Antisexo-uma Discussao

  • July 2020
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  • Words: 875
  • Pages: 4
Anti-Sexo A proposta anti sexo é tão chocante que só pode comprovar ser nosso meio mais radical de atuação. O Patriarcado não prega o celibato feminino, pelo contrário. No inicio do século passado, eram chamadas celibatarias todas mulheres solteiras que trabalhavam pra si mesmas muitas vezes morando com uma ou mais companhias femininas na mesma situação. Claro, o machismo concebia que tal mulher era celibataria porque denuncia sua forma de pensar a mulher livre e fora do casamento, sequer pensavam que essa mulher poderia ter relações sexuais nao reprodutivas ou lésbicas. O sexo é imposto às mulheres de forma compulsória seja como capital reprodutivo manejado por uma elite masculina seja como campo de exercício da guerra dos homens contra as mulheres, na prostituição, na servidão sexual visual, auditiva, verbal, midiatica, cotidiana, obrigatória, é dificil escapar nessa sociedade a uma experiencia sexual que nao seja construida nesses termos e pra servir esses fins...ainda mais nós mulheres encontrarmos uma expressao sexual segura nesses libertarianismos anarcomachistas de amor livre que nao seja o repeteco de nossos corpos usados como gratificação sexual de varões cumprindo suas funções societais. Difícil escapar duma expressao sexual nao objetificada, não mercantilizada, nao de cambio supostamente 'independente' mas que nao passa de mimica do livre comercio, nao ideológica e treinada. O coito é um exercicio de adestramento da mulher à sua inferioridade, ele é assim socialmente construido, legado das taticas de guerra e estupros em massa e jogados o mesmo modelo na sociedade 'civil', aí também rememoro aos 'libertários' a origem da pornografia como veiculo de propaganda de odio que teve como função principal a inspiração de virilidade a soldados nas guerras. Na

sociedade patriarcal a pornografia tem a mesma função, servindo de cartilha e abc do estupro e violencia que define supremacia masculina em suas fundações. Não importa se somos contra UM TIPO de sexo, ou se somos CONTRA O SEXO NESSA SOCIEDADE OU HOJE, o fato de vocês quererem abrir tantas ressalvas em nosso gesto de repúdio só demostra o quanto ele ameaça as bases de muitas ideologias que jamais gostariam de abrir mão do fundamental no que determina a opressão e o poder no ambito da população feminina, o meio por onde se exerce esse poder: nossos corpos. Talvez seja mais radical até que nossos corpos sequer sirvam a um propósito lesbianista político pois seria ainda fazer o mesmo, nossa forma de atuação deve se basear mesmo na não cooperação, no boicote, na sabotagem. Como diria Sheila Jeffreys, Sexualidade é uma instituição social construida na opressão das mulheres, é preciso adotar uma perspectiva critica da sexualidade se somos feministas porque esse É efetivamente os modos de produção que nos são expropriados, a centralidade da nossa questão. É o corpo. Um feminismo que se furta a pensar isso é um feminismo fajuto, covarde e reconciliador, a custa de nossos corpos. O fato de nos pedirem uma flexibilização da nossa proposta soa como um assédio, uma forma de flexibilizar nosso NÃO. A questão aqui é a forma radical de dizer NÃO à força, fortalecer nossa resistencia. Soa até como pedir para que façamos sexo e mostra quanto é um dever sagrado o exercicio de sexo por mulheres e nossas vivencias na prostituição tão naturalizadas e dificeis de erradicar quando reclamadas por nós. Parece até que temos que pedir permissão para fazê-lo, e como soasse como ofensa e

expropriação de um direito de alguém. Nossa recusa ao sexo choca e mostra a falsidade de lados supostamente progressivos, a igualdade que há entre esquerda, direita, libertários, conservadores. Em tempos de ataques atualizados e disfarçados do Patriarcado, como pornografia alternativa, feminista, prostituição consensual, sadomasoquismo consciente, consentimento sexual, não há nada mais radical que se colocar contra o sexo. Sinceramente, FODA-SE O SEXO. F O D A - S E O S E XXX O . ²³²³²³ Pronto, morreu a questão. Graças a positividade sexual, hoje feminismo se reduziu a um vazio de discussao sobre sexualidade. As políticas do orgasmo sequestraram o feminismo, reduziram nossa militancia ao ambito privado da produção de pornografia independente/alternativa/caseira, da conquista do orgasmo múltiplo ou uso do dildo e do chicote como instrumentos de subversão de generos, e outras metafísicas aplicadas. Sexo ganhou um prestígio dentre as questões sociais, não se questiona as formas sob quais é produzido, ele é sagrado e inquestionável, criticar a Instituição do Sexo é oprimir e ser totalitário. Sexo não se discute. Isso que a reação feminista oculta sob novos feminismos vem promovendo. O silenciamento da questão. Sexo tem mais chances de ser nosso inimigo que nosso instrumento de mudança principal. Não vamos mudar o mundo usando de nossas atuações tradicionais como prostitutas, mas recusando justamente essa identidade, esse papel, essa definição de nossos seres. Não somos as fazedoras

de sexo, pra ninguém, pra nada, pra nenhuma ideologia, em nenhuma forma. Somos mais que isso. Podemos ser muito mais que modos de manifestação da sexualidade. Talvez o mal da psicanalise tenha sido justamente imanentizado, inerentizado, essencializado sexualidade e desejo nos seres, como materialidade, quando não, quando são instancias produzidas socialmente e reprodutoras da Ideologia dominante. Senão uma de suas bases principais. Então, inicia-se erroneamente a questao: sexualidade é constituinte. É constituinte porque foi elegida por propositos funcionais à Ideologia e Sistema. Jan Para ler mais: http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx? cmm=29724369&tid=2590543693278713943&start=1

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