem ser utilizadas drogas como as avermectinas (Abator, Dectomax, Baymec, Ivermectin, Ivomec, Ivotan, Cydectin, etc...) DROGA Benzimidazois Levamisol Avermectinas

MAIO

JULHO

SETEMBRO

X X X

-É importante salientar que para que o tratamento seja economicamente compensável, todos os animais até os 30 meses de idade devem ser incluídos no programa e que existem variações de acordo com o tipo de criação e manejo. (d) Tratamento Tático: -São tratamentos que não podem ser previstos, sendo estipulados pelo veterinário responsável pelo programa de controle estratégico, e são baseados em diversos fatores: Modificações climáticas em anos atípicos, leva-se em conta as alterações da dinâmica das populações de vida livre nas pastagens, o que pode adiantar ou atrasar o início das vermifugações. Muito comum em anos em que a estação seca começa durante os meses

chuvosos ou naqueles em o índice pluviométrico é muito alto, ocorrendo chuva durante todos os meses. Aquisição de animais novos para a propriedade. Neste caso, se a droga utilizada for o Benzimidazol, o efeito ovicida só ocorre a partir de 8 horas pós-tratamento sendo necessário deixar o animal em “quarentena” durante esse período. As drogas Levamisole e Ivermectina não são ovicidas, e os animais devem ser retidos até 48 horas pós-tratamento. De qualquer forma, é importante tratar com pelo menos dois grupos de antihelmínticos, evitando o insucesso do tratamento caso haja resistência da população a um dos grupos. Vacas no parto. Fazendo parte do controle estratégico, é muito importante que tanto vacas como novilhas sejam vermifugadas ao parto, pois é nessa época que elas eliminarão mais ovos nas pastagens. Neste caso, essa medida tem um efeito significativo e indireto nos bezerros, pois as vacas produzem mais leite e contaminam menos as pastagens. No caso de ovelhas, esta vermifugação no pós parto é importante porque elas podem inclusive apresentar sintomas clínicos da verminose caso não sejam tratadas. Em regiões onde ocorrem Ostertagia spp, é recomendado um tratamento com antihelmíntico efetivo contra larvas hipobióticas durante o verão, quando praticamente toda a população está em hipobiose e nenhuma larva está viva nas pastagens. Este tratamento pode ser feito com Benzimidazóis em dosagem maior ou com Avermectinas dosagem convencional (99% eficaz). Antes de colocar os animais em uma pastagem que ficou em repouso, deve-se vermifugá-los 48h antes para diminuir a contaminação desta pastagem. Se for um local com histórico de resistência, usa-se dois tipos de antihelmínticos. CONTROLE BIOLÓGICO: -Através do emprego de coleópteros do gênero Dichotomius (rola bosta). Esses besouros enterram as fezes existentes nos pastos, impedindo a saída das larvas infectantes. Um besouro tem capacidade de enterrar um bolo fecal de 500g a 60 cm de profundidade, durante 24 horas em período chuvoso. -Outra alternativa que tem sido testada é a utilização de fungos nematófagos. Existem quatro principais tipos de fungos: (1). Os Predadores (Arthrobotrys oligospora e Harposporium anguillulae), (2). Os Endoparasitas (Drechemeria coniospora), (3). Os Oportunistas que parasitam ovos e (4). Os produtores de metabólitos tóxicos para os nematóides. -Embora o controle de nematódeos continue a ser realizado por anti-helmínticos, pesquisas que tornem o controle biológico e biotecnológico viáveis são necessárias. As pesquisas têm explorado o desenvolvimento de vacinas contra helmintos ou o desenvolvimento de animais geneticamente resistentes a nematódeos parasitas. Em contraste, poucas investigações têm sido realizadas para a viabilização do controle biológico de nematódeos.

CONTROLE FÍSICO: -Rotação de pastagem: não funciona na maioria dos estados brasileiros devido ao longo período de sobrevivência das larvas nas pastagens. -Construção de esterqueiras: a fermentação da matéria orgânica (chorume) elimina grande quantidade das larvas infectantes. -Construção de bezerreiros deve ser feita sempre acima do curral. -Alternância de pastagens de ruminantes c/ pastagens de equïnos.

-Cimentar ou jogar cascalho em volta do bebedouro e comedouro dos animais (Locais de maior acúmulo de fezes). -Evitar o acúmulo de fezes nas instalações e nos piquetes. -Formação de bancos de proteínas (leguminosas) como suporte nutricional p/ os animais nas épocas de menor disponibilidade de alimentos. -Evitar promiscuidade entre espécies animais. A separação deve ser feita por faixa etária procurando ajustar a carga animal ao espaço disponível.

Filo Aschelminthes Classe Nematoda Ordem Strongyloidea FAMIÍLIA PROTOSTRONGYLIDAE

GÊNERO DICTYOCAULUS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Parasito adulto encontrado nos brônquios de ruminantes domésticos e eqüinos, sendo a principal causa de “Bronquite Parasitária”. -Alta prevalência no centro-sul do Brasil (climas temperados). -Parasitos realizam ciclo direto. MORFOLOGIA: -Nematódeos de porte relativamente médio podendo medir até 10 cm de comprimento. -Possuem cavidade bucal muito reduzida. Boca circundada por 4 lábios pequenos e s/ coroa radiada. -Macho com bolsa copuladora pequena, espículos curtos e fortes e com gubernáculo. Os machos medem de 1 a 2 cm. -Fêmea com cauda reta. As fêmeas medem de 5 a 10 cm. PRINCIPAIS ESPÉCIES DE INTERESSE MÉDICO-VETERINÁRIO: -Dictyocaulus viviparus

Bovinos.

-Dictyocaulus filaria

Ovinos e caprinos.

-Dictyocaulus arnfieldi

Equídeos

CICLO BIOLÓGICO: -Adultos localizados nos brônquios dos hospedeiros se acasalam. As fêmeas produzem milhares de ovos embrionados que transportados para a traquéia junto com exudato, alcançam a laringe, são deglutidos (semelhante ao Ciclo de Loss) e atingem o tubo digestivo. As larvas L1 eclodem no intestino e chegam ao meio externo junto c/ as fezes. Alguns ovos eclodem nos brônquios e larvas L1 podem ser verificadas no escarro.

-No meio exterior, em condições ideais de umidade e temperatura L1 L2  L3 em aproximadamente 4 dias. Como em todos os estrôngilos a larva L3 infectante é filarióide e ñ se alimenta. Um modo comum de dispersão das larvas é pelos esporangiósporos dos fungos Pilobolus que crescem no bolo fecal. -Os hospedeiros ingerem as larvas durante o pastejo. As larvas L3 penetram na mucosa do ID  Circulação sangüínea  Atingem os linfonodos mesentéricos onde L3 se transforma em L4  Sangue  Ducto hepático  Coração direito  Pulmão. -No pulmão a larva L4 rompe os capilares e atinge os alvéolos  brônquios onde L4 se transforma em adultos. -O PPP é de ~ 30 dias. PATOGENIA: -É uma patogenia grave quando em grande quantidade. -Durante a penetração intestinal as larvas podem causar diarréias quando em grande quantidade. -Os parasitos irritam o epitélio brônquico o que ocasiona um aumento na produção de muco  Obstrução da árvore brônquica com redução da área respiratória  Dispnéia (dificuldade respiratória). Com a obstrução os alvéolos se dilatam e enchem de ar causando enfisemas. Além disso, pode ocorrer um quadro de pneumonia bacteriana secundária e edema pulmonar. -Fases da Patogenia: *Fase de Penetração (1º ao 7º dia)  sem sintomas *Fase de Pré-patência (8º ao 25º dia): Larvas nos alvéolos e bronquíolos Infiltrado celular espumoso (eosinófilos, macrófagos e neutrófilos) *Fase de Patência: (25º ao 60º dia): grande quantidade de muco, adultos eliminando ovos que são aspirados com as larvas: Pneumonia, enfisema, edema, ↑ da freqüência respiratória, tosse, morte *Fase de Pós-Patência (61º ao 90º dia): eliminação dos vermes adultos  epitelização pulmonar, fibrosamento dos brônquios, edema e enfisema  pneumonia intersticial aguda (aspiração de produtos de vermos mortos)  antígenos produzidos pelos vermes mortos estimulam a formação de IgE  Mortes SINTOMAS: -Sinais clínicos mais acentuados nos animais novos tais como respiração acelerada e difícil, tosse, catarro nasal, diarréia intermitente, emaciação e inapetência. Às vezes pode ocorrer enfisema. Frequentemente observa-se eosinofilia e anemia. -Nos animais adultos ocorre tosse e até dispnéia. Em casos extremos pode ser observada respiração angustiante com enfisema e edema pulmonar. EPIDEMIOLOGIA: -A bronquite verminótica ocorre com certa frequência em algumas regiões do Brasil (Zonas de alta precipitação pluviométrica).

-A dispersão da larva é facilitada pela umidade, pelo tipo de bolo fecal (fezes semi-fluidas são melhores) e pela ajuda mecânica de alguns fungos (Phycomycetes). -Animais adultos, que já sofreram infecções prévias, são mais resistentes do que os animais jovens primoinfectados. DIAGNÓSTICO: -Clínico: tosse, corrimento nasal, inapetência, emagrecimento, estertor bolhoso na auscultação. Encontro das larvas nas fezes. -Laboratorial: Técnica de Baerman irá identificar L1. -Necropsia. CONTROLE E TRATAMENTO: -Rotação de pastagens. -Formação de esterqueiras. -Separação por faixa etária, procurando colocar os animais mais jovens nos piquetes mais altos (evita a contaminação em caso de chuva). -Vermifugação.

FAMÍLIA PROTOSTRONGYLIDAE GÊNERO METASTRONGYLUS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Parasito adulto encontrado nos brônquios e bronquíolos de suínos. -Parasitas realizam ciclo indireto. Os HI são minhocas dos gêneros Lumbricus, Eisenia e Allolobophora, entre outras. MORFOLOGIA: -Possuem cavidade bucal reduzida. Boca com dois lábios trilobados e sem coroa radiada. -Macho com bolsa , espículos delicados e longos, com ou sem gubernáculo. Os machos medem de 1 a 3 cm. -Fêmea com expansão cuticular pré -vulvar. As fêmeas medem de 2 a 8 cm.

PRINCIPAIS ESPÉCIES DE INTERESSE MÉDICO-VETERINÁRIO: -Metastrongylus apri

com gubernáculo.

-Metastrongylus salmi sem gubernáculo. CICLO BIOLÓGICO: -Adultos nos brônquios se acasalam. As fêmeas produzem milhares de ovos embrionados que são deglutidos, atingem o tubo digestivo e chegam ao meio externo junto com as fezes. -No ambiente os ovos são ingeridos por minhocas de vários gêneros (HI), no intestino das quais eles eclodem e liberam as larvas L1. Ainda no HI, as larvas penetram no esôfago, papo, moela ou intestino anterior, onde se desenvolvem (L1 L2  L3). Portanto este não é um hospedeiro paratênico. -Como em todos os helmintos da ordem Strongylidea, a larva L3 é a forma infectante para o hospedeiro. -Os suínos (HD) ingerem as minhocas (HI) contendo as larvas L3 em seu interior. As larvas L3 penetram no intestino dos suínos, atingem os capilares  Linfonodos mesentéricos onde L3 se transforma em L4. As larvas L4 migram para os ductos hepáticos e chegam ao coração direito através da corrente sanguínea, seguindo para o pulmão  Alvéolos  Brônquios onde L4 se transforma em adultos. Ciclo semelhante ao verificado em Dictyocaulus sp. -O PPP é de aproximadamente 24 dias. PATOGENIA: -As larvas causam hemorragias petequiais nos pulmões. -Durante a penetração intestinal as larvas podem causar diarréias quando em grande quantidade. -Os parasitos irritam a parede pulmonar causando degeneração da mucosa e descamação do epitélio  Aumento na produção de muco que pode provocar a obstrução da árvore brônquica com redução da área respiratória  Com a obstrução os alvéolos se dilatam e enchem de ar causando enfisemas. Além disso, pode ocorrer um quadro de pneumonia bacteriana secundária e edema pulmonar.

-Os vermes adultos podem morrer nos brônquios formando nódulos semelhantes aos encontrados na tuberculose. -Os ovos e larvas de Metastrongylus podem transmitir a peste suína entre os leitões. SINTOMAS: -Dispnéia (dificuldade respiratória) e secreção nasal. -Sintomas mais acentuados nos leitões que se enfraquecem e se desenvolvem lentamente. -Morte em casos de pneumonia bacteriana secundária. EPIDEMIOLOGIA: -Mais comum a ocorrência de “Bronquite Parasitária dos Suínos” em criações não tecnificadas (porco chafurda na lama e ingere o HI). -Ovos e larvas podem sobreviver por vários meses nas minhocas e no solo úmido. DIAGNÓSTICO: -Clínico: Corrimento nasal. Presença de pneumonia bacteriana secundária (tremedeira e febre). -Laboratorial: sedimentação ou OPG -Necropsia. CONTROLE E TRATAMENTO: -Controle dos hospedeiros intermediários através do uso de baias de alvenaria ou com o chão cimentado. Estes procedimentos impedem a ingestão de minhocas pelos suínos susceptíveis. -Vermifugação dos animais. FAMIÍLIA STEPHANURIDAE PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Cavidade bucal desenvolvida, de paredes espessas e em forma de taça. -Boca sem dentes e sem lâminas cortantes com coroa radiada rudimentar. Stephanurus dentatus PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E MORFOLOGIA: -O adulto é parasito do tecido renal e perirenal dos suínos. As larvas podem ser encontradas no fígado, pâncreas, pulmões, canal espinhal e outras localizações abdominais. -Medem de 2 a 4 cm de comprimento. -Possuem cavidade bucal desenvolvida em forma de taça, circundada por seis espessamentos circulares. -Machos c/ 2 espículos subiguais e com gubernáculo. -Fêmeas ovíparas c/ cauda afilada e reta. -Apresentam aspecto manchado devido aos órgãos internos vistos através da delgada camada de tegumento. -Causam fístulas no tecido adiposo até os ureteres por onde irão migrar os ovos.

CICLO BIOLÓGICO: -Os adultos copulam na gordura peri-renal. Os ovos são lançados nos ureteres  bexiga  saem p/ o exterior através da urina. No meio externo os ovos se desenvolvem p/ L1  eclosão e desenvolvimento p/ L2 e posteriormente p/ L3. O desenvolvimento das larvas no ambiente é típico dos estrongilídeos (ordem Strongylidea). Pode haver a ocorrência de hospedeiro paratênico que ingere a larva L3 (minhocas). A contaminação pode ocorrer das seguintes formas: Oral: Pode ocorrer pela ingestão da larva através de água ou alimento contaminado c/ urina, ou através da ingestão de HP (minhocas). No estômago a larva penetra na mucosa e se transforma em L4  circulação portal  fígado. No fígado L4 se transforma em L5 que ficam migrando no parênquima hepático durante 3 meses ou mais. Após este período, perfuram a cápsula hepática e atingem a cavidade abdominal  região peritoneal  região perirrenal. Na gordura perirrenal irão formar um cisto, devido à reação do hospedeiro, onde irão se desenvolver para adultos e posteriormente produzir ovos. O PPP é de ~ 6 meses a 1 ano. Transcutânea: A larva infectante penetra pela pele e/ou mucosas ajudada por uma enzima que destrói a membrana basal da pele. Na epiderme a larva L3 muda p/ L4 que irá migrar pelos tecidos do hospedeiro até atingir um vaso sanguíneo ou linfático  coração direito  pulmão  coração esquerdo  circulação sistêmica  fígado (ou pâncreas e outros órgãos). No fígado L4 se transforma em L5 que ficam migrando no parênquima hepático durante 3 meses ou mais. Após este período, perfuram a cápsula hepática e atingem a cavidade abdominal  região peritoneal  região perirrenal. Na gordura perirrenal irão formar um cisto, devido à reação do hospedeiro, onde irão se desenvolver para adultos e posteriormente produzir ovos. O PPP é de ~ 6 meses a 1 ano. Transplacentária: neste caso a larva L4 quando entrar na grande circulação (portal ou sistêmica), irá atingir o cordão umbilical de onde passa p/ o feto. No feto as larvas L4 podem ficar em quiescência por vários meses encistadas nos tecidos  Após o nascimento o ciclo continua (cavidade abdominal => gordura peri-renal). -O cisto formado no tecido perirrenal, comunica-se com o ureter diretamente ou por meio de um fino canal comunicante (fístula), permitindo a excreção de ovos dos vermes pela urina. -É comum a migração errática de larvas pelo corpo do hospedeiro sendo estas encontradas na maioria dos órgãos e em tecidos musculares. Nesses locais, ficam retidas por encapsulamento e jamais atingem a área perirrenal. PATOGENIA: Larvas: -O principal efeito patogênico deve-se às larvas que, no final do estágio L4, possuem cápsulas bucais muito rijas capazes de lacerar tecidos, causando grande lesão no fígado e ocasionalmente outros órgãos em suas migrações.

Em infestações maciças pode causar cirrose grave, ascite e insuficiência hepática. Porém na maioria das vezes, os efeitos apenas são observados após o abate (cirrose branda c/ manchas no fígado) e o principal prejuízo deve-se à condenação das víceras dos animais infectados. -Quando se formam cistos na medula espinhal pode causar paralisia dos membros posteriores c/ arqueamento da coluna. Adultos: -Formação de cistos no tecido perirrenal que podem conter pus esverdeado (bactérias?). Em casos raros os ureteres podem estar estenosados ou fibrosados  hibronefrose. -Os ovos podem causar obstrução dos ureteres ou uretra retenção de urina  nefrite ou cistite.

Ciclo Biológico do Stephanurus dentatus Meio Ambiente

Adultos nos tecidos perirrenais

Ureteres

L1  L2  L3 (forma infectante)

se acasalam e produzem ovos

Podem ocorrer 3 tipos de contaminação

TRANSPLACENTÁRIA

ORAL

Larva L3 penetra na mucosa do ID (L3 L4) Cordão Umbilical

Fetos

Circulação Portal

Fígado (migração) (L4  L5)

No feto ...

L5 abandona o fígado e segue para a cavidade abdominal

Tecido Peritoneal

Tecido Perirrenal Formação dos cistos L5  adulto

SINTOMAS:

TRANSCUTÂNEA

Larva L3 penetra na pele ou mucosas (L3 L4)

Circulação  Coração direito  pulmão  Coração esquerdo

Circulação sistêmica

-Os animais parasitados não se desenvolvem normalmente, apresentando o crescimento retardado. -Baixa de peso nos animais acometidos. -Caso ocorra lesão hepática grave  ascite.

EPIDEMIOLOGIA: -Os vermes adultos apesar de serem pouco numerosos, apresentam um potencial biótico muito alto  grande produção de ovos  maior contaminação do ambiente. -A larva L3 no ambiente é extremamente suscetível à dessecação, necessitando de solos úmidos para a sua sobrevivência. -As fêmeas (matrizes) representam a principal fonte de contaminação para a granja uma vez que os machos são sacrificados antes dos parasitas adultos atingirem os tecidos perirrenais e iniciarem a produção de ovos. DIAGNÓSTICO: -Exame de sedimento urinário: presença de ovos. -Necropsia c/ encontro do parasito na gordura perirrenal. TRATAMENTO E CONTROLE: -O tratamento é difícil, pois é nescessário alta dose de medicamento, podendo causar danos aos animais. -Muitas vezes é necessário o sacrifício das reprodutoras contaminadas. Os machos, geralmente são abatidos antes de completar o PPP, portanto apresentam menos risco de contaminarem o criatório. -Criações tecnificadas c/ piso cimentado diminuem a probabilidade de ocorrência. Em piquetes o controle é mais difícil. -Os ovos sobrevivem por mais de 5 anos e as larvas ficam viáveis por mais de 30 dias nos anelídeos.

FILO ASCHELMINTHES CLASSE NEMATODA ORDEM DIOCTOPHYMIDEA Principais características: -Nematóides de porte médio ou grande. -Boca circundada por 1 a 3 círculos de papilas. Esôfago longo. -Machos com bolsa copuladora. -Desenvolvem-se por ciclo indireto, portanto, utilizam hospedeiro intermediário.

FAMÍLIA DIOCTOPHYMIDAE

Sub-família Dioctophyminae GÊNERO DIOCTOPHYMA Dioctophyma renale Principais Características e Morfologia: -Os nematóides adultos são parasitas dos rins, cavidade abdominal e outros órgãos do cão, raposa, lobo, homem e vários outros carnívoros. -São os maiores nematóides que infectam os animais, medindo de 14 a 100 cm. -Boca sem lábio circundada por seis papilas. -Machos com bolsa copuladora bem desenvolvida, 2 espículos sub-linguais e c/ gubernáculo. Medem de 14 a 25 cm de comprimento. -As fêmeas são ovíparas e medem de 20 a 100 cm de comprimento. -Os ovos são elípticos, castanho-amarelados, de casca espessa e rugosa. Ciclo biológico: -Os ovos saem p/ o exterior através da urina. No meio externo os ovos se desenvolvem p/ L1 (desenvolvimento muito lento). No ambiente ocorre a ingestão do ovo contendo a larva L1 por hospedeiros intermediários (anelídeos que vivem nas brânquias de certas espécies de crustáceos de água doce) onde ela se desenvolve até L3. A partir de então, pode ocorrer a participação de um segundo hospedeiro que são certas espécies de peixes e anfíbios que ingerem as minhocas infectadas. Nestes animais, não ocorrerá o desenvolvimento dos parasitas sendo portanto, hospedeiros paratênicos. -O Hospedeiro definitivo (canídeos domésticos e silvestres e o homem) irá se infectar pela ingestão da larva infectante L3 dentro do HI (anelídeos) ou dentro do HP (peixes e anfíbios. -No estômago do HD, L3 penetra na mucosa e se transforma em L4  circulação portal  fígado  Cavidade abdominal  Parênquima renal onde a larva L4 irá se transformar em L5 e posteriormente em adulto. -O PPP não é conhecido com exatidão, mas observou-se ser tão longo quanto 2 anos. Ciclo Biológico de Dioctophyma renale Parasita adulto vivendo no parênquima renal. Acasalam e produzem ovos

Eliminação dos ovos pela urina do HD

Os ovos contendo L1 são ingeridos pelos HI (anelídeos aquáticos).

No HI (L1  L2  L3)

O HD se infecta ingerindo o HI ou o HP contendo a larva infectante L3

No estômago do HD, L3 penetra na mucosa e se transforma em L4

Ingestão do HI por um HP (peixes ou anfíbios)

Circulação portal  Fígado  Cavidade Abdominal  Parênquima renal onde a larva L4 irá se transformar em L5 e posteriormente em adulto.

Epidemiologia: -Ocorre sobretudo nos estados do litoral brasileiro. -Ciclo silvestre mantido por canídeos silvestres. Ciclo urbano é mantido pelo cão doméstico. Patogenia e Sintomas: -O efeito final da infecção é a destruição do rim: Inflamação do parênquima renal no local de fixação do parasita  Obstrução c/ retenção urinária  Hematúria. -Normalmente o parênquima renal é destruído, deixando apenas a cápsula como uma bolsa com ovos. Em geral apenas um dos rins é acometido. -Podem causar cifose devido à compressão da medula espinhal pelo rim parasitado. -A infecção normalmente é assintomática mesmo quando um rim é totalmente destruído (apesar da hematúria e cifose). -Pode haver emagrecimento e depressão orgânica nos animais acometidos. Diagnóstico: -Exame de sedimento urinário: presença de ovos. -Necrópsia c/ encontro do parasita na gordura perirrenal.

Tratamento e Controle: -O tratamento deve ser cirúrgico quando necessário. -Eliminação de peixe cru na dieta dos animais e homens.

Filo Aschelminthes Classe Nematoda Ordem Strongylidea Família – Ancylostomatidae -Cavidade bucal bem desenvolvida, com dentes ou lâminas cortantes, porém sem coroa radiada. -Extremidade anterior curvada dorsalmente. -Machos com bolsa copuladora bem desenvolvida. -São hematófagos. -No homem é responsável por uma importante zoonose de ocorrência nas áreas litorâneas (“Larva migrans cutânea”).

-Animais jovens mais suscetíveis à infecção. GÊNERO Ancylostoma PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Ancylostomatidae com a extremidade anterior curvada dorsalmente. -Cavidade bucal em forma de infundíbulo (funil). -Possuem de um a três pares de dentes anteriores e podem possuir lancetas triangulares ou dentes dorsais na base. -Fêmeas possuem a vulva no terço posterior do corpo. -Machos com bolsa copuladora composta por dois espículos iguais e gubernáculo. PRINCIPAIS ESPÉCIES DE INTERESSE MÉDICO VETERINÁRIO: Anclylostoma caninum: -Verme adulto é hematófago e parasita de ID de canídeos e felídeos domésticos. -Coloração branco-acinzentada ou avermelhada. -A extremidade anterior é levemente dilatada. -Cápsula bucal globosa com três pares de grandes dentes situados na margem ventral do orifício oral. Não possuem lancetas ou dentes dorsais. -A fêmea mede de 14-20 mm. O macho mede de 11-13 mm de comprimento. -Contaminação oral e pré-natal são as mais importantes na ocorrência da doença. -No homem é responsável por uma importante zoonose de ocorrência nas áreas litorâneas a “Larva migrans cutânea” que é causada pela migração cutânea das larvas de A. caninum e A. brasiliensis que penetram na pele dos homens. -Animais jovens são mais suscetíveis à infecção.

Ancylostoma braziliensis:

-Parasita de ID de canídeos e felídeos. -Apesar de provocar hemorragia intestinal com extravasamento de plasma e conseqüente Hipoalbuminemia, esse verme não é considerado hematófago. -È o principal causador da Larva Migrans Cutânea no homem. -Possui uma coloração rosada e tem as extremidades afiladas. -A cavidade bucal possui 2 pares de dentes (2 dentes pequenos e 2 grandes). -A fêmea mede de 6,5-9 mm. O macho mede de 57,5 mm. -A contaminação oral é a mais importante na determinação da ocorrência da doença.

CICLO BIOLÓGICO: -Os adultos copulam no ID e após esta cópula, as fêmeas eliminam uma grande quantidade de ovos. Esses ovos são lançados para o meio exterior através das fezes e em condições favoráveis de oxigenação, umidade e temperatura eles se desenvolvem formando em seu interior a larva L1 que é capaz de emergir rompendo a casca. Esta larva L1 possui esôfago rabiditiforme e após se alimentar de matéria orgânica se transforma em L2. Após se alimentar a larva L2 sofre muda para L3, que possui esôfago filarióide e é incapaz de se alimentar. A larva L3 é a forma infectante. -A contaminação dos hospedeiros pode ocorrer de três principais formas, que irão determinar seus respectivos ciclos parasitários: 1.Ingestão da Larva L3 Via Oral: -É a forma mais comumente observada em A. caninum e A. brasiliensis. -Pode ocorrer pela ingestão da larva presente na água ou em alimento contaminado, ou através da ingestão de hospedeiros paratênicos (insetos e baratas). -Pode também ocorrer transmissão através do leite das larvas L3 reativadas no corpo da cadela que atingiram as glândulas mamárias (até 3 semanas após o parto). -No ID do hospedeiro, L3 penetra nas vilosidades e se transforma em L4 que após retornar para a luz intestinal, irá mudar para L5  adultos. O PPP é de 14 a 18 dias. 2. Transcutânea: -A larva infectante penetra pela pele e/ou mucosas auxiliada por uma enzima que destrói a membrana basal  Migração de L3 pelos tecidos do hospedeiro até atingir um vaso sanguíneo ou linfático  Coração  Pulmão  Alvéolos  Bronquíolos L3 se transforma em L4  Traquéia  Deglutição  No ID se transforma em adulto. -O PPP varia de 14 a 21 dias -Em algumas cadelas que se infectaram por via oral ou transcutânea, as larvas ao invés de se transformarem em vermes adultos no ID do hospedeiro, podem ficar encistadas em seus tecidos somáticos (circulação  cor. direito  pulmão  cor.esquerdo  tec. somáticos). Quando estas cadelas se tornam prenhas, as larvas encistadas são reativadas e atingirem os fetos através do cordão umbilical.

3. Transplacentária: -As larvas L3 reativadas penetram na circulação sanguínea da cadela e alcançam o feto através das artérias umbilicais. Após o parto a larva completa o ciclo no filhote pela via hepato-traqueal, dando origem a adultos no ID em apenas 10 a 12 dias. -As larvas encistadas podem também re-infectar a própria cadela quando está é exposta a fatores estressantes e imunossupressores.

PATOGENIA E SINTOMAS: -Lesões na pele no local de penetração da larva devido à liberação de substâncias que lesam o tecido, provocando hemorragias. Este quadro pode ser agravado por infecções secundárias causadas por bactérias que são carreadas pelas larvas. -No pulmão, a migração larval, provoca lesões traumáticas e hemorragias leves. Pode ocorrer pneumonia. -No ID, o verme adulto ingere quantidade considerável de sangue sendo responsável pela ocorrência de grave anemia no hospedeiro. Os vermes produzem substâncias anticoagulantes que provocam hemorragias nos postos de fixação dos parasitas. O animal pode morrer por anemia hemorrágica. -Na fase aguda observa-se uma anemia normocítica e normocrômica e na fase crônica, anemia microcítica e hipocrômica, com desequilíbrio bioquímico e metabólico do hospedeiro (recomendável a administração de ferro ao animal acometido). -Os animais acometidos apresentam as mucosas pálidas, c/ edema na região mandibular (hipoproteinemia) e anorexia. Frequentemente verifica-se sangue nas fezes dos animais.

EPIDEMIOLOGIA:

-No nosso meio, as populações de vida livre de ancilostomídeos são maiores em regiões com altos índices pluviométricos durante o ano, pois a umidade relativa é um fator essencial na sobrevivência das larvas no ambiente. -Nos canis com instalações precárias e que usa água para lavá-las, a umidade acumulada pode estar favorecer a sobrevivência das larvas no ambiente. -De modo geral, acredita-se que praticamente 100% dos ecossistemas, onde vivem os nossos cães e gatos, estejam contaminados por Ancylostoma spp e Toxocara spp. Em uma prevalência um pouco menor estariam o D. caninum e Trichuris spp. Os demais helmintos estariam confinados a situações mais específicas. DIAGNÓSTICO: -Exame parasitológico nas fezes dos animais (OPG e coprocultura). -Lembrar que os cãezinhos lactentes podem apresentar sintomatologia clínica grave (Patogenia da fase larval) antes da detecção de ovos nas fezes. -Necropsia. CONTROLE: -O tradicional feito em nematódeos para se evitar a disseminação dos ovos. -Tratar os filhotes aos 15, 30 e 45 dias de vida e depois repetir a cada 6 meses. -Vermifugação da cadela no pré-parto. -Vacina A. caninum (?) -Melhorar as condições nutricionais dos animais.

“LARVA MIGRANS CUTÂNEA”: -Doença causada no homem pela migração cutânea das larvas L3 de Ancylostoma caninum e A. brasiliense (zoonose). Neste caso as larvas não se desenvolvem em adultos, ficando a infecção restrita à pele dos hospedeiros (homens). À medida que as larvas progridem, deixam atrás de si um rastro sinuoso conhecido popularmente por “bicho geográfico”. Essas larvas também podem atingir a circulação sanguínea e serem transportadas para os pulmões, onde atravessam seus capilares e alcançam a árvore brônquica, podendo ser encontradas nos escarros. Quando ingeridas pelos homens, as L3 atingem o intestino e podem migrar através das víceras, provocando a síndrome “Larva Migrans Viceral”, ou desenvolver para o estádio adulto (muito raro). -Também conhecida por dermatite serpiginosa ou dermatite pruriginosa, esta doença ocorre normalmente em regiões litorâneas em que os animais possuem acesso irrestrito à areia das praias. -As partes mais atingidas do corpo são os pés, pernas, nádegas, mãos e antebraços e mais raramente boca, lábios e palato. -No local de penetração das L3, aparece primeiramente uma pápula que evolui assumindo um aspecto vesicular. Na sua migração, as larvas produzem uma intensa coceira e, nas lesões mais antigas, há formação de crostas, que desaparecem lentamente, deixando uma linha sinuosa escura, que posteriormente também desaparecerá.

GÊNERO Bunostomum -Extremidade anterior curvada dorsalmente. -Vermes adultos com cavidade bucal grande, com duas lâminas cortantes ventrais na margem anterior e com um ou dois pares de pequenas lancetas situadas próximas ao esôfago. -Possuem cone dorsal desenvolvido. -Machos com bolsa copuladora, dois espículos e sem gubernáculo. PRINCIPAIS ESPÉCIES DE INTERESSE MÉDICO VETERINÁRIO: Bunostomum phlebotomum: -Verme adulto é hematófago e parasita de ID de bovinos e bubalinos. -O dente dorsal da cavidade bucal é curto e grosso. Possui 4 lancetas subventrais da cavidade bucal. -A fêmea mede de 16-19 mm. O macho mede de 1012 mm.

Bunostomum trigonocephalum: -Verme adulto é hematófago e parasita de ID de ovinos e caprinos. -O dente dorsal da cavidade bucal é longo e pontiagudo. Possui 2 lancetas subventrais da cavidade bucal.. -A fêmea mede de 19-26 mm. O macho mede de 1217 mm. -Contaminação transcutânea é a mais importante. CICLO BIOLÓGICO: -Os adultos copulam no ID e após esta cópula, as fêmeas eliminam uma grande quantidade de ovos. Esses ovos são lançados para o meio exterior através das fezes e em condições favoráveis de oxigenação, umidade e temperatura eles se desenvolvem formando em seu interior a larva L1 que é capaz de emergir rompendo a casca. Esta larva L1 possui esôfago rabiditiforme e após se alimentar de matéria orgânica se transforma em L2. Após se alimentar a larva L2 sofre muda para L3, que possui esôfago filarióide e é incapaz de se alimentar. A larva L3 é a forma infectante. -A infecção dos ruminantes ocorre pela penetração cutânea das larvas infectantes (L3) que atravessam a pele em 30 minutos e atingem os capilares em 1 hora. -A larva infectante penetra pela pele e/ou mucosas  Migração de L3 pelos tecidos do hospedeiro até atingir um vaso sanguíneo ou linfático  Coração  Pulmão  Alvéolos  Bronquíolos L3 se transforma em L4  Traquéia  Deglutição  No ID se transforma em adulto (semelhante ao ciclo de loss). -O PPP varia de 1 a 2 meses.

PATOGENIA E SINTOMAS: -Lesões na pele no local de penetração da larva devido à liberação de substâncias que lesam o tecido, provocando hemorragias. Este quadro pode ser agravado por infecções secundárias causadas por bactérias que são carreadas pelas larvas. Nos bovinos observa-se dermatite nos locais de penetração da larva (geralmente nos pés). Os animais ficam batendo os pés no chão, incomodados. -No pulmão, a migração larval, provoca lesões traumáticas e hemorragias leves. Podem ocorrer pneumonias (importante em ovinos mal alimentados). -No ID, o verme adulto ingere quantidade considerável de sangue sendo responsável pela ocorrência de grave anemia no hospedeiro. Os vermes produzem substâncias anticoagulantes que provocam hemorragias nos postos de fixação dos parasitas. O animal pode morrer por anemia hemorrágica. -Na fase aguda observa-se uma anemia normocítica e normocrômica e na fase crônica, anemia microcítica e hipocrômica, c/ desequilíbrio bioquímico e metabólico do hospedeiro (recomendável a administração de Ferro ao animal acometido). Os animais acometidos apresentam as mucosas pálidas, c/ edema na região mandibular (hipoproteinemia) e anorexia. Frequentemente verifica-se sangue nas fezes dos animais. -Os animais jovens são mais suscetíveis que os adultos (imunidade). DIAGNÓSTICO: -Exame parasitológico nas fezes dos animais (OPG e coprocultura). -Necrópsia. CONTROLE: -O tradicional feito em nematódeos p/ se evitar a disseminação dos ovos. -Vermifugação estratégica em ruminantes (maio, julho e setembro). -Vermifugação tática quando necessário. -Melhorar as condições nutricionais dos animais. -Controle Físico: *Construção de esterqueiras *Construção de bezerreiros sempre acima do curral. *Alternância de pastagens de ruminantes c/ pastagens de equïnos. *Evitar o acúmulo de fezes nas instalações e nos piquetes. *Evitar promiscuidade entre espécies animais. *Separação por faixa etária procurando e ajuste da carga animal ao espaço disponível.

CLASSE NEMATODA ORDEM RHABDIASIDEA PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -São nematóides de pequeno porte, delgados e em sua maioria de vida livre. -As espécies que são parasitas, irão apresentar uma geração de vida livre e uma de vida parasitária: Geração de Vida Parasitária = É inteiramente representada por fêmeas que produzem ovos larvados por partenogênese. Essas fêmeas possuem esôfago do tipo filarióide. Geração de Vida Livre = Os parasitas apresentam sexo separado, tendo, portanto machos e fêmeas. O esôfago é do tipo rabditóide.

FAMÍLIA STRONGYLOIDIDAE Gênero Strongyloides Principais Características: -Os parasitos pertencentes a este gênero, possuem importância muito grande na área humana. O Strongyloides stercolaris, por exemplo, apesar de normalmente ocorrer parasitando cães e gatos, são freqüentemente encontrados em humanos imunossuprimidos (aidéticos, cancerosos, etc...) -Os adultos são parasitas de ID dos hospedeiros. -Como o ciclo biológico é extremamente curto e rápido, estes nematódeos são os primeiros parasitas a infectar os recém nascidos. Principais espécies de interesse médico-veterinário: -Strongyloides westeri ID de equídeos (Ovovivípara). -Strongyloides ransomi

ID de suínos (Ovovivípara).

-Strongyloides füelleborni

ID de macacos e ocasionalmente do Homem.

-Strongyloides agouthi

ID de roedores.

-Strongyloides papillosus

ID de ruminantes, coelhos, etc...

-Strongyloides avium

ID de aves (galinha).

-Strongyloides ratti

ID de ratos e outros roedores. (Ovípara)

-Strongyloides stercoralis

ID do Homem, gato e cão. (Ovovivípara)

Morfologia: -Nematóides de pequeno porte (± 3 mm até 1cm), delgados. -Espécies parasitas, heterogenéticas, apresentando geração de vida livre e geração de vida parasitária. -Geração parasitária representada por fêmea partenogenética ovípara, de esôfago filarióide e desprovida de dentes. A fêmea partenogenética (3N) apresenta vulva no terço posterior do parasita, útero anfidelfo (anterior e posterior) e cauda romba.

-Geração de vida livre de sexos separados, com esôfago rabditóide. A fêmea de vida livre (2N) apresenta metade do tamanho da fêmea partenogenética e possui a abertura da vulva no meio do corpo. O macho (N) é ainda menor (1/4 do tamanho da FP). -Larva infectante apresentando esôfago filarióide. -O ovo é pequeno, possui casca dupla e pode estar embrionado ou larvado.

Larva Rabditóide

Ovo Larvado

Ciclo biológico: -Ciclo de Vida Parasitária: A fêmea partenogenética triplóide (3N) vive profundamente inserida no ID do hospedeiro. Ela pode produzir ovos que darão origem a três tipos de larvas:  Larvas Rabditóides Haplóides (N): As larvas irão sofrer desenvolvimento no ambiente e darão origem aos machos haplóides de vida livre (L1  L2=> L3=> L4=> L5=> Macho VL).  Larvas Rabditóides Diplóides (2N): As larvas irão sofrer desenvolvimento no ambiente e darão origem às fêmeas diplóides de vida livre (L1=> L2=> L3=> L4=> L5=> Fêmea VL).  Larvas Rabditóides (3N): As larvas irão se evoluir no ambiente p/ larva infectante L3 de esôfago filarióide. As larvas infectantes originadas do ciclo direto não retêm o envoltório do estádio anterior sendo, portanto, muito sensíveis ao meio ambiente. No hospedeiro, essas larvas L3 irão dar origem às fêmeas partenogenéticas triplóides de vida parasitária. -Ciclo de Vida Livre: Os machos (N) e as fêmeas (2N) de vida livre irão se acasalar no ambiente e produzirão ovos. Em condições favoráveis de temperatura e umidade, os ovos tornam-se embrionados e, em seguida eclodem,

dando origem a larvas (L1) rabditóides, que se transformarão em larvas infectantes L3, filarióides e triplóides (3N) as quais originarão fêmeas partenogenéticas de vida parasitária após infectarem os hospedeiros. -Com relação à contaminação do hospedeiro, ela pode ocorrer também de 3 formas: *Oral: Neste tipo de contaminação, o hospedeiro ingere a larva L3 infectante que se fixa na mucosa do ID onde se transforma em L4  L5 e posteriormente, em fêmeas partenogenética (3N). *Transcutânea: A larva infectante L3 penetra ativamente pela pele do hospedeiro e alcança a circulação sanguínea  coração direito  pulmão  alvéolos (L3  L4).Na traquéia é deglutida e alcança o ID onde se transforma em L5 e posteriormente, em fêmea partenogenética triplóide (migração hepato-traqueal). *Transplacentária/ Lactogênica: A larva L3 infectante pode também alcançar a circulação sistêmica e se encistar nos tecidos do hospedeiro. Se o hospedeiro for uma fêmea e entrar em gestação a larva pode ser ativada (fatores hormonais), sair da quiescência e, através das artérias umbilicais, infectar o feto, onde irá dar origem à fêmea adulta através da migração hepato-traqueal (coração  pulmão  deglutição  ID). Pode também ocorrer a infecção dos filhotes recém nascidos através da via transmamária.

Ciclo Biológico de Strongyloides Fêmea Partenogenética (3N) no epitélio do ID do HD Partenogênes e

3 TIPOS DE OVOS

Ovos 2N

Ovo sN L1L2L3

Ovos 3N

L1L2L3

M.A

L1L2L3

M.A

Macho N de V.L.

M.A

Infectante

Fêmea 2N de V.L.

CICLO DE VIDA LIVRE Acasalam e produzem ovos

INFECÇÃO DO HD

L1L2L3 M.A

Infectante

3 Vias

ORAL

Ingestão de L3 pelo HD

Na mucosa do ID L3  L4  L5

TRANSCUTÂNEA

Penetração de L3 na pele do HD

Circulação Sistêmica

Coração Direito Pulmão  Alvéolo (L3L4)  Traquéia  Deglutição

ID (L4L5)

Fêmea Partenogenética Triplóide (3N)

TRANSPLACENTÁRIA / LACTOGÊNIA

-O PPP vai depender da via de infecção e da espécie parasita: Strongyloides westeri

PPP de 15 dias.

Strongyloides papillosus

PPP de 7 a 11 dias.

Strongyloides ratti

PPP de 5 dias.

Strongyloides stercoralis

PPP de 17 a 25 dias.

-Em casos raros pode ocorrer a eclosão dos ovos no ID e as larvas se desenvolverem até L2. Muito comum em indivíduos imunossuprimidos. As larvas L1 e L2 podem ainda penetrar na mucosa intestinal, distribuindo-se por vários tecidos do hospedeiro (auto-infecção interna). Além disso, a autoinfecção externa pode ocorrer pela transformação da larva L2 em L3 e posterior penetração desta na mucosa perianal. Patogenia e Sintomas: -Nos locais de penetração das larvas infectantes na pele, observam-se dermatites com hemorragias petequiais. Podem ocorrer infecções secundárias por bactérias carreadas pelas larvas (Bacterióides nodosus) com necrose dos tecidos ou podridão dos cascos. Nos bovinos é comum um quadro de pododermatite causada pela penetração percutânea na região dos cascos. Nos eqüinos a lesão tecidual, favorece a ocorrência de Habronemose. -As larvas que atingem o sistema linfático podem ficar retidas nos linfonodos, causando ínguas. -No pulmão ao atravessarem os capilares, as larvas podem causar hemorragias puntiformes criando um meio adequado ao desenvolvimento bacteriano  Pneumonia. Com a obstrução dos alvéolos o ar pode se acumular, causando Enfisema Pulmonar. -Quando a fêmea adulta partenogenética penetra na mucosa do ID, ocorre uma resposta inflamatória com acúmulo de linfócitos, levando a um quadro de congestão na circulação sangüínea com diminuição da oxigenação. Esse quadro pode resultar em um edema local com alteração do pH e conseqüente proliferação bacteriana ou, em casos mais graves, pode ocorrer necrose com posterior fibrosamento do intestino, diminuindo a área de absorção e provocando uma diarréia muco-sanguinolenta. Epidemiologia: -Alguns fatores podem favorecer a infecção por estrongilóides: Idade: Os animais mais jovens são mais susceptíveis. A polimerização do colágeno da epiderme nos animais mais velhos faz com que eles se tornem mais resistentes à penetração da larva pela pele (barreira física). Imunidade: Nos bovinos de corte, o pico da infecção ocorre com 2 a 3 meses e a partir de 7 meses de idade, praticamente não ocorre mais infecção. Em Bovinos de Leite o pico ocorre entre 4 a 5 meses. Após este período, as fêmeas adultas são eliminadas do ID e quando ocorrer uma re-infecção, as larvas serão levadas nos tecidos dos animais (transmissão transplacentária). No homem não ocorre imunidade efetiva. Diagnóstico: -Exame de fezes: OPG  pode ser feito o diagnóstico genérico, pois o ovo é muito característico (ovo de casca fina e larvado). O OPG é feito apenas c/ as espécies ovíparas. Baerman  utilizado c/ as espécies ovovivíparas (S. westeri, S. ransoni). São encontradas as larvas L1 que permitem apenas o diagnóstico genérico. -Exames diretos de escarro  Muito utilizados em na medicina humana. Podem ser detectadas as larvas L3 ou L4 no período crítico de infecção.

-Necropsia: diagnóstico de espécie. Tratamento: -Tiabendazol => principalmente no Homem. -Albendazol => pode causar lesões hepáticas. -Ivermectina e Levamisol =>bovinos.

FAMÍLIA RHABDITIDAE Gênero Rhabditis Principais Características: -São nematódeos de vida livre que ocasionalmente podem parasitar o conduto auditivo e pele de ruminantes, cães, gatos, eqüinos e coelhos. Podem provocar otite nos animais parasitados. -Comumente encontrado em animais de orelha grande (bovinos das raças Gir e Indubrasil). -Quando em estado avançado pode causar a morte do animal com diagnóstico neurológico. -Pode também causar uma dermatite purulenta no pavilhão auditivo dos hospedeiros. -Vetores mecânicos (principalmente moscas) podem transmitir p/ outros animais através do cerume dos ouvidos dos hospedeiros. Diagnóstico: -O diagnóstico é feito através da passagem de algodão na orelha dos animais. -Colocando o algodão dentro de um vidro contra a luz, é possível observar as larvas em movimento. Tratamento: -Higiene das orelhas e diabendazol local. Pode-se aplicar também o triatox (amitraz). -Em casos de dermatite purulenta, usar ivomec, triatox ou butox. Depende do animal acometido.

FILO ASCHELMINTHES CLASSE NEMATODA ORDEM FILARIDEA PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Os vermes adultos são parasitos do tecido conjuntivo, dos vasos sangüíneos, das serosas e de outras regiões do corpo do hospedeiro. -O ciclo é indireto, envolvendo a transmissão de larvas através de artrópodes. -As larvas eliminadas pelas fêmeas vivíparas, usualmente no sangue ou na linfa são denominadas microfilárias (s/ intestino). Normalmente as microfilárias se concentram nos pulmões, baço e nos grandes vasos, quando não estão no sangue periférico. -A larva L1 possui uma forma característica de salsicha e sofre suas mudas no corpo do HI, migrando p/ a probócide (aparelho bucal) de onde alcança o HD durante a alimentação do inseto. FAMÍLIA STEPHANOFILARIIDAE GÊNERO Setaria sp. Principais Características e Morfologia: -Adultos parasitam a cavidade peritoneal e raramente pleural dos hospedeiros. -Evolui-se por ciclo indireto, sendo os mosquitos (Culex sp., Aedes sp. e Anopheles sp.) os hospedeiros intermediários. -Espécie apatogênica. -Possui anel quitinoso peribucal. -O macho possui cauda longa e enrolada em espiral, com 4 pares de papilas pré-cloacais e pós-cloacais. -Não possuem bolsa copuladora e gubernáculo, porém, possuem 2 espículos desiguais. -Fêmea apresenta cauda com várias projeções cônicas ou espinhos. Espécies de interesse médico-veterinário: -Setaria equina -Setaria cervi -Setaria digitata.

Equinos Bovinos Bovinos, bubalinos e pequenos ruminantes

Ciclo Biológico: -Machos e fêmeas se acasalam na cavidade peritoneal e/ou pleural dos hospedeiros. As fêmeas vivíparas irão liberar as microfilárias na circulação sanguínea ou linfática  Os Hospedeiros Intermediários (mosquitos –Aedes, Anopheles, Culex) ao sugarem o sangue dos hospedeiros, irão ingerir as microfilárias que se desenvolverão no seu corpo até L3 (forma infectante). O desenvolvimento de L3 no organismo do HI pode levar até 12 dias. -Completado o desenvolvimento, a larva L3 migra para região bucal do HI que ao sugar novamente o sangue de outros animais, irá introduzir a larva L3 no organismo destes. -No Hospedeiro Definitivo a larva L3 irá se desenvolver até a forma adulta e irá se fixar nos sítios preferenciais de parasitismo.

Ciclo Biológico de Setaria sp. Machos e Fêmeas se acasalam na cavidade peritoneal dos HD

Fêmeas vivíparas liberam as microfilárias (L1) no sangue dos HD Microfilárias são ingeridas pelos HI (Culex, Aedes, Anopheles) No HI L1 L2 L3 (12 dias)

Durante a alimentação, o HI reinocula a L3 no HD

Desenvolvimento para a forma adulta no corpo do HD

Patogenia: -Os parasitas adultos em sua localização normal são considerandos apatogênicos. -As larvas de Setaria digitata podem fazer migração errática e se instalarem no canal medular onde irão causar paralisia lombar, que é irreversível e freqüentemente fatal. Porém tal patogenia é de rara ocorrência tendo sido diagnosticada apenas no Oriente Médio e no Extremo Oriente. Epidemiologia: -Maior prevalência em locais mais quentes onde existe maior abundância dos vetores (mosquitos).

Diagnóstico: -Esfregaços sanguíneos. Tratamento e Controle: -Tratamento com anti-helmíntico para se combater o parasita adulto (ivermectina). -Controle dos vetores. Evitar o acúmulo de água parada e de lixo na área peri-domiciliar. Uso de inseticidas e/ou substâncias repelentes (citronela) quando necessário.

FAMÍLIA DIPETALONEMATIDAE Dirofilaria immitis Principais características e Morfologia: -Os adultos parasitam o coração direito e a artéria pulmonar do cão, gato e raramente do homem, causando uma doença conhecida por “Dirofilariose”.

-Evolui-se por ciclo indireto, sendo os mosquitos (Culex sp., Aedes sp. e Anopheles sp.) os hospedeiros intermediários. -É uma espécie extremamente patogênica, sendo um problema sério em regiões quentes onde ocorre abundância do hospedeiro intermediário (mosquitos). -São vermes longos e delgados (20 a 30 cm de comprimento). Os machos possuem a cauda espiralada típica dos filarídeos. As microfilárias não são envolvidas por bainhas. Ciclo Biológico: -Machos e fêmeas se acasalam no coração e/ou artéria pulmonar. As fêmeas são vivíparas e irão liberar as microfilárias na circulação sanguínea ou linfática. Os HI (mosquitos –Aedes, Anopheles, Culex) ao sugarem o sangue dos HD, irão ingerir as microfilárias que se desenvolverão no seu corpo até L3 (forma infectante). Completado o desenvolvimento, a larva L3 migra para região bucal do corpo do HI.

-A transmissão para o HD ocorre durante o repasso sanguíneo do HI que irá re-inocular na circulação sanguínea dos animais, as larvas L3 presentes em seu aparelho bucal. -As larvas infectantes que passam do mosquito para a pele dos hospedeiros permanecem em quiescência no tecido subcutâneo onde L3L4 e, posteriormente L4 L5. As larvas L5 gastam aproximadamente 85 dias para chegarem ao coração e se tornarem adultas. -O PPP mínimo é de 6 meses. Os vermes adultos podem sobreviver por até 5 anos.

Ciclo Biológico de Dirofilaria immitis

Machos e Fêmeas se acasalam no coração direito/ arteria pulmonar

Fêmeas vivíparas liberam as microfilárias (L1) no sangue dos HD

85 dias

No HI L1 L2 L3

(12 dias) No tecido subcutâneo da pele do HD L3  L4 L5

Patogenia:

Microfilárias são ingeridas pelos HI (Culex, Aedes, Anopheles)

Durante a alimentação, o HI reinocula a L3 no HD

-Adultos no coração direito causam um processo obstrutivo do fluxo sanguíneo  acúmulo de sangue venoso  acometimento dos sistemas hepático e renal  edema generalizado (anasarca)  ascite. -A obstrução do sangue no coração irá levar a uma hipertrofia cardíaca com posterior dilatação cardíaca  Insuficiência cardíaca congestiva.

-O acometimento do sistema hepático irá causar uma cirrose hepática. Nos rins poderá ser observado um quadro de necrose. Comum nos casos crônicos, c/ menor obstrução. -Os parasitas podem causar danos mecânicos no coração  endocardite. -Depois de morto, o parasita pode migrar p/ o pulmão, onde ele pode obstruir os vasos e causar trombose ou pneumonia. Sintomas: -Em infecções maciças: Os animais ficam inquietos, com perda gradativa das condições físicas e intolerância a exercícios. Apresentam tosse branda crônica, com hemoptise e, nas últimas fases da doença, tornam-se dispnéicos e podem desenvolver edema e ascite. -Nas infecções mais leves, observa-se baixo desempenho dos animais acometidos, durante os esforços físicos. Epidemiologia: *Fatores Inerentes ao Hospedeiro: -Alta densidade de cães em áreas onde existe o vetor -Longo período de sobrevivência do parasita no corpo do hospedeiro. -Falta de resposta imune eficaz contra o parasita. *Fatores Inerentes aos Vetores: -Ubiqüidade dos vetores (estão ao mesmo tempo em todos os lugares). -Alto potencial biótico e rápida multiplicação dos vetores. -Curto período de desenvolvimento das microfilárias em L3 dentro do vetor.

Diagnóstico: -Clínico: Observar as lesões cardiovasculares dos animais acometidos. Normalmente acomete animais entre 1 e 2 anos de idade. -Laboratorial: *Esfregaço Sanguíneo: demonstração das microfilárias na no sangue dos hospedeiros. Deve-se fazer uma lâmina com sangue periférico do doente acrescida do corante vital “orange de acridina”. A microfilaria irá se deslocar vagarosamente através de movimentos ondulantes. *Exames Sorológicos: ELISA (detecta o anticorpo produzido pelo hospedeiro contra o parasita adulto). *Radiografia torácica : neste exame pode ser verificado o espessamento da artéria pulmonar e a hipertrofia ventricular direita.

Microfilaria no esfregaço sanguíneo

Tratamento e Controle: -Tratar a insuficiência cardíaca após uma avaliação prévia das condições físicas do animal. -A droga normalmente utilizada é a Tiacetarsamida que elimina o animal adulto (tomar cuidado com a ocorrência de êmbolos causados pelos parasitas mortos). Após o tratamento o animal deve ficar em repouso por até seis semanas. -Após este tratamento deve-se iniciar o combate a microfilária que não é destruída pela Tiacetarsamida. Neste caso pode-se usar Levamisol, Avermectinas e outras. Tomar cuidado, pois todas estas drogas são muito tóxicas. -Remoção cirúrgica dos parasitas em casos extremos. -Os métodos mais atuais de prevenção de infecção por dirofilárias envolvem a administração mensal, durante toda a época de mosquitos, de ivermectina ou milbemicina, especialmente formulada para este uso em cães.

GÊNERO ONCHOCERCA Principais características e morfologia: -Parasitam o ligamento cervical dos animais (equinos e bovinos) sendo considerados apatogênicos. O. volvulus parasita o tecido subcutâneo dos homens onde formam nódulos (patogênico). -Evolui por ciclo indireto sendo os hospedeiros intermediários dípteros do gênero Simulium. -São filiformes medindo entre 2 a 6 cm de comprimento. Possuem boca circundada por 8 papilas pequenas, dispostas em dois círculos.Macho com extremidade posterior espiralada. Principais espécies de interesse Médico e Veterinário: -Onchocerca cervicalis

Eqüino

-Localizam-se comumente no ligamento cervical e menos freqüentemente nos ligamentos suspensores e tendões flexores da parte inferior dos membros.

-Onchocerca guturosa

Bovino

-Localizam-se no ligamento cervical e ligamento gastro-esplênico dos hospedeiros.

-Onchocerca volvulus

Homem

-Localizam-se nos tecidos subcutâneos dos hospedeiros onde irão formar nódulos.

no

Ciclo Biológico: -Machos e fêmeas se acasalam nos sítios de parasitismo. As fêmeas são vivíparas e irão liberar as microfilárias na pele, linfa e tecidos subcutâneos dos hospedeiros. Os Hospedeiros Intermediários (mosquitos Simulium sp.) ao sugarem o sangue dos hospedeiros, irão ingerir as microfilárias que se desenvolverão no seu corpo até L3 (forma infectante). -Ao completar o desenvolvimento, a larva L3 migra para região bucal do corpo do HI. Ao sugarem novamente o sangue dos animais, o HI irá introduzir a larva L3 no hospedeiro definitivo. -No Hospedeiro Definitivo a larva L3 permanecerá em quiescência no tecido subcutâneo onde se transformará em L4  L5 que migra através da circulação sanguínea ou segue outras rotas  Adulto no sítio parasitário definitivo. Ciclo Biológico de Oncocerca sp. Machos e Fêmeas se acasalam no ligamento cervical / tecido subcutâneo

Fêmeas vivíparas liberam as microfilárias (L1) no tec. subcutâneo dos HD

Circulação

No tecido subcutâneo da pele do HD L3  L4 L5

Microfilárias são ingeridas pelos HI (Simulium sp.) No HI L1 L2 L3 (12 dias)

Durante a alimentação, o HI reinocula a L3 no HD

Patogenia: -Onchocerca cervicalis: *Quando presente n ligamento cervical pode causar reação no hospedeiro na forma de uma tumefação difusa e indolor, que aumenta gradativamente de tamanho tornando-se uma protuberância palpável e regride em seguida deixando um foco calcificado. A pele sobre a área afetada permanece intacta. Todo este processo parece não causar nenhum dano ao animal. *Em alguns casos observam-se lesões purulentas e provavelmente esta se relaciona com alguma infecção bacteriana concomitante.

abertas,

porém,

*Quando o parasita se localiza nos ligamentos suspensores dos membros inferiores a patogenia acontece da mesma forma (inchaço  regressão  calcificação). Não existe sintoma específico. -Onchocerca guturosa: *Possui pouca importância clínica ou econômica. -Onchocerca vulvulus: *Provoca oncocercose, que atinge cerca de 85 milhões de pessoas no mundo levando-as à cegueira (30,5%). Pode levar à formação de nódulos subcutâneos (oncocercomas) e causar dermatites (oncodermatites). As microfilárias possuem grande tropismo pelos tecidos oculares (cegueira dos rios). O adulto pode viver no nódulo por até 15 anos. *As larvas são consideradas apatogênicas, porém, podem causar trombos durante a sua migração pela corrente sanguínea.

Diagnóstico: -Pesquisa de microfilárias em amostras de biopsia de pele. Normalmente as microfilárias se concentram nos locais preferidos de alimentação dos vetores e, no caso dos mosquitos do gênero Simulium sp. Tais locais são as partes inferiores sombreadas do tronco (linha alba). Tratamento e controle: -Antihelmíntico (ivermectina) -Tentar o controle de moscas.

GÊNERO DIPETALONEMA Principais características e morfologia: -Adultos são parasitos do tecido subcutâneo, perirrenal, e cavidade peritoneal do cão. -As microfilárias são encontradas no sangue dos hospedeiros. São apatogênicos. -Evolui por ciclo indireto sendo os hospedeiros intermediários espécies de carrapatos, piolhos e pulgas. -Possuem o corpo delgado com a extremidade posterior mais fina. O comprimento varia de 1 a 3 cm. -O macho possui a extremidade posterior espiralada com a cauda longa e afilada. Possuem asa caudal muito estreita, 3 a 4 pares de papilas perianais, espículos desiguais, com ou sem gubernáculo. Não possuem bolsa copuladora. -As fêmeas possuem cauda longa e são vivíparas. -Podem ser confundidos com Dirofilaria immitis.

CLASSE NEMATODA ORDEM TRICHURIDEA FAMÍLIA – TRICHURIDAE Subfamília – Tricurinae Gênero Trichuris PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E MORFOLOGIA: -Todas as espécies são parasitas de ceco de ruminantes, suínos e canídeos, onde vivem com a extremidade anterior embebida na mucosa. Normalmente são apatogênicos. -Possui distribuição mundial (cosmopolita). -“Pequenos, brancos e enroladinhos”. -Região anterior mais delgada do que a posterior (aspecto de chicote); boca simples, sem lábios. -Macho c/ espículo retrátil, envolvido por uma bainha e extremidade posterior espiralada. -Fêmea com extremidade posterior quase reta. Possui apenas um ovário e um útero. -Ovos de casca espessa, castanhos, em forma de barril (bioperculados). Não se apresentam segmentados no momento da postura. -As dimensões dos adultos variam de 3,6 a 8 cm de comprimento.

PRINCIPAIS ESPÉCIES DE INTERESSE MÉDICO-VETERINÁRIO: Trichuris discolos: -Parasita de IG de bovinos e bubalinos. -Os machos medem de 45-59 mm e as fêmeas de 43-55 mm. -Os espículos medem de 0,85-3,0 mm. Trichuris suis: -Parasita de IG de suínos. -Os machos medem de 30-40 mm e as fêmeas de 35-50 mm. -Os espículos medem de 2,0-3,35 mm. Trichuris vulpis: -Parasita de IG de canídeos. -Os machos medem de 45-75 mm e as fêmeas de 45-75 mm. -Os espículos medem de 7,6-11,0 mm. CICLO BIOLÓGICO: -Fêmeas vivendo c/ a extremidade anterior embebida na mucosa do IG, realizam oviposturas de milhares de ovos ñ segmentados que são eliminados c/ as fezes. No meio ambiente os ovos irão se desenvolver até formar a larva infectante L3 em seu interior. Esses ovos são muito resistentes no meio (cutícula espessa), porém são sensíveis à falta de umidade e à radiação solar direta. -Da mesma forma que ocorre entre os Ascaridídeos, o hospedeiro irá ingerir o ovo contendo a larva infectante L3  No estômago, sobre ação do suco gástrico a larva rompe o opérculo do ovo e migra até o ID  IG. Chegando ao IG a larva L3 penetra nas glândulas da mucosa cecal, onde irá se transformar em L4  L5 e posteriormente em adulto. O adulto enterra 2/3 do seu corpo na mucosa  acasalamento  postura. -O PPP é de ~ 40 dias. Ciclo Biológico do Trichuris sp. Fêmea adulta c/ a extremidade anterior embebida na mucosa do IG

M.A

Ovos se desenvolvem até L3 sem eclodir

O hospedeiro se infecta ingerindo o ovo com L3

No estômago o ovo eclode, liberando L3 IG L3  L4  L5 Adulto.

ID

PATOGENIA: -A fase larvária é apatogênica. Na fase adulta, o local na mucosa em que o parasito se enterra pode apresentar inflamação e conseqüentemente edema. Os helmintos secretam uma substância que digere as células da mucosa intestinal, nos locais em que eles se fixam. Essas células digeridas servem como fonte de alimento para os parasitos. Este processo é responsável pela enterite observada nos animais muito parasitados. -O IG perderá a função absortiva nos locais de edema, resultando em diarréias. Além disso, o edema comprime os nervos causando um aumento no peristaltismo. -Em grande quantidade, apesar de não ser hematófago, pode causar anemia através da produção de metabólitos que atuarão nos órgãos hemocitopoiéticos e pela própria lesão tecidual. SINTOMAS: -Nos suínos: anemia, anorexia, desenteria, perda de peso, às vezes morte. -Nos cães: dores abdominais, diarréia ou constipação, vômitos, anemia, eosinofilias e, às vezes, sintomas nervosos. DIAGNÓSTICO: -Encontro de ovos característico nas fezes (Bioperculados  Barril). Método de sedimentação (ovo pesado). CONTROLE: -Desinfecção do ambiente. Os ovos são extremamente resistentes no ambiente o que dificulta o controle desta parasitose. -A vermifugação dos animais nas épocas estratégicas evita que as infecções maciças ocorram. Subfamília – Capillariinae Gênero Capillaria PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -São helmintos capiliformes (em forma de cabelo) dificilmente visíveis a olho nu. Possuem especial importância na avicultura. -Apresentam normalmente de 1 a 5 cm de comprimento. -Região anterior e posterior iguais ou a primeira um pouco mais curta. Não existe diferenciação. -Macho c/ espículo envolvido p/ bainha espinhosa. -Ovos de casca espessa, bioperculados.

1.2. PRINCIPAIS ESPÉCIES DE INTERESSE MÉDICO-VETERINÁRIO: PARASITA -Capillaria hepatica -Capillaria bovis -Capillaria feliscati -Capillaria anatis -Capillaria caudinflata -Capillaria contorta -Capillaria obsignata

LOCAL Fígado Intestino Delgado Bexiga Intestino Delgado Intestino Delgado Papo, esôfago e boca Intestino Delgado

HOSPEDEIRO Cão e Gato. Ruminantes. Gato Aves Aves Aves Aves

CICLO BIOLÓGICO: -Ovos eliminados p/ o meio exterior junto c/ as fezes  desenvolvimento da larva L3 infectante dentro do ovo  o ciclo pode ser direto ou indireto: -Ciclo Direto: Ocorre normalmente nos mamíferos e na Capillaria obsignata (aves). O hospedeiro ingere os ovos contendo a larva L3 infectante  No ID a larva é liberada do ovo  L3  L4 e posteriormente em L5  adulto. -Ciclo Indireto: Ocorre normalmente nas aves. Os Hospedeiros intermediários (minhocas dos gêneros Lumbricus, Allobophora e Eisenia) ingerem os ovos embrionados No interior do HI a larva se desenvolve até L3 (infectante). Os HD (galináceos) irão se infectar pela ingestão dos HI Daí para frente o ciclo é semelhante ao monoxeno (direto). As larvas podem ficar infectantes nos tecidos dos HI por até um ano. PATOGENIA: -Como ocorre com o Trichuris sp., a extremidade anterior dos parasitas fica enterrada na mucosa. Isso causa, nas infecções maciças, inflamação diftérica, com inapetência e emanciação e, na infecção intestinal provoca diarréia. -Na Capillaria contorta os adultos causam fibrosamento no papo das aves parasitadas devido às reações inflamatórias. -As C. obsignata, C. caudinflata e C. anatis, em infecções maciças podem provocar enterites graves  expessamento da parede do intestino  descamação epitelial. CLASSE NEMATODA ORDEM SPIRURIDEA FAMÍLIA – SPIRURIDAE

Gênero Spirocerca Spirocerca lupi Principais características e morfologia: -Os vermes adultos são encontrados em nódulos nas paredes do esôfago e estômago e mais raramente na aorta de cães e outros carnívoros. Muito comum em canídeos silvestres. -Mais frequente em regiões de clima quente.

-Desenvolve-se por ciclo indireto sendo os HI certas espécies de coleópteros coprófagos de vários gêneros: Scarabeus, Akis, Geotrupis. -Possuem boca de contorno hexagonal -Quando colhidos recentemente, os vermes apresentam coloração avermelhada.

Ciclo biológico: -Vermes adultos vivendo em nódulos na parede do esôfago ou estômago dos HD acasalam-se e produzem ovos que são eliminados junto com as fezes.  Os HI (coleópteros nos estágios larvários ou adultos) ingerem os ovos que eclodem no tubo digestivo e se desenvolvem até a forma infectante L3. Como ocorre na ordem Dioctophymidea (Dioctophyma renale), outros animais podem ingerir os coleópteros infectados, porém servirão apenas como hospedeiros paratênicos (anfíbios, répteis, aves ou roedores). -O HD irá se infectar ingerindo o HI contendo a larva L3 infectante  Na mucosa estomacal do HD as larvas L3 são liberadas, atravessam a mucosa e penetram na artéria gástrica  aorta (L3  L4). A partir daí, as larvas L4 migram para os tecidos adjacentes até atingirem as paredes do esôfago ou estômago onde formam nódulos e se transformam em L5 e, posteriormente, adultos. -O PPP é de 5 a 6 meses.

Ciclo Biológico de Spirocerca lupi Adultos vivendo em nódulos no esofâgo e/ou estômago Acasalam e produzem ovos

Formação de nódulos na parede do Estômago /ou esôfago L4  L5  Adultos

Migração por tecidos

Ovos no ambiente

HI ingere os ovos. Desenvolvimento (L1L2L3)

Pode haver participação de um HP que irá ingerir o HI

Artéria aorta L3 L4

L3 penetra na mucosa

Larvas L3 liberadas na mucosa estomacal

HD (cão) ingere o HI ou HP contendo L3

Patogenia: -As larvas migratórias produzem cicatrização na parede interna da aorta  Estenose. -Os nódulos atingem 2 a 3 cm de diâmetro, podendo obstruir as regiões esofágica e gástrica  disfagia (animal não consegue engolir a comida)  morte por inanição. -Os nódulos quando localizados na artéria aorta podem se romper causando a morte do hospedeiro por hemorragia interna. Diagnóstico: -Necrópsia é o método mais comum de diagnóstico. -Encontro de ovos característico nas fezes ou vômitos dos animais infectados. Controle: -Anti-Helmíntico sistêmico.

Gênero Habronema PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E MORFOLOGIA: -São parasitas do estômago de eqüinos onde podem causar gastrite hemorrágica. Contudo, o principal papel de Habronema sp é atuar como causador da habronemose cutânea ou ferida de verão. O ciclo é indireto, tendo como HI moscas comuns em estábulos (Musca domestica, Stomoxys calcitrans, etc...). -Os vermes adultos medem de 1 a 2,5 cm. -Dimorfismo sexual pouco acentuado. Machos sem bolsa copuladora (cauda espiralada), com dois espículos desiguais e gubernáculos. Fêmeas apresentam a cauda cônica, com a vulva na região mediana do corpo. -A cavidade bucal pode possuir forma cilíndrica (Habronema muscae e H. microstoma) ou de funil (H. megastoma). -Contrição cefálica pode ser presente ou ausente. 2.2. PRINCIPAIS ESPÉCIES DE INTERESSE MÉDICO-VETERINÁRIO: ESPÉCIES

CONSTRIÇÃO CEFÁLICA

CAVIDADE BUCAL

Habronema muscae

Ausente

-Curva, cilíndrica c/ separação transversal no fundo.

H. microstoma

Ausente

-Curva, cilíndrica c/ separação transversal no fundo. Possui lâmina na entrada da CB.

H. megastoma

Presente

-Alongada, afunilada, transversal no fundo.

s/

separação

CICLO BIOLÓGICO: -Os ovos larvados eclodem no intestino do HD  as larvas L1 nas fezes são ingeridas por larvas de moscas também presentes no bolo fecal (Musca domestica, Stomoxys calcitrans, etc...) onde evoluem juntas  a mosca adulta apresenta a larva L3 nos seus tecidos (glândulas salivares). -Quando a mosca pousa na boca do cavalo, a larva L3 atraída pelo CO2 do corpo do animal, perfura o aparelho bucal do inseto e o abandona, penetrando na cavidade bucal no equino (semelhante à larva de Gasterophilus ssp.). O hospedeiro definitivo pode também ingerir a mosca infectada  quando a larva L3 alcança o estômago, se transforma em L4  L5 e posteriormente se diferencia em adulto. -Pode ocorrer “Habronemose Cutânea” pois quando o equino apresenta feridas, as moscas são atraídas pelo cheiro de sangue e posam no machucado. As larvas L3 abandonam as moscas, penetram nas feridas, mudam p/ L4 e permanecem nestes locais. -O PPP é de ~ 60 dias.

Ciclo Biológico de Habronema sp.

Adultos no estômago produzem ovos que eclodem no intestino do HD

No HI L1L2L3

Larvas L1 nas fezes são ingeridas por larvas de moscas (HI)

Mosca pousa na boca dos animais (feridas)

Estômago L3L4L5 Adulto

Atraída pelo CO2 as L3 penetram na cavidade bucal do HD

PATOGENIA: -O adulto pode penetrar na mucosa e formar nódulos (H. megastoma). As outras espécies não formam nódulos. -Pode ocorrer “Habronemose Cutânea”,quando o equino apresenta feridas, as moscas são atraídas pelo cheiro de sangue e posam no machucado. As larvas L3 abandonam as moscas, penetram nas feridas, mudam p/ L4 e permanecem nestes locais  reação inflamatória  a ferida não se cicatriza e é substituída por tecido fibroso. DIAGNÓSTICO: -Xenodiagnóstico: colocar ovos de moscas nas fezes de animais suspeitos. Examinar a mosca adulta, colocando-a entre duas lâminas e verificando a presença da larva L3. -Diagnóstico clínico p/ Habronemose Cutânea (diferenciar de fungos). -Necropsia. O diagnóstico do parasita é de fácil execução uma vez que o Trichostrongylus axei (o único outro nematódeo encontrado em estômago de eqüinos) possui menos de 1 cm de comprimento.

CONTROLE: -Controlar as moscas nos estábulos através da limpeza de camas, uso de esterqueira, inseticidas. -Tratamento dos animais c/ anti helmínticos. CLASSE NEMATODA ORDEM OXYURIDEA FAMÍLIA – OXYURIDAE GÊNERO OXYURIS Oxyuris equi PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Espécie parasita do ceco e do colo de eqüídeos, muito comum em cavalos e muares. Animais mais jovens são mais parasitados (problema na desmama). -Os adultos não se fixam na parede intestinal, se alimentando apenas do bolo alimentar, células descamadas e bactérias. -A fêmea para botar os ovos migra p/ a região perianal. Para fixá-los à mucosa do ânus, o parasita produz uma substância gelatinosa potencialmente alergênica, responsável pelo prurido anal observado nos animais parasitados.

MORFOLOGIA: -É um nematódeo relativamente grande. -O macho mede aproximadamente 1 cm e a fêmea 10 cm. -Oxyurinae sem expansão cuticular cefálica. -Boca hexagonal sem cavidade bucal. -A fêmea possui uma cauda alongada, semelhante a um espermatozóide (às vezes representa ¾ do tamanho total do parasito). A vulva localiza-se na região anterior. -O macho possui a extremidade posterior truncada obliquamente, asa caudal com papilas pré e pós-cloacais.

CICLO BIOLÓGICO:

-Após a fecundação a fêmea migra para o reto, projeta a extremidade anterior para fora do ânus do hospedeiro, iniciando a postura. Com o auxílio de uma substância gelatinosa secretada pelas fêmeas, os ovos se fixam na região perianal, mantendo-se em uma temperatura ideal e protegidos do sol pela cauda do animal. O ovo é operculado e em seu interior desenvolvem-se as larvas L1 L2 L3 (infectante). -Os animais ingerem os ovos contendo a larva L3 que acidentalmente caem nos alimentos ou na água dos bebedouros  Ao chegar no estômago, as larvas L3 são liberadas dos ovos que têm a cápsula destruída por ação dos sucos gástricos. -A larva L3 livre migra para o intestino, penetra na mucosa e realiza a muda para L4 que abandona a mucosa intestinal e na luz transforma-se em L5  adulto. -O PPP é de aproximadamente 40 dias.

Ciclo Biológico do Oxyuris equi Adultos vivendo no IG, Acasalam-se

Fêmeas migram para o reto, onde fazem postura Dentro do ovo L1 L2 L3

Na Luz intestinal: L4  L5  Adulto L3 migra p/intestino e penetra na mucosa L3  L4

Ovo eclode no estômago, liberando a larva L3

Os eqüinos ingerem os ovos contendo a larva L3

PATOGENIA E SINTOMAS: -As larvas causam pequenos danos. Em infecções massivas, podem contribuir p/ inflamação da mucosa intestinal, com pequenas áreas necrosadas. -Os vermes adultos se alimentam do conteúdo intestinal e são, portanto, considerados não patogênicos. -As fêmeas na ovipostura, provocam irritação na região perianal dos animais devido à secreção de uma substância gelatinosa alergênica. Os animais ficam inquietos e estressados tentando se coçar e, freqüentemente, são encontrados se esfregando em mourões, troncos e árvores  perda de pelo na região da cauda, com feridas e inflamação perianal.

DIAGNÓSTICO: -Suspeita clínica: cauda sem pelo e comportamento inquieto do animal (coceira perianal). -Exame na região perianal do hospedeiro. Coloca-se uma fita adesiva na região por aproximadamente 2 horas, faz-se uma lâmina com o material aderido à fita para a identificação dos ovos (operculado e com uma das laterais achatada). -Quando o eqüino está muito parasitado, normalmente as fêmeas são encontradas nas fezes do animal.

Ovo de Oxyuris sp.

TRATAMENTO E CONTROLE: -Os parasitas são muito sensíveis aos Anti-Helmínticos (Ivermectina e Diabendazol). -Lavar os estábulos e trocar as camas dos animais.

FAMÍLIA – HETERAKIDAE Subfamília – Heterakinae GÊNERO HETERAKIS Heterakis gallinarum: PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E MORFOLOGIA: -Parasita adulto é encontrado no ceco de galináceos. Mede aproximadamente 1 cm de comprimento. -Apresenta uma ventosa na porção posterior (Pré cloacal). -Se alimentam de células descamadas do IG e de bactérias. -Os machos possuem um espículo longo e outro curto. -Ovos de cápsulas espessas, semelhantes aos de Ascaridia.

CICLO BIOLÓGICO: -Ovos eliminados p/ o meio exterior junto c/ as fezes  desenvolvimento da larva L3 infectante dentro do ovo. O ciclo pode ser direto ou indireto: -Ciclo Direto: O hospedeiro ingere os ovos contendo a larva L3 infectante. No ID a larva L3 é liberada do ovo e migra para o IG onde penetra na mucosa e se transforma em L4  Novamente no lúmen do IG a larva L4 se transforma em L5 e posteriormente, em adulto. -Ciclo Indireto: Os Hospedeiros Intermediários (minhocas dos gêneros Lumbricus, Allobophora e Eisenia) ingerem os ovos embrionados. No interior do HI a larva se desenvolve até L3 (infectante). Os HD (galináceos) irão se infectar pela ingestão dos HI. No ID a larva L3 é liberada do ovo e migra para o IG onde penetra na mucosa e se transforma em L4  Novamente no lumem do IG a larva L4 se transforma em L5 e posteriormente, em adulto. -As larvas podem ficar infectantes nos tecidos dos HI por até um ano.

Ciclo Biológico de Heterakis sp.

Adultos vivendo no IG, Acasalam-se

Os ovos liberados no ambiente com as fezes

Ciclo Indireto

Na Luz intestinal: L4  L5  Adulto L3 migra p/intestino e penetra na mucosa L3  L4

Ciclo

Dentro do ovo

Direto

L1 L2 L3

Dentro do HI L1L2L3

As aves ingerem os ovos ou o HI contendo a larva L3

Ovo eclode no estômago, liberando a larva L3

PATOGENIA E SINTOMAS:

-Os nematódeos adultos não são considerados patogênicos. -H. gallinarum são capazes de veicular Histomonas meleagridis, agente da hepatite de perus. O protozoário penetra no corpo dos nematódeos adultos e migra para o ovário. O protozoário é preservado no ovo do parasito, podendo ser transmitido p/ as aves. TRATAMENTO: -Piperazina ou fenoltiazina administrado na ração das aves.

FILO ARTROPODA “Os artrópodes constituem o maior grupo de organismos do reino animal, tanto em número de espécies como em número de indivíduos. Há mais de 1.000.000 espécies descritas, o que constitui cerca de 4/5 dos animais conhecidos”. CARACTERÍSTICAS GERAIS: -Corpo com simetria bilateral, constituído de anéis agrupados entre si formando duas ou três regiões: céfalo-tórax e abdome (ácaros) ou cabeça, tórax e abdome (insetos). -Possui apêndices articulados dispostos aos pares. Os apêndices compreendem os órgãos dos sentidos (antenas), os órgãos apreensores (mandíbulas), os órgãos perfuradores (quelíceras) e os órgãos locomotores (patas).

-Cavidade geral (hemocele) repleta de um líquido denominado hemolinfa. -Exoesqueleto renovado à medida que o parasita cresce. Ex: muda das cigarras -Tubo digestivo tubular divido em três principais regiões: intestino anterior, médio e posterior. -Sistema circulatório aberto com o coração se localizando dorsalmente. -Sistema circulatório constituído por um único gânglio. -Sistema excretor constituído por tubos de Malpighi. -Sistema respiratório constituído de traquéia e estígmas. MORFOLOGIA EXTERNA: -O esqueleto que reveste o corpo dos artrópodes, também denominado exoesqueleto, é formado de três camadas: cutícula, epiderme e membrana basal, dispostas de fora para dentro, respectivamente. A cutícula externa cobre toda a superfície do corpo e contém um pigmento denominado quitina. A epiderme é a camada celular responsável pela secreção da cutícula. -Durante o desenvolvimento, os artrópodes mudam várias vezes de cutícula. À cutícula desprendida dá-se a denominação de exúvia. Essas mudas são chamadas de ecdise. O número de ecdise vai depender do parasita em questão. Os carrapatos, por exemplo, realizam 2 ecdises durante todo o seu desenvolvimento, passando por três diferentes estádios evolutivos. -Várias estruturas ou processos tegumentares podem ser encontrados na superfície da cutícula: cerdas, escamas, macrotríquias, espinhos, esporões, chifres. -Os segmentos do corpo dos artrópodes também denominados metâmeros, anéis ou solomitos, podem se apresentar agrupados em 3 regiões distintas, como nos insetos, constituindo a cabeça, o tórax e o abdome ou, podem se agrupar em duas regiões apenas como observados entre os aracnídeos (céfalo-tórax e abdome).

-São munidos de apêndices cujo número, forma e localização variam muito entre as classes e as ordens. Os apêndices cefálicos são as peças bucais e as antenas: os insetos possuem duas antenas, nos aracnídeos as antenas foram substituídas pelas quelíceras. As antenas são órgãos sensoriais e as peças bucais são destinadas à apreensão e ingestão dos alimentos. Os apêndices torácicos, constituídos pelas pernas e asas possuem função locomotora e variam em número e forma nos diferentes grupos dos artrópodes. Os insetos são hexápodes (3 pares), os aracnídeos octópodes (4 pares), os crustáceos decápodes (5 pares) e os miriápodes (centopéias) possuem vários pares de patas.

MORFOLOGIA INTERNA: SISTEMA DIGESTIVO: -Possuem o sistema digestivo dividido em 3 regiões: *Intestino Anterior ou Estomodeu = boca, faringe, esôfago e proventrículo. *Intestino Médio ou Mesêntero = estômago (digestão e absorção dos alimentos) *Intestino Posterior ou Proctodeu = reto e ânus. -A estrutura do sistema digestivo dos artrópodes varia nas diferentes classes. Nas espécies sugadoras a faringe funciona como um órgão de sucção. SISTEMA EXCRETOR: -É representado por tubos de Malphigi ou por nefrídias. A função dos tubos de Malphigi consiste em coletar os líquidos excretados e lançá-los no reto. -Os aracnídeos podem possuir tubos de Malphigi ou glândulas coxais. SISTEMA CIRCULATÓRIO: -Os artrópodes possuem um coração situado dorso-longitudinalmente. O sangue também é conhecido por hemolinfa. SISTEMA RESPIRATÓRIO: -Os artrópodes terrestres respiram através de traquéia ou sacos pulmonares. As traquéias são tubos ventilados e elásticos que se ramificam por todo o corpo do artrópode e que se comunicam com o exterior através de orifícios, chamados espiráculos ou estígmas, situados lateralmente aos segmentos do tórax e do abdome. Os espiráculos são rodeados por um esclerito denominado peritrema. SISTEMA NERVOSO: -O sistema nervoso central consiste de um cérebro ou centro supra esofageano composto da reunião de 5 a 6 glânglios cefálicos. Do sistema nervoso central partem fibras nervosas para todos os órgãos e tecidos importantes.

SISTEMA REPRODUTOR: -Os artrópodes em geral possuem sexo separado, havendo excepcionalmente, casos de partenogênese. -Os órgãos genitais masculinos constam de: um par de testículos, um par de ductos eferentes, um par de vesículas seminais, um ducto ejaculador, glândulas acessórias e gonoporo. -Os órgãos genitais femininos constam de: um par de ovários, um par de ovidutos laterais, um oviduto comum ou oviduto mediano, uma espermateca, um gonoporo, uma câmara genital ou vagina e glândulas acessórias.

CLASSIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS ARTRÓPODES PARASITAS DE INTERESSE MÉDICO-VETERINÁRIO: CLASSE ARACHINIDA / SUB CLASSE ACARI Coorte Parasitiformes: Ordem Ixodida (Metastigmatas) Subordem Ixodidea Família Argasidae Família Ixodidae Ordem Gamasida (Mesostigmata) Família Macronyssidae Família Dermanyssidae

Família Demodecidae

Coorte Acariformes: Ordem Sarcoptiformes Família Sarcoptidae Família Knemidokoptidae Família Psoroptidae Ordem Actinedida (Prostigmata) CLASSE INSECTA: Ordem Diptera Subordem Nematocera Família Culicidae Família Simulidae Família Psycodidae

Subordem Braquícera Família Tabanidae Subordem Ciclorrhapha Família Muscidae Família Calliphoridae Família Sarcophagidae Família Oestridae Família Cuterebridae Família Gasterophilidae

Ordem Hemiptera Subordem Gymnocerata Família Reduviidae Família Cimicidae

Ordem Siphonaptera Superfamília Pulicoidea Família Tungidae Família Pulicidae

Ordem Anoplura Família Pediculidae Família Haematopinidae Família Linognathidae Ordem Mallophaga Subordem Amblycera Subordem Ischnocera

FILO ARTROPHODA CLASSE ARACHINIDA PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Corpo com simetria bilateral, grosseiramente dividido em cefalotórax e abdome. O corpo pode ser dividido em prosoma e opistosoma.  O Prosoma é aplicado ao conjunto dos seis primeiros segmentos do corpo, podendo ser subdividido em gnatosoma e podosoma. O gnatossoma ou capítulo inclui as quelíceras, o hipostomo e os palpos. O podosoma inclui os quatro pares de patas.  O Opistosoma compreende a parte restante (abdome) do corpo do aracnídeo.  Nos aracnídeos, tudo o que resta além do gnatosoma é chamado de idiosoma, que corresponde ao podosoma e opistosoma , reunidos. -Não possui antenas. Os apêndices cefálicos são constituído por duas quelíceras, um par de palpos e peças bucais adaptadas à sucção de líquidos.  Quelíceras = são órgãos perfuradores, via de regra, terminando em pinças utilizadas para perfurar ou rasgar os tecidos dos hospedeiros. Desta forma, as quelíceras são responsáveis pela incisão na pele do hospedeiro para permitir a penetração do rostro (conjunto formado pelas quelíceras mais o hipostomo).  Palpos = são órgãos utilizados para auxiliar a alimentação. Em alguns aracnídeos os pedipalpos são modificados nos machos, de modo a formarem uma vesícula seminal cuja função é armazenar esperma e transferi-lo ao orifício genital da fêmea.  Hipóstomo = Ocorre nos carrapatos sendo um órgão relacionado aos palpos e quelíceras, munido de espinhos recurrentes dispostos em fileiras, cuja função é auxiliar a fixação do parasito aos tecidos do hospedeiro perfurados pelas quelíceras. -Apêndices torácicos representado por quatro pares de patas em todos os estágios de desenvolvimento, exceto no estagio larvário, que possui três pares de patas. Cada pata consiste de sete podômeros (segmentos) PRINCIPAIS ORDENS DE INTERESSE MÉDICO E VETERINÁRIO: -Ordem Scorpiones. Compreendem os escorpiões e não serão tratados na parasitologia veterinária. -Ordem Araneae. Compreendem as aranhas e também não serão tratados na parasitologia veterinária. -Ordem Acari. Compreende os carrapatos, sarnas e ácaros, sendo objeto de estudo da parasitologia veterinária.

FILO ARTROPHODA CLASSE ARACHINIDA ORDEM ACARI PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -São artrópodes pequenos e às vezes microscópicos. -Os acarinos têm como característica a presença das peças bucais situadas em uma falsa cabeça denominada gnatossoma. As peças bucais são constituídas por um par de quelíceras, um par de palpos e ventromedialmente um hipostômio. -Os acarinos de importância médico veterinária são os carrapatos e ácaros (sarnas). -O ciclo evolutivo consiste no desenvolvimento do ovo em larva (hexápode)  ninfa  adulto (macho e fêmea). Cada mudança de estágio é precedida por um período variável de alimentação sobre o corpo do hospedeiro. -A ordem acari compreende as seguintes subordens de interesse médico veterinário: Ordem Ixodida = Acari com um par de estigmas abrindo-se em peritremas curtos; hipostomo com dentes recurrentes. Presença de um órgão olfativo denominado órgão de Haller no primeiro par de patas. Não possuem ventosas adanais e genitais. Compreende os carrapatos que parasitam os animais e esporadicamente o homem. Ordem Sarcoptiformes = Acari sem estígmas ou com um sistema traqueal abrindo-se em áreas porosas situadas em várias partes do corpo. As quelíceras, via de regra, terminam em pinças. Os machos em geral possuem ventosas adanais. Ordem Gamasida = Acari com um par de estigmas abrindo-se em peritremas alongados. Não possuem órgão de Haller. O corpo geralmente é protegido por placas. As quelíceras das espécies parasitas são em forma de estilete. Não possuem ventosas genitais. Ordem Actinedida = Acari sem estígmas ou com um par próximo ao gnatossoma. Possuem quelíceras adaptadas à perfuração e palpos desenvolvidos. Podem ou não possuir ventosas genitais.

SUB ORDEM IXODIDA PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E MORFOLOGIA EXTERNA: -São ectoparasitas sugadores de sangue de vertebrados, popularmente conhecidos por carrapatos. -Possuem o corpo dividido em gnatossoma e idiossoma. Gnatosoma = Também denominado capítulo ou falsa cabeça, é formado pela base e pelas peças bucais. A base do capítulo irá possuir formatos variados dependendo da espécie em questão. As peças bucais compreendem as quelíceras, palpos e hipostomo já descritos anteriormente. Idiosoma = Também conhecido como corpo do carrapato, é achatado dorsoventralmente, com ligeira curvatura dorsal e de contorno oval ou elíptico. O corpo é revestido por uma cutícula flexível, capaz de se expandir durante a alimentação. As fêmeas após sugarem o sangue dos hospedeiros aumentam consideravelmente o tamanho corpóreo, tornando-se grosseiramente globosas. -Como todos os aracnídeos, possuem 4 pares de patas. Durante o estágio larval possuem apenas 3 pares. Na extremidade do primeiro par de patas, encontra-se o órgão de Haller, que possui função olfativa e sensitiva sendo importante no processo de busca do hospedeiro pelo parasita. -A abertura genital e o ânus são ambos localizados ventralmente, sendo que a primeira se localiza ao nível do segundo par de patas e o segundo se localiza pouco após o quarto par de patas. Contornando o orifício genital, estão os sulcos genitais. Próximo ao orifício anal, adiante ou atrás, pode existir um suco anal. Os machos de algumas espécies podem apresentar, lateralmente ao ânus, placas quitinosas denominadas placas anais ou placas adanais.

Ânus Placas adanais

Boophilus microplus – Vista Ventral -Podem ou não possuir escudos na face dorsal. No macho o escudo recobre toda a face dorsal, nas fêmeas somente a região dorsal anterior. -A margem posterior do idiossoma pode apresentar áreas retangulares, delimitadas por sulcos, denominadas festões. Os festões também podem ser observados na face ventral, ocorrendo normalmente em número de sete a onze. -Possuem um par de estigmas abrindo-se em peritremas, situados atrás do terceiro ou quarto par de coxas. MORFOLOGIA INTERNA: Sistema Digestivo: -Intestino Anterior inclui uma cavidade bucal tubular, formada pela aposição das quelíceras sobre o hipostomo, seguida de uma faringe muscular que funciona como órgão de sucção, um esôfago em S, e glândulas salivares e acessórias. -Intestino Médio ou Mesêntero representado por um estômago volumoso ou ventrículo. -Intestino Posterior ou Proctodeu é formado pelo reto e pela vesícula retal. Sistema Excretor: -Presença de dois tubos de Malphigi, longos e sinuosos que terminam na junção dos intestinos médio e posterior.

-Alguns carrapatos possuem glândulas coxais que eliminam líquidos incolores, às vezes de grande importância na transmissão de agentes infecciosos. Sistema Circulatório: -Nos carrapatos a circulação é rudimentar constando de um coração pequeno de pouca significação funcional. Os órgãos internos são banhados pela hemolinfa. Sistema Respiratório: -Consta de uma rede de traquéias, muito ramificada, que se abre para o exterior através de dois espiráculos ou estígmas. Sistema Reprodutor: -Os carrapatos são de sexo separado. A diferenciação sexual ocorre somente quando o parasita atinge o estádio adulto. Feminino = Constituído por um ovário duplo ligado ao útero pelo oviduto. O útero comunica com a abertura genital feminina através da vagina. Nas fêmeas existe uma glândula denominada “Glândula de Gené”, cuja função é secretar uma substância para aglutinar os ovos na ocasião da postura. Masculino = Constituído por 2 testículos, canais deferentes, vesícula seminal e orifício genital. Não possuem órgão copulador. CARACTERÍSTICAS PARASITÁRIAS DOS CARRAPATOS: -Em cerca de 35.000 espécies descritas e de 1.000.000 não escritas de ácaros temos aproximadamente 825 espécies diferentes de carrapatos. Os carrapatos representam um dos mais importantes grupos de artrópodes que afetam a saúde animal. Tanto em animais domésticos como animais selvagens, encontramos variadas espécies de carrapatos. -O ciclo biológico basicamente se divide em ovos  larva  ninfa  adulto (machos e fêmeas). Cada mudança de estádio é precedida por um período variável de alimentação sobre o corpo do hospedeiro. Os locais de ecdise (muda) irão variar entre as espécies, podendo algumas realizarem todo o ciclo sobre um único hospedeiro (monoxenos) ou até mesmo voltar para o ambiente durante o período de muda (trioxeno, dioxeno e argasídeos) -Alimentam-se basicamente de sangue durante a fase adulta, sendo que o mesmo não ocorre necessariamente com ninfas e larvas (histiófagas). -Os danos causados ao bem estar dos animais domésticos e selvagens durante o processo de alimentação são numerosos variando desde uma simples espoliação e reação inflamatória no local de fixação até veiculação de agentes infecciosos. Casos severos de anemia podem ser constatados em animais com alta carga parasitária. Perda de peso, queda na produção de leite, diminuição da eficiência reprodutiva são pontos que podem ser observados em rebanhos altamente parasitados. PRINCIPAIS FAMÍLIAS DE INTERESSE MÉDICO-VETERINÁRIO E SUAS CARACTERÍSTICAS.

-A subordem ixodida divide-se em três principais famílias: Ixodidae, Argasidae e Nuttalielidae, sendo que esta última não tem representantes assinalados no Brasil.

FAMÍLIA ARGASIDAE -Ausência de escudo dorsal -Existe pouca diferenciação entre os sexos. -Nas ninfas e adultos o capítulo não é visível dorsalmente, sendo localizado na face ventral. -Quando olhos estão presentes, são localizados ventralmente. -Todos os 4 segmentos do palpo possuem o mesmo tamanho. -Glândulas coxais entre os 1º e 2º pares de patas. -Tegumento coriáceo, rugoso, granuloso, mamiolado. -Peritrema entre os 3º e 4º pares de patas. -Não possuem pulvílus.

FAMÍLIA IXODIDAE -Presença de escudo dorsal, este podendo ser ou não ornamentado. No macho o escudo recobre toda a face dorsal, nas fêmeas somente a região dorsal anterior. -Dimorfismo sexual evidente -O capítulo é sempre visível dorsalmente. -Quando os olhos são presentes eles são localizados dorsalmente ao lado do escudo. -O quarto segmento do palpo é reduzido e curvado ventralmente sob o terceiro, podendo também estar localizado na superfície dorsal do terceiro segmento. -Peritremas grandes, localizados atrás do último par de patas. -Os pulvilus são bem desenvolvidos

ESPÉCIES E GÊNEROS DE INTERESSE MÉDICO VETERINÁRIO PERTENCETES ÀS FAMÍLIAS IXODIDAE E ARGASIDAE: -Família Argasidae Argas miniatus Ornithodoros sp. Otobius sp. -Família Ixodidae Amblyomma cajennense Anocentor nitens Boophilus microplus Rhipicephalus sanguineus

FILO ARTROPODA CLASSE ARACHNIDA Sub Classe Acari ORDEM IXODIDA FAMÍLIA ARGASIDAE PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E MORFOLOGIA: -No Brasil há registro dos gêneros Argas, Ornithodorus e Otobius. Também são conhecidos por carrapatos moles. -Ausência de escudo dorsal. -Tegumento coriáceo, rugoso, granuloso, mamiolado. -Existe pouca diferenciação entre os sexos. -Nas ninfas e adultos o capítulo não é visível dorsalmente, sendo localizado na face ventral. -Quando olhos estão presentes, são localizados ventralmente. -Todos os 4 segmentos do palpo possuem o mesmo tamanho. -Glândulas coxais entre os 1º e 2º pares de patas. -Peritrema pequeno e situado entre os 3º e 4º pares de patas. -Não possuem púlvilo.

Capítulo Poro Genital

Peritrema Ânus

VISTA DORSAL

VISTA VENTRAL

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS: -O ciclo biológico dos argasídeos é composto por ovo  larva  ninfa  adultos. Neste caso, podem existir vários estádios ninfais antes do desenvolvimento dos adultos. -Outra característica da família argasídea é que as fêmeas se alimentam várias vezes durante o ciclo de vida e, após cada alimentação produzem uma bateria de ovos. Neste caso, da mesma forma que ocorre com as ninfas, os adultos irão se alimentar por apenas alguns minutos e de preferência, durante o período noturno. As larvas, ao contrário, depois que encontram os hospedeiros se alimentam por vários dias, dependendo da espécie de parasita em questão. -Nos estágios imaturos (larvas e ninfas) após o período de alimentação os carrapatos irão se desprender do hospedeiro e, no ambiente, irão sofrer a muda para o próximo estádio de desenvolvimento. No estádio adulto após se alimentarem, as fêmeas irão produzir ovos e os machos sairão à procura de outras fêmeas para realizarem a cópula. Tanto a cópula quanto a postura de ovos irá ocorrer no meio ambiente, a primeira antes e a segunda após a alimentação.

ARGASÍDEOS DE IMPORTÂNCIA MÉDICA E VETERINÁRIA QUE OCORREM NO BRASIL: -Otobius megnini -Argas miniatus -Ornithodoros rostratus -Ornitodoros talaje Otobius megnini PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Único representante do gênero Otobius encontrado no Brasil. Contudo, sua ocorrência não é comum. -Os carrapatos adultos são de vida livre, as larvas e ninfas são parasitas do ouvido externo de bovídeos, eqüídeos, cervídeos e sendo também encontrado nas aves. -Possuem o tegumento verrugoso e o corpo achatado dorso-ventralmente. -Constrição na região mediana do corpo que confere a este parasita um aspecto de violino. -As larvas passam do ambiente para os hospedeiros, se alimentam e se transformam em ninfas que da mesma forma irão se diferenciar em adultos. Desta maneira, realizam todas as mudas sobre o corpo do hospedeiro e quando alcançam o estádio adulto abandonam o animal. -Em conseqüência da alimentação de sangue, ocorre intensa irritação local na pele do hospedeiro, que resulta em inflamação com grau variado de intensidade.

Argas miniatus CARACTERÍSTICAS GERAIS E MORFOLÓGICAS: -Constitui uma das 56 espécies descritas do gênero Argas. São vetores potenciais da Borrelia anserina , que é secretada pela secreção coxal do carrapato após o período de alimentação. -Seus hospedeiros de eleição são as aves, principalmente galinha criada em quintais, não sendo problema na criação comercial. -Possui o corpo de contorno oval, sendo mais largo posteriormente. No estádio adulto, quando visto de cima possui o corpo achatado dorso-ventralmente. -Margem lateral formada de áreas quadrangulares típicas. -Adultos quando ingurgitados de sangue, possuem uma coloração castanha-azulada. -Machos medem 4,8 x 3,4 mm e fêmeas 5,45 x 3,4 mm. -Peritrema entre o 3º e 4º par de patas. CICLO BIOLÓGICO: -O ciclo de vida do Argas miniatus é composto de ovo, larva, vários estágios ninfais ( 2, 3 ou 4) e adultos. -Os adultos e ninfas alimentam-se durante a noite, o que é um fator de adaptação da espécie, uma vez que os hospedeiros durante este período estão no ninho. Neste caso, após o período de alimentação que é curto (média 30 minutos), o carrapato cai e volta para o seu habitat que geralmente compreende pedaços de tábuas dos ninhos, frestas nas madeiras, paredes e pedras próximos ao local de alimentação. Cada período de alimentação é seguido de produção de grupos de ovos em fêmeas e de espermatozóides em machos. -As larvas alimentam-se por um período de tempo mais longo, ficando no hospedeiro em média por 5 dias. Nas larvas e ninfas o período de alimentação é seguido de ecdise para o estágio subsequente. -A fêmea após se alimentar e copular, não necessariamente nesta ordem, inicia a postura. Os ovos são grandes e possuem uma cor castanha, o período de incubação varia com a temperatura ambiente, sendo em média de 2 a 3 semanas. Após a eclosão, são necessários alguns dias para que haja endurecimento aparelho bucal das larvas e, após este período (7 a 10 dias) elas irão procurar os hospedeiros, fixando-se principalmente na pele do peito ou sob as asas. O período de alimentação varia de 4 a 6 dias, após o qual elas irão cair do animal e procurar um local seguro para realizarem a ecdise. O período de ecdise varia também com a temperatura ambiente, sendo que quanto maior esta se apresentar mais rapidamente ocorrerá a ecdise (verão ocorre em uma média de 4 a 6 dias, inverno ocorre em uma média de 21 a 22 dias). -Os Argasideos podem apresentar vários estágios ninfais, tendo sido verificado no Argas miniatus até 4 estágios. O primeiro estágio observado é o de Protoninfa seguido de Deutoninfa, Tritoninfa e eventualmente Tetraninfa. Ambos apresentam um período de alimentação de aproximadamente 30 minutos seguido de uma média de 7 dias de período de ecdise. -Os adultos são também ovais e achatados. O orifício genital nos machos é pequeno e de forma circular, ventral ao idiossoma , entre os dois primeiros pares de patas; nas fêmeas o orifício genital é maior em forma de uma fenda horizontal situado na mesma posição. Os machos são um pouco menores que as fêmeas. A cópula ocorre fora do hospedeiro, antes ou depois do período de alimentação (30 minutos aproximadamente). Para que haja postura três fatores devem ser considerados: desenvolvimento e maturidade sexual da fêmea, sucção de sangue e cópula. A cópula só é indispensável para a primeira postura, podendo ser obtidas várias outras posturas sem que haja cópula, devido à capacidade da fêmea em armazenar os espermatozóides. O período de pré postura

aumenta com a diminuição da temperatura. As fêmeas efetuam várias posturas sendo indispensável que ocorra a sucção antes de cada postura. O número médio de ovos por postura é de 89 ovos. O índice de eclodibilidade médio é de 78,4%. FÊMEA E MACHO COPULAM NO AMBIENTE

Adultos no ambiente

Fêmea ingurgitada se desprendende e faz postura de 100 a 150 ovos

Fêmeas e Machos se alimentam no hospedeiro por ~30’ ecdise

Deutoninfa

Período de Incubação de15 a 23 dias

Processo pode se repetir até 6 vezes

Tritoninfa

Tetraninfa

Ovos no ambiente

Pentaninfa Eclosão dos ovos e larvas não infectantes no ambiente

ecdise

Protoninfa se alimenta por ~30 minutos e se desprendem Ecdise para protoninfa

ecdise

Larvas se desprendem dos hospedeiros

~5 dias

Larvas infectantes encontram hospedeiro

IMPORTÂNCIA: -Além da irritação das aves , determinada pelo parasitismo e da perda de sangue que pode levar à anemia, Argas miniatus é hospedeiro intermediário de Borrelia anserina, a bactéria causadora da borreliose das aves. PERSPECTIVAS DE CONTROLE: -Evitar construir ninhos de palha ou manter as aves em locais sombrios, quentes e úmidos que propiciam o desenvolvimento deste parasita. -O banho carrapaticida individual nas aves é desaconselhado: dificuldade de realização, proteção das penas (camada hidrofóbica que impede a penetração do carrapaticida) e possibilidade de intoxicação.

-Aplicação de carrapaticida no ambiente, principalmente sobre os abrigos das aves. Pode-se utilizar produtos a base de piretróides (K-otrine, cipermil, butox) ou organofosforados (assuntol).

Ornithodorus talaje CARACTERÍSTICAS GERAIS : -No Brasil esta espécie parece ser comum em algumas áreas. -Distribuição: Califórnia à Argentina. Brasil: RJ, BA, CE, PI, PB, PE, MA, GO, MT, MG. -Hospedeiros: *Animais silvestres e suas tocas (preferencial): paca, porco do mato *Morcego (forro das habitações humanas) – MG -Picada dolorosa e que pode produzir reação severa no local -Transmissor do vírus da peste suína -Potencial vetor da “Doença de Lyme” para os homens Ornithodorus rostratus CARACTERÍSTICAS GERAIS: -Carrapato robusto, apresenta a cor de terra. -É encontrado na areia ou enterrado no chão das tocas dos animais silvestres. -Encontrado no chão de casas rústicas, ranchos, tocas e chiqueiros (Brasil – CE) -Distribuição: Argentina, Bolívia, Paraguai e Brasil (SP, MS, MG, GO, MT) -Hospedeiros: coelhos, ratos, cobaias, macacos, sagüis, aves, mamíferos (silvestres) -Picada dolorosa e que pode produzir reação severa no local -Provável transmissor de Rickettsia rickettsi

FILO ARTROPODA CLASSE ARACHNIDA Sub Classe Acari ORDEM IXODIDA FAMÍLIA IXODIDAE PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS -Popularmente conhecidos por carrapatos duros (“Hard Ticks”), no Brasil há registro da ocorrência de sete gêneros: Ambyomma sp., Anocentor sp., Aponoma sp., Boophilus sp., Haemaphysalis sp., Ixodes sp. e Rhipicephalus sp. -Presença de escudo dorsal, este podendo ser ou não ornamentado. No macho o escudo recobre toda a face dorsal, nas fêmeas somente a região dorsal anterior. -Dimorfismo sexual evidente -O capítulo é sempre visível dorsalmente. -Quando os olhos são presentes eles são localizados dorsalmente ao lado do escudo. -O quarto segmento do palpo é reduzido e curvado ventralmente sob o terceiro, podendo também estar localizado na superfície dorsal do terceiro segmento. -Peritremas grandes, localizados atrás do último par de patas. -Os pulvilus são bem desenvolvidos PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS: -O ciclo biológico dos ixodídeos é composto por ovo  larva  ninfa  adultos. Neste caso, existe apenas um estádio ninfal antes do desenvolvimento dos adultos. -Ao contrário do observado entre os argasídeos, as fêmeas se alimentam apenas uma vez durante o ciclo de vida e produzem uma grande quantidade de ovos após a alimentação. Após a postura, as fêmeas morrem, contudo a quantidade de ovos colocados garante a sobrevivência das futuras gerações. Nesta família as larvas, ninfas e adultos se alimentam por um período maior de tempo (dias). -De acordo com o número de hospedeiros utilizados durante o período parasitário, podemos classificar os carrapatos em monoxenos, dioxenos e trioxenos: Monoxenos = As fêmeas no ambiente realizam posturas de milhares de ovos que irão originar milhares de larvas. Após um período necessário para o endurecimento do aparelho bucal, as larvas começam a procurar os hospedeiros para se alimentarem. Uma vez no corpo do hospedeiro as larvas se alimentam, tornam-se ingurgitadas e sofrem a muda (ecdise) para o estádio ninfal. Após um período variável de descanso, as ninfas se alimentam e sofrem ecdise para adulto quando irão se diferenciar em machos ou fêmeas. Normalmente as larvas e ninfas são histiófagas e os adultos são hematófagos. Os adultos também irão se alimentar ainda sobre o corpo do hospedeiro onde irão se acasalar. Após a ingestão de quantidade suficiente de sangue e o acasalamento, as fêmeas se desprendem, caem no solo e iniciam a postura. Os ovos produzidos irão sofrer períodos variados de incubação, dando origem às larvas que estarão prontas para infectar um novo hospedeiro. São exemplos de carrapatos monoxenos Boophilus microplus e Anocentor nitens. Dioxenos = As larvas que alcançam os hospedeiros irão se alimentar, tornam-se ingurgitadas e sofrem a muda (ecdise) para o estádio ninfal. Após um período variável de

descanso, as ninfas se alimentam, ingurgitam-se e se desprendem do hospedeiro. Assim, a ecdise do estádio ninfal para adultos irá ocorrer no meio ambiente e após o endurecimento da cutícula, os machos e fêmeas estarão prontos para procurar um segundo hospedeiro. Entre os ixodídeos de importância médico veterinária que serão estudados, nenhum deles pertence a este grupo. Trioxeno = O ciclo no geral se processa da maneira observada nos monoxenos, contudo, após se ingurgitarem, as larvas e ninfas irão se desprender do hospedeiro e realizar a muda ou ecdise no ambiente. Desta forma, podem utilizar até 3 hospedeiros diferentes (um para cada estádio). Como exemplo conhece-se Amblyomma cajennense, Riphicephalis sanguíneus, entre outros.

IXODÍDEOS DE IMPORTÂNCIA MÉDICA E VETERINÁRIA QUE OCORREM NO BRASIL: -Amblyomma sp. (52 espécies): Amblyomma cajennense, A. ovale, A. cooperi, A. aureolatum, A. rotundatum -Anocentor nitens -Boophilus microplus -Haemaphysalis leporispalustris -Ixodes loricatus -Rhipicephalus sanguineus

Amblyomma cajennense PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Popularmente conhecido por micuim na fase larvária, carrapatinho pólvora ou estrela na fase ninfal e rodoleiro no estádio adulto, o Amblyomma cajennense é um carrapato trioxeno parasito de equinos e que pode ser frequentemente encontrado em outros hospedeiros (mamíferos, aves e répteis), principalmente nos estádios de larva e ninfa. É comum a ocorrência de infestação em humanos. -Encontra-se distribuído na zona tropical compreendida do sul dos Estados Unidos ao norte da Argentina. -Sua importância econômica e na saúde pública é indiscutível. Os danos causados por este carrapato variam desde espoliação sanguínea e irritação nos locais de picada, à transmissão de microorganismos nocivos aos

animais e ao homem. Entre estes patógenos destacam-se provavelmente Rickettsia rickettsii o agente etiológico da Febre Maculosa, Babesia caballi e Ehrlichia bovis. MORFOLOGIA: -Possui escudo ornamentado sendo grande nos machos e pequeno nas fêmeas. -Machos e fêmeas com 11 festões. -Base do capítulo retangular -Palpos e rostro (quelíceras + hipostomo) longos e fortes -Hipostomo com 3 fileiras de dentes. -Peritrema atrás do 4º par de patas em forma de triângulo. -Machos não possuem prolongamento caudal e nem placa adanal. -Suco anal circundando o ânus posteriormente.

CICLO BIOLÓGICO: -Ciclo trioxeno.

-Observa-se a ocorrência de apenas uma geração de carrapatos por ano com predominância de cada estádio em determinada época. -As larvas são encontradas durante todo o ano, contudo, apresentam predominância em vida livre de março a setembro e em vida parasitária de outubro a março. Ninfas também são encontradas todo o ano, contudo predominam de julho a setembro em vida livre e de julho a outubro em vida parasitária. Os adultos machos e fêmeas predominam nos meses de agosto a maio (pico de janeiro a fevereiro). -Os carrapaticidas quase não têm efeito sobre os carrapatos adultos. Eles agem melhor sobre as larvas e ninfas.

CONTROLE: -O controle estratégico baseia-se na aplicação de carrapaticidas nos meses de predominância de larvas e ninfas uma vez que as fêmeas são mais resistentes. A primeira bateria de aplicação inicia-se em abril, sendo administrados 5 banhos carrapaticidas intervalados de 7 dias. A segunda bateria de tratamento inicia-se em agosto e também é composta por 5 banhos com intervalos de 7 dias. -Recomenda-se a aplicação de produtos carrapaticidas a base de piretróide. Não usar produtos a base de amitraz : Triatox®, Amitracid®, Amitrazina®. -Evitar a criação concomitante de bovinos e eqüinos. -A rotação de pastagens não é uma medida de controle muito recomendada, pois as ninfas e adultos podem sobreviver por até um ano sem se alimentarem, tornando esta estratégia inviável. -A queimada de pastos além de ser ecologicamente incorreta, também pode apresentar resultados insatisfatórios. Isto porque as larvas costumam se enterrar no solo quando as condições ambientais não são favoráveis. -Quando feito de maneira correta. O controle estratégico reduz consideravelmente a carga parasitária dos animais e do ambiente. O período mínimo de tratamento parece ser de três anos, quando começam a surgir os efeitos esperados.

Anocentor nitens PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Distribuição geográfica limitada ao novo mundo (Américas). É um parasito preferencial de eqüídeos, mas há registro em bovinos, ovinos, caninos e felinos. -Uma vez nos hospedeiros, preferem locais com as seguintes características: pele fina, maior umidade, circulação sanguínea abundante, proteção contra a luz solar e difícil acesso para a auto-limpeza do hospedeiro. Entre estes locais inclui-se o conduto auditivo externo (mais comum), o divertículo nasal, a crina, o períneo, a face interna das coxas, o úbere, a bolsa escrotal, mas podem estar fixados em outras áreas do corpo. MORFOLOGIA: -Ixodídeo com escudo não ornamentado -Machos e fêmeas possuem 7 festões pouco delimitados -Palpo e quelíceras longos, com 4 fileiras de dentes no hipostomo -Peritrema atrás do 4º par de patas, em forma de disco de telefone

CICLO BIOLÓGICO: -Anocentor nitens é um carrapato monoxeno, ou seja, realiza todo o ciclo biológico sobre um único hospedeiro sem cair no ambiente para a ecdise. Período de postura das fêmeas Período de incubação dos ovos Período de alimentação das larvas sobre o hospedeiro + ecdise para ninfas Período de alimentação das ninfas sobre o hospedeiro + ecdise para adultos Período de alimentação das fêmeas adultas Período de pré-postura

15 dias ~ 30 dias ~10 dias ~ 8 dias ~15 dias ~ 3 dias

-O ciclo como de todo carrapato pertencente à família Ixodidae, é constituído por ovo  neolarva (larva ñ alimentada)  metalarva (larva alimentada)  neoninfa (ninfa ñ alimentada)  metaninfa (ninfa alimentada)  neandro (macho sexualmente inativo) e gonandro (macho sexualmente apto)  neógena (fêmeas sexualmente inativas), partenógenas (fêmeas sexualmente ativas, porém ainda ñ completamente alimentada) e teleógena (fêmeas ingurgitadas e fecundadas que se desprenderam da pele do hospedeiro).

IMPORTÂNCIA: -Provoca lesão purulenta no ouvido externo dos eqüídeos, com quebra do pavilhão auricular, que fica dobrado sobre si mesmo (“orelha cabana”, “orelha murcha”). -Este carrapato é vetor e hospedeiro intermediário de Babesia caballi para eqüinos. -Perdas econômicas significativas oriundas dos gastos com controle e tratamento dos animais parasitados. CONTROLE: -Normalmente o controle estratégico para Amblyomma cajennense elimina o carrapato da orelha do cavalo. Caso isso não ocorre, recomenda-se a aplicação local de talcos carrapaticidas (Tanidil ®).

Boophilus microplus PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Espécie conhecida no Brasil como “carrapato do boi”. Apresenta ampla distribuição mundial tendo sido introduzida no Brasil provavelmente ainda no período colonial, com a importação de bovinos oriundos das ilhas dos Açores. -É um parasito preferencial de bovinos apesar de ser encontrado parasitando outros animais em condições excepcionais (eqüinos, ovinos, caprinos, bubalinos e cervídeos). MORFOLOGIA: -Possuem o rostro (quelíceras + hipostomo) curto. -A base do capítulo é de formato hexagonal -Escudo não ornamentado de coloração castanho-avermelhada -Não possui festões -Extremidade posterior do macho possui apêndice caudal

-Peritremas ovais ou arredondados -Macho apresenta dois pares de placa adanais

CICLO BIOLÓGICO: -São carrapatos monoxenos, ou seja, alcançam o hospedeiro na fase larval e só o abandonam para realizarem posturas após o ingurgitamento das fêmeas adultas.

Ninfa

Larva Escudo

Macho Fêmea

Fêmea ingurgitada

Ovos

-Nos bovinos localiza-se preferencialmente nas seguintes regiões: face interna da orelha, períneo, úbere ou escroto, face interna da coxa, barbela e região hipogástrica. -Após a sucção sanguínea a fêmea ingurgitada (Teleógena) cai no solo e procura um local úmido para realizar a postura. O período que decorre da queda da teleógena ao início da postura é denominado período pré-postura e varia conforme as condições ambientais (temperatura e umidade). Em MG demora aproximadamente 2 semanas. Cada fêmea produz em média 3.000 ovos após um período de postura de 2 a 3 semanas. Os ovos são recobertos por uma cera que é produzida pela glândula de gené e tem como objetivo impedir que eles se ressequem e desidratem. O período de incubação dos ovos varia de 4 a 17 semanas, dependendo da temperatura ambiente. -Assim que eclodem as larvas não alimentadas ou neolarvas necessitam de um período de descanso de 2 a 3 dias para que ocorra o endurecimento da cutícula e do aparelho bucal. Após este período elas iniciam a busca aos hospedeiros subindo para a ponta dos capins ou arbustos onde ficam durante todo dia à espera de uma “vítima”. O gás carbônico proveniente da respiração do animal é um dos principais atrativos para as neolarvas infectantes. Neste caso o órgão de haller é um dos responsáveis pela percepção e busca do hospedeiro. Se o carrapato não obtiver sucesso durante o dia na busca do hospedeiro, ele retorna à tardinha para a base do capim onde ficam protegidos durante a noite. As larvas não alimentadas podem sobreviver por até 23 dias no ambiente. -Quando alcançam o hospedeiro as larvas migram para encontrar um local ideal para se fixarem. Uma vez fixadas, alimentam-se por aproximadamente 3 dias quando começam a se transformar em neoninfas. A ecdise das metalarvas para neoninfas ocorre aproximadamente no 7º dia do período parasitário. Aproximadamente 80% das larvas que sobem nos animais não conseguem atingir o estádio ninfal. -As neoninfas também se alimentam e após um período de 7 dias (14º dia de parasitismo) se transformam em neandros ou após 8 dias (15º dia de parasitismo) em neógenas. Os neandros que são os machos sexualmente imaturos se alimentam por 2 dias após os quais estão aptos a copularem (gonandros) e vivem por até 120 dias quando copulam várias fêmeas diferentes. As neógenas começam a se alimentar e se tornam sexualmente maduras após 2 dias (partenógenas). As partenógenas copulam e se alimentam por aproximadamente 5 dias,

transformando-se em teleógenas. Uma vez ingurgitadas as teleógenas se desprendem dos hospedeiros e iniciam a produção de ovos. -Em condições normais o ciclo sobre o hospedeiro se completa em 21 dias. O conhecimento deste período é importante para a aplicação dos carrapaticidas durante o tratamento estratégico. Alimentação das neolarvas + ecdise para neoninfas 1º ao 7º dia de parasitsimo Alimentação das neoninfas + ecdise para neandros ou 7º ao 14º dia 7º ao 15º dia neógenas Transformação de neandro em gonandro ou neógena em 14º ao 16º dia 15º ao 17º dia partenógena Alimentação das partenógena  teleógena 17º ao 21º dia de parasitismo -Considerando o rápido ciclo parasitário, este carrapato pode apresentar até 5 gerações por ano. Nas condições climáticas de Minas Gerais, ocorrem quatro geração que se iniciam na primavera e se estendem até início do inverno. IMPORTÂNCIA: -As fêmeas adultas podem sugar de 2 a 3 ml de sangue dos hospedeiros, provocando um intensa anemia nos animais ou até mesmo uma perda de 17 a 32 Kg de peso. Os animais tornam-se inquietos, diminuem a produção de leite e a conversão alimentar, causando prejuízos reais aos proprietários. -No Brasil o couro do animal ainda não é valorizado nos frigoríficos. Contudo, infestações maciças por Boophilus microplus podem causar um considerável dano ao couro dos animais, inutilizando-o para aproveitamento secundário (indústrias de sapatos, bolsas e couros em geral). -Boophilus microplus é o hospedeiro intermediário da Babesia bovis e Babesia bigemina (babésias bovinas) que são agentes etiológicos componentes do complexo “Tristeza Parasitária”. Pode também trabalhar como vetor mecânico de Anaplasma marginale e do vírus da papilomatose bovina. -Não devemos negligenciar o custo do proprietário com tratamento das hemoparasitoses e com a compra de produtos carrapaticidas que na maioria das vezes se apresentam ineficazes. Atualmente estirpes resistentes deste carrapato têm demonstrado notáveis mecanismos de evasão contra os carrapaticidas presentes no mercado. PERSPECTIVAS DE CONTROLE: Controle Químico: -Tratamento Estratégico  varia conforme a região e baseia-se na aplicação de carrapaticidas quando o número de carrapatos flutua em níveis toleráveis e graves para o gado. Em Minas Gerais preconiza-se a aplicação de 5 a 6 tratamentos carrapaticidas com intervalos inferiores a 21 dias (17 a 18 dias) a partir do início da primavera (fim de setembro ou início de outubro). Este tratamento visa controlar as infestações dos anos seguintes uma vez que o número de fêmeas que conseguem produzir ovos fica consideravelmente limitado. Na prática devemos considerar o aparecimento das partenógenas nos animais e basear o intervalo de tratamento neste dado. O importante é que se cubra, a partir do primeiro banho dado, um período total de tratamento de 120 dias. Além disso, a eficiência do carrapaticida utilizado deve ser também considerada para se determinar o intervalo de banhos No tratamento estratégico, o produtor deve procurar utilizar o carrapaticida na forma de pulverização, porque o custo por animal é menor. -Tratamento Emergencial  baseia-se na aplicação de produtos carrapaticidas subsequente ou não quando os animais apresentam uma infestação muito alta. Normalmente quando os animais são submetidos ao tratamento estratégico não existirá necessidade de um tratamento emergencial.

-Tratamento Tático  utilizado em animais que estão entrando no rebanho e portanto encontram-se desprotegidos ou quando ocorrem condições ambientais muito favoráveis ao aumento do número de carrapatos nas pastagens. -Modo de aplicação dos carrapaticidas: Banhos de imersão ou mergulho = os animais são conduzidos a uma instalação construída para esta finalidade, onde o animal mergulha completamente num tanque com grande quantidade de água + carrapaticida (10 a 16 litros). Tem como desvantagem o alto custo de construção da instalação e é indicado normalmente para gado de corte (acima de 1000 cabeças) de raças susceptíveis. Aspersão ou Pulverização = A aspersão deverá ser feita com bomba manual (pulverizador costal ou bomba capeta), bomba elétrica ou em bretes de pulverização. Aplica-se cerca de 3 a 5 litros de produto em cada animal o que vai depender do mecanismo utilizado. Deve-se cuidar para que todo o corpo do animal seja banhado. Pour On = é a forma de aplicação dos carrapaticidas em que o produto é derramado em quantidade de acordo com o peso, na linha do dorso ou lombo do animal. Os carrapaticidas apresentados nesta forma são mais caros, contudo, dispensam a construção de instalações apropriadas, são de fácil aplicação e não provocam estresse nos animais e têm um maior poder residual. Injetável = são os endectocidas, ou seja, produtos que são eficientes no controle dos parasitos internos e dos ectoparasitas (Ex. Dectomax®). Podem, dependendo da resistência dos carrapatos do rebanho, ser utilizados em controles estratégicos com número menor de aplicações e um maior intervalo entre aplicações (30 dias ?). -Fatores a serem considerados em um programa de controle estratégico: Raça ou grau de sangue =.as raças zebuínas e mestiças (nelore, gir, guzerá, indubrasil, girolanda) são mais resistentes ao carrapato, necessitando de um menor número de aplicações ou até mesmo não necessitando aplicação de carrapaticidas. Época do ano = no outono e inverno os animais ficam mais susceptíveis à infestação e como o pelo está mais comprido o produto carrapaticida tem uma menor eficiência. Isso justifica a necessidade do tratamento estratégico na primavera e verão que irá reduzir a carga parasitária por ocasião do outono e inverno. Idade = os bezerros até 7 meses são bem resistentes ao carrapato (colostro e anticorpos maternos). Dos 8 aos 12 meses atravessam uma fase de instabilidade parasitária, estabilizando o seu nível de resistência por volta dos 18 meses. Portanto, devemos tomar cuidado dobrado com bezerros de 8 aos 15 meses de idade. Sexo = os machos normalmente são mais parasitados do que as fêmeas. Nutrição e stress = animais mal nutridos ou que tenham sofrido alguma forma de stress ficam mais suscetíveis ao carrapato. Por esse motivo não devemos descuidar da alimentação, principalmente em se tratando de bovinos suscetíveis na fase de recria. Resistência aos carrapaticidas = as bases presentes no mercado incluem Carbamatos, Organoclorados, Organofosforados, Piretróides, Amitraz, Fipronil, Benzoilfeniluréia entre outras. Atualmente é normal o desenvolvimento de resistência dos carrapatos aos produtos

usados, o que pode inviabilizar os programas de controle. Uma alternativa é a realização de testes de biocarrapaticidograma que auxiliam na determinação de produtos mais eficientes. Outras medidas de controle: -Controle biológico  algumas espécies de formigas são predadoras de ovos de carrapatos, o que contribui para o seu controle. No Mato Grosso a garça branca é responsável pela diminuição do número de carrapatos nos bovinos. Galinhas d’angola e gaviões também são predadores eficientes de carrapatos. -Controle imunológico  uso de vacinas contra carrapatos. Encontram-se disponíveis no mercado duas marcas de vacina: Tickgard® e Gavac®. Apresentam eficiência satisfatória, porém com um custo ainda elevado. -Rotação de pastagens  a rotação de pastagem é um mecanismo eficiente de controle de Boophilus microplus. Contudo o intervalo mínimo de descanso do pasto deve ser rigorosamente respeitado: no verão o descanso deve ser de no mínimo 30 dias e no inverno 120 dias. Na média utilizam-se intervalos de 60 a 90 dias, dependendo do manejo.

Rhipicephalus sanguineus PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Única espécie do gênero com ocorrência confirmada no Brasil. -Tem como hospedeiro preferencial o cão, contudo pode ser encontrado parasitando canídeos silvestres, felinos, bovinos, ovinos, leporinos, roedores e primatas não humanos. Em casos excepcionais pode parasitar o homem sem completar o ciclo neste hospedeiro. MORFOLOGIA: -Ixodídeo com escudo não ornamentado -Possuem coloração vermelho-marron. -Machos com festões discretos. -Possuem os palpos e rostro curtos e base do capítulo hexagonal. -Peritrema atrás do 4º par de patas em forma de vírgula. -Machos com um par de placas adanais muito desenvolvidas e outro hipotrofiado. -Coxa do primeiro par de patas com dois espinhos longos.

CICLO BIOLÓGICO: -Ixodídeo trioxeno.

Período de pré postura 3 dias Período de incubação dos ovos 17-60 dias Tempo de sobrevivência das larvas não alimentadas ~ 8,5 meses Período de alimentação das larvas sobre o hospedeiro 2–7 dias Período de pré ecdise para ninfas 5-23 dias Tempo de sobrevivência das ninfas não alimentadas 6 meses Período de alimentação das ninfas sobre o hospedeiro 4-9 dias Período de pré ecdise para adultos 11-73 dias Tempo de sobrevivência dos adultos não alimentados até 19 meses Período de alimentação das fêmeas adultas 6 – 30 dias TOTAL De 32 dias a 202 dias -Este ixodídeo tem o hábito de depois de desprendido do hospedeiro, subir nas paredes, muros, arbustos, árvores e móveis intra-domiciliares em busca de um local protegido, sombrio e com pouca ventilação. -Uma vez nestes locais, ficam em quiescência até completarem a ecdise (larvas e ninfas ingurgitadas) ou terminarem a postura (fêmeas ingurgitadas). Os novos estágios emergidos descem para o chão em busca de hospedeiro para se alimentarem. IMPORTÂNCIA: -Além da perda de sangue do hospedeiro provocada pelo parasitismo, podem ocorrer também manifestações alérgicas nos locais de fixação do carrapato que provocam intensa coceira e incômodo nos animais. -Rhipicephalus sanguineus durante a alimentação podem transmitir Babesia canis e Ehrlichia canis aos cães parasitados. Pode estar envolvido na transmissão de Rickettsia rickettsia, o agente da Febre Maculosa. -Desta forma, fica claro o prejuízo causado a saúde pública e animal quais sejam gastos em medidas de controle, tratamento e com honorários pagos aos veterinários. CONTROLE: -Como ocorre em todas as parasitoses, 95% dos parasitas encontram-se no ambiente e os restantes 5% estão em vida parasitária sobre os hospedeiros. Desta forma o combate ao carrapato não deve se restringir apenas ao tratamento dos animais, sendo imprescindível medidas de controle ambiental.

Nos animais: Banhos carrapaticidas = aplicação de produtos a base de piretróides ou amitraz (Triatox®) nos animais carrapatados. Devem ser feitos 5 banhos seguidos com intervalos semanais e monitoramento dos animais após terminado o tratamento. Caso haja necessidade, mais banhos devem ser administrados. Evitar que o animal fique no sol quente após a aplicação do produto. Após a lavagem do animal com água e sabão, aplicar o carrapaticida e não enxaguar novamente. É importante que se utilize a diluição comercial recomendada para se evitar quadros de intoxicação nos animais e nos proprietários. Outra alternativa é a pulverização dos animais com produtos ectocidas. Entre estes produtos destacam-se o fipronil ou Frontline® que apresenta uma melhor eficiência razoável. Existem ainda outras formulações ectocidas administradas em “bisnaguinhas” ou spot-on: Frontline®, Advantage®, Revollution® das quais a primeira tem eficiência comprovada contra carrapatos, contudo a segunda e terceira parecem agir melhor em infestações por pulgas. No ambiente: Aplicação de produtos carrapaticidas em todo o ambiente, principalmente nos locais onde os animais costumam passar um tempo maior. Deve-se pulverizar as paredes, muros, gretas em tijolos e passar o produto no chão. Evitar o acúmulo de tralhas nos quintais e procurar passar reboco nas paredes e muros, vedando todas as possíveis gretas. Outra medida eficiente, porém perigosa é a utilização de vassoura de fogo no ambiente. Cuidado para não incendiar a casa.

FILO ARTROPODA CLASSE ARACHINIDA Sub Classe Acari ORDEM SARCOPTIFORMES Principais características: -Acari com cutícula delgada -Não possuem estigmas respiratórios sendo também conhecidos como subordem Astigmata. Neste caso, a respiração se efetua através do tegumento -As quelíceras são em forma de tesoura e os palpos são simples -Os machos geralmente possuem ventosas anais e apresentam um órgão para a cópula denominado edeago. -As coxas das pernas são fundidas à parte ventral do corpo, formando uma estrutura denominada apódema. -Entre os representantes desta subordem incluem-se os ácaros de vida livre e os que possuem hábitos parasitários. Neste segundo grupo destacam-se os causadores de sarna nos animais e no homem e aqueles que se localizam nas penas e tecidos das aves. -Os ácaros parasitas diferem dos carrapatos por passarem todo o ciclo evolutivo, de ovo a adulto, nos hospedeiros, sendo a transmissão, portanto, principalmente por contato. Principais famílias de interesse veterinário: -Família Sarcoptidae Sarcoptes sp. Notoedres sp. Knemidokoptes sp.

-Família Psoroptidae Psoroptes sp Octodectes sp.

“FAMÍLIA SARCOPTIDAE” (Os Ácaros Escavadores) Características gerais: -Corpo globoso, coberto por uma cutícula com finas estrias paralelas, interrompidas por escamas ou espinhos. -Pernas curtas com carúnculas tarsais e sem garras -São parasitas de animais de sangue quente nos quais causam uma patologia denominada sarna. -Inclui os gâneros Sarcoptes sp., Knemidokoptes sp. e Notoedres sp.

GÊNERO SARCOPTES Sarcoptes scabei Principais Características: -São ácaros escavadores e que vivem em galerias na pele dos hospedeiros. -A espécie Sarcoptes scabei causa a sarna sarcóptica ou escabiose humana. Parasitos semelhantes causam sarnas nas espécies de animais domésticos, porém estes são considerados variedades de uma mesma espécie:

Sarcoptes scabei var suis (suínos) Sarcoptes scabei var ovis (ovinos) Sarcoptes scabei var caprae (caprinos) Sarcoptes sacabei var bovis (bovinos)

Sarcoptes sacabei var equi (equino) Sarcoptes sacabei var canis (caninos) Sarcoptes sacabei var cuniculli (coelho)

-As espécies que parasitam animais são altamente específicas e ocorrem em todo o mundo. Morfologia:

Possuem o corpo arredondado e globoso com o 3º e 4º par de patas curtos. -Cutícula dorsal com estrias finas, interrompidas por áreas com cerdas finas e flexíveis, espinho curto e escamas em forma triangular. -O rostro (quelíceras + hipostomo) é curto e largo. -Patas com carúnculas. Nos machos as carúnculas são observadas no 1º, 2º e 4º par de patas e nas fêmeas no 1º e 2º par.

Espinhos

Escamas

Sarcoptes scabei

Pedicelo

Carúncula

Ciclo biológico: -O ciclo biológico do Sarcoptes scabei inclui as seguintes fases: ovo, larva, ninfa, adulto (macho, fêmea imatura e fêmea ovígera). A transformação da fêmea imatura em fêmea ovígera ocorre após a fertilização. -O contágio possivelmente se realiza através da passagem da fêmea adulta ou da ninfa de um animal doente para um animal sadio, diretamente ou através de roupas, arreios e utensílios.

-A fêmea gasta cerca de uma hora para penetrar na pele dos hospedeiros. A penetração é auxiliada pelas carúnculas que aderem à pele e pelas peças bucais que cortam a epiderme. A fêmea fertilizada escava galerias na espessura da pele, atingindo o estrato germinativo, onde se nutre de linfa. À medida que escava seu túnel, vai efetuando a postura dos ovos (3 a 5 por vez) que vão sendo depositados com dois a três dias de intervalo, geralmente durante dois meses. -Um vez produzidos, os ovos ficam de 3 a 5 dias em incubação após os quais dão origem a larvas hexapodes (3 pares patas) que abandonam as galerias para viverem entre as crostas na superfície da pele. Nestes locais, as larvas se alimentam de células de descamação e se transformam em ninfas octópodes (4 pares patas). Rapidamente as ninfas realizam a muda para machos e fêmeas imaturas que após serem copuladas pelos primeiros, transformam-se em fêmeas ovígeras e penetram novamente na pele, recomeçando um novo ciclo. -Os machos e fêmeas podem ser encontrados na pele em cerca de 4 a 5 dias após a eclosão dos ovos. O ciclo normalmente se completa em 10 a 17 dias. Patogenia e Sintomas: -O ataque parasitário ao homem e aos animais domésticos causa prurido intenso como resultado de um processo alérgico. À proporção que aumenta a área acometida, o prurido vai se tornando maior. -Ao abrirem os túneis na epiderme, as fêmeas ovígeras provocam o rompimento dos vasos linfáticos com exsudação da linfa  formação de crostas úmidas, contornadas por áreas de descamação eritrematosa. -O papel patogênico não se restringe somente ao ataque do ácaro, mas também pela contaminação secundária da pele e das feridas por bactérias oportunistas. Normalmente tal fato ocorre durante o ato de se coçar (escoriações). -Sintomas: animais tornam-se irritados, prurido intenso, descamação da pele e queda dos pêlos. A Escabiose nos animais domésticos: -De maneira geral, na escabiose animal, ao contrário do que acontece com o homem, ocorrem lesões iniciais na região da cabeça: Nos cães = A sarna inicia-se na cabeça e espalha-se pelo corpo. Aparecimento inicial de pequenas pápulas avermelhadas, semelhantes a picadas de pulgas, acompanhadas de um prurido intenso. Os pêlos caem progressivamente com o ato de se coçar e, devido à exsudação da linfa verifica-se o aparecimento de crostas na superfície da pele. Animais ficam inquietos e param de se alimentar. Em animais novos pode provocar a morte por desnutrição. Nos suínos = A sarna sarcóptica ou escabiose é muito comum, geralmente atacando inicialmente as orelhas, a região ao redor dos olhos e das narinas e mais tarde se generalizando. A transmissão mais comum parece ser entre porcas portadoras e seus filhotes durante o aleitamento. Provoca intensa coceira e formação de crostas, sendo mais severa nos animais novos. Os suínos afetados arranham-se constantemente, deixando a pele vulnerável às infecções secundárias. Nos ovinos = Nestes animais o ácaro prefere regiões deslanadas (sem lã): face, orelha, axilas, virilha e extremidade das pernas. Alastra-se lentamente, provocando intensa coceira nos animais acometidos. Nos caprinos = A sarna sarcóptica caprina apresenta distribuição mundial, contudo, possui fundamental importância na Índia e África Ocidental. Como na maioria dos animais, a sarna inicia na cabeça e orelhas, podendo generalizar e acometer outras partes do corpo. Possui curso crônico. Nos animais afetados, a sarna sarcóptica causa coceira, formação de crostas, perda de pêlos e espessamento da pele.

Nos bovinos = Esta sarna é pouco freqüente; geralmente se inicia na face interna das coxas, na face inferior do pescoço e na base da cauda, de onde pode se alastrar para todo o corpo. Como ocorre em todas as sarnas sarcópticas há um intenso prurido, que resulta em queda na produção de carne e leite e na depreciação do couro por arranhaduras e fricção. Nos equinos = Muito raro. O contágio é feito por contato direto entre os animais ou peças de montaria e arreios. As primeiras lesões visíveis ocorrem na cernelha e em torno da cabeça. A intensa coceira obriga os animais a se esfregarem contra as paredes, cercas, mourões. Diagnóstico: -Os achados clínicos aliados ao exame parasitológico possibilitam um diagnóstico de razoável certeza. O exame parasitológico é feito através de um raspado profundo nas bordas das lesões. O raspado pode ser feito com a lâmina de um bisturi. Colocar 2 a 3 gotas de KOH ou lactofenol e observar ao microscópio. Em um animal positivo é possível a visualização dos machos, ninfas e fêmeas no raspado. Tratamento e controle: -Isolamento e tratamento dos animais contaminados. Além disso, deve-se tratar todos os animais da casa. -Tratamento: 4 banhos com intervalos semanais nos animais. Utilizar produtos acaricidas a base de organoforforado e piretróides. Pode-se administrar a ivermectina injetável, contudo, deve-se tomar cuidado com este tipo de medicamento 1. -Alguns produtos podem melhorar o estado sanitário da pele dos aniamais, entre eles destaca-se o “Peroxidato de Benzoíla”, comercialmente conhecido por Peroxidex®.

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Proibida a ivermectina no Old English Sheep Dog, Pastor de Shetland e Collie.

GÊNERO NOTOEDRES Principais Características: -São ácaros escavadores semelhantes aos Sarcoptes sp. mas que apresentam uma variedade de hospedeiro mais restrita. -A espécie mais importante é Notoedres cati que afeta principalmente os gatos, mas pode também atacar os cães e os coelhos. Morfologia: -Muito semelhante ao Sarcoptes sp. -Possuem o corpo arredondado e globoso com o 3º e 4º par de patas curtos. -O ânus se localiza na região dorsal sendo circundado por pequenos espinhos -Cutícula dorsal com estrias finas, interrompidas por áreas com cerdas finas e flexíveis, espinho curto e escamas em forma arredondadas. -Patas com carúnculas em forma de sino. Nos machos as carúnculas são observadas no 1º, 2º e 4º par de patas e nas fêmeas no 1º e 2º par. Ciclo biológico: -Semelhante ao ciclo do Sarcoptes scabei. -O ciclo biológico inclui as seguintes fases: ovo, larva, ninfa, adulto (macho, fêmea imatura e fêmea ovígera). A transformação da fêmea imatura em fêmea ovígera ocorre após a fertilização. -A fêmea fertilizada faz postura em galerias na pele. Provavelmente vivem cerca de duas semanas e morrem após produzirem cerca de 60 ovos. -O ciclo completo dura aproximadamente 19 dias. Patogenia e Sintomas: -Semelhante à patogenia e aos sintomas de Sarcoptes scabei -Formação de crostas que vão se espessando pelo acúmulo de linfa desidratada. Essas crostas podem se endurecer e se soltarem quando o animal se coça, provocando sangramento no local. -Sintomas: animais tornam-se irritados, prurido intenso, descamação da pele e queda dos pêlos. Nos gatos = A sarna notoédrica localiza-se principalmente nas orelhas e cabeça do animal, podendo em infestações maciças se estender para outras partes do corpo, sobretudo em torno dos órgãos genitais. Nos cães = A sarna notoédrica determina lesões semelhantes aos produzidos pela escabiose ou sarna sarcóptica.

Nos coelhos = A sarna também se inicia nas orelhas externamente e depois pernas e região dos órgãos genitais. As lesões iniciais se constituem de pequenas pápulas, que vão formando cadeias, principalmente no bordo da orelha, deformando o contorno desta; em seguida aparecem crostas amarelo-acinzentadas, provocando queda dos pêlos. As lesões do focinho dificultam o animal comer, chegando a impedir a alimentação, levando o animal à morte por inanição.

GÊNERO KNEMIDOKOPTIDAE Knemidokoptes mutans Principais Características e Morfologia: -São parasitas causadores de sarnas nas aves domésticas: pombos, galinhas, perus, periquitos, canários, cracatuas, etc. Os ácaros normalmente se localizam nos pés dos animais. -Apresenta o corpo arredondado e globoso sendo maiores que Sarcoptes scabei e Notoedres sp.. -As pernas das fêmeas não ultrapassam as margens laterais do corpo, além de não apresentarem ventosas em todas as pernas. Os machos possuem ventosas em todas as pernas que chegam a ultrapassar as margens laterais. -Possuem escamas arredondadas. No propodossoma, dorsalmente, existe um escudo em forma de U invertido.

Knemidokoptes sp. – Vista Dorsal

Ciclo biológico: -O ciclo evolutivo deste ácaro inclui as formas de ovo, larva, protoninfa, tritoninfa e adulto. As fêmeas ovíparas não fazem galerias como as dos gêneros Sarcoptes sp. e Notoedres sp., ao contrário, elas permanecem paradas. A presença das fêmeas ovígeras determina uma proliferação epidérmica, acompanhada de aumento da substância córnea. Nessa proliferação, que se apresenta como um tecido semelhante a pequenas câmaras, ficam acomodados os ácaros de todas as fases de desenvolvimento. Lesões clínicas, Sintomas e Diagnóstico: -Lesões limitam-se às pernas, causando a chamada Sarna Podal. -As lesões iniciais (na região anterior do tarso) são de difícil diagnóstico. -Possui evolução lenta e somente após alguns meses atinge seu máximo desenvolvimento. A coceira é moderada e pode-se observar as aves picando as lesões com o bico. -O diagnóstico é feito retirando as crostas e examinando ao microscópio. No diagnóstico positivo observa-se a presença de numerosas câmaras ovais contendo ácaros.

Tratamento: -Utilizar acaricidas piretróides sob forma de pó ou spray principalmente nas faces inferiores das asas. -As pernas escamosas devem ser mergulhadas em solução acaricida. Repetir o tratamento várias vezes durante 10 dias. Pode-se gotejar ivermectina na lesão. -Pulverizar o ambiente onde ficam os animais.

“FAMÍLIA PSOROPTIDAE” (Os Ácaros não Escavadores) Características gerais: -Possuem o corpo ovóide sem espinhos dorsais. -As pernas I e II terminam em ventosas pedunculadas e as pernas III e IV terminam em ventosas ou em longas setas. Os machos possuem ventosas adanais. -Reúne vários parasitas de pele de mamíferos, atacam quase todas as espécies de animais domésticos produzindo a chamada sarna superficial (ácaros não escavadores) ou não penetrante, uma vez que as fêmeas não formam galerias, fazendo todo o ciclo superficialmente na pele. -Compreende de três principais gêneros: Psoroptes sp., Octodectes sp. e Chorioptes sp.

GÊNERO PSOROPTES Psoroptes equi Principais Características: -Única espécie do gênero. Ataca equídeos, contudo variedades desta espécie podem ser encontradas parasitando outros animais com um alto grau de especificidade: Psoroptes equi var. ovis Psoroptes equi var. caprae Psoroptes equi var. bovis Psoroptes equi var. cuniculli -São ácaros causadores da chamada “Sarna Psoróptica” sendo de fundamental importância entre os equinos e entre os ovinos (Psoroptes equi var. ovis). Morfologia: -Possuem o corpo ovóide e sem espinhos. São normalmente visíveis com lupa ou a olho nu sobre uma superfície preta. -O aparelho bucal é longo e cônico . -Os machos possuem escudo dorsal e ventosa copuladora. Não possuem carúncula no 4º par de patas. -Fêmeas com dois tuberculos dorsais que se encaixam nas ventosas copuladoras dos machos. Não possuem carúncula no 3º par de patas. -Possuem patas mais longas do que as dos pertencentes à família Sarcoptidae. O pedículo onde se insere as carúnculas é trisegmentado.

Fêmea Vista Ventral Ventosas

Pedículo trisegmentado

As pernas

Ciclo biológico: -Não cava galerias na pele dos animais acometidos. -O ciclo é composto pelas fases de ovo, larva, ninfa e adulto e dura aproximadamente 10 dias. -Os ovos são postos nas margens da lesão e, após um período de incubação de aproximadamente 3 dias, originam larvas que se nutrem do exsudato que se forma no local da ferida. Depois de se alimentarem (~2 a 3 dias), as larvas originam as ninfas que dão origem a fêmeas e machos adultos em aproximadamente 3 a 4 dias. -A fêmea produz em média 5 ovos por dia, totalizando 90 ovos em toda a sua vida (30 a 40 dias). Patogenia e Sintomas: -As fêmeas ovígeras não cavam túneis, mas introduzem as peças bucais na pele dos hospedeiros e sugam os fluidos teciduais, causando irritação, inflamação e exsudação linfática que coagula, transformando-se em crostas. -Enquanto caminha na pele do hospedeiro, o parasito provoca coceiras  descamação da pele. -Localizam-se principalmente nas áreas de maior cobertura pilosa e pele mais escura. Durante os meses de maior incidência solar os ácaros se restringem a áreas mais protegidas: axilas, parte interna da coxa. -Sintomas: intensa coceira, descamação da pele, inquietação dos animais. Nos ovinos = São as sarnas mais importantes nos ovinos. Atacam qualquer parte do corpo recoberta por lã. Inicialmente aparecem pápulas pruriginosas que obrigam os animais a se coçarem ou até mesmo morderem ou arranharem as áreas atingidas  os pêlos se aglutinam e acabam destacando-se em mechas. As lesões vão se espalhando  inquietação dos animais  edema, anemia e fraqueza. Alguns animais podem chegar à morte. Nos equinos e bovinos = Inicialmente, ataca regiões onde os pêlos são mais longos, podendo também atacar outras regiões do corpo. Nos eqüinos as lesões iniciam-se na cabeça e nos bovinos na cernelha. Nos caprinos = A sarna pode atacar qualquer região do corpo, porém há uma tendência em se limitar às orelhas, determinando a sarna auricular das cabras. Nos coelhos = Causam sarna no pavilhão auricular externo dos coelhos. Inicialmente ocorre uma hiperemia e formação de crostas vermelho-castanhas, próximo à base do pavilhão auricular, com o avançar da parasitose pode afetar toda a superfície interna da orelha. Diagnóstico: -A doença ocorre normalmente nos meses mais frios e com menor incidência de luz  favorece o crescimento do parasita. -Diagnóstico: raspado superficial nas áreas de lesão. Examinar o material ao microscópico após colocar lactofenol ou KOH na lâmina. -Na época de verão e primavera, lembrar de fazer o raspado nas áreas de latência (dobra da vulva, dobra iguinal e fossas interdigitais). Tratamento e controle: -Devido a sua importância na ovinocultura, torna-se quase obrigatório o uso de tanques de imersão com sarnicidas de alto poder de ação para controlar a parasitose do rebanho. -A sarna psoróptica se difunde com grande facilidade, quer pelo contado direto, quer através de abrigos infestados  separação dos animais suspeitos e positivos e início imediato de tratamento.

GÊNERO OCTODETES Octodetes cynotis Principais Características: -Parasitam o pavilhão auditivo de cães, gatos e carnívoros em geral. -Possuem os pedículos curtos e não segmentados. -Corpo ovóide e pernas mais longas. -Os machos possuem carúnculas no 4° par de patas e as fêmeas no 1° e 2° par.

Ciclo Biolólogico: -O ciclo dura aproximadamente 2 semanas. -Ciclo composto por ovo, larva, protoninfa e deutoninfa. O macho se acopla à deutoninfa mas não copula. Após a ecdise a deutoninfa pode ser transformar em macho ou em fêmea. No último caso irá ocorrer a cópula, no primeiro, o macho irá se afastar e procurar outra deutoninfa.

Patogenia e Sintomas: -Se alimentam de células de descamação. -Estimulam o aumento de produção de cerúmen no ouvido devido à irritação que causam -Os animais ficam se coçando e balançando a cabeça  hematomas no local (otohematoma) devido ao rompimento de vasos. -Pode ocorrer infecção bacteriana secundária  otite.

Diagnóstico: -Exame de cerúmem

FILO ARTROPODA CLASSE ARACHINIDA Sub Classe Acari ORDEM ACTINEDIDA Principais características: -Acari sem estigmas ou com um par próximo ao gnatossoma. -Os palpos são livres e bem desenvolvidos e as quelíceras possuem forma de estiletes. -Os machos não possuem ventosas adanais copuladoras. -Pode também ser conhecida como subordem Prostigmata. -Entre os parasitas pertencentes a esta subordem que possui interesse médico veterinário destacam-se os pertencentes à família Demodicidae.

FAMÍLIA DEMODICIDAE

Demodex sp Principais características: -Ocorrem normalmente em pequenas quantidades na pele dos animais. Quando encontrados em excesso, podem determinar a ocorrência de quadros patológicos. -São parasitas dos folículos e das glândulas sudoríparas dos mamíferos. No homem as espécies Demodex folliculorum e D. brevis, são responsáveis pelos cravos subcutâneos uma vez que parecem comprometer o fluxo das glândulas sebáceas. Nos animais são agentes etiológicos da “Sarna Folicular dos Bovinos (Demodex bovis), da “Sarna Demodécica Canina” (D. canis), da “Sarna do Pêlo dos Equinos (D. equi), da “Demodicose Suína” (D. phylloides), entre outras. Morfologia: -São ácaros pequenos e de corpo vermiforme. -Possuem as pernas curtas e localizadas na região anterior do corpo. -O prosoma (aparelho bucal + 4 pares de patas) é liso e o opistosoma (restante do corpo) é transversalmente estriado (anelado) -Os palpos possuem 3 artículos.

Demodex –Fêmea Vista Ventral

Prosoma

Opistosoma

Principais espécies de interesse médico-veterinário: -Demodex folliculorum

=Agente do cravo ou acne no homem.

-Demodex phylloides

=Parasito das glândulas sudoríparas dos suínos onde causa a Demodicose Suína.

-Demodex caprae

=Agente da sarna demodécica dos caprinos.

-Demodex equi

=Bioagente da sarna do pêlo de equinos

-Demodex bovis

=Causador da sarna folicular dos bovinos, caracterizada pela formação de nódulos e pústulas na pele desses animais.

-Demodex canis

=Agente da sarna demodécica dos cães. Muito importante.

Ciclo biológico: -O ciclo completo dura aproximadamente 3 semanas, sendo composto por ovo, larva, ninfa (protoninfa e deutoninfa) e adultos. -Os parasitas vivem estritamentos nos folículos pilosos ou nas glândulas sebáceas, onde se alimentam de suas secreções. São também ácaros escavadores e penetram profundamente na derme dos hospedeiros. -Genericamente, os machos, ninfas e larvas vivem na parde mais rasa do folículo, quase sobre a queratina da pele. As fêmeas fecundadas aprofundam-se no folículo piloso e atacam vorazmente as células, alimentando-se do líquido extravasado; ovipõem no fundo do folículo e, após o desenvolvimento embrionário, ocorre a eclosão dos ovos, com liberação das larvas, que se deslocam para a superfície da pele. Desta forma desenvolvem-se em ninfas e posteriormente em adultos, reiniciando o ciclo. -As formas infectantes são as deutoninfas. A infecção ocorre normalmente nos primeiros dias de vida, durante o período de amamentação. Provavelmente, as formas infectantes são as deutoninfas presentes nos folículos pilosos ao redor das mamas. Patogenia: Sarna Demodécica dos Cães: -Acometem os cãezinhos a partir do 3º dia de vida. As lesões iniciam-se na face, ao redor do focinho, região periorbital e membros inferiores. O contágio ocorre durante o período de aleitamento, quando os animais entram em contato íntimo com os folículos pilosos ao redor das mamas das cadelas. -Os cães afetados abrigam populações de Demodex canis muito maiores que o normal, aparentemente como resultado de imunodeficiência. -Pode assumir duas principais formas: localizada ou generalizada: A Forma Localizada é caracterizada pela ocorrência de áreas circunscritas de eritrema e alopécia (queda de pêlos) em torno dos olhos e boca, e sobre as projeções ósseas dos membros. Normalmennte não ocorre prurido. Esta forma atinge normalmente animais de 5 a 10 meses de idade e as lesões sào discretas e pouco perceptíveis. Ocorre dilatação do folículo piloso com penetração de bactérias. Não possui caráter hereditário sendo caracterizada por auto-cura em 90% dos casos.

A Forma Generalizada é a evolução da forma localizada nos cães que não são capazes de se auto curar. Ocorre em cães jovens e adultos sendo provavelmente relacionado a fatores imunológicos hereditários (deficiência de Linfócitos T) ou não hereditários (imunossupressão causada por estresse, desnutrição, uso de corticóides, tumores, etc...). Acomete primeiramente o pescoço e se espalha para outras regiões, onde causa grande reação inflamatória  foliculite. A pele se torna enrugada e espessada com muitas pequenas pústulas que se rompem e transudam. Os cães acometidos apresentam um odor desagradável. No princípio este tipo de demodicose não causa prurido. Contudo, quando os folículos dilatados são invadidos por bactérias, inicia-se uma intensa coceira que quase sempre causa mutilações nos animais, um vez que a pele no local encontra-se fragilizada. Nesta fase a doença é popularmente conhecida por “Lepra dos Cães”. Em casos graves a infecção bacteriana pode se disseminar causando a morte dos animais por septicemia. Sarna Folicular dos Bovinos: -Os ácaros Demodex bovis fazem parte da flora normal da pele dos bovinos. Em condições patológicas estes ácaros causam nódulos com tamanhos que variam de poucos milímetros (cabeça de um alfinete) a vários centímetros (ovo) de diâmetros. Os nódulos cotém um material caseoso e vários milhares de ácaros, causando dano ao couro dos animais e prejuízo econômico considerável. Os nódulos normalmente se localizam no focinho, tábua do pescoço, cernelha e dorso dos animais. Sarna Demodécica dos Caprinos: -Tem distribuição mundial sendo mais importante no continente europeu. Doença semelhante à dos bovinos, caracterizada pela ocorrência de uma dematite nodular que frequentemente danifica o couro do animal. As lesões iniciam-se na face e no pescoço e com o decorrer do tempo, se estende por todo o corpo do animal. Sarna Demodécica dos Ovinos: -Esta forma de sarna é rara em ovinos e tem pouca importância econômica, restringindo-se na região da face e sendo de natureza discreta. Sarna do Pêlo dos Equinos: -Causa lesões com queda de pelo, principalmente na região cervical e no peito dos animais acometidos. Ocorrência rara. Sarna Demodécica dos Suínos: -Causa lesões nodulares em torno dos olhos e nos focinhos dos animais acometidos. Pode se disseminar para a região ventral do corpo. Ocorrência rara. Diagnóstico: -O diagnóstico deve ser feito baseado no exame parasitológico da lesão. -Expremer o folículo e fazer um raspado profundo com a secreção. Pode-se aplicar gotas de parafinas líquida sobre a prega cutânea e raspar profundamente até aparecer sangue capilar. -O diagnóstico é 100% eficiente, ou seja, 100% dos animais contaminados apresentam resultados positivos. Controle e Tratamento: -Uma vez que a demodicose canina generalizada pode apresentar caráter hereditário, recomenda-se a castração de cadelas e machos que apresentem esta forma de doença.

-No tratamento recomenda-se o banho com substância sarnicidas, shampo anti-seborréico (Peroxidex®) e antibiótico em caso de piodermatite grave. -No banho sarnicida recomenda-se o uso de produtos a base de amitraz (Triatox®) que apresentam boa eficácia. Os banhos devem ser dados semanalmente até a cura completa dos animais (~5 a 6 banhos). -Produtos a base de ivermectina não funcionam bem para sarna demodécica.

FILO ARTROPODA CLASSE ARACHINIDA Sub Classe Acari ORDEM GAMASIDA

Principais características: -Acari com um par de estigmas laterais às coxas do 3º par de patas. Os estigmas geralmente são associados a um peritrema alongado que se estende até o 1º par de patas. -As pernas são regularmente espalhadas e situadas na metade anterior do corpo. -Não possuem “Órgão de Haller” -Hipostomo não adaptado para picar. Possuem o idiossoma (corpo) aracniforme (forma de aranha). -Ventosas genitais ausentes e placas ventrais presentes (placa esternal, placa genitoventral, placa anal e placa dorsal = função protetora). -Possuem escudo dorsal. -Entre as famílias de interesse médico veterinário incluem-se: Dermanyssidae, Macronyssidae e Raillietidae. FAMÍLIA DERMANYSSIDAE Dermanyssus gallinae Principais características: -Espécie cosmopolita que parasita galinhas domésticas e grande número de outras espécies de aves domésticas e silvestres, sendo vulgarmente chamados de piolhos ou de “pixinigas” (nordeste). -São parasitas hematófagos, representando um problema crescente na avicultura industrial. -Normalmente não são encontrados sobre os animais, uma vez que passam o dia inteiro escondido nos ninhos, poleiros, frestas e só atacam as aves durante a noite. Morfologia: -São aracniforme, ou seja, possuem formato de aranha. São relativamente grandes (1,5 mm de comprimento), facilmente visíveis a olho nu. -Possuem os 4 pares de patas na região anterior do corpo. -A coloração varia de esbranquiçada (antes de se alimentarem) para avermelhada (após se alimentarem). -As quelíceras são longas e delgadas. -Possuem dois pares de cerdas na placa esternal e o ânus localizado na metade posterior da placa anal. -Presença de poucas cerdas no idiossoma (corpo).

Ciclo biológico: -Este parasita ataca principalmente aves, mas pode parasitar outros animais e o homem. -O ciclo biológico inicia-se com o ovo que é depositado nos esconderijos diurnos dos ácaros (poleiro, ninho, frestas). Os estádios evolutivos são representados por ovo  larva hexápode  protoninfa  deutoninfa  adultos (macho e fêmea). As larvas não se alimentam e após o período de ecdise, dão origem às protoninfas. A partir de então, todos os estádios serão hematófagos e se alimentarão nos animais durante o período noturno. Após o período de alimentação, regressam para os esconderijos onde passam a maior parte do tempo. -O ciclo é curto, completando-se em aproximadamente uma semana. Grandes populações podem se desenvolver em um período de tempo relativamente pequeno. -Os adultos podem sobreviver por vários meses sem se alimentar, de modo que pode persistir uma população reservatório em aviários desocupados.

Patogenia: -São hematófagos. A espoliação sanguínea é suficiente para matar os filhotes. Nos adultos a anemia causada pela perda de sangue diminui a conversão alimentar e a produção de ovos. -Na Austrália é vetor de Borreliia anserina para as aves infestadas. -Causam irritação e estresse nos animais que junto à anemia, são responsáveis pela queda na produção. -Dermanyssus infecta facilmente outros animais, podendo causar intenso prurido e erimetra. Nos homens são responsáveis por um quadro de dermatite pruriginosa. Controle e tratamento: -O tratamento dos animais é paliativo, devendo-se dar atenção aos esconderijos diurnos dos ácaros. Portanto, o combate deve ser feito principalmente no ambiente. Os galpões e galinheiros devem ser limpos, escaldados com água fervente e pulverizados com produtos acaricídas a base de piretróides ou organofosforados. -As camas ou ninhos devem ser trocados regularmente. -Os animais podem ser individualmente tratados, utilizando-se produtos acaricidas a base de piretróide, amitraz ou organofosforado.

FAMÍLIA MACRONYSSIDAE Ornithonyssus bursa Ornithonyssus silviarum Principais características: -Comum nas regiões tropicais de todo o mundo, como parasito de aves domésticas e silvestres. O. bursa é normalmente encontrado nas regiões temperadas e O. silviarum em climas tropicais. Pode se estabelecer facilmente em criatórios de aves ornamentais. -São parasitas hematófagos, representando um problema crescente na avicultura industrial. -Ao contrário do Dermanyssus galinarum, passa toda a vida sobre o corpo da ave e pode sobreviver apenas durante 10 dias fora do hospedeiro.

Morfologia: -São aracniforme, ou seja, possuem formato de aranha. Medem aproximadamente 1,0 mm de comprimento. -Possuem os 4 pares de patas na região anterior do corpo. -As quelíceras são robustas. -O ânus localiza-se na metade anterior da placa anal. -As patas são longas e carunculadas. -A coloração varia de esbranquiçada (antes de se alimentares) para avermelhada (após se alimentarem). Ciclo biológico: -O Ornithonyssus sp. permanece sobre o hospedeiro a maior parte de tempo e causa considerável perda de sangue. Os estádios evolutivos também são representados por ovo  larva  ninfa  adulto. -Em granjas de poedeiras, o ácaro pode causar sérios aborrecimentos e desconfortos para as pessoas que manipulam os ovos. -A infecção ocorre diretamente por contato entre aves sadias e parasitadas ou indiretamente, através da ocupação de instalações recentemente desocupadas por animais infestados. Patogenia e sintomas: -Nas infestações maciças, as aves ficam inquietas e perdem peso devido à irritação e à debilidade orgânica causada pelo intenso hematofagismo  anemia. As galinhas poedeiras reduzem significativamente a produção de ovos. -Os sinais comuns, além de debilidade, são pele crostosa, espessada, e penas manchadas em volta da cloaca. Tratamento e controle: -Aplicação de acaricidas nas aves e no ambiente em que elas vivem. Podem ser utilizadas formulações em pó ou spray.

FILO ARTROPODA CARACTERÍSTICAS GERAIS: -Corpo com simetria bilateral, constituído de anéis agrupados entre si formando duas ou três regiões: cefalo-tórax e abdome (ácaros) ou cabeça, tórax e abdome (insetos). -Possui apêndices articulados dispostos aos pares - antenas, quelíceras, mandíbulas e patas. -Cavidade geral (hemocele) repleta de um líquido denominado hemolinfa. -Exoesqueleto renovado à medida que o parasita cresce. -Tubo digestivo tubular e divido em três principais regiões: intestino anterior, médio e posterior. -Sistema circulatório aberto com o coração se localizando dorsalmente. -Sistema circulatório constituído por um único gânglio. -Sistema excretor constituído por tubos de Malpighi. -Sistema respiratório constituído de traquéia e estígmas. MORFOLOGIA EXTERNA: -O exoesqueleto é formado de três camadas: cutícula (quitina), epiderme e membrana basal. -Durante o desenvolvimento, os artrópodes mudam várias vezes de cutícula. -Presença de estruturas ou processos tegumentares na superfície da cutícula: cerdas, escamas, macrotríquias, espinhos, esporões, chifres. -Os segmentos do corpo podem se apresentar agrupados em: *Insetos = cabeça, tórax e o abdômen. *Aracnídeos = céfalo-tórax e abdômen. -Apêndices com número, forma e localização variados: *Apêndices cefálicos = peças bucais e as antenas *Apêndices toráxicos = pernas e asas MORFOLOGIA INTERNA: -Sistema Digestivo dividido em 3 regiões: Intestino Anterior (cavidade bucal, faringe, esôfago e proventrículo), Intestino Médio ou Mesêntero (onde os alimentos são digeridos e absorvidos) e Intestino Posterior (reto e ânus). -Sistema Excretor representado por tubos de Malphigi ou por nefrídias. A função dos tubos de Malphigi consiste em coletar os líquidos excretados e lançá-los no reto. -Respiram através de traquéia ou sacos pulmonares. As traquéias são tubos ventilados e elásticos que se comunicam com o exterior através de orifícios, chamados espiráculos ou estígmas -Possuem sexo separado, havendo excepcionalmente, partenogênese. PRINCIPAIS CLASSES DE INTERESSE MÉDICO E VETERINÁRIO: -Classse Arachinida: compreende os carrapatos e os ácaros. -Classe Insecta: compreende os mosquitos, moscas, piolhos, barbeiros e pulgas.

CLASSE INSECTA

CARACTERÍSTICAS GERAIS:

-São artrópodes com o corpo dividido em três regiões bem distintas: cabeça, tórax e abdome. -Possuem um par de antenas e 3 pares de patas (hexápodes). -Os adultos geralmente possuem 2 pares de asas. -São na sua maioria ovíparos, sendo alguns vivíparos.

Cabeça

Tórax

Olho Antena

Abdome

Asas

Probócide

Estigma

MORFOLOGIA EXTERNA: CABEÇA: -A cabeça provavelmente é constituída de seis segmentos, fundidos e difíceis de distinguir. Na cabeça encontramse os olhos, as antenas e as peças bucais: Os olhos costumam ser bem desenvolvidos e são constituídos por numerosos omatídeos, que permitem uma ótima sensibilidade a movimento, mas má distinção de forma.

As antenas, de forma e estrutura muito variáveis, são um par de órgãos sensoriais implantados entre os olhos. As peças bucais são os órgãos encarregados da apreensão e absorção dos alimentos. Existem dois tipos principais de aparelhos bucais nos insetos: mastigador e sugador. As peças bucais dividem-se grosseiramente em labro, epifaringe, mandíbula, maxilas, hipofaringe e lábio. TÓRAX: -Consiste de 3 segmentos: o protórax, o mesotótax e metatórax. Cada segmento possui um par de pernas. As asas, quando presentes inserem-se no 2º e 3º segmentos torácicos. A parte dorsal de cada segmento é chamada de noto, as laterais de pleuras e a ventral de esterno; portanto no protórax há o pronoto, as propleuras e o proesterno, e assim por diante. -As pernas dos insetos variam de tamanho e forma nas várias espécies e consistem de 5 principais artículos: coxa, trocânter, fêmur, tíbio e tarso. O tarso se divide em vários segmentos menores (tarsômeros). Na extremidade de cada perna é comum a existência de garras e almofadas, para facilitar a locomoção e a fixação. -Tipicamente os insetos possuem dois pares de asas. Algumas espécies são ápteras (s/ asas, ex. pulgas) e outras possuem um só par. As asas são compostas por uma membrana dupla e têm veias, que são traquéias modificadas; estas dão sustentação às asas. As regiões situadas entre as veias são denominadas células. As veias geralmente são distribuídas nos grupos: Costal (C), Subcostal (Sc), Radial (R1 a R5), Mediana (M1 a M4), Cubital (Cu1 e Cu2) e Anal (1A e 2A).

Abdômen: -O abdome original dos insetos era composto por 11 segmentos, visíveis em gafanhotos e outros insetos; os segmentos foram sendo modificados e reduzidos em número com a evolução. -Geralmente há um par de estigmas respiratórios em cada segmento do abdômen. A parte lateral do abdômen, onde se abrem os estígmas é membranosa e pregueada, permitindo um considerável aumento da capacidade abdominal, como pode ser constatado nos insetos hematófagos antes e após o repasto sanguíneo (ex: barbeiros e mosquitos). -O abdômen é completamente desprovido de pernas. -Os últimos segmentos abdominais são modificados para formarem a genitália. MORFOLOGIA INTERNA: -O sistema digestivo consiste de um tubo quase reto que se estende da boca até o ânus. Diferencia-se em 3 regiões: intestino anterior ou estomodeu (armazena os alimentos e inicia a digestão - trituração), intestino médio (digestão e absorção) e intestino posterior (reto e ânus). -Próximo à cavidade bucal abrem-se os ductos das glândulas salivares. A composição da saliva é variável. Nos insetos hematófagos, a saliva contém substâncias anticoagulantes e anestésicas que são inoculadas no hospedeiro durante a alimentação do parasito. A alergia às picadas de insetos ocorre exatamente devido a natureza antigênica dos componentes da saliva.

-A excreção dos insetos ocorre principalmente pelos tubos de Malpighi que após coletarem a secreção ao longo do corpo dos parasitas, abrem-se na luz do intestino posterior. -O sistema respiratório é composto por traquéias que se comunicam com o exterior através dos espiráculos ou estígmas que possuem estruturas destinadas a regularizar a entrada e saída de ar do corpo do inseto. Como regra geral existem 10 pares de estigmas: 1 no mesotórax, 1 no metatórax e um par em cada um dos primeiros 7 ou 8 segmentos do abdômen. Os tubos traqueais se anastomosam no interior do corpo até formar as traqueíolas de menor calibre. Essas entram em contato íntimo com as células dos parasitos e são responsáveis pela troca efetiva do oxigênio pelo gás carbônico (hematose). -Os insetos têm circulação aberta. Há apenas um vaso que se estende dorsalmente do tórax ao abdômen, acima do aparelho digestivo e que se chama vaso dorsal.

DESENVOLVIMENTO E METAMORFOSE: -Os insetos são, na maioria, ovíparos. A postura é realizada, geralmente, em locais que oferecem condições adequadas ao desenvolvimento das formas jovens. -Durante o desenvolvimento do ovo até o estádio adulto o inseto sofre uma série de transformações na sua estrutura, com eliminação e renovação de cutícula, cujo fenômeno é conhecido por metamorfose dos insetos. -Até atingirem a maturidade, os insetos passam por metamorfoses que podem ser do tipo paurometabólica, hemimetabolica ou holometabólica: Paurometabólicos: são insetos dos quais as formas imaturas de desenvolvimento são morfologicamente semelhantes às dos adultos; vivem no mesmo ambiente e se alimentam da mesma forma. Como exemplo incluise os piolhos, os gafanhotos e os percevejos. Hemimetabólicos: apesar de terem um ciclo semelhante ao dos paurometabólicos, suas formas imaturas vivem na água, enquanto que os adultos vivem fora da água. Um exemplo típico é a libélula. Holometabólicos: apresentam as formas imaturas muito diferentes das formas adultas (morfológica e biologicamente). Esses insetos precisam passar por um estádio de transformação (pupa) em que os tecidos das larvas são destruídos e são formados os dos adultos (Ex: pulgas, as moscas, os mosquitos, os besouros, as borboletas, as formigas, etc..) PRINCIPAIS ORDENS DE INTERESSE MÉDICO E VETERINÁRIO: -Ordem Diptera: compreende as moscas e mosquitos. -Ordem Hemiptera: compreende os barbeiros e percevejos -Ordem Siphonaptera: compreende as pulgas e o bicho de pé. -Ordem Anoplura: compreende os piolhos sugadores -Ordem Mallophaga: piolhos mastigadores.

ORDEM DIPTERA -Possui mais de 130.000 espécies descritas -Esta ordem de insetos contém todas as moscas e mosquitos de interesse médico e veterinário. São importantes parasitos seja no estádio adulto (hematofagia) ou no estádio larval (bicheiras). Muitos membros deste grupo também são importantes vetores de doenças para os hospedeiros (Anopheles sp., Culex sp. e Aedes sp., entre outros) -Possuem um par de asas anterior desenvolvido e um par posterior atrofiado. O par anterior ou mesotorácico é membranoso. As asas posteriores ou metatorácicas são vestigiais, semelhantes a uma clava e são chamadas de halteres ou balancins e funcionam como órgãos de equilíbrio.

-As peças bucais podem ser do tipo lambedora ou sugadora. Via de regra, elas são desenvolvidas em uma tromba ou probócide de sucção, que pode se apresentar curta e forte ou longa e delgada -Possuem o mesotórax muito desenvolvido e os protórax e metatórax atrofiados. -Possuem antenas variáveis. -São Holometabólicos (ovo  larva  pupa  adultos). Durante o estádio larvário podem sofrer 3, 4 ou mais ecdises (larva de 1º estádio, larva de 2º Pupas Ovo estádio ...). -As larvas são ápodes (sem pés) e podem ser de dois Adulto principais tipos: (1) eucéfala – com cabeça distinta e móvel e peças bucais desenvolvidas e, (2) acéfala – Larva com cabeça reduzida e peças bucais rudimentares. -A ordem Diptera divide-se em 3 principais subordem: *Subordem Nematocera – Antenas formadas de mais de seis artículos semelhantes, exceto oescalpo e o pedicelo. Adultos emergem do pupário através de uma fenda em forma de T. As larvas são eucéfalas. Compreende as seguintes famílias de interesse médico veterinário: Família Culicidae (mosquitos), Família Simuliidae (borrachudos), Família Phebotomidae (flebotomos) e Ceratopogonidae (maruins). São vetores potenciais de muitas doenças para os homens e animais. *Subordem Braquicera – Antenas de três artículos, sendo o último anelado. Adultos emergem do pupário através de uma fenda em forma de T. As larvas são eucéfalas. A família Tabanidae (mutucas) é a principal de interesse médico e veterinário. *Subordem Cyclorrhapha – Antenas formadas de 3 artículos. Os adultos emergem do pupário através de uma abertura circular resultante da remoção de uma calota da parte anterior do pupário. A ruptura do pupário é causada pela pressão exercida por uma formação membranosa, existente na região anterior da cabeça do adulto, denominada ptilino. Após o nascimento, o ptilino se retrai para o interior da cabeça, deixando uma cicatriz em forma de ferradura, denominada sutura frontal. A subordem Cyclorrhapha possui duas principais divisões: Divisão Aschiza – Adultos não possuem sutura frontal, com limitado interesse médico e veterinário. Divisão Schizofora – Adultos possuem sutura frontal. Compreende as principais espécies de interesse médico veterinário e podem ainda ser dividida em seção Acalyptratae e seção Calyptratae. Esta última compreende as principais espécies de interesse médico e veterinário da subordem Cyclorhapha: Família Muscidae (moscas), Família Calliphoridae (bicheiras), Família Sarcophagidae, Família Oestridae e Família Cuterebridae (berne).

ORDEM DIPTERA SUBORDEM NEMATOCERA FAMÍLIA PHLEBOTOMIDAE PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -São pequenos dípteros corcundas e muito pilosos, com as asas em forma de ponta de lança, mantidas eretas sobre o corpo, quando pousados. -Os flebotomídeos são popularmente conhecidos no Brasil por birigüi, cangalhinha, mosquito palha, etc...

-Incomodam o homem com sua picada que é extremamente dolorosa e transmitem a este e aos animais, uma variedade de parasitos. Entre eles, os protozoários do gênero Leishmania que são os agentes etiológicos da Leishmaniose Cutânea (LC) e da Leishmaniose Visceral Americana (LVA). MORFOLOGIA: -Corpo e asa são recobertos por espessa pilosidade. O comprimento total é de 2 a 3 mm, com os eixos da cabeça e do abdômen formando ângulo de aproximadamente 90° entre si. A cor geral é variável de amarelo a marronescuro. -As antenas são longas e pilosas com 14 artículos cilíndricos. -Os olhos são grandes e escuros, contrastando com a cor clara da cabeça. -A probócida (aparelho bucal) tem comprimento semelhante ao do restante da cabeça, apontando para o substrato. Os palpos maxilares têm cinco artículos, os dois primeiros praticamente fundidos. -As asas são estreitas e c/ a ponta em forma de lança. As veias transversais são restritas à metade basal da asa e as R1 a R5 e M1 a M3 estão presentes e são quase paralelas. As pernas são longas e finas. -O abdômen das fêmeas tem a extremidade posterior romba, com cerdas pouco desenvolvidas. Os machos apresentam, na extremidade posterior, terminália constituída de apêndices em forma de ganchos. -A distinção entre as espécies é muito difícil. A morfometria e métodos de biologia molecular têm sido usados para a distinção de certas espécies de flebotomídeos e para o esclarecimento da situação de complexos de espécies. -Os ovos são elípticos, alongados e um pouco encurvados, com o comprimento entre 300 e 500µm. -As larvas são claras e vermiformes, com cápsula cefálica escura e bem esclerotizada e com mandíbulas robustas. -As pupas têm o corpo constituído de cefalotórax e abdome, esboçando externamente várias estruturas, especialmente as asas em formação.

CICLO BIOLÓGICO: -Os flebotomídeos se adaptam bem a abrigos úmidos e escuros, saindo destes, em geral, em condições de alta umidade e de temperaturas moderadas. A maioria das espécies é associada a florestas de vários tipos ou vive em cavernas e cavidades entre pedras e, exemplares de várias espécies podem invadir domicílios e anexos. -Os adultos apresentam vôo saltitante e silencioso, em geral se deslocando apenas algumas dezenas de metros. -As fêmeas, além de ingerirem substâncias açucaradas da seiva de vegetais, sugam sangue de vários animais para a produção de ovos. Os machos se alimentam apenas das substâncias açucaradas. -As fêmeas apresentam preferências de hospedeiros, mas costumam ser oportunistas; em geral picam à noite ou nos crepúsculos, mas as de algumas espécies, em geral com tempo nublado ou em florestas, picam no período diurno. São picadas as partes descobertas do corpo do homem e animais (focinho, orelhas e região genital). A sucção de sangue dura poucos minutos e frequentemente causa dor. -Três a oito dias após a hematofagia, a fêmea deposita algumas dezenas de ovos em local terrestre úmido e protegido da luz e volta a procurar uma fonte de sangue. Algumas espécies podem apresentar autogenia, ou seja, produzir ovos sem a necessidade de alimentação prévia.

-Os criadouros já encontrados ficam em ambientes terrestres úmidos e escuros (espaço sob pedras ou folhas, terra próxima de raízes tabulares e estábulos). A identificação dos criadouros costuma ser extremamente difícil. -A eclosão das larvas ocorre, em geral, após 4 a 10 dias. As larvas se alimentam vorazmente de vários detritos animais e vegetais, sofrem 3 mudas e se locomovem muito nos abrigos. Após um período aproximado de 30 a 60 dias, transforma-se em pupas. Estas ficam fixas ao chão, permanecem imóveis e originam os adultos em período geral de 20 a 40 dias. -O ciclo completo de ovo a adulto dura aproximadamente 2 meses. IMPORTÂNCIA MÉDICA E VETERINÁRIA: -Os flebotomídeos incomodam com suas picadas, principalmente quando numerosas. -São responsáveis pela transmissão de parasitos do gênero Leishmania sp., agente etiológico da Leishmaniose Visceral Americana (LVA) e Leishmaniose Cutânea (LC). As formas viscerais podem levar a óbito, especialmente em crianças desnutridas. As cutâneas ou tegumentares podem curar espontaneamente, após vários meses com úlceras cutâneas ou necessitar de terapêutica demorada. A associação de AIDS com Leishmaniose pode levar a quadros graves. -Ocorrem anualmente cerca de 400.000 novos casos de Leishmaniose no mundo com uma população de risco de cerca de 400 milhões. As formas tegumentares ocorrem em todos os estados do Brasil, sendo mais comuns do norte do Paraná e a forma visceral ocorre principalmente no nordeste e na Amazônia, além do Rio de Janeiro, Minas Gerais e nos últimos tempos, também em São Paulo, não tendo ainda sido relatada na região Sul. -A Transmissão de Leishmania no local depende muito das condições ambientais, podendo ocorrer a substituição da espécie de parasito que atinge o homem e dos vetores envolvidos. Cerca de 30 espécies de Leishmanias já foram identificadas em mamíferos no mundo, com pelo menos 6 atingindo o homem no Brasil. -A bartonelose, causada por Bartonela bacilliformis, é transmitida por flebotomídeos e ocorre em regiões andinas do Peru, Equador e Colômbia. -Pelo menos 77 espécies de plasmódios de répteis foram descritas das quais os flebotomídeos são os únicos vetores comprovados.

PRINCIPAIS ESPÉCIES E GÊNEROS: -Os flebotomídeos da América são distribuídos em 3 gêneros: Brumptomya sp., Waryleya sp. e Lutzomya sp. -Apenas o Lutzomya sp. inclui espécies de importância médica e veterinária uma vez que representam vetores potenciais de Leishmania sp.: Lutzomya (Lutzomya) longipalpis = Tem sido incriminada com vetor do agente causador da Leishmaniose Visceral Americana (LVA). Ocorre do México à Argentina. Invade domicílios e anexos e suga o homem e os animais, podendo lhes transmitir Leishmania chagasi. Lutzomya (L.) cruzi = suspeito de atuar como vetor de Leishmania chagasi no Mato Grosso do Sul. Lutzomya (Nyssomyia) intermedia = pode ocorrer em matas e são muito bem adaptadas a ambientes peridomiciliares. Ocorrem em ampla região do leste do Brasil. CONTROLE: -Os flebotomídeos que freqüentam domicílios podem ser controlados pela aplicação de inseticidas. Contudo, depois de passado o efeito residual do produto os mosquitos voltam a invadir a casa. -Muitas espécies são exclusivamente silvestres, o que complica muito o controle. -Se for evidenciado que a transmissão ocorre no domicílio e que os flebotomídeos vão das matas para estes, o desmatamento de uma faixa de 400m ao redor dos domicílios, se possível associado à aplicação de inseticidas nestes, costuma dar bons resultados.

-Os repelentes, como a dietiltoluamida e o óleo de citronela, aplicados na pele e em roupas constituem uma possível alternativa. Existem disponíveis no mercado xampus para cães à base de citronela.

ORDEM DIPTERA SUBORDEM NEMATOCERA FAMÍLIA CULICIDAE PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -São popularmente conhecidos por mosquitos, pernilongos, muriçocas, mossorongos, sovelas, mosquito-prego, carapanãs, etc... A família possui cerca de 2.500 espécies distribuídas por todas as regiões do globo. -Algumas fêmeas são hematófagas e, durante a alimentação, podem veicular diversos patógenos aos hospedeiros. Na família Culicidae existem numerosas espécies que desempenham importante papel como vetores de malária (Anopheles sp.), de filarioses, do vírus da Febre Amarela (Aedes aegypti), do vírus da Dengue e de outros patógenos que acometem o homem. Além disso, possuem importância na medicina veterinária como vetores de Dirofilaria immitis (verme do coração dos cães), encefalite eqüina, etc... -São divididos em 3 subfamílias ou tribos: Toxorhynchitinae, Anophelinae e Culicinae. Neste material, abordaremos apenas as duas últimas subfamílias por apresentarem maior interesse médico e veterinário. A tribo Anophelinae é representada principalmente pelo Anopheles sp.,o mosquito vetor da malária. Os gêneros Aedes sp. e Culex sp. são exemplos típicos de representantes da tribo Culicinae. CARACTERÍSTICAS MORFOLOGICAS E BIOLÓGICAS: MORFOLOGIA GERAL: -Possuem antena alongada com 15 segmentos, plumosa no macho e pilosa na fêmea. -Não possuem ocelos. -Aparelho bucal do tipo sugador. A probócide é quase reta nas espécies hematófagas -Palpos nítidos com tamanhos variáveis nas várias tribos e espécies. Nas fêmeas são delgados e lisos, nos machos são ornamentados com tufos de cerdas. -Tórax, pernas, asas e abdômen revestidos de escamas. Mesotórax desenvolvido com protórax e metatórax atrofiados. -As patas são longas e delgadas -Abdômen formado por 10 segmentos, sendo os dois últimos pouco distintos e modificados

Antena Probócide

Asa

Palpo Cabeça Tórax Haltere

Abdome

Pata

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS: -Algumas diferenças morfológicas e biológicas são utilizadas na determinação destes 3 principais gêneros dos quais o primeiro pertence à tribo Anophelinae e os dois últimos à tribo Culicinae. A diferenciação entre as diferentes espécies destes gêneros é tarefa de especialista.

Anophelini

Culicini Aedes sp.

Culex sp.

OVO

LARVA

PUPA

CABEÇA

POUSO

Ovos

Larvas

Pupa

TRIBO ANOPHELINI (Anopheles sp.) Possuem aspecto de bote, com flutuadores laterais. São postos isoladamente. *Sifão respiratório rudimentar *Colocam-se horizontalmente à superfície da água Trompa curta, cônica e com abertura larga

TRIBO CULICINI Aedes sp. São alongados e sem flutuadores laterais. São postos isolados *Com sifão respiratório *Colocam-se em posição oblíqua à superfície da água

Culex sp. São alongados e sem flutuadores laterais. São postos em jangadas *Com sifão respiratório *Colocam-se em posição oblíqua à superfície da água

Tromba longa, cilíndrica e Tromba longa, cilíndrica e com abertura estreita com abertura estreita

Cabeça

Pouso

Asa

*Palpos dos machos longos e claviformes. Nas fêmeas, os palpos são tão longos quanto a probócide. Corpo em pouso quase perpendicular à superfície de apoio. Asas manchadas na maioria das espécies.

*Palpos dos machos longos e não claviformes. Nas fêmeas, os palpos são muito mais curtos do que a probócide. Corpo em pouso quase paralelo à superfície de apoio. Asas não manchadas na maioria das espécies.

*Palpos dos machos longos e não claviformes. Nas fêmeas, os palpos são muito mais curtos do que a probócide. Corpo em pouso quase paralelo à superfície de apoio. Asas não manchadas na maioria das espécies.

CICLO BIOLÓGICO: -São insetos holometabólicos (metamorfose completa) que passam por quatro estágios biológicos distintos: ovo, larva (com quatro ínstares), pupa e adulto. -As fases de ovo, larva e pupa desenvolvem-se em águas doces paradas ou com suave correnteza onde as fêmeas fazem a postura. Algumas espécies de Anopheles sp. ovipõem em águas salinas. Os criadouros desta forma podem ser lagos, açudes, valas de drenagem e de esgoto a céu aberto, em recipientes artificiais colocados descuidadamente na natureza (latas, pneus, garrafas, etc..) e que são capazes de reter água. As fêmeas colocam os ovos na superfície da água, aglomerados (Culex sp.) ou isolados (Aedes sp. e Anopheles sp.). A maioria das espécies faz postura dos ovos durante o pôr do sol ou à noite. -Para produzirem os ovos, as fêmeas recém fecundadas necessitam de se alimentarem de sangue. -Os ovos eclodem dentro da água onde se desenvolvem até pupa: ovo  larva (L1, L2, L3 e L4)  pupa. Tudo isso ocorre em tempo variável (condições climáticas favoráveis, ausência de predadores e suprimento alimentar adequado). A alimentação das larvas compõe-se basicamente de microorganismos aquáticos. As pupas não se alimentam. IMPORTÂNCIA MÉDICA E VETERINÁRIA: -Os mosquitos possuem hábitos alimentares noturnos, e suas picadas podem causar considerável transtorno. -As espécies dos gêneros Anopheles sp., Culex sp. e Aedes sp. podem transmitir as microfilárias de Dirofilaria immitis e uma forma de malária aviária(Plasmodium sp.). -São também importantes na transmissão de um vírus causador de encefalite equina. -Para o homem, veiculam uma grande variedade de agentes patogênicos, entre eles os causadores da malária, febre amarela, dengue, elefantíase, etc...

CONTROLE: CONTROLE DAS FORMAS IMATURAS: -As principais medidas de controle são aquelas que visam a remoção e redução dos criadouros: *Drenagem de água empoçada em locais inadequados *Evitar entulhar recipientes que permitam o acúmulo de água. -Utilização de inseticidas domiciliares, mais precisamente larvicidas, em locais que representam criadouros potenciais: vasos de plantas, ralos de banheiro, recipientes de flores em cemitérios, etc... O Abate® (Temephos) é

um organofosforados que apresenta ótima ação larvicida e é inofensivo para o homem e animais domésticos (dependendo da dosagem). -O controle biológico pode ser feito nos criadouros aquáticos através da introdução de peixes larvófagos. Muito indicado para a utilização em grandes coleções de água (lagos, represas). CONTROLE DO MOSQUITO ADULTO: -Tratamento com inseticidas em áreas amplas. -Tratamento individual através do uso de repelentes. ORDEM DIPTERA SUBORDEM CYCLORRAPHA -São popularmente conhecidos por moscas. -Antenas formadas de 3 a 5 artículos, sendo os dois primeiros menores. -As larvas são vermifirmes e se evoluem em 3 estágios, seguidos por uma fase de pupa, que se forma dentro do pupário, resultante das modificações (endurecimento e contração) sofridas pela exúvia da larva de 3º estádio. -Os adultos emergem do pupário através de uma abertura circular resultante da remoção de uma calota da parte anterior do pupário. A ruptura do pupário é causada pela pressão exercida por uma formação membranosa, existente na região anterior da cabeça do adulto, denominada ptilino. Após o nascimento, o ptilíneo se retrai para o interior da cabeça, deixando uma cicatriz em forma de ferradura, denominada sutura frontal. A subordem Cyclorrhapha possui duas principais divisões: Divisão Aschiza – Adultos não possuem sutura frontal, com limitado interesse médico e veterinário. Divisão Schizofora – Adultos possuem sutura frontal. Compreende as principais espécies de interesse médico veterinário.

FAMÍLIA MUSCIDAE -A cabeça apresenta olhos muito desenvolvidos, contíguos ou muito próximos nos machos e separados em fêmeas. -Antenas com três segmentos evidentes, sendo o terceiro mais desenvolvido, com suco longitudinal e uma estrutura perpendicular denominada arista que pode ter forma de cerda e, às vezes, plumosa. -Possui sutura frontal que é uma cicatriz em forma de ferradura, formada após a retração do ptilíneo (bolsa utilizada na abertura do pupário). -Palpos maxilares c/ tamanho variável e apenas um artículo. -Probóscida desenvolvida: rígida e adaptada para picar nas espécies hematófagas e com a extremidade dilatada nas lambedoras. -Abdômen em geral com sete segmentos evidentes. -Ovos em geral são brancos e longos em forma de banana. -As moscas adultas freqüentam vários ambientes, a depender da espécie e das condições, alimentando-se de várias substâncias. Costumam voar muito (8-10 Km). -O ciclo é composto de ovo  larva  pupa  adulto. Em geral têm atividade diurna. Nas espécies hematófagas os machos e fêmeas sugam sangue. Nas espécies causadoras de miíases, normalmente os adultos não se alimentam. -Importância econômica e na saúde pública:  podem transmitir agentes patogênicos aos homens e aos animais direta (hematofagia) ou indiretamente (transmissão mecânica através das patas contaminadas);  espoliação sangüínea e reações alérgicas no local da picada, causando grande incômodo no homem e queda de produção

dos animais;  gastos com medicamentos e medidas de controle pouco eficazes;  gastos com honorários pagos aos veterinários. -Dentre as principais espécies de interesse médico e veterinário destacam-se: Musca domestica, Stomoxys calcitrans e Haematobia irritans. ORDEM DIPTERA SUBORDEM CYCLORRAPHA FAMÍLIA MUSCIDAE GÊNERO MUSCA Musca domestica PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Popularmente conhecida como mosca doméstica é encontrada em ambientes domiciliares e extra domiciliares. -Não são parasitas obrigatórios, mas podem se nutrir de uma ampla variedade de secreções animais (suor, lágrima, serosidade) e são especialmente atraídas por feridas. Uma vez que pousam em animais diferentes, podem funcionar como vetor mecânico (patas) de uma grande variedade de patógenos. MORFOLOGIA: -Adultos medem de 6 a 9 mm. -O tórax possui coloração que varia de cinza-amarelo a cinza-escuro. Possui quatro listas negras longitudinais no mesonoto. -Apresenta arista plumosa, com cerdas longas -O aparelho bucal é do tipo lambedor. -Asa com nervura M1+2 formando uma angulosidade semelhante a um cotovelo. -Abdômen amarelado com uma faixa mediana longitudinal no dorso. -As asas têm a parte posterior lisa sem papilas, e os espiráculos posteriores têm abertura sinuosa. M1+2

CICLO BIOLÓGICO: -Os adultos podem voar grandes distâncias em curtos períodos de tempo. Alimentam-se de várias substâncias orgânicas de origem animal ou vegetal, como fezes, urina, lixo e uma infinidade de alimentos açucarados. -As fêmeas após se alimentarem e copularem produzem de 500 a 800 ovos parceladamente (75 a Pupa 150 ovos de cada vez). Os ovos podem ser Ovo depositados sobre qualquer matéria orgânica fermentável (comida, dejetos, lixo). Os criadouros Adulto devem ser úmidos, mas nunca encharcados. -Os ovos, em boas condições de temperatura e Larva umidade, eclodem em 24 horas ou menos  as larvas se alimentam dos detritos e sofrem as mudas em poucos dias (verão = 1 semana; inverno = várias semanas).

-Pouco antes de puparem, as larvas abandonam a matéria orgânica e entram na terra  escurecimento e endurecimento do pupário  após alguns dias (verão) ou várias semanas (inverno)  saída do adulto de dentro do pupário. -Em poucos minutos após emergir do pupário, o adulto alcança vôo e procura copular e se alimentar. -A longevidade varia de 30 dias no verão a até 60 dias no inverno. A tabela ao lado demonstra a variação na duração do ciclo de ovo a adulto em relação à temperatura ambiente. Temperatura 16 C 18 C 20 C 25 C 30 C

Período (dias) 44,8 26,7 20,5 16,1 10,4

-O esterco das aves e de outros animais domésticos pode levar à produção de números enormes de moscas. Para cada galinha média (1,8 kg), são produzidos cerca de 41 Kg de esterco/ano Uma lata de lixo mal cuidado pode produzir, em uma semana, 20.000 larvas. Importância médica e veterinária: -Podem transportar formas infectantes de centenas de doenças humanas e de animais domésticos, podendo contaminar alimentos, água e utensílios. -Dentre as principais patogenias veiculadas aos homens destacam-se: Febre Tifóide, Diarréias Infantis, Cólera, Ascaridíase (transporta o ovo de Ascaris sp.), Coccidioses, Poliomielite, etc... -As larvas dos nematóides Habronema muscae, H. megastoma, responsáveis pela habronemose gástrica e pela “ferida de verão” em eqüinos, são veiculadas pela Musca doméstica. Os ovos dos helmintos são ingeridos pelas larvas das moscas presentes no bolo fecal do cavalo. Ocorre o desenvolvimento simultâneo da mosca e do verme e, quando se torna adulta, a Musca doméstica possui a larva L1 de Habronema sp. no interior do seu corpo. Quando pousa nas feridas dos animais, as moscas liberam as L3 presentes na probóscida para o corpo dos hospedeiros. -Em granjas tecnificadas, a presença constante da mosca nos galpões pode irritar excessivamente as aves, levando-as a uma queda na produção de ovos ou carne. Controle: -A erradicação desta e de outras moscas de uma área é uma tarefa impossível, sendo viável a sua redução a níveis toleráveis. -Tratamento dos dejetos através da retirada destes dos locais de produção e da construção e utilização de esterqueiras. Os dejetos podem ser manejados das seguintes maneiras: Retirada das fezes em intervalos de aproximadamente 5 dias. O material pode ser amontoado e exposto ao sol e de preferência coberto com uma lona preta ou colocado em tonéis fechados. Este procedimento irá aumentar a temperatura interna do bolo fecal, favorecendo a fermentação e consequentemente impossibilitando o desenvolvimento das larvas presentes. Os dejetos podem ser enterrados profundamente após a retirada do material não biodegradável. Colocação dos dejetos em caixas com fundo de ripas ou telas, suspensas sob a água que pode conter peixes. Desta forma eliminam-se as moscas e alimenta-se os peixes. Este procedimento é muito caro. Incineração do esterco. É cara e desperdiça o material que pode ser utilizado como adubo. -Em criações de aves, o fornecimento de água deve ser feito de forma a não molhar as fezes no piso, para reduzir o desenvolvimento de larvas de moscas. -Construção de fossas e banheiros adequados para se permitir o saneamento básico local.

-Os domicílios podem ser protegidos através da colocação de telas nas janelas dos cômodos onde se manipula os alimentos. Além disso, a proteção do alimento e a retirada freqüente do lixo devem ser medidas prioritárias. -Os inseticidas intradomiciliares podem ser utilizados com extrema moderação. Existem no mercado iscas e armadilhas disponíveis com eficiência variável. ORDEM DIPTERA SUBORDEM CYCLORRAPHA FAMÍLIA MUSCIDAE GÊNERO STOMOXYS Stomoxys calcitrans PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Popularmente conhecida como mosca do estábulo ou mosca doméstica picadora. -São hematófagas. Adultos de ambos os sexos costumam picar cavalos, bovinos, cães e, raramente o homem, sempre ao ar livre; localizam e picam, em geral, na parte inferior do corpo. As picadas destes insetos são extremamente dolorosas e além de causarem irritação aos animais podem veicular agentes patogênicos a estes: Tripanossoma equinum, Anemia Infecciosa Eqüina (AIE), Carbúnculo, etc... -As fêmeas fazem postura em excrementos dos animais (eqüinos, aves) e substâncias animais ou vegetais fermentáveis (silagem). A mistura de silagem e urina fornece um substrato ideal para o desenvolvimento das larvas.

MORFOLOGIA: -Espécie semelhante à mosca doméstica, diferindo por ter o aparelho bucal do tipo sugador: probóscida rígida, picadora, e dirigida horizontalmente para frente da cabeça, quando em repouso, e perpendicular no ato de picar. -Quando pousada a Stomoxys calcitrans apresenta a cabeça levemente erguida, ao contrário da Musca domestica que a apresenta para baixo. -Os adultos medem aproximadamente 6 mm de comprimento. -Possui a arista plumosa dorsalmente -Os palpos são curtos e não atingem a metade do comprimento da probóscida. -As asas são largas, longas e pontiagudas. A nervura M1+2 é curvada suavemente para a frente. -Costumam pousar com a extremidade do abdome próxima ao substrato, ou seja, a mosca forma um ângulo de 45 com este. -O abdome possui 3 manchas escuras dorsais nos tergitos II e III. CICLO BIOLÓGICO: -As formas imaturas desenvolvem-se em palhas e restos de ração abaixo dos cochos, em fezes de vários animais domésticos, desde que misturadas com palha ou feno, em grama cortada e amontoada e em restilho (bagaço) de usinas de cana de açúcar. Matéria orgânica animal e vegetal em fermentação são substratos potenciais para o desenvolvimento de Stomoxys calcitrans.

-Os ovos são colocados (~ 650 ovos) e em cerca de 3 dias eclodem (26 °C). As larvas se desenvolvem até pupa em aproximadamente 12 dias (30-31 °C). -Após emergirem da pupa as moscas se alimentam e copulam  postura. Podem voar a uma distância de até 10 Km a procura de hospedeiro para se alimentarem.

IMPORTÂNCIA MÉDICA E VETERINÁRIA: -Causam irritação e conseqüente perda de peso nos animais. Trata-se de uma importante praga principalmente em áreas próximas a estábulos. -Na pecuária de leite já foi observada uma queda de até 60% na produção das vacas incomodadas por este parasita. -Podem transmitir mecanicamente Trypanossoma equinum que é o protozoário causador do mal das cadeiras ou quebra-bundas, doença especialmente importante no Pará e Mato Grosso. -Atua como vetor do vírus da “Anemia Infecciosa Equina” (AIE) e da bactéria causadora de carbúnculo. CONTROLE: -Remoção dos resíduos alimentares úmidos e dejetos dos estábulos, cochos e currais. -Evitar amontoar matéria vegetal em decomposição (grama, cebolas, ervas daninhas, etc..) -A aplicação de inseticidas nos animais é pouco recomendada para o controle da mosca do estábulo, uma vez que estas permanecem pouco tempo pousadas nos hospedeiros. -O controle biológico tem sido usado com relativo sucesso em países em que Musca domestica e Stomoxys calcitrans representam um problema notável. Este controle consiste no uso de algum parasitóide ou patógeno capaz de matar pupas ou adultos. Em Belo Horizonte tem sido identificadas algumas espécies de micro-formigas predadoras de S. calcintrans e M. domestica, entre elas podemos citar a Spalangia endius e Nasonia vitripennis. ORDEM DIPTERA SUBORDEM CYCLORRAPHA FAMÍLIA MUSCIDAE GÊNERO HAEMATOBIA Haematobia irritans PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -Popularmente conhecida como mosca do chifre, a Haematobia irritans chegou ao Brasil em 1978 e hoje, representa um problema crescente na pecuária nacional. Somente nos EUA esta mosca é responsável por perdas de aproximadamente US$ 1 bilhão/ano. -São hematófagas. As picadas causam grande perda de sangue e irritação, já que cada mosca pode picar 40 vezes por dia. Os hospedeiros preferenciais são os bovinos e mais raramente os eqüinos. -A mosca do chifre passa 99% de sua vida sobre o corpo do animal, abandonando o hospedeiro apenas para botar ovos em fezes frescas.

MORFOLOGIA: -Mede de 3 a 5 mm de comprimento. -Possui a coloração preta semelhante à da Musca doméstica. -O aparelho bucal e a disposição das nervuras das asas são semelhantes ao da Stomoxys calcitrans. Contudo, a mosca do chifre possui os palpos longos e dilatados na extremidade distal. -Pousa em geral com a cabeça para baixo e com as asas formando um ângulo de 60 entre si.

Ciclo biológico: -Os adultos permanecem sobre o animal, especialmente na região próxima à cabeça e no cupim, pescoço e ventre, dia e noite; as fêmeas afastam do corpo por alguns minutos para pôr de 10 a 20 ovos nas fezes recém eliminadas. -As larvas se desenvolvem no interior do bolo fecal, que deve permanecer úmido. O desenvolvimento de ovo a adulto dura cerca de 8 a 9 dias na época da chuva e 20 a 30 dias no inverno seco. As fezes de outros animais não são adequadas devido à baixa umidade local. -Após a estação seca ou fria, quando ocorre uma precipitação pluvial acumulada de 23 mm em três dias consecutivos de chuva, em um período de 10 dias, e a temperatura se eleva de 26,5 C ou mais, haverão todas as condições para a grande proliferação das moscas. Contudo, as chuvas pesadas do verão diminuem as infestações uma vez que aumenta a fauna de competidores e predadores na massa fecal. Além disso, a chuva dilui as fezes dos animais, tornando-as inutilizadas como substrato. -A dispersão da mosca ocorre por migração natural, podendo quando recém eclodidas, migrarem por até 10 Km. Entre os animais, podem migrar em um raio de até 400m. Desta forma, o transporte de animais entre regiões é o principal fator de dispersão das moscas.

IMPORTÂNCIA MÉDICA E VETERINÁRIA: -Espoliação sangüínea e irritação dos animais parasitados. Uma infestação de 500 moscas/animal leva à perdas de cerca de 60 ml de sangue/dia e de 40Kg de peso vivo/ano. Podem ocorrer em uma densidade de até 10.000 moscas/animal. -Os animais irritados param de se alimentar e ficam inquietos e esfregando-se em plantas, mourões e paredes, no esforço de se livrarem das moscas. -A irritação causada pelas picadas danifica o couro dos animais, inutilizando-o.

-Os animais zebuínos são mais resistentes que os europeus. À medida que se apura o grau de sangue, aumenta-se a susceptibilidade do rebanho. Além disso, os animais mais velhos, de pelagem escura e do sexo masculino são mais atacados pela Haematobia irritans. -A mosca do chifre pode transmitir o nematóide Stephanofilaria stilesi que pode causar lesões cutâneas no gado. Foi encontrada com ovos de Dermatobia hominis, mosca causadora de miíase furuncular (berne). Controle: -Até 200 moscas por animal é considerado tolerável. A redução de 68% da população de mosca do chifre em gado europeu levou a um aumento de ganho de peso de 8,6 a 16% em 3 anos. -A degradação e o dessecamento do esterco são muito importantes para impedir o desenvolvimento da larva de H. irritans. Vários besouros são comuns nas fezes dos bovinos e contribuem para estes processos através da abertura de túneis ou enterramento das fezes (rola-bosta). -O uso indiscriminado de inseticidas para o controle destas moscas deve ser evitado, pois tem levado ao desenvolvimento de resistência. -Entre as principais medidas que podem ser tomadas (sugestão EMBRAPA-CPGC): Introdução de besouros da espécie Onthophagus gazella na propriedade. Aplicar juntamente com a terceira vermifugação, em setembro, inseticida fosforado (p.ex: Neguvon Assuntol®) pour-on ou pulverização. Quando o número de moscas exceder 200/animal durante a estação chuvosa, aplicar piretróides ou usar brincos com este inseticidas (máximo 3 meses). Não aplicar inseticidas na época seca, a menos que ocorra necessidade. Esta medida visa evitar o aparecimento de resistência precoce nas moscas do rebanho. -O tratamento deve ser direcionado para vacas em lactação. -O piretríoide pour-on afeta a sobrevivência dos besouros rola-bosta degradadores das fezes dos animais, dificultando o controle. A ivermectina, apesar de ser eliminada nas fezes, não exerce nenhum efeito na população de besouro, contudo destrói as larvas de moscas ali presentes. -As moscas tendem a afastar dos animais quando eles entram em locais escuros. A disponibilidade de pequenos capões de mata é útil para a proteção contra esta e outras pragas. -Utilização de armadilhas especializadas  redução de 80 a 90% na população de moscas. -Em rebanhos extensos, pode-se preconizar o tratamento de 10% dos animais mais parasitados. -As medidas de controle e erradicação devem ser tomadas de forma coletiva, em parceria com a cooperativa rural e órgãos afins. Não adianta controlar a mosca do chifre na sua fazenda se a fazenda do vizinho não entrar no esquema. O contágio entre fazendas é uma forma de manutenção potencial da H. irritans e que dificulta significativamente o seu controle.

FILO ARTROPODA CLASSE INSECTA ORDEM DIPTERA SUBORDEM CYCLORRHAPHA “AS MIÍASES” -Algumas espécies de moscas pertencentes à subordem Cyclorrapha podem causar miíases. Por miíase entendese a infestação de vertebrados vivos por larvas de moscas que, pelo menos em parte de seu ciclo se alimentam de tecidos vivos ou mortos de animais (homens e outros), líquidos corporais ou alimentos ingeridos. Desta forma a infestação pode ocorrer externamente (pele, feridas externas, couro dos animais) ou em cavidades internas. -Dentre os agentes das miíases, podemos citar os parasitos obrigatórios e os parasitos facultativos: Parasitos obrigatórios: Suas larvas necessitam obrigatoriamente de passar pelo período parasitário em tecidos vivos de hospedeiros, desta forma são denominadas larvas biontófagas. Dentre as principais famílias de moscas das quais as formas imaturas se alimentam de tecidos vivos destacam-se: Cuterebridae (Dermatobia hominis - Berne), Calliphoridae (Cochliomyia hominivorax - Bicheira), Oestridae (Oestrus ovis – Miíase Cavitária), Gasterophilidae (Gasterophilus nasalis, G. intestinalis, G. haemorrhoidalis – Miíase cavitária). Parasitos facultativos: Suas larvas se desenvolvem em matéria orgânica em decomposição, podendo ser de origem animal, ou não. Podem ser em lixos, acúmulo de vegetais em decomposição, carcaças em putrefação, tecidos necrosados em animais vivos (necrobiontófagas). Dentre as famílias destacamse a Calliphoridade (Cochliomyia macellaria, Chrysomya spp) e a Sarcophagidade. -As famílias de importância médica veterinária que serão descritas a seguir são: *Família Calliphoridae - Cochliomya hominivorax e Cochliomya macellaria *Família Cuterebridae – Dermatobia hominis *Família Oestridae – Oestro ovis *Família Gasterophilidae – Gasterophilus nasalis, G. intestinalis, G. haemorrhoidalis *Família Sarcophagidae

FAMÍLIA CALLIPHORIDAE CARACTERÍSTICAS GERAIS E MORFOLÓGICAS: -As principais espécies de importância médica veterinária são responsáveis por causar, no estádio larvário, um tipo de miíase nos tecidos vivos dos animais e homem e que é popularmente conhecida por “bicheira”. -São dípteros robustos de coloração escura com reflexos metálicos azulados, violáceos ou esverdeados, principalmente no abdome. -Podem ou não ter faixas negras no abdome, diferindo dos Muscídeos por apresentarem uma fila de cerdas fortes na hipopleura. -Peças bucais distintas, desenvolvidas, adaptadas para lamber. -Arista plumosa com pêlos longos estendendo-se até o ápice.

Principais espécies de importância médica-veterinária: -Cochliomyia hominivorax  Popularmente recebe o nome de mosca varejeira  As fêmeas realizam postura nos bordos de ferimentos recentes na pele dos animais (homem) de sangue quente, onde as larvas biontófagas se desenvolvem causando miíase obrigatória nestes hospedeiros.  Comum no Brasil, sendo encontrada do México ao norte do Chile. Recentemente foi erradicada dos Estados Unidos. -Cochliomyia macellaria  Muito parecida com a Cochliomya hominivorax, era confundida com esta até 1993.  As fêmeas realizam postura em tecidos necrosados, cadáveres em putrefação, lixo, etc..., onde as larvas necrobiontófagas se desenvolvem causando miíase obrigatória nestes hospedeiros.  Atualmente parece ser rara no Brasil. -Chrysomya sp.  São muito numerosas em produtos animais expostos em feiras livres (peixes, víceras, etc...); criam-se em lixões, pocilgas, matadouros, etc... Parecem que vem competindo por espaço com Cochliomya macellaria e possivelmente com C. hominivorax. Já foi relatado caso de miíase em bezerros por Chrymomya sp.  Originárias do velho mundo (Europa), foram descobertas recentemente no Brasil e ocorrem em amplas regiões da América do Sul. Morfologia:

Adulto

Larva

Cochliomyia hominivorax *Mede cerca de 8 a 10 mm de comprimento. *Possui cor verde, com reflexos azulmetálico em todo o tórax e abdome. *Mesonoto apresenta três faixas negras longitudinais, sendo a do meio mais curta. *Olhos de cor amarela e resto da cabeça amarelo-brilhante. *Aparelho bucal do tipo sugador e palpos curtos e filiformes. *Pernas alaranjadas.

Cochliomyia macellaria *Muito semelhante à C. hominivorax *Mede de 6 a 9 mm de comprimento *Também possui coloração verdebrilhante com três faixas negras no mesonoto *Cabeça é predominantemente amarela-alaranjada. *Aparelho bucal do tipo sugador e palpos curtos e filiformes. *Diferencia-se da C. hominovorax por possuir no 4º segmento abdominal áreas laterais com intensa polinosidade clara *Medem 17 mm de comprimento, são *A traquéia apresenta pigmentação cilíndricas e truncadas posteriormente. apenas até a metade do primeiro *Os dois troncos traqueais são bem segmento larvar. pigmentados desde a origem nos espiráculos posteriores até os últimos 3º ou 4º segmentos.

-Chrysomya sp: *São robustas, com aproximadamente 8 mm de comprimento. *Possui coloração verde-azulada , com duas faixas escuras transversais no tórax e três no abdome

CICLO BIOLÓGICO: Cochliomyia hominivorax -Os adultos se alimentam de substâncias vegetais, excrementos, carnes, exudatos de feridas, podendo voar muito (11 milhas em 24 horas). -Os adultos só copulam uma vez, 5 dias após o nascimento. As fêmeas põem em média 200 ovos em cada postura, na borda de feridas e aberturas naturais (ânus, vagina e vulva) de animais de sangue quente. São especialmente atraídas por odores fortes causados por sujeira do corpo, excreções ou ferimentos. As fêmeas nunca colocam seus ovos em tecidos necrosados ou em animais mortos. -O período de incubação dos ovos é de aproximadamente 12 a 20 horas. Uma vez eclodidas, as larvas alimentamse vorazmente; vão destruindo os tecidos rapidamente e permanecem com a extremidade anterior (boca) mergulhada nos tecidos, enquanto a extremidade posterior (espiráculos) fica em contato com o ar. Em cerca de quatro a oito dias as larvas sofrem duas mudas (L1 L2 L3) quando finalmente abandonam o local, caem no solo e enterram-se na terra fofa ou embaixo de folhas para se transformarem em pupas. -O período pupal pode variar de 7 dias (verão) a 60 dias (inverno) sendo portanto, dependente da temperatura ambiente. -Os adultos, uma vez fora do pupário podem começar a oviposição dentro de 4 dias, produzindo um total de até 2.800 ovos durante a vida. -Normalmente o ciclo se completa em 21 a 24 dias.

Cochliomyia macellaria e Chrysomya sp. -Os adultos se alimentam de várias substâncias, incluindo o néctar de flores, lixo, frutas, fezes (Chrysomya sp.). -Neste caso a postura das fêmeas será feita em tecidos necrosados, cadáveres em putefração, lixo etc..., normalmente em conjunto com outras moscas, formando uma massa de milhares de ovos.

-Os ovos eclodem rapidamente e a evolução das larvas pode demorar de 6 a 20 dias  pupas  adultos.

IMPORTÂNCIA MÉDICA E VETERINÁRIA: Cochliomyia hominivorax -A principal patogenia é causada pelo desenvolvimento das larvas nos tecidos vivos dos animais e do homem:  Durante o desenvolvimento, as larvas podem causar danos consideráveis nos tecidos do hospedeiro. Devoram rapidamente qualquer tipo de tecido vivo, podendo penetrar profundamente no corpo ou em cavidades naturais, onde causam as miíases cavitárias. O processo ocorre de tal forma que à medida que a ferida aumenta, outras moscas varejeiras ou não, são atraídas para o local da lesão (cheiro do sangue) onde também depositam seus ovos.  O homem e vários animais domésticos e selvagens podem ser atingidos (bovinos, eqüinos, ovinos, caprinos, cães, gatos e outros). Muitas vezes as lesões ocorrem em feridas cirúrgicas mal cuidadas: descorna, castração, corte de umbigo, corte de orelha e cauda em cães, ferimentos provocados em ovinos durante a tosquia, etc...  O prejuízo econômico anual no Brasil foi estimado em U$ 181 milhões. Tais prejuízos incluem: risco à saúde pública, depreciação do couro e carne dos animais muito parasitados, queda na produção, gastos com medicamentos de controle e tratamento e com honorários veterinários. No rebanho ovino é comum em certas épocas do ano a ocorrência de óbitos entre os animais muito infestados. -As moscas adultas, já que também se alimentam de material sujo (lixo, fezes), podem vetorar mecanicamente agentes patogênicos entre diferentes hospedeiros. Cochliomyia macellaria e Chrysomya sp. -Podem causar miíase secundária nos animais já acometidos por outras larvas biontófagas. Normalmente isso ocorre quando o tecido já se encontra necrosado. -Devido ao fato das moscas adultas se alimentarem de dejetos humanos e lixo, são importantes vetores mecânicos de patógenos intestinais para os homens. -Larvas de Cochliomyia macellaria podem se desenvolver em carnes de açougues e matadouros levando à condenação da peça acometida.

CONTROLE: Cochliomyia hominivorax -A principal medida de controle baseia-se na eliminação dos substratos nos quais as moscas fazem postura. Desta forma, é importante evitar que as feridas artificiais ou naturalmente provocadas sejam expostas às larvas da varejeira: Como as moscas são atraídas pelo odor de sangue, pus e excreções, é necessário proceder a higiene cuidadosa ou a cobertura com gaze de lesões de qualquer tipo. O uso de repelentes pode ser útil e várias formas comerciais podem ser utilizadas. O closantel e a doramectina (Dectomax®) mostraram-se eficientes para curar infestações. A ivermectina tem dado resultados conflitantes contra esta mosca, devendo ser melhor analisada. -Nos Estados Unidos foi desenvolvido um programa de criação de mosca em laboratório e de esterilização de machos com raio gama, para a soltura e competição com machos selvagens. -Uma vez que são mais abundantes no clima quente e úmido e apresentam maior densidade nos meses chuvosos e no verão, os esforços de controle devem ser mais concentrados nestas épocas. Cochliomya macellaria e Chrysomya sp. -Evitar o acúmulo de substâncias usadas pelas moscas como substrato para se desenvolverem: manejo correto dos dejetos, retirada de lixos, limpeza dos currais e pastos, incineração de cadáveres, etc...

TRATAMENTO DAS LESÕES (BICHEIRAS): -As lesões devem ser lavadas com solução fisiológica, se possível com 10% de clorofórmio para “anestesiar” as larvas que devem ser cuidadosamente retiradas da ferida. Conclui-se o procedimento desinfectando o local e aplicando repelentes ao redor da lesão. Não aplicar inseticida dentro da ferida devido ao alto risco de absorção. -Alguns animais muito debilitados podem necessitar de uma antibioticoterapia de suporte. Tais casos devem ser individualmente avaliados.

FAMÍLIA CUTEREBRIDAE Dermatobia hominis PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -A mosca Dermatobia hominis ou mosca berneira como é popularmente conhecida, é importante por causar no estádio larvário, uma miíase furuncular popularmente conhecida por “Berne”. -É um inseto originário dos trópicos úmidos da América Latina. Atualmente, é encontrado desde o sul do México até o norte da Argentina. O Chile é o único país livre de sua incidência. Ela certamente se expandiu através dos bovinos, pois a mosca tem baixa capacidade de migração e um tempo de vida curto. -Os prejuízos causados por este parasita na America Latina são estimados em aproximadamente U$200 milhões/ano.

-Sua ocorrência restringe-se a áreas de umidade relativa alta e de temperaturas moderadas. O Nordeste brasileiro e o Norte de Minas Gerais não proporcionam condições favoráveis ao estabelecimento de populações deste inseto. MORFOLOGIA: Mosca Adulta:  Mosca adulta robusta medindo 15 mm de comprimento.  Cabeça amarelada, com a parte superior escurecida; as peças bucais são atrofiadas, as antenas são amareladas, com uma faixa escura no meio.  O tórax é castanho-escuro, as pernas são alaranjadas e o abdome é azul escuro, com brilho metálico Larva:  As larvas L1 medem inicialmente 1,5 mm de comprimento e possuem forma cilíndrica. A larva L2 é piriforme, com a extremidade anterior mais dilatada. A larva de terceiro estágio ou L3 é oval e alongada, com os espiráculos anteriores mais desenvolvidos.  As larvas têm fileiras de espinhos em vários segmentos do corpo e um par de proeminentes ganchos orais.

CICLO BIOLÓGICO: -A mosca adulta não se alimenta e vive por apenas alguns dias (3 a 5 dias). Por isso, elas devem viver em ambientes sobreados e protegidos onde irão perder menos energia. Tais ambientes incluem florestas fechadas, beiradas de matas, florestas de eucaliptos com altitudes entre 400 e 1500 m. -Esta espécie de mosca não coloca seus ovos diretamente sobre os hospedeiros. Ao contrário, elas utilizam outros insetos para disperssarem os seus ovos. Dentro do seu habitat, a mosca apreende os foréticos no ar, cai no solo e coloca os seus ovos sobre o abdome destes insetos. Para facilitar a fixação da postura elas utilizam uma substância cimentante. Provavelmente este comportamento é devido ao curto perído de vida da mosca -Os ovos postos sobre o forético eclodem em cerca de 5 dias, podendo as larvas permanecerem vivas por até 20 dias dentro da casca do ovo. Quanto o inseto forético pousa sobre um mamífero, as larvas atraídas pelo calor do corpo, abandonam a casca do ovo e penetram na pele do hospedeiro. A fase larvária dura cerca de 40 a 50 dias nos bovinos. Nos zebuínos é mais longo que em europeus. Enquanto se desenvolve, as larvas se alimentam dos tecidos do hospedeiro e causam uma miíase furuncular, popularmente conhecida por “Berne”. Normalmente cada nódulo contém apenas uma larva. -O período pupal dura cerca de 24 a 50 dias (média de 30 a 32), dependendo da temperatura. As fêmeas de D. hominis põe cerca de 400 ovos em sua vida, com uma média geral de 20 a 40 ovos por forético. -Entre os insetos foréticos já descritos portando ovos de Dermatobia hominis inclui-se: Musca domestica, Haematobia irritans, Stomoxys calcitrans, etc... Normalmente os escolhidos são insetos grandes, de atividade diurna e que mantêm contato com os hospedeiros.

-O homem e o cão são frequentemente infestados.

IMPORTÂNCIA MÉDICA E VETERINÁRIA: -Os prejuízos causados pela Dermatobia hominis, mais precisamente pelas larvas biontófagas que se alojam na pele dos animais e do homem, são incontáveis: -Animais parasitados tornam-se debilitados, apresentando baixa produção de leite e carne. Estima-se que 20 a 40 bernes em novilhos/novilhas podem diminuir de 9 a 14% o peso vivo, e 18 a 25% a produção de leite -A infestação por berne torna os animais mais susceptíveis a outras infecções devido a uma baixa de resistência. As feridas provocadas pelo berne representam substratos para postura de moscas varejeiras (Cochlyomyia hominivorax) e desenvolvimento de bicheira. -As larvas danificam o couro dos hospedeiros parasitados. Estima-se que apenas 15% do couro brasileiro é considerado como matéria prima de alto padrão. As infestações por berne assumem 38% das condenações do couro da indústria de curtume brasileira. Em algumas regiões, de 75 a 90% dos couros podem ser prejudicados pelo berne. EPIDEMIOLOGIA: FATORES RELATIVOS AO MEIO AMBIENTE -Só ocorre em áreas de umidade relativa alta e temperaturas moderadas. O Nordeste brasileiro e o norte de Minas gerais não proporcionam condições favoráveis ao estabelecimento de populações deste inseto. SUDESTE  Pico de larvas de D. hominis ocorre logo após as primeiras chuvas, na saída do período seco, mantendo-se alto pelo período chuvoso e diminuindo no veranico (janeiro ou fevereiro) quando a temperatura fica excessivamente alta. -As maiores populações são obsevadas abaixo de 1500 m, em regiões que tenha pelo menos uma época do ano com temperaturas médias entre 20 e 30°C e umidade relativa alta. -A incidência nas regiões frias e no centro-oeste do Brasil costuma ser maior na primavera e no verão.

-A penetração das L3 maduras é muito mais difícil em solos secos do que em solos úmidos. Por isso ocorre uma maior incidência de bernes em épocas de chuva do que em épocas de seca. Nas épocas de seca, a população de Dermatobia hominis dimuinui em função da dificuldade das larvas maduras em penetrar no solo seco. Além disso, o próprio solo argiloso representa um obstáculo ao desenvolvimento da mosca. FATORES RELATIVOS AO HOSPEDEIRO -Os bovinos são os principais alvos das larvas de Dermatobia hominis. Quanto maior a infestação dos bovinos, maiores são as incidências em outras espécies de hospedeiros. Numa situação de infestação moderada em bovinos, dificilmente outros animais e o homem são infestados. De modo geral, a segunda espécie mais acometida por bernes são os cães. Os equinos são mais refratários, apresentando infestações apenas em casos extremos e em situações de alto desafio parasitário. -O maior número de bernes encontra-se no lado esquerdo do animal que para facilitar a ruminação, tende a deitar-se em decúbito ventro-lateral direito. -Os animais de sangue europeu são mais susceptíveis às infestações por berne. -Os bovinos de pelagem escura tendem a ser mais parasitados. -De modo geral, 10 a 20% dos animais de um rebanho apresentam-se parasitados por 50% da população em parasitismo. CONTROLE: -O tratamento e controle da dermatobiose se faz principalmente com uso de drogas bernicidas:  Organofosforados: Bernilene®, Neguvon Assuntol ®, outros. O produto pode ser aplicado por aspersão, transcutâneo ou injetável.  Avermectinas: Ivomec®, Dectomax®, outros. São as drogas bernicidas mais potentes, pois apresentam longo período residual. -Os tratamentos devem incluir todo o efetivo bovino de uma região ou propriedade. -A primeira aplicação deve ser feita a partir das primeiras chuvas da primavera na região sudeste. O tratamento consta em 4 aplicações de produtos inseticidas em intervalos de 28 dias. -O controle de bernes pode ser integrado ao controle de carrapatos, uma vez que ambos são realizados na mesma época.

TRATAMENTO: -Em animais de estimação ou no homem, as larvas podem ser retiradas individualmente, através da oclusão do orifício por um esparadrapo, fumo ou pedaço de toucinho. -Pode-se também aplicar éter ou clorofórmio no orifíco. Essas substâncias intoxicam as larvas que ao tentarem sair, ficam presas nos esparadrados ou toucinhos. -É importante muito cuidado ao expremer os bernes pois esses podem se romper, infeccionando todo o tecido local.

FAMÍLIA OESTRIDAE Oestro ovis PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: -A mosca adulta possui aspecto de abelhas com as quais podem ser confundidas. São larvíparas. -Espécie originária do continente Australiano, passou a ocorrer em todos os locais em que os carneiros foram introduzidos. -As moscas adultas depositam suas larvas na cavidade nasal dos ovinos onde essas se desenvolvem  “Miíase Cavitária”. Apresentam grande importância na ovinocultura. Podem parasitar também caprinos, eqüinos e, raramente, o homem. -No Brasil, é mais freqüente no Rio Grande do Sul (ovinos). Em Minas Gerais foi assinalada em Três Corações e Cambuquira. -As moscas possuem maior atividade durante o verão. Nos climas quentes podem ocorrer durante todo o ano. MORFOLOGIA: -Mosca adulta é robusta (10 a 12 mm) e tem aspecto de abelha. Apresenta a cabeça com fronte bem larga e olhos grandes e bem separados entre si em ambos os sexos. -O corpo tem coloração acinzentada e é coberto por cerdas curtas. -No tórax, o mesonoto apresenta 4 listras longitudinais mal definidas. -As veias das asas não atingem as bordas, formando células fechadas. -O abdome tem manchas negras, pequenas e pares. -Possuem aparelho bucal atrofiado. -As larvas apresentam os ganchos orais levemente curvados. Na superfície ventral de cada segmento existem espinhos grandes, dispostos em fileiras, seguidos de várias fileiras de espinhos menores. CICLO BIOLÓGICO: -Adultos não se alimentam, apenas sugam água. Após a cópula, as fêmeas voando rapidamente ao redor dos ovinos, depositam suas larvas (até 500/vida) na cavidade nasal desses animais. -As larvas se desenvolvem nas narinas e seios da cabeça. O período de desenvolvimento varia de 35 a 75 dias, em média. Normalmente interrompem o seu desenvolvimento durante o inverno e só retomam no início da primavera. -As larvas maduras são expelidas para o exterior enquanto os animais espirram. Nos climas frios, as larvas abandonam os animais durante a primavera e verão, mas nos climas quentes, a expulsão da larva pode ocorrer em qualquer época do ano. -As larvas, uma vez no meio ambiente, penetram no solo para puparem. O período pupal dura de quatro (meses quentes) a oito semanas.

IMPORTÂNCIA MÉDICA E VETERINÁRIA: -Importância considerável na ovinocultura.

-As moscas adultas, por ocasião da postura, causam grande irritação nos animais que deixam de se alimentar para tentar se proteger. Muitas vezes, os carneiros escondem o focinho no solo ou entre a lã de outros ovinos. -As larvas biontófagas irritam a mucosa nasal, provocando inflamação e secreção de exudato mucoso. Os ovinos parasitados espirram constantemente, não conseguem se alimentar direito e acabam perdendo muito peso. -A ocorrência de óbito não é rara, principalmente quando ocorre uma infecção bacteriana secundária nos seios nasais ou até mesmo nos pulmões.

Larvas

-O homem, principalmente se viver em contato com ovinos, pode apresentar infecções oculares por larvas de primeiro estágio de Oestro ovis que se instalam no saco conjuntival (oftalmomiíase). Esta patogenia já foi relatada no Uruguai, Chile, Peru e Equador.

CONTROLE: -A retirada das larvas da cavidade nasal é muito difícil. -Neguvon Assuntol® injetável (88mg/Kg), pour – on ou pulverização tem apresentado bons resultados (250mg/Kg). -A Ivermectina (Ivomec®) 200µg/Kg também pode ser utilizada com resultados satisfatórios. -O tratamento deve ser baseado em uma análise criteriosa das condições ambientais. Altas temperaturas favorecem o desenvolvimento do parasita. Desta forma, em regiões de clima frio, os esforços devem ser concentrados no verão/outono e início do inverno.

FAMÍLIA GASTEROPHILIDAE GÊNERO GASTEROPHILUS CARACTERÍSTICAS GERAIS: -As larvas biontófagas de moscas deste gênero se desenvolvem em estômago e intestino de eqüinos e ocasionalmente nos olhos e na pele de homens, cães e coelhos  Miíase Cavitária. -São dípteros robustos, com o corpo densamente piloso, cabeça com fronte larga e olhos pequenos e bem separados entre si. As moscas adultas são semelhantes a abelhas, tanto quanto ao aspecto quanto ao zunido característico. Possuem aparelho bucal vestigial. PRINCIPAIS ESPÉCIES DE INTERESSE MÉDICO E VETERINÁRIO: Gasterophilus nasalis Corpo de coloração castanho escura com os pêlos do tórax amarelo-avermelhados e os do abdome brancos ou amarelados com uma faixa larga de pêlos escuros cruzando os segmentos medianos, conferindo ao inseto um aspecto axadrezado.

As larvas são parasitas do sistema digestivo dos eqüinos, principalmente na região do piloro e no duodeno. Podem se fixar na faringe e causar asfixia nos animais parasitados. Gasterophilus intestinalis Corpo de coloração amarelo-pardacenta, com o tórax mais escuro do que a cabeça e o abdome. Abdome coberto de pêlos e com manchas e faixas esbranquiçadas indefinidas. As larvas são parasitas do estômago e duodeno dos eqüinos, ocorrendo principalmente na região cárdica.

-A espécie de maior prevalência no Brasil é o G. nasalis, em segundo lugar, G. intestinalis.

Gasterophilus haemorrhoidalis Adultos de copr escuro e cabeça amarela. Pilosidade clara com uma faixa preta que cruza o tórax e o abdome. A msoca adulta mede 12 mm de comprimento. As larvas são parasitas do estômago e duodeno dos eqüinos, concentrando-se principalmente no piloro. Ao se desprenderem, tornam a se fixar no reto, podendo causar, em infestações maciças, retenção de fezes e prolapso retal.

CICLO BIOLÓGICO: -As fêmeas deste gênero depositam os ovos no pêlo do equino. As moscas da espécie Gasterophilus nasalis e G. haemorroidalis geralmente fazem postura na região da cabeça (lábios) e pescoço e, as pertencentes à espécie Gasterophilus intestinalis nas pernas anteriores dos animais. Normalmente fazem várias posturas de poucos ovos (menos de 10) em locais diferentes de maneira rápida e eficiente, produzindo um total de até 500 ovos ao longo de sua vida. -Os ovos eclodem em 6 dias quando as larvas penetram na boca, migram pela mucosa oral, mudam para L2 e chegam ao estômago (20 a 30 dias). Ainda como L2, fixam-se em determinados locais na mucosa estomacal ou duodenal, dependendo da espécie envolvida: Gasterophilus nasalis = Os ovos são postos principalmente na ganacha e não necessitam de umidade para a eclosão. Desta forma, os ovos eclodem no local da postura e as larvas penetram ativamente na cavidade bucal do hospedeiro, alojando-se entre os dentes. Após um período de 20 a 30 dias migram para o sistema digestivo. As larvas são parasitas, principalmente da região do piloro e no duodeno. Podem se fixar na faringe e causar asfixia nos animais parasitados. Gasterophilus haemorroidalis = Os ovos também são colocados na região da cabeça e pescoço, contudo necessitam de umidade e fricção para eclodirem. Assim, são levados junto com os alimentos e após a eclosão, as larvas irão se desenvolver no estômago e duodeno dos eqüinos, concentrando-se principalmente no piloro. Ao se desprenderem as L3 tornam a se fixar no reto, podendo causar em infestações maciças, retenção de fezes e prolapso retal.

Gasterophilus intestinalis = Os ovos são postos nos pêlos das pernas anteriores e necessitam de umidade e fricção para eclodirem. Quando os animais lambem o local da postura para se coçarem, eles umidescem os ovos, favorecendo a eclosão e ainda transportam as larvas para a boca. -As larvas maduras saem pelas fezes dos hospedeiros e, uma vez no ambiente, iniciam o período pupal que dura de 15 a 70 dias (geralmente 21 dias), dependendo da temperatura. IMPORTÂNCIA MÉDICA E VETERINÁRIA: -As moscas adultas, ao se aproximarem dos cavalos, causam grande nervosismo nos animais. Os equinos ao perceberem a presença da mosca, tentam se proteger escondendo suas ganachas no dorso do outros animais ou no solo. Os Potros não conseguem se proteger muito bem em função de sua altura, por isso são mais severamente atacados. No esforço para se protegerem, os animais deixam de se alimentar, emagrecendo consideravelmente. -As larvas L1 na boca causam grande irritação, provocando ferimentos localizados quando os animais tentam coça-la friccionando-a em objetos inapropriados. O grau de lesão na boca depende do número de larvas. -Além disso, as larvas biontófagas ferem a mucosa do estômago e/ou duodeno, podendo dificultar a alimentação dos animais, causando cólicas, obstrução do piloro e até ruptura do estômago. -Em pessoas que vivem em contato íntimo com equinos, as larvas podem causar uma espécie de miíase cutânea. TRATAMENTO: -Os animais infestados podem ser tratados com DDVP, mebendazol, Triclorfon ou Tiabendazol. -A ivermectina a 200mg/Kg apresenta resultados eficientes em cavalos com Gasterophilus nasalis e G. intestinalis, devendo ser aplicada por via intramuscular ou oral.

FILO ARTROPHODA ORDEM SIPHONAPTERA Principais características: -Nesta ordem encontram-se os insetos popularmente conhecidos por pulgas e bichos-de-pé. -São insetos pequenos, sem asas e comprimidos lateralmente. -Possuem o corpo bem esclerosado, coberto de cerdas projetadas para trás, com os segmentos distintamente imbricados uns sobre os outros. -Apresentam aparelho bucal do tipo picador-sugador. -As pernas são longas, especialmente as posteriores que são adaptadas para saltar. -São ectoparasitas hematófagos encontrados parasitando uma diversidade de aves e mamíferos. -Desenvolvem-se através de metamorfose completa (holometabólicos).

Morfologia externa: Cabeça: -Possui forma grosseiramente triangular quando vista lateralmente -A cabeça se divide em duas regiões – uma anterior que é a fronte, e outra posterior que é o occipício. No occipício existem cerdas que diferencia as espécies. -As antenas triarticuladas, situam-se na fosseta antenal que localiza-se atrás dos olhos dos insetos. -Várias espécies possuem uma fileira de espinhos fortes e pigmentados, conhecida por pente ou ctenídeo genal, disposta no bordo inferior da cabeça.

Antena

Mesonoto

Pronoto

Olhos

Ctenídeo Pronotal

Ctenídeo Genal

Tórax: -Constituído por 3 segmentos bem distintos, cada um constituído do esclerito dorsal (noto) e do esclerito ventral (esterno). Desta forma, existem: pronoto, propleura e proesterno; mesonoto mesopleura e mesoesterno; metanoto, metapleura e metaesterno. -As pernas inserem-se no tórax. As do 3º par são mais longas e robustas do que a dos outros pares e permitem longos saltos.

Abdome: -É formado por dez segmentos. Os dorsais são denominados tergitos e os ventrais esternitos. -Os estigmas respiratórios abrem-se nos tergitos dos segmentos II a VIII. O 10º sempre se implanta em um tubérculo bem distinto. -A fêmea não possui genitália externa, apenas uma espermateca no 7º esternito, que é bem visível ao microscópio. Mesonoto Metepisterno Ctenídeo Pronotal Pronoto

Tergitos abdominais

Cerda antipigidial

Metanoto

9 tergito abdominal ou pigido

Antena Olho Seta ocular Ctenídeo genal

10 tergito abdominal

Peças Bucais

10 esternito abdominal Espermateca Esternitos abdominais

Fêmur Tíbia Espinhos laterais

Coxa

Trocanter

Ctenocephalides felis

Biologia: -Durante o desenvolvimento, passam pelos estádios de ovo  larva  pupa  adultos. -As fêmeas copulam, se alimentam e fazem posturas parceladas de seis ou mais ovos, totalizando 400 a 500. Os ovos são postos no ambiente ou até mesmo nos hospedeiros. As fêmeas preferem locais úmidos, sujos ou empoeirados. Em domicílios revestidos por tábua corrida, as frestas entre os tacos representam ótimos locais para a postura das pulgas. -O período de incubação depende diretamente da temperatura ambiente, variando na média de 2 a 8 dias. -Exitem 3 períodos larvários. As larvas são amareladas, muito ativas, fototaticamente negativas e se alimentam de substâncias secas, como fezes das pulgas adultas e outros produtos orgânicos. Elas são encontradas nas fendas do assoalho, debaixo de tapetes e em lugares habitados por animais hospedeiros do estádio adulto. -A duração do período larval irá depender da -O período pupal varia consideravelmente (5 a 365 temperatura ambiente, umidade relativa e dias). No verão é mais curto e no inverno mais disponibilidade de alimento. Em condições ótimas as prolongado. larvas realizam todas as mudas e atingem o estádio -O ciclo completo em geral varia nas diferentes de pupa em um período de uma a duas semanas espécies de um mês no verão a vários meses no inverno.

Importância Médico-Veterinária: Pulgas como agentes infestantes: -Independente de transmissão de moléstias aos respectivos hospedeiros, as pulgas exercem sobre eles diversas ações como ectoparasitos: Ação Irritativa = pelo efeito da picada e conseqüente inoculação de saliva, elas podem provocar reações alérgicas de intensidade variada aos respectivos hospedeiros. Em animais domésticos (cães e gatos) estima-se que 50% dos problemas dermatológicos sejam devido às reações de hipersensibilidade cutânea em resposta à infestação por pulgas. Tais reações causam intenso prurido e irritação aos hospedeiros que se tornam inquietos e, na tentativa de se livrarem das pulgas, mordem e arranham a pele, arrancando os pêlos e escarificando os tecidos cutâneos. Ação Espoliadora = Altas infestações em animais de pequeno porte podem conduzir à anemia. Nas pulgas, o repasto sangüíneo se prolonga após o ingurgitamento das fêmeas para que o sangue extravasado sirva de alimento às larvas. Ação Inflamatória = principalmente causada por aquelas espécies que penetram na pele dos hospedeiros (bicho-de-pé). Os orifícios provocados pela introdução do parasita no corpo do hospedeiro tornam-se via de acesso para agentes oportunistas, determinando infecções secundárias. Pulgas como transmissoras de moléstias: -O papel da pulga na veiculação de doenças ao homem e aos animais pode ser interpretado de duas maneiras: como vetor biológico, onde apenas ocorre a multiplicação do agente etiológico (vírus, bactérias) no interior do inseto, ou como hospedeiro intermediário, onde a participação do sifonáptero é obrigatória para fechar o ciclo do endoparasito (protozooses e helmintoses).

Tabela1. Principais doenças transmitidas por pulgas ao Homem e aos Animais: NOME

AGENTE ETIOLÓGICO

ESPÉCIE DE PULGA VETORA

RESERVATÓRIO

Tifo murino

Rickettsia typhi

Xenopsylla cheopis

Roedores domiciliares

Salmoneloses

Salmonella sp. (bactéria)

Xenopsylla cheopis

Roedores

Peste Bubônica2

Yersinia pestis (bacteria)

Xenopsylla cheopis Xenopsylla brasiliensis

Roedores silvestres e domiciliares

Xenopsylla cheopis Pulex irritans Ctenocephalides sp.

Roedores sinantrópicos

Himenolepíase Hymenolepis diminuta Hymenolepis nana (vermes) Dilepdíase

Dipylidium caninum (vermes)

Ctenocephalides canis Ctenocephalides felis Pulex irritans

Cães

Filariose de cães

Dipetalonema reconditum

Ctenocephalides canis Ctenocephalides felis

Cães

Principais espécies de interesse médico e veterinário: -Família Pulicidae Gênero Ctenocephalides: Ctenocephalides canis Ctenocephalides catti Gênero Xenopsyla Xenopsyla cheops Gênero Pulex Pulex irritans -Família Tungidae Gênero Tunga Tunga penetrans (bicho-de-pé)

2

Peste Bubônica = a área de peste no Brasil corresponde a 240.000 Km2, ocorrendo em 971 localidades-focos situadas em 189 municípios, nos seguintes estados: CE (27), RN (5), PB (9), PE (44), AL (20), BA (68), MG (14) e RJ (2).

FILO ARTROPHODA ORDEM SIPHONAPTERA FAMÍLIA PULICIDAE

GÊNERO CTENOCEPHALIDES Espécies de interesse médico e veterinário: -Ambas as espécies parasitam indiferentemente cães e gatos, podendo também ser encontradas em roedores, homem e gambás: Ctenocephalides canis Ctenocephalides felis – Espécie predominante no Brasil. Características Morfológicas: -Os insetos adultos possuem olhos.

Ctenídeo pronotal Ctenocephalides felis

-Apresentam dois ctenídeos (pentes), um genal e outro pronotal, perpendiculares entre si. -Ctenocephalides canis possui 3 cerdas no mesepisterno e Ctenocephalides felis apenas 2 cerdas. -As fêmeas de Ctenocephalides canis possuem o primeiro dente do ctenídeo genal bem menor que os demais (1/2). Em Ctenocephalides felis as fêmeas apresentam este primeiro dente com 2/3 do tamanho dos outros.

Ctenídeo genal

Importância médica e veterinária: -Causam intensa irritação nos animais parasitados. Em altas infestações domiciliares chegam a incomodar consideravelmente os humanos. Além disso, pessoas e animais alérgicos podem apresentar reações de hipersensibilidade cutânea nos locais em que as pulgas se alimentam. Nos cães e gatos a dermatite alérgica à picada de pulgas é um problema constante na clínica e é popularmente conhecida pela sigla DAPP. -Uma vez que os adultos se alimentam de sangue podem causar, em infestações maciças, anemia nos animais parasitados. -Apresentam um importante papel como hospedeiro intermediário da larva metacestoda de Dipylidium caninum, Hymenolepis nana e H. diminuta. Neste caso, os ovos dos cestódeos são ingeridos pelas larvas das pulgas e ambos desenvolvem-se simultaneamente. Quando o inseto atinge o estádio adulto, a larva metacestoda já encontra-se incistada no interior dos seus músculos. -As pulgas do gênero Ctenocephalides sp. podem também funcionar como HI das microfilárias de Dipetalonema reconditum, filarídeos encontrado no tecido subcutâneo, perirrenal e peritoneal do cão. Controle: Sobre os animais infestados: -Métodos Naturais:

 Catação manual dos sifonápteros presentes no corpo dos animais. Pode-se utilizar um pente fino para facilitar o processo. Recomenda-se que os exemplares retirados sejam colocados em um vidro com álcool.  Lavagem e escovação frequente do pêlo do animal uma vez que os insetos preferem o animal sujo. -Métodos Químicos:  Os inseticidas utilizados para o controle de pulgas sobre os animais parasitados podem ser encontrados sob diversas formulações: xampus, spray, sabão, colares, talcos, spot-on, comprimidos, etc... Alguns são sistêmicos, ou seja, agem em todo o corpo do animal. Outros apresentam ação tópica ou local.  Das bases e produtos presentes no mercado inclui-se: a) Lufenuron (Program ®) que age impedindo a formação da cutícula quitinosa das larvas de pulga; b) Fipronil (Frontline ®) pode ser aplicado tanto na forma spray como spot-on (bisnaguinhas) e que, apesar de apresentar boa eficiência, possui a desvantagem de um alto custo; c) Imidacloprid + cloronicotinil + nitroguanida sintética (Advantage ®), presente no mercado apenas na forma de spot-on d) Formulações mais antigas a base de forforados (coumafós, fenthion, chlopyrifós), piretróides (deltametrina, permetrina), carbaryl, etc... -Uma boa estratégia é empregar, alternativamente, os métodos naturais e químicos, visando diminuir o uso de produtos químicos nos animais e evitar o desenvolvimento de resistência. No interior das habitações: -É sabido que apenas 5% dos parasitas são achados nos hospedeiros, os 95% restante encontram-se no ambiente nas várias fazes de desenvolvimento. O combate feito apenas no animal parasitado negligencia o local de maior infestação que é o ambiente onde ele vive. Desta forma, o controle ambiental apresenta importância ímpar no combate à maioria dos ectoparasitas. -Métodos Naturais:  Varreção cuidadosa da casa e posterior incineração da varredura.  O uso de aspirador de pó é muito importante, já que recolhe não apenas ovos, larvas, pupas e adultos recém-emergidos, mas, sobretudo, as fezes de pulgas e outros nutrientes, indispensáveis à alimentação das larvas.  Lavagem do piso dos domicílios. Lavagem freqüente da cama dos animais -Métodos Químicos:  Alguns inseticidas utilizados para o controle de pulgas no interior das casas também podem ser estendidos ao peridomicílio. Dentre os produtos disponíveis no mercado, destacam-se os piretróides (Kotrine®, Butox ®, Barrage®), os organofosforados (Neguvon), os carbatos, etc... Estes produtos devem ser diluídos nas recomendações comerciais e aplicados no chão e locais onde os animais ficam. A aplicação pode ser feita utilizando-se um pano umedecido na solução diluída ou até mesmo por pulverização (mais trabalhoso). No ambiente peridomiciliar: -Métodos Naturais:  Varreção freqüente do canil e outros abrigos com posterior incineração da varredura.  Impedir a utilização de esterco como adubo da vegetação extra domiciliar. Manejo da vegetação.  Manejo do solo. Evitar presença de outros animais que possam albergar estas espécies de pulgas. -Métodos Químicos:  Alguns inseticidas utilizados para o controle de pulgas no interior das casas também podem ser estendidos ao peridomicílio: Piretróides (K-otrine® - bom para ser pulverizado no esterco), os

organofosforados (Propetamphos – considerável atividade organofosforados microencapsulados (chlorpyrifos, diazinon).

residual

e

fotoestabilidade),

os

GÊNERO XENOPSYLLA Xenopsylla cheopis Principais características: -É a pulga cosmopolita, parasita comum dos ratos domiciliares. -É a principal transmissora da bactéria Yersinia pestis (Peste Bubônica) entre ratos domiciliares e destes para o homem. Atua também como hospedeiro intermediário do cestódeo Hymenolepis diminuta e do protozoário Trypanosoma lewisi. Morfologia: -Possuem duas fileiras divergentes de cerdas na parte posterior da cabeça (occipício), cujos pontos de inserção lembram a figura de um “V”.

Occipício

-Não possuem ctenídeos. -Possuem a mesopleura dividida por uma sutura. -Nas fêmeas, a espermateca é bastante pigmentada, quase que completamente enegrecida. -Nos machos a cerda antisensiliais se insere em tubérculo ou na linha dorsal do tergito VII.

Importância Médica e Veterinária -Podem parasitar o homem e alguns animais domésticos. Contudo, os roedores são os principais hospedeiros deste sifonáptero. -Atua como vetor mecânico do vírus causador da mixomatose em coelhos, das riquetsias causadoras do tifo murino, inclusive em humanos e de bactérias diversas (Salmonella sp., Yersinia pestis). -O papel principal desta pulga é a vetoração mecânica da bactéria Yersinia pestis, agente etiológico da “Peste Bubônica”. A transmissão é feita entre os roedores que são os reservatórios naturais e destes para os homens. A peste bubônica é uma doença grave, conhecida desde a Antigüidade, tendo sido responsável por milhões de mortes na Europa e Ásia, principalmente nos séculos VI e XIV. Controle: -Baseia-se principalmente na anti-ratização que visa afastar os roedores da habitação humana ou torná-las inadequada para a colonização dos mesmos, na desratização (eliminação dos ratos) e na desinsetização dos ambientes (eliminação das pulgas).

GÊNERO PULEX Pulex irritans Principais características: -É a pulga cosmopolita, parasita comum dos homens. Freqüenta e coloniza facilmente as habitações domésticas. -Pode sugar outros hospedeiros, mas raramente suga ratos. Não é boa transmissora da Peste Bubônica, embora se admita que possa transmitir a peste entre a espécie humana, entre ratos domiciliares e destes para o homem. Pode servir de hospedeiro intermediário para Dipylidium caninum. Morfologia: -Apresenta uma única cerda na região posterior da cabeça (occipício).

Cerda Occiptal

-Não possuem ctenídeos. -Possuem a mesopleura íntegra, não dividida por sutura. -Nas fêmeas, a espermateca exibe forma característica e não pigmentada. Pulex irritans

Importância Médica e Veterinária: -A picada pode causar em pessoas mais sensíveis uma reação démica generalizada – Pulicose. -Parece não ser um transmissor muito eficiente da Peste Bubônica.

FILO ARTROPHODA ORDEM SIPHONAPTERA FAMÍLIA TUNGIDAE

GÊNERO TUNGA Tunga penetrans Principais características: -Causa uma patologia popularmente conhecida por bicho de pé, quando a fêmea hematófaga penetra na pele dos animais e do homem onde produzem ovos que ficam retidos no abdome. Apesar de ambos serem hematófagos, apenas as fêmeas penetram nos tecidos. -É a menor pulga conhecida. -Os hospedeiros atacados mais freqüentemente são: porco, homem, cão e gato. No homem, preferi penetrar principalmente na sola plantar, calcanhar, cantos dos dedos (dos pés e das mãos). -Apresenta alta prevalência no Brasil, especialmente nos meses mais quentes.

Morfologia: -Insetos adultos apresentam o conjunto formado pelos três segmentos torácicos mais curtos que o primeiro segmento abdominal. -Possui peças bucais longas com a maxila serrilhada. -As fêmeas não hipertrofiadas apresentam os últimos pares de espiráculos abdominais bem desenvolvidos. -Presença de um tubérculo pronunciado na fronte.

Ciclo Biológico: -Machos e fêmeas permanecem em locais secos, próximos de chiqueiros, montes de esterco e no peridomicílio (jardins e hortas). Após a cópula, a fêmea procura um hospedeiro e penetra ativamente no local escolhido onde permanece com a cabeça e o corpo mergulhado nos tecidos. -As fêmeas se alimentam de sangue e em alguns dias começam a aumentar o abdome desproporcionalmente. Este aumento é devido ao grande número de ovos que são retidos na região abdominal (cerca de 100 ovos). Ao fim de aproximadamente 15 dias, todos os ovos estão eliminados como bala de canhão, a fêmea morre e sai ou é destruída pela reação do hospedeiro. -Os ovos no chão úmido e sombreado dão origem às larvas e posteriormente às pupas. -A principal fonte de disseminação é através de esterco (ovo, larva, pupa e adulto) ou através de hospedeiros portadores de fêmeas grávidas. Importância Médica e Veterinária: -As fêmeas, ao penetrarem na pele dos hospedeiros, provocam intenso prurido. Depois de grávida, o prurido continua e, às vezes, seguido de dor. Em infestações múltiplas pode dificultar a movimentação do hospedeiro. -O maior perigo da tungíase é a veiculação mecânica de tétano (Costridium tetani), micoses, gangrena gasosa (Clostridium perfrigens). As lesões iniciais podem servir também de porta de entrada para outros agentes bacterianos. -A tungíase pode provocar ainda, dificultada de postura e de locomoção dos hospedeiros, necrose óssea e tendinosa e até perda dos dedos dos pés. Profilaxia e Controle: -Tratamento dos hospedeiros infestados: Retirada do parasita dos tecidos do hospedeiro. Para tanto é necessária a desinfecção prévia do local e da agulha. Fazer pequenas dilacerações na pele, circundando a tumoração. É imprescindível muito cuidado para não aprofundar a agulha, o que pode causar dor e romper a pulga. Após a incisão completa da pele, retirar o bicho-de-pé, puxando-o com os dedos polegar e indicador, que funcionam como uma pinça. -Evitar andar descalço e, ao trabalhar com esterco, usar luvas.

-Aplicação de K-otrine® em chiqueiros. -Como medidas naturais recomendam-se a varredura com posterior incineração do lixo.

FILO ARTROPODA CLASSE INSECTA ORDEM ANOPLURA Principais características: -Nesta ordem encontramos os insetos parasitas de mamíferos popularmente conhecidos como piolhos. -São insetos hematófagos e que sofrem metamorfose gradual (paurometábólicos), ou seja os diferentes estádios de desenvolvimento apresentam pouca diferença morfológica e biológica entre si. -Possuem o corpo achatado dorso-ventralmente. São insetos ápteros com a cabeça mais estreita do que o tórax. -O aparelho bucal é retrátil e do tipo picador-sugador. As antenas são curtas, constituídas de 3 a 5 artículos. Os olhos são reduzidos ou ausentes. -São importantes como agentes infestantes e como vetores biológicos de doenças.

Morfologia externa: Cabeça: -Bem distinta do tórax, a cabeça dos piolhos sugadores possui a porção anterior às antenas em forma de cone e de ápice arredondado. -Quando presentes, os olhos são proeminentes, porém simples. Tórax: -Regra geral é pequeno, apresentando os 3 segmentos soldados. -As pernas são robustas, caracterizadas pelo aspecto da tíbia e da garra tarsal ou unha. -Ventralmente observa-se uma placa quitinosa denominada “Placa Esternal”. Abdome:

Haematopinus suis Fêmea- Face Ventral

-Formado por 8 a 9 segmentos, sendo os dois primeiros fundidos. No gênero Pthirus sp. os 5 primeiros segmentos quase sempre são fundidos. -A maiorias das espécies exibe as margens laterais esclerotizadas, conhecidas como placas parategais ou pleurais onde se abrem os espiráculos respiratórios. -As faces ventrais e dorsais possuem número variado de placas quitinizadas, cada uma delas exibindo uma ou mais fileiras transversais de cerdas -A extremidade posterior das fêmeas é bifurcada e dos machos arredondada. Nas fêmeas, a vulva se abre ventralmente e nos machos, o pseudopênis é localizado dorsalmente. Ovos: -Popularmente conhecido por lêndeas, são ovais e opercularizados e sempre cementado ao pêlo dos respectivos hospedeiros.

Ciclo biológico: -Os anopluros são altamente específicos aos seus hospedeiros, sendo muito dependentes do microambiente proporcionado pelos mamíferos. O ciclo ocorre inteiramente no hospedeiro. -Muitas espécies são restritas a determinados sítios do corpo, como é o caso do Pediculus capitis que é o piolho encontrado na cabeça do homem. A localização do parasita é determinada principalmente pelo microclima ou da limitação da capacidade do hospedeiro em realizarem a atividade de catação em certas regiões corpóreas. -O ciclo completo compreende ovo (Lêndea), ninfas (3 estádios) e adultos. -As fêmeas põem os ovos nos pêlos dos hospedeiros, fixando-o com uma substância cementante. O período de incubação dos ovos varia de acordo com a espécie, e com as condições de temperatura e umidade do meio ambiente em que são criados os hospedeiros. -Os ovos originam indivíduos jovens denominados ninfas. Há três estádios ninfais e ao contrário do que ocorre entre os insetos holometabólitos, nos piolhos (paurometabólicos) a ninfa é muito semelhante ao adulto. Cada estádio ninfal dura cerca de 3 a 4 dias.

-Uma vez alcançado o estádio adulto, as fêmeas se alimentam, copulam e produzem os ovos (1 a 4 por dia e mais de 90 no total dependendo da espécie). -Vivem em média de 20 a 40 dias. Importância médica e veterinária: Agentes infestantes: -Como agentes infestantes, são responsáveis pela anoplurose nos animais domésticos e pela ptirose e pediculoses (do corpo e do couro cabeludo) em seres humanos. -A picada do piolho, com inoculação de saliva irritante, provoca prurido, obrigando o animal a coçar e morder o local da picada para se livrar do inseto  O ato de coçar pode provocar feridas, que se agrava pela invasão de germes, com evidente prejuízo para a saúde dos animais. -Animais parasitados, injuriados permanentemente pelos piolhos, não se alimentam direito e nem descansam o necessário, daí a queda de produção e prejuízo para os fazendeiros. -Devido à espoliação sangüínea, alguns animais podem se tornar anêmicos quando submetidos a uma alta infestação. Vetores de doenças: -São vetores para o homem de riquétsias causadoras do Tifo exantemático e Febre das trincheiras, da bactéria Borrelia recurrentis (Febre recorrente - Etiópia e Sudão). -Nos animais, a bactéria Erysipelothrix rhusiopalathiae (Varicela Suína),

Principais espécies de importância Médica e veterinária: Família Pediculidae: -Entre as principais espécies destacam-se Pediculus capitis (piolho da cabeça) e Pediculus humanus (piolho do corpo). -Morfologicamente possuem o corpo aproximadamente 2 a 3 vezes mais longo do que largo. Os olhos estão presentes. Possuem placas patergais ou pleurais evidentes, cada qual apresentando lateralmente um par de espiráculos. Família Haematopinidae: -Composta por um único gênero, Haematopinus, compreendendo 21 espécies que são os principais piolhos conhecidos que infestam os animais domésticos. -Morfologicamente a família se caracteriza pela presença de pontos oculares pronunciados situados posteriormente às antenas, olhos ausentes, paratergitos dos segmentos abdominais fortemente esclerotizados formando lobos laterais ou proeminências, tórax com pontos de inserção das cerdas bem distintos e pernas do mesmo tamanho e garras idênticas.

Haematopinus asini

-Principais espécies:

ESPÉCIE Haematopinus suis

HOSPEDEIRO

CARACTERÍSTICAS

-Suínos -Encontrado de preferência nas dobras do pescoço, lado da cabeça, nas bases das orelhas e entre as pernas.

-Maior espécie de piolho de animais. -Medem aproximadamente 5 mm. -Placas parategais alongadas. -Cabeça 2 vezes mais longa que larga. -Placa esternal mais larga que longa. -São vetores de Erysipelothrix rhusiopalathiae, a bactéria causadora da varicela suína.

 H. eurysternus

-Bovinos -Encontrado nas partes superiores do pescoço, cabeça, dobras da pele e base dos chifres.

-Medem de 2 a 3,5 mm. -Placas paratergais são tuberculadas. -Cabeça subigual em comprimento e largura. -Placa esternal mais longa do que larga. -Podem causar anemia nos animais.

 H. tuberculatus

-Búfalos, rarame// bovinos

-Medem 5,0 a 5,5 mm de comprimento -Cabeça de largura e comprimento ~ iguais. -Placa esternal de forma quadrangular

-Equídeos -Localiza-se na base da crina e da cauda, flancos e porção inferior da mandíbula.

-Medem de 2,5 a 3,5 mm de comprimento -Cabeça é quase que 3 vezes mais longa do que larga. -Placa esternal mais longa que larga.

 H. asini

Família Linognathidae: -Apresenta os gêneros Linognathus e Solenopotes que infestam animais domésticos. -Morfologicamente podem ser reconhecidos pela ausência de olhos e placas paratergais. As pernas anteriores e suas respectivas garras tarsais são menores que as demais -Principais espécies: ESPÉCIE Linognathus africanus

HOSPEDEIRO

CARACTERÍSTICAS

-Ovinos e caprinos -Quase cosmopolita. -Encontrado essencialmente nos -Cabeça 2 vezes mais longa que flancos. larga. -Região pós antenal saliente

Linognathus pedalis -Ovinos

-Medem ~ 2 mm de comprimento. -Cabeça igual em comprimento e largura.

-Pernas e pés

Linognathus setosus -Cães,

preferencialmente de pelagem mais longa. -Podem parasitar outras espécies de canídeos silvestres.

Linognathus vituli

-Medem ~1,5 mm de comprimento -Cosmopolita tendo sido verificada uma prevalência de 2,83% em cães de Belo Horizonte e municípios vizinhos.

-Bovinos -Medem de 2,5 a 3,0 mm de -Mais freqüente em animais comprimento leiteiros e jovens. -Cosmopolita. -Encontrado no pescoço, barbela, espádua e períneo

Solenopotis capillatus

-Bovinos -Encontrado pescoço.

na

cabeça

-Medem pouco mais de 1 mm de e comprimento

Controle: -Tendo em vista que todos os estádios de desenvolvimento dos piolhos ocorrem sobre um mesmo hospedeiro, o controle deverá ser efetuado exclusivamente sobre o animal infestado. Além disso, considerando os sítios de parasitismo das diferentes espécies de piolhos, os tratamentos podem ser feitos direcionados a estes locais. -A catação dos piolhos nos animais vai depender do tamanho e visibilidade do parasita, do tamanho do pêlo do hospedeiro e da possibilidade de execução do processo. Animais mais dóceis podem ser facilmente penteados, o mesmo não ocorre com os animais de temperamento arredio. -O uso de inseticidas é a medida mais recomendada, entre eles os organofosforados sob forma de pó, emulsão ou suspensão. A imersão em banhos carrapaticidas também é eficaz para o controle. Os piretróides também proporcionam bons resultados.

FILO ARTROPODA CLASSE INSECTA ORDEM MALLOPHAGA Principais características: -Os malófagos são piolhos, parasitas de aves e mamíferos e que se alimentam basicamente de células de descamação da pele, produtos retirados das penas e sangue. -Atualmente são conhecidas 3.000 espécies de malófagos, das quais 512 espécies infestam mamíferos. -Possuem o corpo achatado dorso-ventralmente, medindo entre 1 a 11 mm. Possuem a cabeça grande, sendo mais larga do que o tórax.

-O aparelho bucal é do tipo mastigador. As antenas são expostas e filiformes ou escondidas em fossetas antenais. Os olhos quando presentes são rudimentares. -São insetos paurometabólicos. Morfologia externa: Cabeça: -Geralmente grande para o tamanho do corpo; às vezes possui uma escavação de cada lado onde se inserem as antenas. Cabeça mais larga que o tórax Tórax: -Exibe um protórax livre e desenvolvido. O meso e metatórax apresentam-se fundidos em um único segmento denominado pterotórax, ou separados por uma sutura. O mesotórax apresenta um par de espiráculos respiratórios. -As pernas são curtas, robustas e achatadas. Nas espécies que infestam mamíferos os tarsos possuem apenas uma garra ou são desprovidos dessas. Salvo algumas exceções, as espécies providas de 2 garras são encontradas parasitando as aves. Abdome: -Formado por 7 a 9 segmentos, sendo os dois primeiros fundidos. Os tergitos e esternitos são esclerotizados. -O número de pares de espiráculos respiratórios no abdome é muito variado (mais comum 5 a 6 pares). -Os machos apresentam a genitália exibindo ventralmente um aparelho copulador alongado ou lanceolado, situado na linha mediana. As fêmeas não têm genitália aparente. Os machos são menores que as fêmeas e apresentam o último segmento abdominal de contorno arredondado. Nas fêmeas este contorno é reintrante. Ovos: -São ovóides, operculados e colocados aderidos aos pêlos ou penas dos hospedeiros através de uma substância cementante. Ciclo biológico: -Apresentam alta especificidade por hospedeiro. Apesar de que um mesmo animal pode ser parasitado por diferentes espécies de malófagos ao mesmo tempo. -Os malófagos passam toda a sua vida entre as penas e os pêlos de seus hospedeiros, onde põem seus ovos, em grandes massas, sempre colados ao substrato. -Algumas espécies alimentam-se de bárbulas de penas (parasitas de aves), de células de descamação da pele (mamíferos) e de sangue que aflora à superfície da pele. Uma vez que possuem aparelho bucal do tipo mastigador, os malófagos não são capazes de perfurar a pele. Contudo, espécies que são dotadas de mandíbulas perfurantes e faringe sugadora, alimentam-se exclusivamente de sangue. -O período de incubação dos ovos varia de acordo com a espécie, e com as condições de temperatura e umidade do meio ambiente em que são criados os hospedeiros. -Os ovos originam indivíduos jovens denominados ninfas. Há três estádios ninfais e ao contrário do que ocorre entre os insetos holometabólitos, nos piolhos (paurometabólicos) a ninfa se difere do adulto apenas pela ausência da genitália. -Uma vez alcançado o estádio adulto, as fêmeas se alimentam, copulam e produzem os ovos.

-O ciclo completo compreende ovo (Lêndea), ninfas (3 estádios) e adultos e dura cerca de 20 a 25 dias em média. -Não suportam temperatura elevada, sendo portanto, mais abundantes no inverno do que no verão. -Nos mamíferos são normalmente encontrados na base da cauda e nas regiões escapular e lombar. Nas aves, variam de acordo com a agilidade do parasita, desta forma, as espécies mais lerdas são encontradas na cabeça e no pescoço, e as mais ativas nas regiões do peito, das costas e perianal. Contudo, quando a infestação é intensa, os malófagos deixam os sítios próprios, estendendo-se para todo o corpo. Importância médica e veterinária: Agentes infestantes: -Nenhuma espécie infesta o homem. O dano aos animais se faz sentir especialmente pela ação infestante, provocando irritações no tegumento e conseqüentes escoriações, que podem ser agravadas por infecções bacterianas. -Uma vez irritados, os animais param de se alimentar, não se descansam adequadamente e, na tentativa de se livrarem dos piolhos, provocam auto-ferimentos pelo prurido constante. -Em aves as infestações são mais danosas aos filhotes. Nos adultos observa-se uma queda na produção de ovos e carne. -Nos mamíferos, as espécies hematófagas provocam o extravasamento de sangue e escarificação da pele. Vetores de doenças: -A espécie Trichodectes canis é incriminada como hospedeiro intermediário de Dipylidium caninum. Principais espécies de importância Médica e veterinária: Subordem Amblycera: -Palpos maxilares presentes, antenas são clavadas ou capitadas e constituídas por quatro segmentos, geralmente escondidas em sucos. -Dentre as famílias de interesse médico veterinário incluem-se: Boopiidae e Menoponidae:  Família Boopiidae Hospedeiros: Cães Características: Todos os tarsos apresentam duas garras. Presença de 2 espinhos recurvados inseridos junto à base dos palpos maxilares Espécies: Heterodoxus spinger

 Família Menopinidae Hospedeiros: Aves Características:Todos os tarsos apresentam duas garras. Apresenta pró e mesotórax separados. Possui 6 pares de espiráculos abdominais. A cabeça é largamente triangular.

Espécies: PARASITA Menopon gallinae

HOSPEDEIROS

MORFOLOGIA E CARACTERÍSTICAS

-Galinhas adultas -Encontrado nas penas das asas e ao redor do ânus, dorso e região peitoral

-Mede entre 1,7 a 1,8 mm -Espécie mais frequente das galinhas -Apresenta alta longevidade (+250 dias) -Alimenta-se de sangue e bárbulas das penas.

Menacanthus stramineus -Galinhas adultas e perus -Mede até 3,3 mm -Encontrado na superfície -Espécie mais patogênica para as da pele galinhas -Alimenta-se de sangue e bárbulas das penas. Menacanthus giganteus

-Pombos

-Mede entre 1,5 e 2,0 mm.

Subordem Ischnocera: -Não possuem palpos maxilares e as antenas são expostas, filiformes e constituídas por 3 a 5 segmentos. -Esta subordem inclui as famílias de maior interesse veterinário que são Trichodectidae e Philopteridae: Família Trichodectidae Hospedeiros: Carnívoros Características: Antenas com 3 segmentos nos machos e nas fêmeas. Dimorfismo sexual aparente. Todos os tarsos são providos de uma única garra. Presença de 2 espinhos recurvados inseridos junto à base dos palpos maxilares. Algumas espécies Trichodectes canis não possuem espiráculos abdominais, outras com apenas 2 ou 3 pares.

Espécies: PARASITO Felicola substrata

HOSPEDEIROS

CARACTERISTICAS/ MORFOLOGIA

-Gatos -Encontrado principalmente na cabeça e pescoço, localizando-se nas partes mais pilosas próximas da pele

-Mede entre 1,0 a 1,4 mm -Região pré-antenal apresenta forma triangular e três pares de espiráculos abdominais.

Trichodectes canis -Cães -Mede aproximadamente 1,5 mm -Encontrado na cabeça e -Cabeça + larga que longa pescoçp dos animais infectados -Possui 6 pares de espiráculos abdominais -Em BH prevalência de 2,12%.

Bovicola bovis

Bovicola caprae

-Bovinos -Localiza-se preferencialmente na região lombar e na base da cauda.

-Mede entre 1,0 a 1,5 mm. -Cabeça quadrangular, c/ cerdas numerosas na superfície dorsal -Em infestações maciças, a cauda dos animais fica recoberta por uma descamação pilosa.

-Caprinos

-Mede aproximadamente 1,5 mm. -Cabeça quadrangular, c/ poucas cerdas na superfície dorsal

 Família Philopteridae Hospedeiros: Variados Características: Todos os tarsos apresentam duas garras. Antenas com 5 segmentos em ambos os sexos. Espécies: PARASITA Goniodes dissimilis

Goniodes gigas

Goniocotes gallinae

HOSPEDEIROS

MORFOLOGIA E CARACTERÍSTICAS

-Galinhas

-Mede entre 2,0 a 2,5 mm -Cabeça + larga que longa. Antena mais robusta nos machos. -Cada têmpora apresenta duas longas cerdas.

-Galinhas

-Mede entre 3,0 a 4,0 mm -Cabeça + larga que longa. Antena igual nos dois sexos. -Cada têmpora apresenta três longas cerdas.

-Galinhas e Pombos

-Mede entre 0,6 a 1,2 mm. -Cabeça + larga que longa de forma trapezoidal. -Região pós-antenal com duas longas cerdas em cada lado da cabeça.

Columbicola columbae -Pombos -Localiza-se essencialmente nas asas e na parte anterior do corpo

-Mede entre 1,6 a 2,3 mm. -Cabeça + longa que larga. -Exibe duas cerdas espatuladas na região anterior. -Corpo fusiforme com largura máxima no 3 segmento abdominal.

Controle: -Devido ao alto contato deve ser tratado tanto o corpo do animal quanto a sua cama. -Evitar contato entre os animais sadios e contaminados. -Quando possível, a escovação freqüente e tosquia dos pêlos é indicada para os mamíferos, sobretudo bovinos, eqüinos e cães. -Oo uso de inseticidas é a medida mais recomendada, entre eles os carbamatos (bolfo, corvin) e organofosforados (Malation) sob forma de pó a 4% ou líquido 2% (Malation). O tratamento deve ser feito duas vezes por semana, durante quatro semanas.

FILO PROTOZOA

Conceito: -São microorganismos animais, eucariotas, constituídos por uma única célula que apresenta as mais variadas formas, processos de alimentação, locomoção e reprodução. -É uma única célula que, para sobreviver, realiza todas as funções mantenedoras da vida: alimentação, respiração, reprodução, excreção e locomoção. -O filo Protozoa é constituído por 65.000 espécies conhecidas, das quais 25.000 são de vida livre, 10.000 são parasitos dos mais variados animais, 30 parasitam o homem e as restantes são encontradas apenas como fósseis. -Composto por 7 subfilos: Sarcomastigophora, Apicomplexa, Ciliophora, Macrospora, Labyrinthomorpha, Ascetospora e Myxospora, entre os quais apenas os dois primeiros possuem importância como parasitas dos animais domésticos do Brasil. Características gerais: -Os protozoários, como todas as células eucarióticas, possuem núcleo, retículo endoplasmático, mitocôndrias, complexo de golgi, e lisossomos. Além disso, apresentam uma variedade de estruturas subcelulartes ou organelas com características organizacionais e função distintas. Reprodução: -Divide-se em assexuada e sexuada. Alguns parasitas utilizam apenas a reprodução assexuada, outros se desenvolvem utilizando os dois mecanismos. Neste último caso, as fases assexuadas e sexuadas podem ocorrem em um mesmo hospedeiro (Ex: Eimeria sp.) ou em hospedeiros distintos (Trypanosoma sp.). -Assexuada (sem formação de gametas): Divisão binária ou cissiparidade Brotamento ou gemulação (Ex: Babesia sp.) Endogenia: formação de duas ou mais células filhas por brotamento interno Esquizogonia: neste caso, a célula cresce até atingir tamanho suficiente enquanto o núcleo se divide repetidamente. Esta célula passa a ser denominada esquizonte e, quando madura, é composta internamente por vários núcleos recém formados envoltos por uma porção do citoplasma. Esses núcleos formam estruturas alongadas e individuais denominadas merozoítos, esporozoítos ou micro-gametas.

Existem 3 tipos de esquizogonia: a merogonia que produz merozoítos, a esporogonia que produz esporozoítos e a gametogonia (micro-gametas).

-Sexuada (com formação de gametas masculinos e femininos e posterior fertilização): Conjugação: é representada pela união temporária de dois indivíduos com troca mútua de materiais nucleares. Singamia ou fecundação: união de microgametas e macrogametas formando o ovo ou zigoto, o qual pode dividir-se para fornecer um certo número de esporozoítos. O processo de formação de gametas

recebe o nome de gametogonia e o processo de formação dos esporozoítos recebe o nome de esporogomia e ambos são tipos de esquizogonia. Nutrição: -A nutrição de protozoários parasitas ocorre geralmente por pinocitose (ingestão de partículas líquidas) ou por fagocitose (ingestão de partículas sólidas). Em ambos os casos, o processo é o mesmo, a membrana celular envolvendo de modo gradativo a gotícula ou o fragmento sólido que aderiu à sua superfície externa. Quando isso esta completo, a partícula é digerida por enzimas presentes no interior de lisossomas. Locomoção: -A locomoção pode ser auxiliada pelas seguintes estruturas: Flagelo: é uma fibra contrátil, que se origina em uma estrutura denominada corpo basal e que, em algumas espécies, se une ao corpo do protozoário ao longo de seu comprimento, de tal modo que, quando o flagelo bate, a membrana celular é levantada e forma uma membrana ondulante. O eixo do flagelo é o axonema que é constituído por duas porções: o rizonema que está mergulhado no citoplasma e o flagelo livre. Cílios: são pêlos curtos que revestem grande parte da superfície corpórea do parasita e que ao baterem simultaneamente, produzem movimentos variados. Pseudópodes: são prolongamentos citoplasmáticos que além de possuírem função como auxiliadores de movimento ainda possuem capacidade de apreensão de alimentos e fagocitose. Respiração: -Podem ser encontrados dois tipos fundamentais de protozoários: Aeróbicos: são aqueles que vivem em meio rico em oxigênio Anaeróbicos: quando vivem em ambientes pobres em oxigênio. Principais gêneros de interesse médico e veterinário: Subfilo Sarcomastigophora: locomoção por pseudópodes e/ou flagelos Classe Mastigophora: um ou mais flagelos Ordem Kinetoplastida Família Trypanosomatidae Trypanosoma sp. Leishmania sp. Ordem Trichomonadida Família Trichomonadidae Trichomonas sp. Tritrichomonas ap. Subfilo Apicomplexa Classe Sporozoa: locomoção por deslizamento, ciclo evolutivo intracelular Ordem Eucoccidiida

Família Sarcocystidae Toxoplasma sp Sarcocystis sp. Família Eimeridae Eimeria sp. Isospora sp. Família Cryptosporidiidae Cryptosporidium sp Ordem Piroplasmida Família Babesidae Babesia sp.

FILO PROTOZOA Subfilo Sarcomastigophora CLASSE MASTIGOPHORA ORDEM KINETOPLASTIDA -Engloba os protozoários com um ou mais flagelos (função locomotora e coletora de alimentos) -Os flagelos tipicamente emergem de uma bolsa flagelar. -Possui uma única mitocôndria, e o DNA mitocondrial frequentemente aparece condensado em uma região próxima ao(s) corpúsculo(s) basal(is) do(s) flagelo(s). Esta região, contendo o DNA mitocondrial é denominada “Cinetoplasto”, o que justifica o nome desta ordem. FAMÍLIA TRYPANOSOMATIDAE -Apresenta 9 gêneros dentre os quais, apenas dois apresentam importância médica e veterinária: Trypanosoma sp. e Leishmania sp. -Trypanossoma sp. e Leishmania sp. são parasitos heteroxenos de vertebrados, sendo transmitidos por insetos hemetófagos. -Apresentam diferentes formas celulares em seus ciclos biológicos, quais sejam: Amastigota: forma esférica ou oval com núcleo grande, esférico e excêntrico. O cinetoplasto é visível e o flagelo reduzido. É praticamente imóvel. Esferomastigota: forma arredondada, com flagelo livre, representando uma transição entre a forma amastigota e as formas flageladas. Promastigota: Possui corpo celular lanceolado com cinetoplasto anterior ao núcleo. O flagelo torna-se livre a partir da porção anterior da célula. Paramastigota: cinetoplasto justanuclear. Contorno arredondado. Epimastigota: Corpo lanceolado, com cinetoplasto localizado na extremidade anterior, porém próximo ao núcleo, com pequena membrana ondulante e flagelo livre Tripomastigota: Forma alongada com cinetoplasto posterior ao núcleo; o flagelo forma uma membrana ondulante e torna-se livre na porção anterior da célula.

A – Promastigota B – Opimastigota C – Epimastigota D – Tripomastigota F – Amastigota G – Paramastigota H - Esferomastigota

FAMÍLIA TRYPANOSOMATIDAE Gênero Trypanosoma -Mais de 150 espécies foram descritas parasitando todas as classes de vertebrados. -Esta família apresenta duas subdivisões: Salivaria: engloba os parasitas que são transmitidos aos hospedeiros vertebrados pela saliva do vetor. Neste caso, a multiplicação do parasito ocorre no trato digestivo e na probóscide do vetor, sendo denominado “Desenvolvimento de estação anterior”. Stercoraria: neste caso, o parasita se multiplica e se transforma no intestino digestivo do vetor de onde migra para o reto. Então, o parasita é transmitido para o hospedeiro através das fezes do vetor. -Trypanossoma sp. apresenta as seguintes formas de desenvolvimnento: amastigota, esferomastigotas, epimastigota e tripomastigota. -Dentre as espécies de interesse médico e veterinário destacam-se : Trypanossoma evanzi (hospedeiros equídeos), T. equiperdum (hospedeiros equídeos) e T. cruzi (homem, cão, gato, etc).

Trypanosoma equinum (Mal das cadeiras / Surra) Principais características e morfologia: -Também denominado Trypanosoma evanzi na América do Sul. Causa uma doença popularmente conhecida por mal das cadeiras. No Brasil ocorre principalmente no Pantanal e na ilha de Marajó. -Os principais hospedeiros são os equídeos. Ocasionalmente pode parasitar camelos, cães, elefantes, cobaias, gatos e coelhos. -São monomórficos, apresentando apenas a forma tripomastigota em todo o ciclo de desenvolvimento. Reproduzem-se apenas por divisão binária. -Não possui cinetoplasto visível. Ciclo biológico: -Os vetores são tabanídeos (mutucas), Stomoxys calcitrans, morcegos hematófagos e fômites (material cirúrgico e agulhas contaminadas utilizados pelos veterinários). Os vetores artrópodes ingerem os parasitas ao sugarem o sangue dos animais contaminados. -A transmissão para o hospedeiro vertebrado é apenas mecânica, não ocorrendo penetração do parasita no corpo do vetor. -Ciclo: Hospedeiro X contaminado é picado pelo vetor O parasita proveniente do hospedeiro X aloja-se no ferrão do artrópode  O vetor ao se alimentar de sangue de outro hospedeiro (Y) irá transmitir mecânicamente Trypanosoma equinum para este. -Os reservatórios são búfalos, bovinos, suínos, capivara e morcego. Esses animais, apesar de portarem o parasita, não desenvolvem a doença clínica. Desta forma, contribuem para a manutenção do protozoário na natureza. Patogenia: -Uma vez contaminado o hospedeiro, o desenvolvimento da doença ocorre em 5 momentos: 1°Momento: Ocorre divisão binária do parasito na corrente sanguínea. Neste momento pode ocorrer um processo febril devido à reação do organismo hospedeiro às toxinas produzidas pelo protozoário durante a multiplicação  Primeiro pico de parasitemia  Distribuição do parasita pelo corpo do hospedeiro  Segundo pico de parasitemia. 2°Momento: Nova resposta febril (3 a 6 dias após a primeira). Se organismo do animal se defender a parasitemia pode diminuir. Caso contrário o animal apresetará febre intermitente. 3°Momento: O parasito atinge a medula óssea do hospedeiro, onde irá liberar toxinas. Essas substâncias provocam uma alteração na produção de hemácias (eritropoiese) no animal  Anemia progressiva. 4°Momento: Aumento do consumo de carboidratos na corrente sanguínea  enfraquecimento do animal que já se encontra anêmico. 5°Momento: Parasito atinge a medula espinhal onde irá liberar substâncias tóxicas que irão provocar alterações neurológicas nos animais (SNC e SNP)  Paralisia da parte posterior dos equídeos (mal das cadeiras). Essa paralisia pode atingir o esfíncter anal e vesical do hospedeiro causando retenção urinária e fecal com consequente distenção abdominal.

Sintomas: -Febre -Emagrecimento -Anemia, palidez das mucosas e edema. -Paralisia com distensão abdominal.

Diagnóstico: -Pode ser baseado nos sinais clínicos: febre, paralisia, anemia, distenção abdominal, etc... -Esfregaço de sague: vizualização do parasita em sua forma tripomastigota. É importante verificar a ausência de cinetoplasto como diagnóstico diferencial. -Exames sorológicos: detectam a presença de anticorpo no animal. Entre os métodos utilizados detacam-se o Elisa e a Imunofluorescência. Tratamento e controle: -O tratamento é feito utilizando-se drogas anti-protozoários, entre elas o suramin ou a quinapiramina (Trypacide ®). -A profilaxia baseia-se no controle do vetor (muito difícil), no sacrifício dos animais doentes e na concientização dos veterinários para a utilização de fômites não contaminados durante as cirurgias ou aplicação de medicamentos.

Trypanosoma equiperdum (Mal do coito / Durina) Principais características e morfologia: -Causa uma doença popularmente conhecida por mal do coito. No Brasil ocorre principalmente na região nordeste, na ilha de Marajó e no Pará. -Apenas os equídeos são acometidos. -Também são monomórficos, apresentando apenas a forma tripomastigota em todo o ciclo de desenvolvimento. Reproduzem-se apenas por divisão binária. -Não utiliza vetores, sendo transmitido de um animal ao outro através do coito. Pode ocorrer transmissão mecânica através de moscas ou pelo veterinário (inseminação artificial e toques vaginais). Ciclo biológico: -O Trypanosoma equiperdum se aloja na mucosa genital externa onde irá se multiplicar. Após a primeira multiplicação o parasita alcança os linfonodos da submucosa onde também se multiplicam, atingindo a circulação sanguínea de onde se distribuem para o restante do corpo. -A transmissão pode ocorre entre um macho ativamente contaminado (portador) para uma fêmea sadia, ou entre um macho não contaminado atuando como carreador mecânico após cobrir uma égua contaminada. Patogenia e sintomas: -Ao penetrar na mucosa genital o parasita induz a formação de um processo inflamatório local  edema vaginal com prurido e dor após o coito. Nas fêmeas: Ocorre edema vaginal e vulvar com aumento da secreção de muco. Se a égua estiver gestante pode ocorrer aborto, pois o parasito irá se multiplicar no líquido amniótico. A égua pode apresentar prurido exagerado com aumento do desejo sexual (ninfomania). Nos Machos: Verifica-se um processo inflamatório no pênis e prepúcio com corrimento, edema escrotal, dor e aumento da libido sexual. -O parasita pode se disseminar causando reações alérgicas pelo corpo do hospedeiro  urticárias. -No sistema nervoso podem ocorrer manisfestações neurológicas devido às toxinas produzidas pelos parasitos. Rigidez e fraqueza dos membros são evidentes e a incordenação se desenvolve. -É comum a ocorrência de uma acentuada atrofia nos quartos posteriores, sendo que todos os animais ficam muito enfraquecidos. -O curso da doença é de 8 meses a 2 anos. -Mortalidade de 50 a 75% em animais não tratados. Diagnóstico: -O diagnóstico deve ser feito de acordo com os sintomas clínicos, tomando-se cuidado principalmente nas regiões endêmicas. -A parasitemia (parasito no sangue) é baixa sendo difícil encontar o T. equiperum em esfregaços sanguíneos. -Pesquisa de parasitas nas secreções genitais. -Exames sorológicos: detectam a presença de anticorpo no animal. Entre os métodos utilizados detacam-se a Fixação de complemento. Tratamento e controle: -O tratamento é feito utilizando-se drogas anti-protozoários, entre elas o Berenil ® 7mg/Kg pV por via intra muscular, a suramina. Tratar as fêmeas na estação de monta. Muitos animais tratados permenecem como portadores da doença e continuam contaminando a tropa.

-A profilaxia baseia-se no descarte de animais positivos e acompanhamento sorológico dos animais negativos. Estas medidas são utilizadas principalemnte em áreas que se pretende erradicar a doença. Quando a doença é enzoótica e não se pretende erradicá-la é comum o tratamento dos animais positivos. -O controle do trânsito de animais de áreas endêmicas para regiões livres deve ser rigoroso.

Trypanosoma cruzzi (Doença de Chagas) Principais características e morfologia: -Causa uma doença popularmente conhecida por Doença de Chagas. No Brasil ocorre praticamente em todos os estados. -Os hospedeiros vertebrados são o homem, os cães, os gatos, macacos e tatus. -Os hospedeiros invertebrados são barbeiros hematófagos (Triatomídeos) onde ocorre a evolução dos parasitas. Esses insetos infectam os hospedeiros veterbrados através de suas fezes contaminadas que são eliminadas na pele dos HV durante o repasto sanguíneo. -É um parasita polimórfico, ou seja, apresenta várias formas durante o seu ciclo evolutivo: Formas encontradas no Hospedeiro Vertebrado: Amastigota: forma encontrada dentro da célula. Multiplica-se intensamente por divisão binária Epimastigota: não se multiplicam Tripomastigota: encontrada no sangue. É a forma que infecta o barbeiro. Formas encontradas no Hospedeiro Invertebrado: Esferomastigota: São presentes no estômago e intestino dos barbeiros. Epimastigotas: presentes em todo o intestino dos triatomídeos. Tripomastigota: presentes apenas no reto dos barbeiros. Constitui a forma mais comum de infecção para o hospedeiro definitivo. Ciclo biológico: -O ciclo é heteroxênico, ou seja, uma parte acontece no Hospedeiro Vertebrado e a outra no Hospedeiro invertebrado (barbeiro): -Ciclo biológico no Hospedeiro Vertebrado (HV): -O hospedeiro veterbrado se infecta com as formas tripomastigotas metaciclícas, presentes nas fezes ou urina dos barbeiros que são eliminadas durante ou logo após o repasto sanguíneo. As formas tripomastigotas penetram no local da picada dos vetores e uma vez no corpo do HV se transformam em amastigotas. -As formas amastigotas penetram nas células dos tecidos onde se multiplicam ativamente e se transformam novamente em tripomastigotas. Na corrente sanguínea as formas tripomastigotas podem infectar outras células, reiniciando o ciclo ou podem ser ingeridas pelo hospedeiro invertebrado. -Ciclo biológico no Hospedeiro Invertebrado (HI): -O hospedeiro invertebrado se contamina durante o repasto sanguíneo quando ingere as formas tripomastigotas presentes no sangue dos hospedeiros veterbrados contaminados. -No estômago dos barbeiros as tripomastigotas metacíclicas se transformas em esferomastigotas e posteriormente em epimastigota que irá se multiplicar fora das células por divisão binária. -Uma vez no reto do vetor (barbeiro), a epimastigota se diferencia direta ou indiretamente em tripomastigota metacíclica que é a forma infectante para o hopedeiro vertebrado quando é eliminada pelas fezes do barbeiro. Mecanismos de transmissão: -Transmissão pelo vetor: é o mecanismo descrito anteriormente no qual os tripomastigotas metacíclicos eliminados nas fezes dos barbeiros contaminam o hospedeiro vertebrado através de penetração em feridas presentes na sua pele. -Transfusão sanguínea: mais importante nas grandes cidades, onde é alta a prevalência da infecção e o controle nos bancos de sangue é ineficiente. -Transmissão congênita: ocorre quando a criança é contaminada durante a gestação e ao nascer já se encontra positiva. Pode ser confundida com sífilis ou toxoplasmose. Pouca importância no Brasil.

-Acidentes de laboratório: pode ocorrer com as pessoas que manipulam o parasita. -Transmissão oral: pode ocorrer durante a amamentação, com a ingestão do vetor infectado (mais comum em animais), através da ingestão de água e alimentos contaminados com fezes de triatomídeos. Neste caso o parasita irá penetrar na mucosa da boca íntegra ou lesada. -Muito raros ainda são os casos de transmissão através do coito e transplantes de órgãos. Patogenia: -As células mais parasitadas pelo Trypanosoma cruzi são os macrófagos, as células apresentadoras de antígenos (macrófago, células de langehans, histiócitos da pele), as células do sistema nervoso central, os fibroblastos, as células musculares lisas e estriadas, cardíacas e esqueléticas. -Fase Aguda: Inicia-se através de manifestações inflamatórias no local de penetração do parasita na pele do hospedeiro: conjuntiva (sinal de romanã) ou tecido cutâneo (chagoma de inoculação). Os linfonodos visinhos são frequentemente afetados. Na fase aguda também ocorre: febre, edema generalizado e localizado, hepatomegalia ( volume do fígado), esplenomegalia ( volume do baço) e, às vezes, insuficiência cardíaca e perturbações neurológicas. Apresenta uma mortalidade de 10%, principalmente em crianças subnutridas. -Fase Crônica: ocorre quando o hospedeiro se defende da fase aguda mas não consegue debelar a infecção. Pode ser sintomática ou assintomática. As lesões são semelhantes às observadas na fase aguda, contudo em menor intensidade. -Fase Crônica Sintomática: certos indivíduos, após permanecerem assintomáticos por muito tempo, com o correr do tempo apresentam sintomatologia relacionada com o sistema cardiovascular, digestivo, ou ambos: Insuficiência cardíaca congestiva devido à destruição da musculatura do coração, lesão do SNC, lesão do ventrículo. Dilatações permanentes e difusas de víceras ocas (megaesôfago, megacólon, megaduodeno, megabexiga), ou de canais (megabrônquio, megauretra) Diagnóstico: -Clínico: É feito baseado na origem do paciente, nos sinais de porta de entrada (sinal de romanã e ou chagoma de inoculação). -Laboratorial: na fase aguda recomenda-se pesquisa direta do parasita ou exames sorológicos (alta parasitemia,  produção de anticorpos específicos e início de produção de anticorpos inespecíficos). Na fase crônica, quando se observa uma baixa parasitemia e uma  produção de anticorpos específicos, recomenda-se a realização de exames sorológicos indiretos. -Exames sorológicos: detectam a presença de anticorpo no animal. Entre os métodos utilizados detacam-se a Fixação de complemento. Controle: -Melhoria das habitações rurais. Evitar casebre de pau-à-pique ou de barro coberto por sapé pois nestes locais os barbeiros encontram ótimas condições de desenvolvimento. -Combate ao barbeiro através do uso de inseticidas específicos. -O controle de bancos de sangue no sentido de se evitar a transmissão durante transfusões sanguíneas.

Triatomídeos (Barbeiros) 1.Classificação e Morfologia: Filo Artropoda Classe Insecta Ordem Hemiptera

Rostro

-Aparelho bucal do tipo picador-sugador. Lábios segmentados em forma de calha. -Rostro, quando em repouso, dispõe-se em posição horizontal na face ventral do inseto, com a extremidade distal voltada para trás -Possui dois pares de asas, porém apenas a posterior é utilizada para o vôo. A asa anterior é formada por uma parte coriácea e outra membranosa. A asa posterior é totalmente membranosa. -Antenas formadas por 4 a 5 artículos. -São insetos hemimetabólicos, ou seja, as ninfas são muito semelhantes aos adultos.

Família Reduviidae

-Cabeça fina e alongada, estreitando-se atrás dos olhos. -Antenas com 4 artículos e rostro tri-segmentado. -Tamanho grande a médio. -São barbeiros predadores e sugadores (hematófagos).

SubFamília Triatominae

-São hematófagos obrigatórios. -Aparelho bucal curto e reto e não ultrapassa o primeiro par de patas. -Nos barbeiros fitófagos a probócide é reta, longa e sempre ultrapassa o primeiro par de patas. -Nos barbeiros predadores a probóscide é curta e não ultrapassa o primeiro par de patas. -Fêmeas põem os ovos isoladamente.

Principais espécies de interesse médico e veterinário: -Gênero Panstrongylus sp: Em Minas gerais, a espécie Panstrongylus megistrus é a principal transmissora de Trypanossoma cruzzi. Possui a antena próxina aos olhos

-Gênero Triatoma sp.: Possui várias espécies importantes, contudo, a mais estudada é a Triatoma infestans. A antena fica no meio entre o clípeo e os olhos.

-Gênero Rhodnius sp.: A espécies Rhodnius prolixus é a mais importante transmissora de chagas na Venezuela, Colombia e Guiana Francesa. A antena se localiza na ponta do clípeo.

Ciclo biológico: -São insetos hemimetabólicos. -O ciclo é composto por ovo  5 estádios ninfais  adultos. -Após uma semana de desenvolvimento dos adultos ocorre a cópula e as fêmeas iniciam as posturas de ovos. Durante a evolução passam por 5 estádios ninfais, sendo cada um deles precedido por muda de cutícula e repasto sanguíneo. O quinto estádio ninfal pode se alimentar mais de uma vez. -As ninfas se diferenciam dos adultos por não possuírem asas. Podem se infectar com o Trypanossoma cruzzi desde o primeiro estágio ninfal. -No Brasil começam a aparecer no mês de setembro e quase nunca terminam o ciclo em menos de 1 ano. Epidemiologia: -Os barbeiros têm fotofobia e se escondem da luz, portanto a transmissão da Doença de Chagas ocorre geralmente à noite. Os barbeiros possuem na saliva substâncias anestésicas e anticoagulantes, de maneira que não incomodam os hospedeiros durante o repasto sanguíneo. -Existem 120 espécies de triatomídeos. Destas, aproximadamente 40 têm importância na transmissão da Doença de Chagas. -As espécies mais importantes no Brasil são: Panstrongylus megistrus (Mata Atlântica-MG), Triatoma infestans (Originário da Bolívia), Triatoma sordida (cerrado), Rhodnius neglictus (Pará).

FILO PROTOZOA CLASSE MASTIGOPHORA ORDEM KINETOPLASTIDA FAMÍLIA TRYPANOSOMATIDAE Gênero Leishmania Principais Características: -São protozoários unicelulares e heteroxenos. -Entre os hospedeiros vertebrados incluem uma grande variedade de mamíferos: homem, roedores, canídeos (mais comuns), marsupiais, edentatus, etc... -Os hospedeiros invertebrados são insetos hematófagos da família Phlebotominae e que são popularmente denominados flebótomos. A transmissão ocorre através da picada do inseto. -São polimórficos: Hospedeiro Vertebrado: amastigota encontrada dentro das células do sistema fagocitário mononuclear (macrófagos, mastócitos, células de langehans). Hospedeiro Invertebrado: paramastigota e promastigota no trato digestivo do inseto. -Causam nos hospedeiros uma doença conhecida por leishmaniose que pode ser do tipo viceral ou tegumentar. -Leishmaniose Viceral Hospedeiro Vertebrado: Cães, homem, canídeos, roedores, rapousa e lobo guará. Hospedeiro Invertebrado: Flebotomídeos (Lutzomyia longipalpis). -Leishmaniose Tegumentar Americana Hospedeiro Vertebrado: cães, homem, eqüinos, roedores, gambás, tamanduás, tatu, canídeos, preguiça e primatas. Hospedeiro Invertebrado: várias espécies de flebotomídeos do gêrero Lutzomia sp. Morfologia: -Amastigotas = formas ovais ou esféricas encontradas dentro da célula do hospedeiro vertebrado. Possui núcleo grande e arredondado, ocupando às vezes um terço do corpo do parasito. O cinetoplasto apresenta a forma de um pequeno bastonete corado em vermelho-púrpura. Não possui flagelo livre. Multiplica-se por divisão binária. -Paramastigota= pequenas e arredondadas ou ovais. O flagelo é curto e exterioriza-se na região anterior do corpo. O núcleo mantém-se na posição mediana do parasita e o cinetoplasto paralelo ao núcleo ou ligeiramente posterior a este.

Promastigotas

Amastigota no interior do macrófago

-Promastigota = são alongadas, com um flagelo livre e longo emergindo do corpo do parasita em sua porção anterior. O núcleo é arredondado ou oval e está situado na região mediana ou anterior do corpo do parasito. O cinetoplasto em forma de bastão localiza-se na posição mediana entre a extremidade anterior e o núcleo. A

forma promastigota metacíclica, encontrada principalmente na glândula salivar do inseto, constituí a forma infectante para o hospedeiro vertebrado. Principais espécies: Leishmaniose Viceral Americana (LVA): Leishmania (Leishmania) donovani Leishmania (Leishmania) chagasi Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA): -Pode apresentar 3 formas: (1). Tipo Leishmaniose Cutânea: Infecção confinada à derme com a epiderme ulcerada. Leishmania (Leishmania) amazonensis Leishmania (Viannia.) brasiliensis Leishmania (V.) guyanensis Leishmania (V.) laisoni (2).Tipo Leishmaniose Cutâneomucosa: Infecções na derme com úlceras. Lesões metastásicas podem ocorrer com a invasão de mucosa (Ulcera de Bauru). Leishmania (Viannia) brasiliensis Leishmania (V.) guyanensis (3).Tipo Leishmaniose Cutâneodifusa: Infecção confinada à derme, formando nódulos não ulcerados. Dissemina-se por todo o corpo. Leishmania (Leishmania) amazonensis Ciclo biológico: Ciclo no Hospedeiro Invertebrado: -Ao se alimentar em um hospedeiro vertebrado contaminado o flebótomo ingere junto com o sangue, os macrófagos contendo as formas amastigotas de Leishmania sp. em seu interior  No intestino do inseto, as células se rompem liberando as amastigotas que se transformam em promastigotas, adaptando-se às novas condições fisiológicas existentes. -As formas promastigotas são encontradas a partir de 15 horas após a infecção do flebótomo e se multiplicam intensamente por divisão binária, colonizando principalmente o trato digestivo médio e anterior do mosquito  Podem se transformam em paramastigotas e novamente em promastigotas que se apresentam extremamente ágeis e se locomovem livremente, podendo também ser denominadas promastigotas metacíclicas. -As formas promastigotas metacíclicas, presentes principalmente no trato digestivo anterior, glândulas salivares e probóscide dos insetos, constituem a fonte de infecção para o hospedeiro vertebrado nos quais são inoculadas, durante o repasso sangüíneo do flebótomo.

Ciclo no Hospedeiro Vertebrado: -O flebótomo infectado inocula a forma Promastigota Metacíclica no hospedeiro vertebrado, durante o repasso sanguíneo. No HV, o parasita interage com os receptores de superfície das células do sistema fagocitário mononuclear (macrófagos, monócitos, etc..). Por um mecanismo semelhante à fagocitose, essas células capturam os promastigotas para o seu interior onde estes se diferenciam em amastigotas. -Uma vez dentro da célula, o parasita torna o pH alcalino, inativando as enzimas digestivas e coibindo uma possível reação do hospedeiro. Desta forma, a Leishmania sp. não morre, ao contrário, irá se multiplicar dentro do fagossomo dando origem a milhares de parasitas que irão romper a parede celular e alcançar a corrente

sanguínea. A partir de então podem infectar outras células e ampliar a população parasitária ou simplesmente serem ingeridas pelos flebótomos. -O hospedeiro invertebrado irá se contaminar, durante o repasso sangüíneo, quando ingere as formas amastigotas ou dentro das células que estão presentes no sangue contaminado.

Patogenia: -A patogenia ocorre no hospedeiro vertebrado devido à intensa destruição das células do sistema fagocitário mononuclear promovida pelo parasita. Os órgãos ricos em células do SMF são os mais densamente parasitados, tais como medula óssea, baço, fígado e linfonodos e ocasionalmente em outros tecidos incluindo sangue, pulmões, rins, testículos, meninges e outros. As alterações mais comuns têm sido descritas nos tecidos sangüíneo, hepático, esplênico, pulmonar e renal. Leishmaniose Cutânea Americana (LCA): -Irritação da pele no local da picada do vetor e da penetração do parasito  morte celular gerando um processo inflamatório que atrai os macrófagos para o local da lesão  migração leucocitária com formação de um nódulo denominado histiocitoma. O processo inflamatório se agrava e dissemina pelo corpo. Ocorre então uma erosão na superfície do histiocitoma, formando uma ferida semelhante a uma cratera lunar com as bordas altas e o centro profundo, coberto com exudato seropulurento. Esta á uma lesão característica da Leishmaniose Cutânea e que ocorre sempre nos locais de penetração do parasita no corpo do hospedeiro. -Simultaneamente ou em seguida ao aparecimento dessas lesões iniciais, pode ocorrer a disseminação do parasita através do sistema linfático ou da circulação sanguínea  Metástase cutânea, submucosa ou mucosa, podendo atingir as mucosas do nariz (nariz de anta), boca, faringe e laringe. Esta é uma lesão característica da Leishmaniose Cutânea do Tipo Cutâneomucosa. Esta manifestação clínica trata-se de um processo lento e de curso crônico. -Na Leishmaniose Cutânea Difusa ocorre a disseminação dos nódulos (sanguínea ou linfática) sem a ocorrência de necrose ou ulceração, provavelmente devido a uma baixa no sistema imunológico do hospedeiro (ausência de resposta celular). Esta manifestação clínica ocorre em amplas áreas da pele, particularmente nas extremidades e outras áreas expostas, onde numerosas erupções papulares ou nodulares não ulceradas são vistas. Leishmaniose Visceral Americana (LVA): -Na Leishmaniose Visceral ou Calazar, o parasita não se restringe apenas ao macrófago da pele, mas atinge principalmente as células do “Sistema Mononuclear Fagocitário” (SMF) relacionadas aos órgãos

hemocitopoiéticos (medula óssea, baço, fígado e linfonodos). Desta forma a destruição celular promovida pelos parasitos nestes órgãos irá manifestar-se clinicamente por: esplenomegalia (baço), hepatomegalia (fígado), anemia (medula óssea), aplasia (medula óssea), pneumonia e nefrite crônica com insuficiência renal crônica (causa principal da morte). -No Calazar pode haver formação de nódulo e inflamação no local da picada, porém sem ulceração. -Os parasitos no Calazar podem se disseminar por via hematogênica ou linfática, induzindo a uma infiltração focal ou difusa de macrófagos não parasitados, e também à formação de um infiltrado de linfócitos e células plasmáticas. -O período de incubação é de 2 a 7 meses, correlacionando-se com a dinâmica populacional do vetor. Sintomas: Leishmaniose Cutânea Americana (LCA): -Na forma cutânea, as lesões retringem-se a úlceras cutâneas superficiais, frequentemente nos lábios ou nas pálpebras e a recuperação é expontânea. É claro que a sintomatologia irá depender do tipo de manifestação cutânea e da espécie de parasito envolvido. Na forma cutaneomucosa as lesões são mais severas e, no homem, é comum a formação de uma ferida na região nasal que pode causar uma mutilação irreversível. Leishmaniose Viceral Americana (LVA): -O calazar humano é uma enfermidade crônica, caracterizada por febre, hepatomegalia, esplenomegalia, linfadenopatia, anemia com leucopenia, tosse, diarréia, edema e estado de debilidade progressivo podendo levar o paciente ao óbito. -O cão acometido apresenta desde um aspecto saudável (assintomático) a um estado severo que pode evoluir para a morte. Os sinais mais comuns são: alopécia geral ou localizada ao foco da picada do mosquito (muito comum na região periorbital), lesões crostosas, conjutivite, apatia, onicogrifose (crescimento anormal das unhas), caquexia entre outros. Os animais positivos podem ser agrupados em três categorias: os assintomáticos, os oligossintomáticos (poucos sintomas) e os polissintomáticos. Os cães assintomáticos podem viver por até 7 anos sem apresentarem sinais da doença.

Epidemiologia: Leishmaniose Cutânea Americana (LCA): -É uma endemia de animais silvestres e que acomete o homem e os animais domésticos (hospedeiros acidentais) quando estes penetram dentro das áreas onde a doença ocorre. -No Brasil, quase que 50% dos casos ocorrem na região Norte, seguida pela Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e em último lugar, pela região Sul. -Um grande número de mamíferos podem agir como reservatório desta doença: roedores, marsupiais, edentados, procionídeos, canídeos, primatas e ungulados. No reservatório, raramente o

parasita irá produzir a doença (adaptação parasito-hospedeiro). -Nos Hospedeiros Acidentais (homens, Cães, Burros), a infecção irá produzir lesões na pele que podem se manifestar das três formas já descritas (cutânea, cutâneamucosa e cutânea difusa). Leishmaniose Visceral Americana (LVA): -O cão é o reservatório doméstico e têm sido encontrado infectado em todos os locais onde há doença humana, sendo considerado o principal elo na cadeia de transmissão do Calazar. O parasitismo cutâneo é muito alto, fornecendo uma ótima fonte de contaminação para os vetores. -As raposas são os reservatórios silvestres primitivos. Alguns animais infectados podem desenvolver a doença. Apresentam intenso parasitismo cutâneo responsável por infectar uma grande quantidade de flebotomídeos que nelas se alimentam. -Ao contrário do observado na LCA, existe apenas uma única espécie de flebótomo capaz de transmitir o calazar aos homens e animaisi: Lutzomyia longipalpis. A taxa de infeção no vetor irá depender diretamente da taxa de infecção no hospedeiro reservatório. -No ciclo silvestre estão envolvidos o vetor silvestre Lutzomyia longipalpis e as raposas (reservatórios) que habitam os ninchos ecológicos não peri-urbanos. -No ciclo doméstico ou peridoméstico, o ciclo epidemiológico ocorre no ambiente rural ou peri-urbano, onde estão envolvidos o vetor L. longipalpis e o cão doméstico. O cão passa a ter importante papel na manutenção da infecção no local, servindo de fonte de alimentação e consequentemente de infecção para os flebotomídeos. A transmissão ocorre subsequentemente para o homem.

Diagnóstico: -O diagnóstico pode ser clínico, laboratorial ou regional (baseado na prevalência da doença): Leishmaniose Cutânea Americana (LCA): -Pode ser feito esfregaço de feridas, biópsias de pele para a pesquisa das formas amastigotas nos infiltrados celulares. -Em lesões recentes, o parasito é facilmente encontrado devido a alta parasitemia cutânea. Em lesões crônicas o parasito é escasso. Na forma cutâneomucosa são raros os parasitos e muito difíceis de serem encontrados. -Como método imunológico, o mais conhecido é o Teste de Montenegro que avalia a reação de hipersensibilidade retardada no paciente. Na Leishmaniose Cutânea: a resposta varia conforme a evolução da doença Na Leishmaniose Cutâneomucosa: o hospedeiro é super reativo Na Leishmaniose Cutâneo Difusa: o hospedeiro é anérgico (não reage). -A Imunofluorescência Indireta é o método sorológico mais utilizado para o diagnóstico de LCA. Leishmaniose Visceral Americana (LVA): -Pesquisa do parasito: o parasito pode ser demonstrado em material obtido de punção de medula óssea, fígado e baço. Com este material pode-se fazer esfregaços sanguíneos, semeadura em cultura e inoculação em cobaias. Normalmente, o exame parasitológico é feito para a confirmação da doença quando se observa um resultado positivo no exame de triagem (sorológico). -Exames sorológicos: neste caso pesquisa-se a presença de anticorpos específicos que ocorrem em grande quantidade quando a doença está estabelecida:  Fixação de Complemento, apresenta boa sensibilidade, mas pode dar reação cruzada com Chagas e Sífilis ( especificidade).  Reação de Imunofluorescência Indireta é o método mais comumente

utilizado devido à sua alta sensibilidade, à especificidade e facilidade de coleta de material.  Elisa, apresenta a facilidade de poder se realizar um grande número de exames em curto período de tempo. Controle: -O controle é feito mediante a três ações básicas: .Diagnóstico e Tratamento dos Casos Humanos: -Visa recuperar os pacientes e também diminuir os focos de infecção uma vez que o homem pode funcionar como reservatório mesmo em escala reduzida. -O diagnóstico no homem é feito através do exame clínico e por exames parasitológicos e sorológicos. -No Brasil, a droga de escolha para o tratamento do Calazar humano é o antimoniato de N-metil glucamina cujo nome comercial é Glucantime®. Contudo, este medicamento apresenta muitas reações adversas e não deve ser utilizado em gestantes. Combate aos vetores: -Esta prática tem demonstrado dificuldade em sua realização devido à amplitude de hábitos dos flebótomos, ao quais ainda não estão bem estabelecidos. Desta forma o desconhecimento da ecologia dos vetores tem levado à adoção de medidas genéricas de combate negligenciando a eficácia, o impacto ambiental e os danos para a saúde pública advindos dessas práticas. -De modo geral, o combate ao vetor é feito através de borrifação do domicílio e peridomicílio com produtos químicos, limpeza de quintais e lotes e educação sanitária da população. .Eliminação dos cães positivos: -Considerando que o cão representa o principal reservatório de Leishmania no ambiente urbano e periurbano, o sacrifício de animal positivo representa a eliminação de uma fonte segura de infecção. Na maioria das vezes, os animais ainda não apresentaram os sintomas da doença o que torna a tarefa ainda mais penosa para o proprietário e para o veterinário. -Não existe tratamento comprovado que possibilite a completa cura dos animais. Muitas vezes os cães positivos podem reverter a sorologia após o tratamento. Contudo, a parasitemia cutânea persiste mesmo que em baixos níveis, o que faz com que os cães continuem representando uma fonte potencial de infecção para o flebótomo.

FILO PROTOZOA CLASSE MASTIGOPHORA ORDEM TRICHOMONADIDA FAMÍLIA TRICHOMONADIDAE -A ordem Trichomonadida inclui protozoários com 4 a 6 flagelos, dos quais um irá formar uma membrana ondulante ao longo do corpo do parasita. -Possuem copo parabasal -A família Trichomonadidae possue os seguintes gêneros: Tritrichomonas sp.: parasita com três flagelos. Dentre as espécies de interesse médico veterínário incluídas neste gênero a mais importante é Tritrichomonas foetus. Além desta ainda incluem-se: Tritrichomonas foetus (bovinos – aparelho reprodutor) Tritrichomonas equi (equídeos)

Pouca importância

Tritrichomonas suis (suínos) Trichomonas sp.: parasita com quatro flagelos. Dentre as espécies de interesse médico veterinário incluídas neste gênero a mais importante é Trichomonas galinae. Além desta ainda incluem-se: Trichomonas galinarum (aves – aparelho digestivo) Trichomonas galinarum (aves – fígado) Trichomanas ovis (ovinos – ñ patogênico)

Pouca importância

Trichomonas vaginalis (homem – trato genital) Pentatrichomonas sp.: parasita com cinco flagelos. Não inclui nenhuma espécie de importância veterinária.

Trichomonas Trichomonas Tritrichomonas foetus

AF = flagelo anterior livre; RF = membrana ondulante PG = corpo parabasal AX = axóstio PB = filamento parabasal

Trichomonas

PentaTricho

Tritrichomonas foetus Principais Características: -Este parasita produz uma doença contagiosa no aparelho genital dos bovinos denominada “Trichomonose”. Esta patologia pode causar esterilidade, aborto e piometra nos animais infectados. -É mais comum em bovinos, mas também pode ser encontrado parasitando eqüínos, suínos e outros animais. -Em Minas Gerais apresenta uma prevalência de 40% no gado leiteiro, sendo causa de infertilidade. -A transmissão ocorre através do coito, portanto trata-se de uma doença venérea, onde o touro é o transmissor. Nas vacas, são encontrados na vagina e útero. Nos machos localizam-se em maior número na glande e no prepúcio e em menor quantidade nos testículos e glândulas acessórias Morfologia e Biologia do Parasita: -Protozoário com corpo piriforme ou fusiforme. Possui três flagelos anteriores e um recorrente que corre ao lado da membrana ondulante, estendendose até a extremidade posterior onde se torna livre. -Possui um núcleo grande e oval, situado no terço anterior do corpo. O axóstio que é uma estrutura cuja função é manter a forma do corpo do parasita, se apresenta circundado por uma cromatina. -A membrana ondulante apresenta-se com o mesmo comprimento do corpo. -É monomórfico e se reproduz por divisão binária. -Não resiste à dessecação e altas temperaturas, mas resiste à congelação do sêmem (12 dias). Ciclo biológico: -A transmissão ocorre através do coito, sendo o touro o principal transmissor. Pode também ser transmitido de uma vaca doente para uma sadia através de instrumentos veterinários (pipetas, espéculos), de corrimento vaginal que pode ser depositado na cama dos animais, de restos e secreções de abortos. A transmissão através da inseminação artificial é provável uma vez que o parasita resiste ao congelamento do sêmem contaminado por até 12 dias (raro). -O parasita se localiza na cavidade prepucial do macho, mais precisamente nas criptas do prepúcio, onde eles se multiplicam. Em determinados casos pode penetrar na uretra e alcançar o epidídimo. Nos machos jovens, as criptas são pouco profundas o que explica a menor prevalência do protozoário nestes animais quando comparados àqueles mais velhos onde a grande profundidade das criptas favorece o desenvolvimento e sobrevivência do parasita. -Para ocorrer a transmissão, o protozoário tem que ser colocado na vagina da fêmea. Na vagina, o parasita se multiplica causando uma inflamação local. Após esta etapa o parasita pode ser eliminado ou pode migrar para a cérvix de onde, se não houver fecundação, também serão eliminados nos cios subseqüentes. -No caso da fêmea estar gestante, os protozoários irão se multiplicar principalmente nos cotilédones da placenta, causando uma variedade de quadros patológicos.

-O macho, uma vez infectado não irá se curar. -Se a fêmea contaminada ficar sem cobertura por 2 a 3 cios pode ocorrer a auto-cura. Patogenia: -Machos: -No macho a infecção é assintomática, sendo o touro apenas o portador. Contudo, uma vez infectado ele nunca irá se curar. -Na fase inicial pode ocorrer um balanopostite (inflamação da glande) que desaparece mais tarde. Pode estar presente uma descarga mucopurulenta com pequenas pápulas avermelhadas na mucosa do prepúcio e na glande. Esses sinais desaparecem após uma ou duas semanas do início da infecção. -Fêmea: -Ao se multiplicar na mucosa vaginal o parasita causa uma hiperemia no local onde em aproximadamente 4 dias observa-se uma reação inflamatória (vaginite) com aumento de secreção das glândulas vaginais. Clinicamente pode ser observado um “corrimento” líquido e translúcido. -No útero o parasita pode causar uma inflamação catarral discreta e, se a fêmea não estiver gestante o parasita será eliminados nos cios subsequentes. -Em caso de gestação, o Tritrichomonas foetus irá se multiplicar principalmente nos cotilédones da placenta causando problemas no feto devido ao comprometimento na circulação dos nutrientes maternos. Além disso, observa-se um aumento de secreção, hiperemia e edema local o que pode causar descolamento da placenta e, consequentemente, aborto precoce (30 a 90 dias de gestação). Normalmente este aborto precoce não é visto pelo fazendeiro. O que se observa é a repetição de cio das vacas supostamente gestantes. -Outra situação que pode ocorrer é a lesão da placenta com morte fetal mas sem a verificação de aborto precoce. A placenta é parcialmente absorvida, devido à presença do feto. A presença de um corpo estranho faz com que o organismo reconheça como gestação. Neste caso, a cérvix permanece fechada, o corpo lúteo não regride e a vaca, consequentemente, não repete o cio. Todo este processo favorece o desenvolvimento de uma endometrite catarral ou de piometra neste animal. -Em alguns casos, a vaca pode apresentar uma gestação normal com o nascimento de cria normal, porém isto é muito raro de ocorrer. -Caso as fêmeas fiquem sem cobertura por 2 a 3 cios seguidos, pode ocorrer a auto cura desses animais. Sintomas: -Vaginite com exudato catarral e que pode evoluir para mucopurulenta; -Edema de vagina e vulva; -Cervicite e endometrite catarral crônica; -Esterilidade devido à endometrite catarral crônica -Aborto mais freqüente no 2º e 4º mês de gestação. -Aborto com retenção fetal e consequente piometra. -Repetição e irregularidade de cios -Aumento do intervalo entre partos.

Epidemiologia: -Entre os fatores que influem na prevalência da tricomonose incluem-se: Idade: A percentagem dos animais infectados aumenta com a idade. Nos machos jovens, as criptas do prepúcio são pouco profundas o que explica a menor prevalência dos protozoários nestes animais quando comparados àqueles mais velhos onde a grande profundidade das criptas favorece o desenvolvimento e sobrevivência do parasita. Muito importante em rebanhos que utilizam monta natural e nos quais os touros mais velhos são mantidos em serviço por longo tempo. Raça: Estudos mostraram um risco de infecção 6,93 vezes superior em Bos taurus (europeus) quando comparados aos Bos indicus (zebuínos). Persistência da infecção: Nos machos a infecção persiste por um longo período de tempo, durante os quais os animais se apresentam como portadores. As fêmeas, embora possam se curar da infecção, não desenvolvem imunidade protetora contra futuras reinfecções após transcorrido um período prolongado de tempo. Manejo: algumas práticas de manejo influem na ocorrência da doença no rebanho: monta natural principalmente quando se utiliza um número muito pequeno de touro/vaca e quando estes primeiros são mais velhos e há falta de quarentena dos touros recém adquiridos. Diagnóstico: -Clínico: verificar a ocorrência de fertilidade baixa, repetição de cio, aborto, piometra, etc... -Histórico: pesquisar o manejo reprodutivo do rebanho (monta natural ou inseminação artificial) (se a propriedade utiliza touros mais velhos). -Diagnóstico Laboratorial é baseado na pesquisa dos parasitas em materiais coletados dos animais suspeitos: Macho: Fazer um lavado prepucial com 1 litro de solução salina. Enviar para o laboratório 40 ml do lavado com 1grama de meio de Rieck (40g de leite em pó, 1g de estreptomicina e 200.000 UI de penicilina). Para a coleta deste material, o animal deve estar em abstinência sexual por no mínimo 10 dias. Fêmea: pode ser coletado exsudato vaginal (12 a 21 dias após o coito), fluido uterino (até 60 dias após o aborto), descargas vaginais e placenta, líquido aminiótico de feto abortado, conteúdo estomacal de feto abortado. O exsudato e fluido vaginal devem ser enviados ao laboratório em meio de Riek. Os demais materiais dever ser enviados em gelo. Esses materiais podem ser submetidos a exame direto por microscopia óptica para a pesquisa de parasitos, a cultura in vitro , à inoculação em camundongos e exames de muco aglutinação. -O diagnóstico deve ser feito pelo menos 3 vezes nos touros com intervalos semanais, para a identificação dos portadores. Tratamento: -Machos: O tratamento é complicado e nem sempre apresenta resultados satisfatórios. Em animais de baixo valor zootécnico recomenda-se o abate. Caso contrário, o tratamento é feito utilizando-se os seguintes medicamentos: triplflavina, iodeto de sódio, dimetridazole e ipromidazole. Pode-se fazer o tratamento tópico no pênis: exposição do pênis, lavagem com água oxigenada a 3% e aquecida a 50 °C e aplicação de ganaseg no local.

-Fêmeas: Quase sempre ocorre a cura expontânea após um repouso sexual de 3 meses (3 cios). Contudo, em caso de piometra o tratamento deve ser feito através de lavagens uterinas com intervalos semanais. Controle: -Machos infectados devem ser retirados do serviço e submetidos a tratamento ou sacrifício, conforme o seu valor zootécnico. -Repouso sexual de fêmeas infectadas. -Os animais devem ser separada e manejada em dois grupos. O primeiro composto por vacas que não foram expostas à infecção, novilhas virgens e touros virgens. O segundo constituídos pelos animais positivos, expostos e suspeitos. -Utilizar machos mais jovens, seguramente não infectados ou inseminação artificial.

FILO PROTOZOA SUBFILO APICOMPLEXA CLASSE SPOROZOA ORDEM EUCOCCIDIIDA FAMÍLIA SARCOCYSTIDAE -São protozoários sem flagelos ou cílios, e que apresentam um complexo apical composto por anel polar, conóide e roptria. -Apresentam reprodução sexuada e assexuada. -Nesta família incluem os seguintes gêneros de interesse médico e veterinário: Toxoplasma sp. e Sarcocystis sp. No gênero Toxoplasma sp. destaca-se a espécie Toxoplasma gondi, causadora de toxoplasmose no homem e nos animais.

Toxoplasma gondii Principais características: -Parasita polimórfico que dependendo do habitat e da fase do ciclo evolutivo pode apresentar as seguintes formas: taquizoíto, bradizoíto, oocistos e cistos. -Causa no homem e nos animais uma doença de alta prevalência e de baixa morbidade denominada Toxoplasmose. Isso significa que apesar do grande número de pessoas apresentarem sorologia positiva, poucas desenvolvem a sintomatologia clínica. -A toxoplasmose é uma doença cosmopolita. Na saúde pública a doença é problema entre as mulheres gestantes e entre pessoas HIV positivas. -O parasita tem como hospedeiro definitivo os felídeos onde se reproduz sexuadamente. Os hospedeiros intermediários são os mamíferos (homem, ovinos, caprinos, suínos, bovinos) nos quais se observa a ocorrência das formas do ciclo assexuado em vários tecidos, células e líquidos orgânicos (saliva, leite, sêmem e líquido peritoneal). -A via mais comum de infecção é através da ingestão de oocistos presentes nas fezes do HD ou ingestão de carne crua ou mal cozida do hospedeiro intermediário, contaminada com o protozoário. Pode ocorrer a transmissão transplacentária. Morfologia: -Apresenta as seguintes formas durante o seu ciclo evolutivo: Taquizoíto: Possui forma de meia lua com uma se multiplica lentamente. O cisto formado pelos extremidade afilada e a outra arredondada. O núcleo bradizoítos possui parade resistente e elástica, que se cora de vermelho no Giemsa, localiza-se no protegendo o parasita contra as defesas do sistema centro da célula. Forma encontrada durante a fase imune do hospedeiro. adulta da infecção sendo também denominada forma Oocisto: O oocisto é uma espécie de ovo produzido proliferativa ou trofozoíto uma vez que se multiplica durante a fase sexuada do ciclo que ocorre no intestino rapidamente. É encontrado nos líquidos orgânicos, dos felídeos. São esféricos e, após a esporulação no excreções, secreções, células do sistema mononuclear meio ambiente, irão conter dois esporocistos, cada um fagocitário (macrófagos, mastócitos, etc..), células contendo quatro esporozoítos no seu interior. hepáticas, pulmonares, nervosas, etc... Bradizoíto: São lanceolados e ficam contidos em cistos no interior dos tecidos musculares, nervoso e ocular. É a forma encontrada durante a fase crônica da infecção e

Toxoplasma gondi Taquizoíto

Ciclo Biológico: Fase assexuada: -Ocorre nos mamíferos (Homem, ovinos, caprinos, suínos, bovinos, cães, gatos, etc...) e nas aves, sendo estes considerados hospedeiros intermediários. -Hospedeiro intermediário se contamina pela ingestão de oocistos maduros (fezes de felídeos), ingestão de carne crua contendo cistos de bradizoítos viáveis ou por contato com taquizoítos eliminados em urina, leite, esperma, pedigotos, etc. As formas taquizoítas que forem ingeridas serão destruídas, mas as que forem inaladas ou penetrarem na mucosa oral darão sequência ao ciclo. -Ao penetrar no corpo as formas se transformam em Taquizoíto que penetram no interior das células do organismo do hospedeiro e começam a se multiplicar, iniciando a fase proliferativa e aguda da doença. Ao final do processo, rompem as células parasitadas e liberam uma grande quantidade de taquizoítos recém formados na circulação sanguínea e linfática. Esses taquizoítos podem parasitar novas células nas quais irão se multiplicar. -A intensa destruição celular e multiplicação do parasito irá induzir uma resposta imune específica com produção de anticorpos, marcando o fim da fase proliferativa. Parasitos extracelulares desaparecem do sangue, linfa e vísceras, diminuindo a multiplicação intracelular. Neste momento, os taquizoítos se transformam em bradizoítos que se agrupam em cistos no interior dos quais estarão protegidos da resposta imunológica do hospedeiro. Desta forma, inicia-se a fase crônica da doença. -A duração da fase aguda depende do tempo que o hospedeiro leva para induzir uma resposta imunológica satisfatória. A membrana do cisto isola os bradizoítos das ações imunológicas do hospedeiro. A partir do momento que o indivíduo entra na fase crônica, a toxoplasmose não tem cura. Fase sexuada: -Ocorre somente em células epiteliais, principalmente do intestino de gatos e outros felídeos jovens (H.D.) que se contaminam pela ingestão de carne crua contendo os bradizoítos, oocistos maduros e de secreções corpóreas contendo taquizoíto. -Esporozoítos, bradizoítos ou taquizoítos no epitélio intestinal do gato penetram nas células onde se multiplicam por esquizogonia3. Neste processo, um parasita irá formar em seu interior vários outros parasitas através de duplicação da cromatina nuclear. Os parasitas formados recebem o nome de merozoítos. A célula se rompe liberando merozoítos que penetram em novas células realizando nova esquizogonias (cinco esquizogonias ao todo).

3

O parasita cresce até atingir tamanho suficiente enquanto o núcleo se divide repetidamente. Esta célula passa a ser denominada esquizonte e, quando madura, é composta internamente por vários núcleos recém formados envoltos por uma porção do citoplasma. Esses núcleos formam estruturas alongadas e individuais denominadas merozoítos, esporozoítos ou micro-gametas.

-A partir daí, os merozoítos liberados penetram em novas células formando os gametas masculinos (microgametas móveis com dois flagelos) e femininos (macrogametas imóveis). Os microgametas saem das células e migram e penetram nas células onde está o macrogameta, fecundado-os e formando o ovo ou zigoto. -O zigoto recém formado irá evoluir dentro do epitélio, formando uma parede externa dupla e originando uma nova forma denominada oocisto. Uma vez formado, o oocisto irá romper a célula parasitada, caindo no lúmen intestinal de onde será eliminado junto com as fezes dos animais. -No ambiente, dentro de quatro dias o oocisto se torna maduro. O gato jovem é capaz de eliminar oocistos por cerca de 30 dias, eliminando uma quantidade que varia de 300.000 a 100 milhões de oocistos. No exterior, o oocisto se mantém infectivo sob condições ideais por aproximadamente 12 a 18 meses. Gatos jovens são os maiores eliminadores de oocistos, já que 50% dos gatos já eliminaram oocistos aos seis meses de idade e 100% já eliminaram aos 18 meses de idade. -O período após o pico de eliminação de oocistos corresponde ao início de formação efetiva de anticorpos, geralmente entre 14 e 21 dias após a infecção. CICLO EVOLUTIVO DO Toxoplasma Gondii Fase Sexuada no HD

Ingestão das formas infestantes

Merogonia Gametogonia

Formas Infectantes: 1.Cisto c/ bradizoíto 2.Taquizoítos 3.Oocistos

Liberação do oocisto Oocisto maduro

Esporogonia

Tipos de transmissão: -As principais forma de transmissão para o homem e animais (HI) são:  Alimentos contaminados por oocistos (mais comum).  Cistos presentes na carne crua ou mal passada (mais comum).  Taquizoítos presentes no leite.

 Inalação de taquizoítos (saliva, perdigotos).  Transmissão venérea de taquizoítos via sêmen.  Transmissão congênita: ocorre em 40 % dos fetos quando as gestantes adquirem a infecção pouco antes ou durante a gravidez, sendo que no terço final de gestação a taxa de contaminação do feto é um pouco maior. Letalidade próxima de 40 a 50%. Mulheres que apresentam sorologia positiva antes da gravidez têm menor chance de infectar seus fetos do que aquelas que apresentam a primoinfecção durante a gestação. Hoje, a toxoplasmose é considerada uma das principais causas de abortos em ovinos e caprinos no mundo Patogenia: Nos Hospedeiros Intermediários: -A patogenia nos HI ocorre devido à destruição de células parasitadas, principalmente por taquizoítos. A gravidade irá depender das células, órgãos ou tecidos destruídos. -Os cistos presentes nos tecidos nos hospedeiros podem se romper levando a uma reação de hipersensibilidade retardada. -O toxoplasma lesa principalmente tecidos como cérebro, olhos e músculos (não há regeneração), fígado, pulmão e tecido linfóide (há regeneração). A ruptura de cistos só tem importância em tecidos sem capacidade de regeneração (retina), no endométrio (infecção pre-natal) e quando ocorre de forma massiva em algum órgão. -Entre os animais domésticos, os caprinos são os hospedeiros para os quais o toxoplasma é mais patogênico. Nos caprinos adultos, o toxoplasma pode causar sintomas clínicos, tais como encefalite, nefrite, hepatite, abomasite, enterite e cistite. Entretanto, as lesões mais importantes ocorrem nas fêmeas gestantes: aborto, reabsorção embrionária, natimorto, crias fracas e morte de récem-nascidos. As lesões fetais e placentárias são semelhantes em caprinos e ovinos. No Hospedeiro Definitivo (gatos): -O gato pode funcionar como hospedeiro definitivo e hospedeiro intermediário. -O intestino é o primeiro local de infecção. Filhotes de gatos podem morrer em 2 a 3 semanas em infecção massiva, mas na maioria a infeção é assintomatica. Em seguida, os linfonodos regionais e o parênquima hepático é acometido, seguido pelos músculos e tecido nervoso (HI). -No intestino, a lesão não é severa porque a reposição de células é muito rápida, ao contrário de outros tecidos. De modo geral, infecção em adultos geralmente acomete órgãos como pulmões, fígado, linfonodos e baço, e infecção fetal acomete cérebro e olhos. Sintomas: -Acometimento dos linfonodos com linfadenopatia conseqüente. -Febre no início da fase aguda, durante a multiplicação dos taquizoítos. -Uveíte ou retinocoroidite que se caracteriza pelo acometimento da retina devido a uma reação de hipersensibilidade causada pelo rompimento dos cistos de Toxoplasma gondii no olho dos hospedeiros. -Encefalopatia. -Em gestantes pode ser causa de abortos, natimortos ou até mesmo do nascimento de crianças ou filhotes que apresentarão desenvolvimento comprometido.

Epidemiologia: -O Toxoplasma gondii encontra-se distribuído endemicamente por todo o mundo, nos mais variados climas e condições sociais com porcentagem de positividade que varia de 20 a 83% da população. Contudo, apesar de um grande número de pessoas apresentarem sorologia positiva, poucas desenvolvem a sintomatologia clínica. -Fatores de risco que determinam a ocorrência da infecção:  Aspectos geográficos: locais litorâneos de clima quente e úmido apresentam maiores riscos de instalação da infecção.  Hábitos culturais: como exemplo destaca-se a ingestão e manipulação de carne de ovinos e suínos mal cozida ou crua e de leite de caprinos não pasteurizado.  Hábitos de higiene e condição econômica da população: moradias em condições precárias e de baixa higiene facilitam a ocorrência de infecção, principalmente quando o hospedeiro definitivo se encontra presente no local.  Atividades ocupacionais: podem expor determinados indivíduos ao risco de adquirirem a toxoplasmose. Entre estes indivíduos temos os operadores da área de saúde humana e animal que lidam com os hospedeiros intermediários e definitivos, indivíduos que manipulam carne crua ou mal cozida, indivíduos que trabalham em jardins onde possivelmente podem existir fezes de gatos.  Presença do gato (HD) no ambiente domiciliar e peridomiciliar: aumenta o risco de infecção pelo Toxoplasma gondii. Este animal deve ser evitado principalmente por gestantes não imunes. -Fatores de risco que determinam o desenvolvimento da doença no hospedeiro infectado:  Imunossupressão: pode levar ao recrudescimento do parasita encistado. Neste caso, indivíduos em tratamento quimioterápico, aqueles infectados com HIV e indivíduos submetidos a transplantes de órgãos estão altamente suscetíveis ao estabelecimento da doença. Diagnóstico -Clínico: Suspeito e pouco efetivo, já que a maioria dos casos são assintomáticos. -Laboratorial: Demonstração do parasito. Em geral, só na fase aguda, o parasita pode ser demonstrado nos tecidos e secreções como líquor, leite, sangue, exudatos (taquizoítos). No caso do gato, no exame de fezes pode tentar visualizar os oocistos, diferenciando-os de oocistos de Isospora felis, I. rivolta de gatos, e esporocistos de Sarcocystis. -Testes sorológicos ou imunológicos: A Reação de Imunofluorescência Indireta é o método mais usado na rotina tanto em humanos como em animais. Como o anticorpo toxoplasmático é comumente encontrado na população normal, um teste sorológico positivo indica infecção passada ou atual, mas não necessariamente doença. Na fase aguda irá ocorrer um aumento de IgM e de IgA e diminuição de IgG. Em portadores assintomáticos (fase crônica) observa-se uma elevação nos níveis de IgG específico e nenhuma alteração em IgA e IgM. -Para o diagnóstico de aborto por toxoplasma em ovinos e caprinos, os materiais de escolha são fluidos cavitários e soro do coração direito para sorologia e fragmentos de placenta e cérebro fetal para histopatologia.

Tratamento: -As drogas só atuam nos taquizoítos. -Sulfa e pirimetamina inibem a síntese do ácido fólico que é uma substância exigida pelo toxoplasma na fase proliferativa. -Gestantes trata-se com espiramicina, já que a sulfa é embriotóxica. Controle: -As medidas de controle empregadas baseiam-se, em sua maioria, em medidas preventivas. Estas medidas deverão ser aplicadas em toda a população, porém, merecendo maior atenção entre as gestantes e indivíduos imunodeprimidos.  Deve ser evitado o consumo de carne crua ou mal cozida, lavando-se as mãos após a sua manipulação.  Deve ser evitado o consumo de leite não pasteurizado.  As fezes de gatos devem ser eliminadas diariamente das caixas de areia, usando-se luvas para tal procedimento.  Evitar alimentar gatos com carne crua ou mal cozida e impedir que eles saiam a caça de roedores e pássaros.  Para gestantes e indivíduos imunodeprimidos, evitar o convívio direto com gatos.  Lavar muito bem os vegetais a serem consumidos.  Realização de exames sorológicos em mulheres no início da gravidez

FILO PROTOZOA SUBFILO APICOMPLEXA CLASSE SPOROZOA ORDEM EUCOCCIDIIDA FAMÍLIA EIMERRIDAE Eimeria sp. Principais características: -São parasitas de mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes, onde causam uma patologia denominada coccidiose ou eimeriose. Mais comum em animais jovens e criados de forma intensiva. -Não utilizam vetores e nem hospedeiros intermediários e se reproduzem tanto pelo ciclo sexuado quanto pelo ciclo assexuado. -Nos hospedeiros são encontrados as seguintes formas evolutivas: Meronte Primário: forma presente no ciclo assexuado. Reproduzem por esquizogonia (merogonia), dando origem a inúmeros merozoítos primários. Parasitam as células endoteliais das vilosidades intestinais. Meronte Secundário: também encontrada durante o ciclo assexuado. Reproduzem por esquizogonia (merogonia), dando origem a inúmeros merozoítos secundários. São morfologicamente menores que os merontes primários. Parasitam as células epiteliais das glândulas de Lieberkun (Intestino Delgado). Macrogamonte: forma presente no ciclo sexuado. Não se divide. O macrogamonte corresponde ao gameta feminino e quando fecundado, irá evoluir para o oocisto (ovo). Microgamonte: forma presente no ciclo sexuado. Reproduzem por esquizogonia (gametogonia), dando origem a inúmeros microgametas (gameta masculino) que irão fecundar o macrogamonte. Parasitam as células do epitélio intestinal. Oocisto: corresponde ao “ovo” do parasita e irá se formar a partir da fecundação do macrogamonte

pelo gameta masculino (microgamonte). Possuem membrana dupla (resistência) e quatro esporocistos compostos por 2 esporozoítos cada.

Principais espécies de interesse médico e veterinário: -Este gênero possui aproximadamente 2.145 espécies descritas em todo o mundo. Dentre as mais importantes na medicina veterinária incluem-se: Eimeria bovis  Eimeria zuernii  Eimeria albumensis Eimeria alabamensis

BOVINOS

Eimeria cristenseni Eimeria caprovina Eimeria parva

CAPRINOS

Eimeria ahsata Eimeria ovina

OVINOS

Eimeria tenella Eimeria necatrix

GALINHAS

Eimeria stidae

COELHOS

Ciclo biológico: -No ciclo evolutivo dos coccídeos existem 3 fases distintas de desenvolvimento. Uma fase, a esporogônia, ocorre no meio ambiente e corresponde a esporulação dos oocistos eliminados nas fezes. As outras duas, a merogonia e gametogonia, irão ocorrer nos tecidos do hospedeiro, iniciando-se após a ingestão de oocistos esporulados e terminando com a produção de novos oocistos que serão expulsos junto com as fezes. Os detalhes da duração do ciclo evolutivo variam conforme a espécie de Eimeria. Fase assexuada: -De modo geral, o ciclo se inicia com a ingestão de oocistos esporulados. No estômago a parede do oocisto é alterada por ação dos sucos digestivos, e no duodeno os sais biliares e enzimas digestivas ativam os esporozoítos presentes no interior dos esporocistos. Esse processo leva ao rompimento da parede do oocisto com liberação dos esporozoítos que serão as formas infectantes para os hospedeiros (A). Estes esporozoítos liberados atravessam a camada epitelial do intestino delgado e penetram nas células dos vasos quilíferos das vilosidades intestinais (B). Dentro da célula, o esporozoíto irá se multiplicar através da divisão múltipla da cromatina nuclear, aumentando de tamanho, transformando-se em meronte primário. Por isso, este processo se chama merogonia ou esquizogonia. Cada parte dividida é envolvida por uma membrana, formando milhares merozoítos dentro do meronte (C).

A B

C

-Este meronte primário se rompe, liberando os merozoítos de primeira geração (D). Os merozoítos de primeira geração imediatamente penetram nas células epiteliais das glândulas do intestino delgado (glândula de



Espécies mais importantes

Lieberkunn). Dentro destas células, eles iniciam uma nova merogonia, formando o meronte secundário que, quando maduro, irá se romper, liberando de 8 a 24 merozoítos de segunda geração. Está finalizada a fase merogônica. Algumas espécies de eimerias podem passar por mais uma geração merogônica, como é o caso da E. tenella (parasita de aves domésticas) (E). D

E

Fase sexuada: -Estes merozoítos de 2º geração penetram em células do epitélio intestinal e iniciam a fase gametogônica. Os merozoítos que originam os microgamontes têm sua cromatina multiplicada, crescem de tamanho e dão origem ao microgamonte propriamente dito, contendo milhares de microgametas (masculino) (F). Os merozoítos que originam os macrogamontes não multiplicam a sua cromatina, mas aumentam de tamanho, formando grânulos eosinofílicos no seu interior, formando o macrogameta (feminino) (G). Os microgamontes se rompem, liberando os microgametas (H). Um microgameta fecunda um macrogameta, originando o ovo ou zigoto (I). F

G

H

I

-O zigoto é envolvido por uma membrana cística formada a partir dos grânulos eosinofílicos, dando origem a um oocisto. Após este período, a célula parasitada se rompe, liberando o oocisto imaturo na luz intestinal, que sai nas fezes na forma de oocisto imaturo. O PPP varia de 2 a 3 semanas. No meio ambiente, os oocistos passam pelo processo de esporogonia, onde o zigoto do oocisto imaturo se divide em quatro esporocistos, sendo que no interior de cada esporocistos, se forma 2 esporozoítos. Patogenia e lesões: -As espécies que se multiplicam nas camadas superficiais do epitélio intestinal são pouco patogênicas. Ao contrário, aquelas que parasitam a membrana basal são mais patogênicas. -O parasita rompe as células intestinais durante os ciclos, causando alterações e patologias nos tecidos e órgãos dos hospedeiros: Perda de células epiteliais com alteração na permeabilidade da mucosa e consequente diminuição na absorção de nutrientes. Com isso, o alimento não absorvido irá sofrer putrefação, servindo de substrato para a multiplicação bacteriana. Além disso, todo esse processo favorece a ocorrência de um quadro inflamatório com aumento do peristaltismo intestinal e consequente diarréia. A patogenia assemelha-se à observada nos animais parasitados por helmintos. A falta de absorção de nutrientes em conjunto com o quadro de diarréia, faz com que o animal apresente uma Hipoproteinemia ( proteína sanguínea) com consequente desenvolvimento de edema generalizado. Podem ocorrer hemorragias devido à lesão de capilares intestinais, agravando o quadro de hipoproteinemia e edema generalizado. Clinicamente são observadas fezes sanguinolentas e mucosas pálidas (perda de sangue  anemia). Devido à intensa diarréia, o animal pode sofrer desidratação e desequilíbrio hidroeletrolítico (Na e K).

Simultaneamente observa-se a produção de hormônios (somatostatina) pelo hospedeiro, levando-o a um quadro de anorexia.

Sintomas: -Diarréia com ou sem sangue. -Desidratação. -Animais com o ânus constantemente sujo de fezes. -Pode ocorrer prolapso retal devido a força que alguns animais fazem para defecar. -Os animais tornam-se fracos e dedidratados. -Perdas econômicas devido ao baixo ganho de peso e baixa conversão alimentar.

Epidemiologia: -A coccidiose é uma doença de rebanho que normalmente acomete animais jovens e apresenta uma alta morbidade e uma baixa mortalidade. É autolimitante, ou seja, quando o parasita termina o ciclo de desenvolvimento, o animal irá se curar. -No campo, o que ocorre são infecções multiespecíficas (com as diferentes espécies de eimeria) e o quadro clínico será resultante da interação dos efeitos patogênicos e não patogênicos das diferentes espécies de eimeria. -A imunidade a este parasita é espécie específica o que indica que um animal que se infectou e encontra-se imune a uma determinada espécie pode se infectar e desenvolver a doença quando provocada por uma outra espécie de eimeria. Com o tempo, os animais vão se tornando imune à quase todas ou pelo menos às eimerias mais importantes que estão presentes no rebanho. -Representa um maior problema nas criações intensivas onde observa-se uma maior densidade de animais. -Os animais mais velhos são imunes. Contudo, funcionam como fonte de infecção para os animais mais jovens (Imunidade incompleta). -A patogenicidade dos coccídios depende de vários fatores relacionados ao hospedeiro, parasito e meio ambiente. A doença frequentemente aparece em situação de condições precárias de higiene, alta densidade animal, baixo nível de nutrição e presença de animais jovens susceptíveis. A observação de um animal doente no rebanho significa que a infecção está ocorrendo nos outros animais, uma vez que a coccidiose é uma doença de rebanho. -Fatores inerentes ao parasita: Espécie de eimeria: A patogenicidade do parasita está diretamente ligada ao número de células destruídas por oocisto ingerido e ao número de merozoitos por geração. Em resumo, umas espécies são mais patogênicas e outras muito pouco patogênicas. As espécies mais patogênicas em bovinos são E. zuernii e E. bovis. Dose infectante: A gravidade da doença vai depender também da dose infectante ingerida. A ingestão de poucos oocistos normalmente resulta em infecção discreta com imunidade, mas a ingestão de grandes quantidades pode determinar doença severa e morte. Sobrevivência dos oocistos: Este é um dos principais fatores relacionados à manutenção da eimeriose nas propriedades. Os oocistos são extremamente resistentes podendo sobreviver por vários meses ou até mais de 1 ano em presença de umidade e protegidos dos raios solares. A falta de umidade e temperaturas extremas são fatores limitantes para a sobrevivência do oocisto no ambiente.

-Fatores inerentes ao hospedeiro: Idade: Animais mais jovens são mais susceptíveis à infecção, pois os mais velhos já desenvolveram imunidade contra as espécies com que se infectaram durante os primeiros meses de vida. A imunidade não é absoluta e os animais mais velhos podem se reinfectar, porém, estas infecções são discretas e não causam maiores prejuízos apesar de contaminarem o ambiente com oocistos, servindo de fonte de infecção para os animais mais jovens. Portanto, a eimeriose de ruminantes é basicamente uma doença de animais jovens, ocorrendo primariamente em bezerros de 3 semanas a 6 meses de idade. Estresse: Sob condições de estresse esta imunidade pode ser quebrada e os animais adoecerem novamente. Tais condições incluem: desmama, estação de monta, programas de vacinação, etc... -Fatores inerentes ao ambiente: Contaminação ambiental: É de fundamental importância na infecção dos hospedeiros. Está diretamente ligada a densidade animal, sendo que em condições de alta densidade animal a contaminação do ambiente com oocistos vai ser muito maior, aumentando consequentemente, as doses infectantes ingeridas pelos hospedeiros. Por esta razão, a eimeriose é uma doença mais grave em animais confinados que normalmente se encontram em alta densidade animal, como ocorre nos rebanhos de caprinos leiteiros com baixa higiene. Dispersão de oocistos: Os oocistos podem ser dispersos no meio ambiente através das fezes, mas também pelo ar (muito importante em caprinoculturas de pisos suspensos), por moscas, roupas e calçados e pelo corpo dos animais. Resitência: Os oocistos resistem à ação da maioria dos desinfetantes comuns nas concentrações comerciais, mas são inibidos de esporular frente aos fenóis a 5%. Higiene: Condições precárias de higiene em animais estabulados podem determinar uma alta contaminação do ambiente, levando ao aparecimento da doença.

Diagnóstico: -Exame clínico e histórico da doença no rebanho (faixa etária dos animais acometidos, criações intensivas, condições precárias de higiene). -Exame laboratorial: OOPG (contagem de oocistos por grama de fezes). A presença de oocistos nas fezes como um dado isolado não é suficiente para um diagnóstico de certeza. Cada espécie de ruminante é parasitada por várias espécies de eimerias onde algumas são patogênicas e outras não. A diferenciação das espécies em função dos oocistos requer um especialista, e na maioria das vezes, os oocistos devem estar esporulados para identificação definitiva. Portanto, a presença de oocistos nas fezes não é necessariamente prova definitiva de que os sinais clínicos são relativos à eimeriose ou outras doenças, assim como a ausência de oocistos nas fezes também não descartam a possibilidade da doença ser eimeriose. Isto é principalmente devido ao fato de algumas espécies de Eimeria serem mais patogênicas nas fases merogônica ou gametogônica, quando ainda não ocorreu a formação dos oocistos. Por outro lado, animais parcialmente imunes, se infectam e eliminam oocistos de espécies patogênicas sem que estejam doentes. -O método conclusivo de diagnóstico é a necropsia (geralmente em situações de problema há morte de alguns animais jovens), detectando o parasito ao microscópio em raspados das mucosas dos locais com lesões macroscópicas, principalmente dos pontos brancos no intestino.

Tratamento: -Nenhuma droga é capaz de curar um caso de eimeriose depois que os sinais da doença já tenham aparecido. A medicação serve para retardar ou inibir os estágios de reinfecção, evitando que os animais sofram por estas reinfecções e consequentemente, reduzindo a descarga de oocistos no ambiente. -Dentre os produtos disponíveis para o tratamento dos ruminantes temos para ser administrado por via oral, misturado no alimento ou água, o amprólio, toltrazuril e os antibióticos ionóforos como a monenzina e salinomicina, sufaguanidina, e por via parenteral a sulfaquinoxalina e sulfametazina. Controle: -Baseado em medidas que diminuam a ingestão de oocistos esporulados pelos animais jovens susceptíveis, de forma que as infecções sejam imunizantes sem causar sinais da doença: Os animais devem ficar em instalações limpas e secas, com boa higiene ambiental. Os bebedouros e comedouros deverão ficar limpos e protegidos de contaminação fecal. Os currais devem ser mantidos secos e limpos o mais frequentemente possível, adotando para isto, piso de concreto ou cascalho, em lugar de terra ou grama. Construir os currais de forma que o telhado não proporcione sombra no seu interior por toda a área durante todo o dia. A incidência solar é importante para desinfetar a área contaminada. Manejar os animais com separação por faixa etária, principalmente na categoria de animais mais novos, mantendo bezerros mais novos separados de bezerros mais velhos, uma vez que os animais mais velhos, considerados resistentes à doença, não são completamente resistentes à infecção, e são fonte de infecção para os animais mais novos. Evitar altas densidades animais por longos períodos (nestes casos, quando não for possível, a medicação profilática é essencial). Ex: confinamentos de animais jovens. Colocar os animais mais jovens em pastagens bem drenadas e limpas (maior incidência de raios solares). Evitar que a alimentação suplementar, principalmente de bezerros, seja oferecida diretamente no solo. Adotar de preferência, quando possível, bezerreiros individuais ao pasto. A desinfecção dos estábulos só é eficiente se realizada com fenóis. Em animais estabulados, a remoção das fezes e camas deve ser feita com maior freqüência para diminuir a disponibilidade de oocistos no ambiente. Utilização das drogas anti-coccídias em condições propícias de aparecimento de surtos nos animais mais jovens, como em altas densidades animais, ou quando, por motivo de força maior, os animais forem colocados em ambientes altamente contaminados. Estas medidas não eliminarão todos os coccídios, mas impedirão que os animais ingiram grandes quantidades destes, capazes de provocar o aparecimento da doença.

FILO PROTOZOA SUBFILO APICOMPLEXA CLASSE SPOROZOA ORDEM EUCOCCIDIIDA FAMÍLIA EIMERRIDAE Isospora sp. Principais características: -Parasita o sistema digestivo de caninos, felinos e suínos (mais importante). -São muito semelhantes às eimerias, tanto no que diz respeito à sua biologia e morfologia quanto ao dano que causam nos hospedeiros. -Os oocistos são elípticos ou levemente ovalados, contendo dois esporocistos com quatro esporozoítos em cada. Possuem membrana externa lisa e membrana interna com pequeno lóbulo. Principais espécies de interesse médico e veterinário: Isospora suis

SUINOS

Isospora canis

CÃES

Isospora felix

FELINO

Isospora belley

HOMEM

Ciclo biológico: -Idêntico ao da eimeria, contudo o período pré patente (PPP) é menor. Patogenia: -Apesar de causar diarréia nos leitões devido à destruição de células intestinas e consequente má absorção dos nutrientes, na Isosporose não se observa sangue nas fezes. Essas se apresentam inicialmente pastosas e se tornam fluidas com o decorrer da doença, com coloração variando de cinza a amarela. -Os sintomas são decorrentes do quadro de diarréia: queda de peso, baixa conversão alimentar, desidratação, fraqueza, inapetência e morte de leitões. -Em cães e gatos observa-se a ocorrência de estágios extraintestinais. Neste caso, alguns esporozoítos ou merozoítos caem na circulação e vão para o fígado e linfonodos mesentéricos (mais comum), onde fazem multiplicação em macrófagos. Caso a imunidade do animal caia significativamente, estas formas podem migrar para o intestino e realizar o ciclo. -Não se sabe a real importância clínica da isosporose canina. Apesar de existirem relatos de diarréia com perda de peso, desidratação e raramente hemorragia, em função da isosporose em animais jovens, através da constatação de oocistos nas fezes, vários outros agentes infecciosos poderiam causar esta mesma sintomatologia nos animais jovens. Epidemiologia: -A isosporose neonatal é a doença mais importante em suínos criados intensivamente (granjas).

-A doença é menos frequente em primatas, cães e gatos, mas também é observada. -Acomete principalmente suínos jovens, nos quais o parasita se localiza principalmente no jejuno e íleo (ID). Apenas 1% dos animais mais velhos são acometidos. -Provavelmente, a infecção na maternidade irá ocorrer por infecção ambiental, uma vez que o controle sanitário em granjas tecnificadas costuma ser rigoroso. Entre os principais veículos do parasita para dentro dos galpões, destacam-se: botas e roupas sujas e água contaminada. -Da mesma forma que a eimeriose, possui alta morbidade e baixa mortalidade. -Os surtos de isosporose normalmente ocorrem nos meses mais frios do ano. -A doença também é auto limitante, contudo, os animais curados não permanecem como portadores (imunidade completa). -Na isosporose canina e felina, os animais mais jovens são mais infectados e a prevalência nas fezes de cães jovens variou de 3 a 38% em inquéritos parasitológicos. Cães e gatos que vivem em liberdade são mais propensos a adquirir a infecção, uma vez que estão em contato com diferentes tipos de ambiente e podem inclusive, alimentar-se de hospedeiros paratêmicos. Diagnóstico: -Diarréia em leitões de 7 a 14 dias de idade, que não responde a terapia com antibióticos é sugestiva de isosporose. -O exame de fezes (OOPG) deve ser feito sempre com várias amostras de fezes de leitões doentes, pois a liberação de oocistos só começa um dia após o início da doença. Desta forma, ao examinar mais de um animal, não há risco de pegar apenas fezes de animais que ainda não iniciaram a liberação de oocistos. -O raspado das áreas lesionadas da mucosa do intestino, com a identificação das formas de Isospora ao microscópio, se constitui o método de diagnóstico mais eficiente, pois a simples presença de oocistos nas fezes é pouco conclusiva. Tratamento e controle: -Não existe ainda um método efetivo de tratar os leitões com coccidiostáticos, pois todos os medicamentos testados, seja na água dos leitões, seja via oral individualmente, não foram capazes de previnir a doença. -Alguns veterinários recomendam o toltrazuril (50 mg/leitão) via oral individualmente na leitegada, alegando que os sintomas clínicos se amenizam. -Medidas de ordem sanitária têm sido o melhor método para previnir a isosporose nos leitões: Boa limpeza das baias após a saída das porcas, removendo todos os detritos orgânicos. Desinfecção das baias com desinfetantes fortes como a amônia em altas concentrações ou soda cáustica a pelo menos 50%, além do uso de vapor ou vassoura de fogo nestas instalações. Limitar o acesso de trabalhadores nas baias maternidades, assim como proibir o acesso de cães ou outros animais de companhia, pois estes podem carrear oocistos em seus calçados ou roupas e pêlos. Controle de roedores e moscas (destino adequado de dejetos).

FILO PROTOZOA SUBFILO APICOMPLEXA CLASSE SPOROZOA ORDEM EUCOCCIDIIDA FAMÍLIA CRYPTOSPORIDIIDAE Cryptosporidium sp. Principais características: -São encontrados em qualquer espécie de mamíferos uma vez que apresentam baixa especificidade. -Parasita o ápice das células epiteliais do intestino delgado, formando um vacúolo parasitóforo no exterior da célula (extracitoplasmático e intracelular). Normalmente encontrado em recém nascidos. -Os oocistos são formados por quatro esporozoítos apenas. -Pode ocorrer auto infecção (o oocisto se desencista no próprio hospedeiro). -É uma zoonose importante em indivíduos HIV positivos. Principais espécies de interesse médico e veterinário: Cryptosporidium parvum Cryptosporidium muris Ciclo biológico: -A infecção pode ocorrer pela ingestão de alimentos ou água contaminados com oocistos, inalação destes ou auto-infecção. -No intestino do hospedeiro a parede do oocisto é destruída e os esporozoítos são liberados, aderindo-se às microvilosidades das células das vilosidades intestinais, onde irão formar o vacúolo parasitóforo. -No vacúolo irá ocorrer a esquizogonia ou merogonia, com formação dos merozoítos primários  Rompimento do vacúolo com liberação dos merozoítos que podem se aderir a outras células e iniciar a segunda fase merogônica. Nesta Segunda merogonia irá ocorrer a formação de apenas quatro merozoítos secundários. -Estes merozoítos secundários penetram em células do epitélio intestinal e iniciam a fase gametogônica. Os merozoítos que originam os microgamontes têm sua cromatina multiplicada, crescem de tamanho e dão origem ao microgamonte propriamente dito, contendo milhares de microgametas (masculino). Os merozoítos que originam os macrogamontes, não multiplicam a sua cromatina, mas aumentam de tamanho, formando grânulos eosinofílicos no seu interior, formando o macrogameta (feminino). Os microgamontes se rompem, liberando os microgametas. Um microgameta fecunda um macrogameta, originando o ovo ou zigoto. -A esporulação do oocisto de Cryptosporidium irá ocorrer dentro do próprio hospedeiro, ao contrário do observado na eimeria e isospora (esporulação no ambiente). -Pode ocorrer a auto infecção do hospedeiro quando o oocisto esporulado se rompe antes de sair nas fezes. Tal fato ocorre principalmente nos animais ou pessoas imunossuprimidas. -O Período Pré Patente é de aproximadamente 12 dias. -A eliminação do parasita, dura de 3 a 12 dias.

Ciclo Biológico Cryptosporidium sp. Oocisto

Meio Ambiente

Ingestão

Eliminação nas fezes

Liberação

Oocisto esporulado (parede espesa)

Esporozoíto

Meronte Primário Oocisto

Auto infecção

Oocisto esporulado (parede delgada)

Merozoíto

Meronte Secundário

Zigoto

Macrogameta Macrogamonte Merozoíto

Microgamonte

Microgameta

Patogenia: -Parasita provoca destruição e atrofica das vilosidades intestinais com diminuição da absorção de água e alimentos e consequente diarréia. -A lesão intestinal é superficial e não causa hemorragias -Em animais imunossuprimidos, a criptosporidiose predispõe o aparecimento de diarréias causadas por outros patógenos (Escherichia coli, Salmonella sp., Rotavírus, Coronavírus).

Epidemiologia: -Em Minas Gerais a prevalência é de 20%. -Animais jovens e crianças (< 2 anos) são os mais infestados. Os bezerros se infectam nos primeiros dias de vida e depois tornam-se imunes. -Os adultos dificilmente eliminam oocistos (imunidade eficiente). A principal rede de transmissão ocorre entre os animais jovens. -O efeito da infecção por Cryptosporidium é mínimo, o que ocorre é um sinergismo com outros patógenos entéricos, provocando a doença grave. -Os oocistos são altamente resistentes no meio ambiente. Diagnóstico: -Feito através do exame de fezes (flutuação). O oocisto é menor do que o de eimeria e isospora. Tratamento: -O tratamento é sintomático, sendo neste caso interessante a hidratação dos animais. -Doença auto limitante. Podem ser usadas a Eritromicina e Espiromicina como drogas para o tratamento. Controle: -Semelhante ao empregado no combate à eimeriose.

FILO PROTOZOA SUBFILO APICOMPLEXA CLASSE ACONOIDASIDA ORDEM PIROPLASMOSIDA FAMÍLIA BABESIDAE Babesia sp. Principais características: -Protozoário heteroxeno, parasita de muitos animais domésticos e silvestres, transmitido por carrapatos ixodídeos. -Nos Hospedeiros Vertebrados (HV) são encontrados no interior das hemácias, onde se multiplicam de forma assexuada. -Nos Hospedeiros Invertebrados (HI) são encontrados no tubo digestivo e glândulas anexas, onde se multiplicam de forma sexuada e assexuada. -No Brasil, apresenta-se como um dos principais agentes etiólogicos do complexo Tristeza Parasitária Bovina. -É estritamente epécie-específica, causando nos animais domésticos uma doença denominada babesiose. No Brasil, cinco espécies acometem os animais domésticos, sendo duas em bovinos (Babesia bovis e B. bigemina), duas em equinos (B. caballi e B. equi) e uma em cão (B. canis).

Classificação: Quanto ao Tamanho: Pequenas Babesias: apresentam dimensões menores que 2,5 µm dentro dos eritrócitos. Ex: B. bovis (bovinos) e B. equi (equinos). Grandes Babesias: apresentam dimensões maiores que 2,5 µm dentro dos eritrócitos. Geralmente as grandes babesias são mais sensíveis aos quimioterápicos. Ex: B. bigemina (bovinos), B. caballi (equideos) e B. canis (cães).

Babesia bovis Babesia bigemina

Quanto ao Tropismo: Viscerotrópica = apresentam predileção pelos capilares de alguns órgãos internos (cérebro, fígado, rim e baço). Desta forma, só podem ser visualisadas em exame de sangue capilar. Ex: B. bovis, B. caballi, e B. canis.

Não Viscerotrópica = quando estão espalhadas por toda circulação. Podem ser visualizadas em sangue de qualquer vaso sanguíneo (capilares periféricos e grande circulação). As babesias viscerotrópicas são Ex: B. bigemina e B. equi. Hospedeiros acometidos por babesias não viscerotrópicas apresentam parasitemias geralmente altas, ao passo que nas babesioses causadas por babesias viscerotrópicas a doença pode ocorrer com baixa parasitemia.

Transmissão: -As babesias são transmitidas principalmente por carrapatos, embora possam ser transmitidas por outros meios, mas sem muita importância epidemiológica, como transmissão via fômites (agulhas, material cirúrgico) e transmissão congênita (B. equi). -Para todas estas espécies de babesias (excessão para B. equi), sabe-se que a única foma do carrapato que se infecta com a babesia quando este se alimenta em um hospedeiro infectado, é a fase de teleógena. Isto ocorre porque as larvas e ninfas não possuem células basófilas em seu intestino. Tais células são as principais hospedeiras da babesia no organismo do Hospedeiro Invertebrado. -As teleógenas infectadas irão transmitir as babesias via transovariana para os ovos que elas produzirem. Desta forma, as larvas oriundas dessas posturas ao nascerem já se encontram infectadas. -As babesias são transmitidas especificamente aos hospedeiros apenas por espécies de carrapatos que em condições normais são encontradas parasitando esses animais. Entretanto, dependendo da espécie de Babesia, apenas alguns estágios específicos do carrapato é que vão transmitir a Babesia para o hospedeiro vertebrado: -Babesia bovis

-Boophilus microplus

-Larva do B. microplus. Transovariana

-Babesia bigemina

-Boophilus microplus

-Ninfa e adulto do B. microplus. Transovariana e Transestadial

-Babesia caballi

-Anocentor nitens

-Larva, ninfa e adulto de A. nitens. Transovariana e Transestadial

-Babesia equi

?

-Transestadial

-Babesia canis

-Rhipicephalus sanguineus

-Larva, ninfa e adulto de R. sanguineus. Transovariana e transestadial.

-Em B. bigemina e B. caballi, os estágios do carrapato são capazes de transmitir esses parasitas durante 5 gerações consecutivas sem a necessitade de reinfecção. Após este período, é necessário que as teleógenas se reinfectem. A B. bovis é completamente eliminada do carrapato logo opós ser transmitida pela larva, necessitando que a teleógina de cada geração seja reinfectada.

Ciclo biológico: Hospedeiro Invertebrado -Teleógena ingere eritrócitos parasitados por formas da Babesia durante a alimentação em um hospedeiro contaminado. No intestino do carrapato essas formas (isogametócitos) saem do eritrócito e se transformam em formas sexuadas ou gametas (corpos radiados) que se unem formando o zigoto ou oocineto. Este oocineto irá

penetrar nas células basófilas do epitélio intestinal do carrapato formando vários esporocinetos os quais invadem a hemolinfa do carrapato e se distribuem para os vários órgãos dos ixodídeos. -Nos órgãos do carrapato, continua a divisão assexuada formando mais esporocinetos. Ao atingirem os ovários, os esporocinetos invadem os oócitos (transmissão transovariana) cessando a multiplicação (dormência). -A partir de então, o ciclo irá variar dependendo da espécie de babesia. Basicamente os oocitos infectados serão fertilizados e darão origem a larvas de carrapatos infectadas. Quando estas começam a se alimentar no hospedeiro vertebrado, a temperatura do sangue ingerido irá ativar os esporocinetos presentes em seu organismo  reinício da multiplicação. Na glândula salivar do carrapato os esporocinetos irão se transformar em esporozoítos (formas infectantes para o HV). Hospedeiro Vertebrado -Durante o período de parasitismo, os carrapatos inoculam os esporozoítos presentes nas suas glândulas salivares no corpo do hospedeiro vertebrado via saliva. A partir de então, os esporozoítos invadem eritrócitos e se transformam em trofozoíto que irá se diferenciar posteriormente em merozoíto. Por um processo assexuado de divisão binária este merozoíto irá originar dois outros merozoítos (B equi pode dar origem a 4 merozoítos em cada eritrócito) que irão abandonar o eritrócito infectado, penetrar em um novo eritrócito onde irão produzir da mesma forma novos merozoítos. Este processo continua até que o animal morra ou responda imunologicamente, controlando a infecção e entrando num estado de portador assintomático, que pode durar por vários meses ou até por toda a vida (B. equi). -Durante o estado de portador, o animal apresenta piques de parasitemia, sem apresentar sintomatologia clínica. Tais piques são de extrema importância na manutenção da infecção pelas babesias nas populações de carrapatos. -Equinos infectados por B equi tendem a se manter infectados por mais tempo, às vezes, por muitos anos ou pelo resto da vida. -O período de incubação das babesioses varia de 7 a 15 dias, e a patogenia e alguns sintomas vão ser diferentes, dependendo do tipo de Babesia acometendo o animal.

Patogenia: Babesias Não Viscerotrópicas (B. bigemina, B. equi): -Nestas espécies ocorrem altas parasitemias e durante a saída dos merozoítos de dentro das hemácias ocorre a ruptura destas (hemólise). Esta hemólise irá causar hemoglobinemia (aumento de hemoblobina livre no sangue) com possibilidade de ocorrência de hemoglobinúria e icterícia. -Neste processo, os restos celulares e os antígenos da Babesia são fagocitados por macrófagos, formando pirógenos endógenos que chegam ao hipotálamo e estimulam a síntese de prostaglandinas que irá ocasionar um aumento da temperatura corporal do hospedeiro (febre). -Sintomas: *Mucosas pálidas ou ictéricas (hemólise  anemia) *Taquipneia (hemólise  anemia  hipóxia  acidose metabólica) com possível ocorrência de lesões neurais e cardíacas (alteração na condução de impulsos nervosos). -Todos estes fatores podem levar o animal à morte, mas principalmente quando este animal é forçado a se exercitar mais intensamente. -Estas babesias causam parasitemias geralmente altas, podendo ultrapassar 20% de hemácias parasitadas, portanto facilmente diagnosticadas pelo esfregaço sanguíneo.

-Na B. equi a parasitemia pode atingir valores ainda maiores (60-85%) em animais altamente susceptíveis. Nestes casos, o hematócrito pode atingir valores muito baixos (12%). No caso de equinos, uma sintomatologia clínica comum é a febre acompanhada de cólica.

Babesias viscerotrópicas (B. bovis, B. caballi, B. canis): -Menor parasitemia. A babesia irá modificar a composição física e química da membrana da hemácia parasitada. Tais hemácias modificadas aderem-se facilmente à parede dos capilares  citoaderência com formação de trombos  sintomatologias nervosas, em função de trombos no SNC. -Em algumas propriedades, é comum suspeitar de Raiva em animais jovens apresentando babesiose cerebral com sintomatologia nervosa. -Equinos parasitados por B caballi podem apresentar distúrbios do SNC com paralisia dos posteriores. -Não se observa hemólise causada diretamente pelo parasito. Contudo pode ocorrer anemia em função da inutilização de hemácias que foram parasitadas. -A hemoglobinúria (hemoglobina na urina) não é um achado comum e caso ocorra, o prognóstico é altamente desfavorável. -Alguns animais podem apresentar diarréia provavelmente causada por formação de trombos intestinais. -Ocorrência de febre e hipóxia tecidual, com mecanismos semelhantes aos descritos para as babesias não viscerotrópicas. -Vacas prenhas podem abortar em função da babesiose. -Babesia bovis causa parasitemia geralmente baixa (abaixo de 1%), sendo muitas vezes não detectadas no esfregaço sanguíneo. Sintomas: Viscerotrópica

Não Viscerotrópica

Anemia, icterícia e febre

+

+

Apatia e fraqueza

+

+

Hemoglobinúria

raro

+

+

-

enterite

Constipação

Cólica

+

++

Hemorragias petequiais

-

++

Trombo nos capilares

+

-

Sinais nervosos/ paraslisia dos membros posteriores Sinais digestivos

Epidemiologia: Áreas de Instabilidade Enzoótica: -Porcentagem de infecção nos animais acima de 9 meses está entre 20 e 70%, diagnosticado através de testes sorológicos. -São áreas propensas ao aparecimento de surtos de plasmoses nos animais adultos, uma vez que a porcentagem de animais sem infecção para as plasmoses é significativa. -Características com relação à presença do carrapato: *Ausência de carrapatos infectados por babesioses durante todo o ano, em função de condições climáticas (região Sul), *Manejo deficiente no controle de carrapatos que permite que certas categorias animais fiquem muito tempo sem se infestar, *Controle muito rigoroso de carrapatos que pode provocar o desaparecimento desses da propriedade por alguns meses do ano Áreas de Estabilidade Enzoótica: -Porcentagem de animais infectados está menor que 20% ou maior que 70% em animais com idade superior a nove meses: Menor que 20%: Baixa população de carrapatos  baixas taxas de inoculação nos animais. Dificilmente ocorrerá um surto. Exitem algumas áreas deste tipo da Argentina e que programas de erradicação do B. microplus foi implantado ou está sendo implantado com sucesso. Maior que 70%: Maioria dos animais estão adquirindo a infecção ainda como bezerros. A infecção vem sendo mantida assintomaticamente nos animais mais velhos através das infestações destes durante todo o ano por populações infectadas de B. microplus. Exemplos destas áreas são a maioria das propriedades das regiões Sudeste e Centro-oeste. Para manter um nível adequado de imunidade no rebanho sem o risco de ocorrer a doença é interessante um número médio (10 a 20) de teleógenas por animal. Este número é o que normalmente se consegue nas propriedades que realizam o controle estratégico de carrapatos. -Quando a população de carrapatos está fora de controle, as doses infectantes podem ser muito altas, ocorrendo doença clínica nos animais, mesmo em casos de reinfecções, uma vez que o sistema imunológico não dá conta das altas doses infectantes. Outros Fatores: -Idade: Os animais jovens são mais resistentes do que os animais adultos (soro e hemoglobina fetal, maior atividade eritropoiética, proteção de anticorpos passivos). Esta resistência natural dos animais jovens dura cerca de alguns meses (a idade crítica é a partir dos 9 meses), portanto é extremamente importante que estes animais sejam infestados por carrapatos logo nas primeiras semanas de vida, enquanto apresentam esta resistência natural. Motivo de morte por babesiose nas primeiras semanas de vida: 1) Área de instabilidade enzoótica: A mãe não continha altos títulos de anticorpos, o que não proporcionou uma imunidade passiva através do colostro para o bezerro; 2) Área de estabilidade enzoótica: O bezerro não conseguiu mamar quantidades suficientes de colostros nas primeiras 24 horas de vida, não conseguindo adquirir imunidade passiva satisfatória.

No caso da babesiose canina, os animais mais jovens são considerados mais susceptíveis à doença clínica do que os animais mais velhos. Nos cães jovens, não são confirmados aqueles fatores dos bovinos jovens que lhes garantem maior resitência à infecção clínica. -Tipo de Manejo: Propriedades que criam os bezerros estabulados nos primeiros meses de vida tendem a apresentar babesioses clínica quando os animais são colocados em pasto. É necessário que os bezerros sejam desafiados com carrapato nos primeiros dias de vida. Sistemas de “free stall” em que as vacas ficam estabuladas permanentemente sem se infestarem por carrapatos, favorecem o aparecimento de surtos de babesiose clínica quando estas vacas são recolocadas a pasto, no período seco. -Temperatura: Abaixo de 20°C  não ocorre infecção pela babesia nos ovos postos pelas fêmeas de B. microplus (inibição da multiplicação em baixas temperaturas). Consequentemente, bezerros que nascem em épocas de frio na região Sul, só vão adquirir a infecção mais tardiamente, na primavera e verão, ou no outono quando as populações de carrapatos são maiores  maior incidência de babesiose clínica nos animais nascidos no inverno. -Raça: Propriedades de gado zebu, embora tenha populações de carrapatos bem menores, em função da resistência natural deste gado, podem manter-se como áreas de estabilidade enzoóticas uma vez que estes animais mantêm níveis de infecção por teleógenas (dentro da faixa de 10 a 20 teleóginas por animal).

-Estado nutricional: Presença de fatores causando estresse (principalmente equinos) são extremamente importantes no sentido de aumentar a frequência de infecções clínicas naqueles animais frequentemente desafiados em áreas de estabilidade enzoótica.

Diagnóstico: -Clínico: febre, depressão (animal fica “triste”), anemia, hemoglobinúria e icterícia (babesioses não viscerais). -O diagnóstico diferencial se faz basicamente da anaplasmose (bovinos) e leptospirose. -Laboratorial: Esfregaço sanguíneo de sangue periférico corado pelo giemsa. “Claps” em lâmina de fragmentos de tecidos do SNC, baço, fígado e rins corados pelo gimsa e observados ao microscópio na objetiva de imersão. Sorologia: RIFI e ELISA.

Tratamento: -No caso das babesias viscerotrópicas, a presença de uma única hemácia parasitada, associada a sintomas clínicos, é indicativo de tratamento. No caso das babesioses não viscerais, apenas parasitemias acima de 1% são indicativas de tratamento, caso os animais não demonstrem sinais de anemia. -Drogas utilizadas: Aceturato de diaminazina -”Ganazeg” a 7% Bovinos: 3,5 mg/Kg Equinos: 4-5 mg/Kg, efeito colatarel (cólicas, problemas respiratórios) Imizol - “Imidocarb” Altamente eficaz tanto para as babesioses como para a anaplasmose. Desvantagem: elimina 100% das Babesia bigemina e B. caballi no animal, não deixando-o em estado de portador assintomático (perda de imunidade adquirida). Droga de escolha para equinos a 2mg/kg (dose única) ou duas doses de 1mg/kg em intervalos de 6/6 horas.

Controle: Recomendações: -O controle das babesioses baseia-se fundamentalmente no controle de carrapatos. Deve ser feito de forma racional sem promover a erradicação dos ixodídeos da propriedade, mas também sem permitir que uma alta população destes venha provocar doença nos animais. -Uma população ideal de carrapatos é representada por um nível médio de infestação entre 10 a 20 teleógenas por animal (controle estratégico). -Para se controlar as plasmoses na propriedade é imprescindível evitar que uma área de estabilidade enzoótica passe para uma situação de instabilidade enzoótica: -Manter os animais bem nutridos para que eles possam responder satisfatoriamente às reinfecções pelas plasmoses. A principal causa de plasmose em animais nas áreas de estabilidade enzoótica é a imunossupressão. -Colocar os bezerros em contato com carrapatos logo a partir dos primeiros dias de vida -Assegurar que os bezerros estão ingerindo quantidades suficientes de colostro nas primeiras 24 horas de vida. -Manejar os animais adultos de forma que sempre tenham acesso a pastos contaminados por carrapatos. Quimioprofilaxia: -Baseia-se na utilização de subdoses de ganazeg (1mg/Kg), em intervalos de 15 em 15 dias. As subdoses quimioterápicas permitirão que os animais adquiram a infecção em níveis subclínicos, garantindo o desenvolvimento de uma imunidade efetiva sem o incoveniente da doença clínica. Pode ser feita assim que os bezerros forem colocados a pasto. Premunição: -Consiste em provocar uma imunidade artificial nos animais suscetíveis através da inoculação controlada de cepas atenuadas de babesia. Estas inoculações podem ser feitas com sangue de animais portadores ou com carrapatos (só para as babesias), ou com inóculos padronizados em laboratório. Estes animais são acompanhados diariamente através da medição da temperatura retal, de esfregaço sanguíneo e controle do volume globular. Os animais que desenvolvem parasitemia são tratados com quimioterápicos, e após se recuperarem, são desafiados

a campo e novamente acompanhados clinicamente. A premunição é usada principalmente em animais importados de outras áreas onde a babesiose não é endêmica. -Vacinas atenuadas para B. bigemina e B. bovis são usadas com resultados satisfatórios em outros países em áreas de instabilidade enzoótica. Em algumas regiões do sul do país, consideradas de instabilidade enzoótica, principalmente por fatores climáticos, vacinas comerciais atenuadas de B. bigemina e B. bovis vem sendo usadas com bons resultados.

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