Ano Xiv - No. 168 - Dezembro De 1973

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Projeto PERGUNTE E

RESPONDEREMOS ON-LIME

Apostolado Veritatis Spiendor com autorizacáo de

Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb (in memoriam)

APRESErsTTAQÁO

DA EDIQÁO ON-LINE Diz Sao Pedro que devemos estar preparados para dar a razáo da nossa esperanca a todo aquele que no-la pedir {1 Pedro 3,15). Esta necessidade de darmos conta da nossa esperanca e da nossa fé hoje é mais premente do que outrora, visto que somos bombardeados por numerosas correntes filosóficas e religiosas contrarias á fé católica. Somos

assim incitados a procurar consolidar nossa crenca católica mediante um aprofundamento do nosso estudo. Eis o que neste site Pergunte e Responderemos propóe aos seus leitores: aborda questóes da atualidade controvertidas, elucidando-as do ponto de vista cristáo a fim de que as dúvidas se dissipem e a vivencia católica se fortaleca no Brasil e no mundo. Queira Deus abencoar este trabalho assim como a equipe de Veritatis Splendor que se encarrega do respectivo site. Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003. Pe. Esteváo Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR Celebramos convenio com d. Esteváo Bettencourt e passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual conteúdo da revista teológico - filosófica "Pergunte e Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicagáo. A d. Esteváo Bettencourt agradecemos a confiaca depositada em nosso trabalho, bem como pela generosidade e

zelo pastoral assim demonstrados.

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índice

MAIS

UM ANO QUE

PASSA !

513

No calendarlo crlstSo: 1975:

ANO

SANTO E JUBILEU

515

Aínda a ICAB :

"CANONIZACAO" DO PADRE CICERO

531

Ecos da récenle historia de Israel: O TEMPLO DE SALOMAO SERÁ RECONSTRUIDO ?

542

RESENHA DE LIVROS

554

ÍNDICE GERAL DE 1973

557

COM

APROVACAO

ECLESIÁSTICA

ERRATA: Em PR 166/1973, p. 427, I. 7, le i a-so : séc. VIII/VII.

NO

PRÓXIMO

NÚMERO :

A Holanda fala sobre o Popa. — Juventudc em revoluto por Jecus. — «Godspell» no cinema. — Pilula anticoncepcional e pílula reguladora.

X

«PERGUNTE

E

RESPONDEREMOS»

Assinatura anual

Cr$ 40,00

Número avulso de qualquer mes

Cr$

Volumes encadernados de 1958 e 1959 (prego unitario)

...

índice Geral de 1957 a 1964

EDITORA REDACAO DE PR Caixa Postal 2.666 ZC-00 2000 Rio de Janeiro (GB)

5 00

Cr$ 35,00 Cr$ 10,00

LAUDES

S.

A.

ADMINISTRAgAO Rúa Süo Rafael, 38, ZC-09 20000 Rio de Janeiro (GB) Tels.: 268-9981 e 268-2796

MAIS UM ANO QUE PASSA! No mes de dezembro, costumamos encerrar as atividades de mais um ano que vai chegando ao fim : balangos do passado e programacóes do futuro caracterizan! esse período.

É espontáneo entáo dizer-se : «Como o tempo passa depressa! Incrivel!» Muitas pessoas o verificam, como que assustadas. — E por que assustadas? — Uns talvez se espantem por

verificar que anida nao fizeram o que desejavam fazer na vida; aínda nao conseguiram entrar no seu rumo ou atingir tal ou

tal meta. Outras pessoas se assustaráo talvez por tomar consciéncia de que estáo ficando mais velhas, sujeitas a já nao poder participar de certas atividades. Esses sustos sao bem compreensiveis a partir da psicolo gía humana. Mas, para um cristáo, eles nao significam atitude decisiva ou definitiva. Com efeito, para o cristáo, o passar do tempo deve signifi car desabrochamento, encaminhamento para a plenitude da vida. Diz o Apostólo: «Ainda que o nosso homem exterior seja destruido, o nosso homem interior se renova de día para día» (2 Cor 4,16). O «homem exterior», no caso, é a natureza visível, sensível, ao passo que o «homem interior» significa o inicio da vida eterna lancada no cristáo pelo Batismo e alimen tada pela Eucaristía. Donde se vé que, se o Cristáo é autenticamente cristáo, ele nao conhece envelhecimento, mas apenas transformagáo : o corpo mortal cede, sem dúvida, as leis da biologia, ao passo que simultáneamente a vida imortal se desa brocha no íntimo do cristáo, até que um día ela transfigure por completo a carne do mesmo — o que se dará no dia da ressurreigáo dos mortos.

Quem tem consciéncia disto, nao pode deixar de se regozijar profundamente : o cristáo nao tem vocacáo para envelhecer e morrer propriamente, mas para rejuvenescer constante

mente, revigorando-se cada vez mais na posse da vida imortal. Todavía, para que essa alegría seja realmente fundamentada,

requer-se que o cristáo viva conscientemente a sua vida crista... De modo especial:... reconheca que a lei da vida é crescer; quem se furta, consciente ou inconscientemente, ao crescimento, furtase á vida. De fato, cada dia que passa é mais um número na soma dos nossos días, cada ano que passa é mais urna uni— 513 —

dade que se acrescenta as anteriores: 1974 é 1973 + 1, como 1973 foi 1972 + 1. É impossível vivermos sem aceitarmos esse aumento numérico ou esse crescimento quantitativo.

Que acontece, porém, quando alguém só cresce quantitativamente, somando dias e anos ? No plano físico, tal pessoa torna-se um anáo. Anáo é quem tem os anos (30, 40, 50...) de um adulto e a estatura de um menino (o anáo nao tem culpa disto). No plano físico, visivel, sao relativamente poucos os andes. Mas no plano espiritual, no plano cristáo, nao se poderia pensar que existem muitos e muitos anóes? Ou seja,... que existem cristáos que vivem os seus dias, meses e anos sem

lhes dar conteúdo e qualidade? Somam dias sem os viver de maneira plenamente crista, contentando-se com atitudes superficiais, levianas e semiconscientes. Tal tipo de existencia vem a ser incoeréncia para com a vida. Equivale a tornar-se anáo no plano cristáo, que é o plano decisivo e definitivo.

É por isto que, no fim de mais um ano de existencia ou no limiar de novo ano, o cristáo ouve mais urna vez o apelo de Deus á vida em plenitude e se senté impelido a rever o seu passado, a fim de sacudir qualquer empecilho ao crescimento. Diz aínda S. Paulo : «Exortamo-vos a que nao recebáis em váo a graga de Deus... É este o tempo favorável; é este o día da

salvacáo» (2 Cor 6,ls). Quem sabe ouvir, percebe que existe,

da parte do Senhor, urna santa preméncia:... preméncia para que nao percamos tempo, mas vamos dando a cada um de nossos dias o conteúdo plenamente cristáo que lhe compete. Se no passado procedí leviana ou fútilmente, isto nao prejudica o meu futuro. O apelo de Deus é sempre o mesmo; Ele, que me chamou a encher cada um de meus dias com realizares de vida crista cada vez mais lúcidas, me dará também subsidios para atender a tal vocacáo.

Foi em vista desta conquista da VIDA por parte de todos os homens que Cristo veio trazer a Eternidade aos nossos tempos. Ele, que nasceu em Belém há quase vinte séculos, renova seu Natal a 25 de dezembro em cada um de seus membros. E Ele quer estender esse Natal a todos os homens que ainda nao O conhecem.

Consciente disto, a equipe de PIt desoja a todos os seus amigos e leitores as mais copiosas gracas de Natal e um prós pero Ano Novo, marcados por aquela palavra do Apostólo: «... Cheguemos á estatura que realiza a plenitude de Cristo» (Ef 4, 13). E. B. — 514 —

«PERGUNTE

E

RESPONDEREMOS:I»

Ano XIV — N* 168 — Dexembro de 1973

No calendario cristáo:

1975: ano santo e jubileu Em síntese: A instituicfio do Ano Santo tem seu fundamento na Biblia. Com efelto, a Lei de Moisés mandava que todo qulnquagésimo ano fosse sabático ou de repouso: ano em que os escravos recuperavam a líberdade e as propiedades vendidas voltavam ao seu senhor originarlo. Asslm se renovava regularmente a vida de Israel. O ano sabático era também dito

Jubileu, porque anunciado mediante trombeta de ehifre (yobel).

No Cristianismo, a instltuicáo do jubileu caiu em desuso até 1300,-quando o Papa Bonifacio VIII o quis restaurar. O Papa Paulo II em 1470 fcouve por bem mandar celebrá-lo de 25 em 25 anos, a flm de beneficiar malor número de fiéis mediante Indulgencias e gracas esplrituais concedidas ao3 cristfios que peregrlnassem a Roma durante o ano jubilar ou Ano Santo. Aproxlmondo-se o ano de 1975, o Papa Paulo VI proclamou em malo pp. a celebracfio do jubileu periódico. Os conceltos de "ano santo, peregrina' gao e Indulgencia", assoclados ao de jubileu, poderiam parecer estranhos á mentalidade moderna. Todavía, bem entendidos e explicados ao público, perdem suas notas estranhas; o crlstño pode integrar-se perfeitarhehté' na esplritualidade do Ano Santo sem ter que renunciar ás tendencias da piedada e do pcnsamento contemporáneo.

A fim de tornar o Ano Santo de 1975 realmente significativo e frutuoso para os homens de hoja, o Papa Paulo VI quis assinalar-lhe duas finalidades: — renovacSo Interior do homem,... do homem cólico em relacSo a vordade, dilacerado peto trabalho e privado do encontró consigo mosmo, Intoxicado pelas falsas diversees e receitas de felicldade;

— reconciliado dos homens com Deus e entre si. A realizagSo deste programa de espiritualidade do Ano Santo teve Inicio em Pentecostés pp. (10/VI/73): desde entSo ñas dioceses e ñas paróquias, os fiéis hio dé ser colocados frente á necessidade de conversSo e recon ciliado mediante celebrares de tipos diversos. Em 1975 teráo lugar as

— 515 —

4

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS^

168/1973

peregrinantes a Roma, das quais deverá resultar, entre outros beneficios, maior coesfiq. do povo de Deus com o Santo Padre o Papa, merecedor de toda a estima e reverencia dos fiéis católicos. Assim concebido, o Ano Santo celebrado dez anos após o encerramento do Concilio do Vaticano II corroborará os apelos deste á renovacfio interior dos fiéis católicos.

Comentario: Aos 9 e 16 de maio pp., o Santo Padre

Paulo VI anunciou ao mundo a proclamagáo do ano de 1975 como Ano Santo ou ano de jubileu. Este sería precedido de

numerosas celébraseles a partir de Pentecostés de 1973, visando assim á obtengáo de copiosos frutos espirituais para o povo de

Deus e para toda a humanidade. — Ora, em vista de esclarecer

o público sobre algo de táo insólito para muitos dos nossos con temporáneos, seguir-se-áo abaixo algumas nocóes do que sejam o Ano Santo ou o jubileu e seu significado.

1.

Ano Santo: origem e histórico

1. A instituicáo do Ano Santo ou jubilar na Igreja Cató lica tem sua origem na Biblia.

Com efeito. A Lei de Moisés mandava que de 50 em 50

anos, ou seja, após cada período de 7 semanas (7x7) de anos, se celebrasse um ano sabático (ou ano de repouso).1 Nesse ano nao se deveria cultivar o solo; os escravos recuperariam a liberdade; as propriedades vendidas retornariam ao seu senhor ori ginario; em suma, a térra de Israel voltaria ós condigóes em que Deus a doara ao seu povo, Desta forma, a Lei de Moisés tencionava recordar aos israelitas que o Senhor era, em última

análise, o proprietário do pais. Provocava-se também assim a renovagáo da vida de Israel e fazia-se a reconciliagáo dos ho-

mens entre si e com Deus; os desvíos e desordens acarretados pelo decurso dos anos eram saneados. Eis como a Lei de Moisés propóe a celebragáo do 50? ano: "Contarás sete anos sabáticos, sete vezes sete anos, de forma que a duraefio desses sete anos sabáticos corresponderá a quarenta e nove anos. Depols, farda retiñir a trombeta no décimo dia do sétimo mes. No dia das

> Como se sabe, a palavra

shabbath,

repouso.

— 516 —

em

hebraico,

significa

sete e

1975 : ANO SANTO E JUBILEU expiacoes, fareis reunir o som da trombeta através da toda a vossa torra. Santificareis o qulnquagésimo ano, proclamando no pafs a libertada de todos os que o habilam. Este ano será para vos jubfleu, cada um de vos reco brará a sua propriedade e voltará para a sua familia. O quinquagéslmo

ano é o ano do jublleu. Nao semearels, nfio colherels os frutos, nem vindi-

marels as vlnhas que n§o foram podadas, porque este ano ó Jublleu e deve ser uma colsa santa para vos. E, da mesma forma, o campo, cujo fruto comerás.

... Se disserdes: 'Que comeremos no sétimo ano, pols nao podemos semear nem colher as nossas colheitas?1, entáo Eu vos concederé! a mlnha béncfio no sexto ano, de tal forma que produzlrá a colhelta de tres anos; e, quando semeardC3 no oitavo ano, viverels da colhelta anterior até o íiono ano. Ató que procedáis á sua colheita, viverels da anterior" (Lev 25,8-13. 20-22).

Visto que o ano sabático era anunciado pelo toque de trom beta ou chifre (que em hebraico ó dito yobel), passou a ser chamado também jubilen ou ano jubilar. O profeta Ezequiel, no séc. VI a. C, referia-se ao ano de

remissao para indicar o 50* ano, em que se perdoavam as divi das, se restauravam as posses originarias e se libertavam os escravos (cf. Ez 46,17). Aos poucos, o ano jubilar foi tomando um sentido cada vez mais espiritual. Depois do exilio de Israel (587-538 a. C), passou a designar a obra do Messias, como dáo a entender os seguintes dizeres atribuidos por Isaías ao Servidor de Javé: "O Espirito do Senhor repousa sobre mim, porque o Senhor me ungiu. Envlou-me a levar a boa-nova aos humildes, a curar os de coragáo despeda$ado..., a publicar um ano de misericordia da parte do Senhor" (Is 61,1s).

No Novo Testamento, Jesús aplicou este texto de Isaías a Si mesmo e designou o período de sua pregacáo messiánica como «ano de graga do Senhor» (Le 4,16-21). Vé-sc assim que a nogáo de ano sabático ou jubilar está arraigada no ámago da espiritualidade biblica. Tal ano é dito santo, porque reservado ou dedicado ao Senhor e, por isto, mar cado pelos homens com a renovacáo ou purificagáo de sua conduta.

2. Com a queda das instituicóes do Antigo Testamento, o ano sabático ou 50? deixou de ser especialmente celebrado en tre os cristáos. Aconteceu, porém, que na Idade Media, prin cipalmente no decorrer do séc. XIIT, se verificaram entre os _ 517 —

«PERGUNTE E

RESPONDEREMOS»

1G8/1973

cristáos movimentos penitenciáis de certo vulto; os fiéis peregrinavam aos santuarios europeus (principalmente a Roma, onde havía os túmulos dos Apostólos S. Pedro e S. Paulo), em espirito de penitencia, a fim de obter a absolvicáo de seus pecados e das censuras ou penas que lhes estivessem anexas.

Já estava em voga entüo o costume — adotado pelos Sumos

Pontífices — de se concederem indugéncias, ou seja, a remissáo das penas temporais devidas a pecados já absolvidos, indul gencias ... aos fiéis que fizessem com auténtico espirito de penitencia determinadas obras boas.1 Na tarde de 1? de Janeiro de 1300, grande multidáo

de

povo precipitou-se na basílica de S. Pedro em Roma, convicta de que lucraría urna indulgencia extraordinaria; o mesmo ocorreu nos días seguintes. O povo apelava para antiga tradieáo segundo a qual todo ano centenario devia ser tido como ano de perdáo universal; na Curia Romana, porém, nao se encontrou vestigio escrito de tal costume. Como quer que fosse, o Papa Bonifacio VIII aos 22 de fevereiro de 1300 publicou urna Bula em que determinava que de 100 em 100 anos haveria ju bileu universal, com o perdáo de faltas e penas, para quem se confessasse contritamente dos seus pecados e visitasse os tú mulos dos Apostólos S. Pedro e S. Paulo. Essa proclamacño

de jubileu em 1300 teve ampia repercussáo em toda a Europa, provocando o afluxo a Roma de multidóes e multidóes de pere grinos das mais diversas partes do continente.

Em 1342 urna delegagáo de cristáos de Roma foi pedir ao

Papa Clemente VI em Avinháo (Franca), concedesse o jubileu de 50 em 50 anos, a fim de poder beneficiar maior número de

fiéis. O Pontífice houve entáo por bem promulgar para 1350

um jubileu,

que foi fervorosamente celebrado

em Roma por

grandes caravanas de peregrinos.

Em 1389, o Papa Urbano VI, desejoso de sanear o grande Cisma do Ocidente (1378-1417), estabeleceu que, em memoria dos anos de vida mortal de Jesús, o jubileu se celebraría de 33 em 33 anos; em conseqüéncia, o próximo jubileu seria celebra do em 1390. Esta celebracáo de fato se deu sob Bonifacio EX, sucessor de Urbano VI, que entrementes falecera. Em 1400, já que ocorria um ano centenario, os peregrinos afluiram a Roma,

1 A propósito das indulgencias — assunto por vezes mal entendido —, veja PR 90/1967, pp.

252-261 e 108/1968, pp.

— 518 —

516-526.

1975 : ANO SANTO K JUBILEU

de tal modo que o Papa Bonifacio IX concedeu o jubileu também para aquele ano (embora houvesse apenas um intervalo

de dez anos a partir do jubileu anterior). O prazo de trinta e tres anos estipulado por Urbano VI para os anos jubilares venceu-se no ano de 1423. Todavía o Papa Martinho V resolveu só celebrar o ano santo em 1425, depois de extinto o cisma do Ocidente e pacificada a cidade de Roma. Em 1450, o Papa Nicolau V presidiu a solene ano jubilar, marcado pela canon izacáo de Sao Bernardino de Sena, que era muito popular em toda a Italia. Finalmente em 1470 o Papa Paulo II resolveu amiudar os jubileus, fazendo-os ocorrer de 25 em 25 anos, visto que suscitavam grande fervor e a renovagáo

de vida dos fiéis. De entáo aos nossos dias, os anos jubilares tém sido celebrados regularmente, notando-se apenas duas excegóes (1800 e 1850), devidas as ingratas circunstancias em que se achava a cidade de Roma. Eis o elenco completo dos anos jubilares ordinarios: 19 29 39 49 59

69 79 89 99 109 119 129 139 149 159

169 179

189 199

209

1300

1350 1390 1400 1425 1450 1475 1500 1525 1550

1575

1600 1625 1650 1675 1700

1725 1750 1775 1800 1825 1850

219

1875

229

1900 1925 1950

239 249

Bonifacio VIII

Clemente VI Urbano VI, Bonifacio

Bonifacio IX Martinho V Nicolau V Sixto IV Alexandre VI Clemente Vil Paulo III, Julio III Gregorio XIII Clemente VIII

IX

Urbano VIII

Inocencio X

Clemente X Inocencio XII, Clemente XI Bento XIII Bento XIV

Clemente XIV, Pió VI nao celebrado (Pió VI Imperador) Leáo XII

era alvo de NapoleSo

nao celebrado (Roma, sob Pió IX, era pertur bada pelo movimento de unificagáo da Italia) Pió IX (jubileu celebrado sem grande solenidade, pois Roma caira em 1870 e o Papa era prisioneíro no Vaticano) LeSo XIII Pío XI Pío XII

fcuJLa Vi

— 519 _

<-PERGUNTE E RESPONDEREMOS-

1(58/1973

Houve também numerosos jubilcus extraordinarios, pro mulgados pelos Pontífices por ocasiáo de algum acontecimento especial da historia da Igreja. Entre outros, seja notado o de 1933, com que o Papa Pió XI quis comemorar o 19* centenario da Redencáo do género humano. Aproximando-se, pois, o ano de 1975, colocou-se nos ambi

entes católicos a qucstáo da oportunidade de o declarar ano

jubilar ou Ano Santo. Vejamos em que termos se punha a pergunta e como S. Santidade o Papa Paulo VI lhe quis responder.

2. 2.1.

Ano Sonto em 1975 : sim ou nao ?

Urna alocu$óo de Paulo VI

Dizia o S. Padre Paulo VI na audiencia pública de 9 de maio de 1973: "Perguntamo-Nos a Nos mesmos se valeria a pena ser mentida essa tradicáo (dos anos jubilares) em nossos tempos. tao diversos dos tempos

passados e, além disso, tio condicionados, de um lado, pelo estilo religioso impresso pelo recente Concilio á vida oclesial e, do outro lado, peto desinteresse prátlco que se verifica em diversas partes do mundo moderno com relacio a expressdes

rituais de outros sáculos".

Depois de propor o problema, continua S. Santidade: "Convencemo-Nos

bem

depressa de que a celebracfio do Ano

Santo

n3o só pode Inserir-se na linha espiritual do masmo Concilio,... mas pode

multi'ssimo bem contribuir aínda para aquele eslorco incansável e amoroso que a Igreja está a envidar no sentido de acorrer ás necessidades moráis da nossa época" (cf. SEOOC n° 63, agosto 1973, cois. 156s).

Importa-nos aprofundar as dif¡ciudades a que aceña o S. Padre, a fim de melhor entendermos a resposta positiva que S. Santidade lhes dá.

2.2.

Tres obje;óes em foco

O histórico dos anos jubilares deu a ver quanto a instituieáo do Ano Santo entre os cristáos está associada a tragos bem característicos da piedade medieval ou, mais amplamente, de épocas passadas, tragos que parecem ter-se tornado menos mar cantes na piedade contemporánea. Assim é que hoje em dia, quando tanto se fala de cultivar urna piedade mais consciente — 520 —

1975 : ANO SANTO E JUBILEU

e profunda, purificada de expressóes ambiguas, aparentemente supersticiosas, muitos perguntam se ainda vale a pena falar de Ano Santo e acreditar na santidade de um ano,... se ainda se

devem estimular as peregrinacóes ou apregoar as indulgencias

(too sujeitas a ser mal entendidas pela gente simples).

Examinemos cada qual dessas questóés de per si, a comecar

peta própria nocáo de Ano Santo.

a)

Ano Santo: conceito pagáo ou cristáo?

Ha quem rejeite a expressáo «Ano Santo», afirmando que a santidade convém a Deus, e nao ás coisas. Mais: alegam que o homem de hoje, habituado a considerar o tempo como algo

de essencialmente profano, nao pode entender o que venha a ser «Ano Santo». — Em resposta, faz-se mister elucidar o conceito de «tem po santo». Na verdade, existe urna maneira paga ou mítica de entender tal expressáo.

Para os pagaos, o tempo sagrado se distingue do profano, porque nele opera urna forca superior, benéfica ou maléfica, que torna felizes ou infelizes as átividades do homem realizadas naquele tempo sagrado; há, sim, días fastos e días nefastos no

calendario pagáo. — Segundo outro modo de ver, inspirado na mitología, o tempo é sagrado porque certos ritos entáo celebra dos reproduzem acontecimentos prímordiais ocorridos no inicio da historia: entre os babilonios, por exemplo, os doze primeiros dias do ano (akitu) eram marcados por cerimónias que repre-

sentavam a luta entre Marduque e o monstro Tiamat, luta que

terminou com a vitória de Marduque e pos fim ao caos primor dial; o poema de Enuma elish era entáo recitado repetidamente.

Ora a concepgáo crista de tempo sagrado é diferente. O cristáo nao atribuí ao tempo como tal urna sacralidade; para ele, nenhum tempo é sagrado ou santo por ter em si a capa-

cidade mágica de salvar o homem ou de favorecer o encontró com Deus; o tempo é sempre igual a si mesmo. Nao há, por tanto, tempos propicios e tempos nefastos. Toda e qualquer época é favorável ao encontró do homem com Deus e á salvacáo, pois Deus incessantemente chama os homens ao encontró com Ele na fé e no amor. — 521 —

1D

.PERGUNTE E

RESPONDEREMOS;-

163/1973

Nao obstante, o Cristianismo fala de tempos santos, como

sao, por exemplo, o domingo, a Semana Santa, o Ano Santo...

Essa santidade entender-se-á no sentido seguinte: a historia da

humanidade é, por inteiro, historia sagrada ou historia da sal vacáo pelo fato de que Deus nela está sempre a agir, convidan do o homem a se converter ou a se reconciliar com o Pai do céu e com seus irmáos. Mas nessa historia sagrada existem mo

mentos em que os apelos do Senhor sao mais insistentes e a

acáo da graga mais intensa: a S. Escritura reserva para tais

momentos o nome de kairói, em lugar de clirónoi (que sao os tempos físicos, astronómicos, medidos por um cronometrista); conseqüentemente, Sao Paulo fala de kairós euprósdektos ou «tempo bem aceito», favorável & conversáo, e «dia da salvacáo» (2 Cor 6,2).

É a luz desta proposicáo que se deve considerar o Ano

Santo. Este vem a ser urna fase da historia da humanidade em que o amor salvífico de Deus age mais intensamente na Igreja e em todo o género humano; é entáo mais forte o apelo de Deus á conversáo e á salvacáo, e mais ricas sao as gracas do Salvador. Em testemunho disto, a Igreja, dispensadora dos méritos de Cristo, abre mais largamente os tesouros da Redencáo, concedendo indulgencias, que incitam os fiéis ao arrependimento e á mudanca de vida. Passemos agora á segunda questáo que o Ano Santo pode suscitar na mente de um homem de hoje.

b)

Peregr¡na$6o ?

Sabemos que os cristáos antigos e medievais procuravam freqüentemente os grandes santuarios (de Jerusalém, de Roma, da Gália, da Espanha), a fim de lá orarem mais fervorosamen te; sacrificavam-se duramente, caminhando pelas estradas, as vezes mesmo descalcos, sem ter onde pousar, passando noites

em vigilia, etc. Mas também se sabe quanto as peregrinacóes estáo sujeitas a ser desvirtuadas em nossos dias: para muitos,

podem tornar-se ocasiáo de viagens turísticas, luxuosas, empreendidas em espirito de gozo e recreacáo. Em outros casos, as peregrinacóes podem ser realizadas com intencóes supersti

ciosas, como se o encontró com tal imagem religiosa fosse pro piciar certamente a cura de alguma doenca ou a solucáo de

1975 : ANO SANTO E JUBILEU

11

determinado problema. — É em vista destes abusos que certos autores se mostram reservados no tocante á conveniencia de promover peregrinagóes em nossos tempos.

A estas dificuldades deve-se responder que, quando bem entendidas e praticadas, as peregrinagóes constituem um exercicio de fé altamente valioso. A Biblia Sagrada e a praxe de judeus, cristáos e mugulmanos as recomendam. Quem pere grina, vai procurar contato com um lugar em que a presenga de Deus se tornou particularmente manifesta ou com um lugar que Deus quis designar para ter seus encontros marcados com os homens, derramando ai particulares gragas sobre os fiéis. — Entende-se que hoje em dia os peregrinos recorram aos meios de transporte modernos; isto, porém, nao excluí que du rante o trajeto pratiquem atos de penitencia, pobreza, sobriedade, abstinencia ou jejum, e procurem libertar-se do super-

fluo, do inútil, do que entrava o amor a Deus e o espirito de

oragáo. Assim urna peregrinacáo se distinguirá bem de um passeio turístico; os incómodos que ela possa acarretar, seráo aceitos pelo cristáo em atitude de penitencia e santificagáo. Entre os lugares que mais estima mereceram dos peregri nos cristáos, vem, antes do mais, a Térra Santa, santificada pela presenga de Cristo e da SS. Virgem (tenham-se em vista

Jerusalém, Belém, Nazaré...); os fiéis de Cristo sempre procuraram com grande fervor visitar o país bíblico por excelencia. — Mas Cristo se manifestou e manifesta também na vida de seus Santos, principalmente na dos Apostólos. Dai a veneragáo que os cristáos sempre dedicaram a Roma, onde os Apos

tólos Pedro e Paulo pregaram a fé e morreram, ficando lá se

pultados. A estima a Roma era táo grande entre os cristáos peregrinos que a palavra «romeiro» veio a ser símbolo de «peregrino>.

c)

Indulgencias?

As indulgencias tém sua justificativa teológica clara, como já foi demonstrado em PR 90/1967, pp. 252-261. Em poucas

palavras, eis como se devem entender: na Igreja antiga, a absolvigáo dos pecados só era dada aos penitentes que deles se

acusassem e, a seguir, se submetessem a rigorosa penitencia: urna quarentena de jejum, por exemplo, durante a qual o peni tente se trajava com sacos e cilicio, ficando privado de assistir — 523 —

12

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS»

1G8/1973

á Liturgia eucaristica. Essa penitencia, realizada com fervor e contricáo, tinha a finalidade de concorrer para extinguir os resquicios ou as más inclinacóes que o pecado sempre deixa no íntimo de quem o comete.

Com o tempo, porém, a Igreja houve por bem abrandar táo rigorosas práticas penitenciáis, pois estas em muitos cases exigiam condicóes de saúde que os penitentes nao possuiam. O abrandamento

fez-se por etapas

sucessivas e paulatinas me

diante o seguinte raciocinio teológico: a S. Igreja é depositaría dos méritos de Cristo que frutificaram

nos méritos da Bem-aventurada Virgem Maria e dos Santos, constituindo o tcsouro da Igreja. Ora os Papas e Concilios julgaram oportuno, a partir do séc. IX, aplicar esses méritos em favor dos pecadores que so deviam submeter a rigorosas penitencias. A estes se dava a absolvigáo dos pecados após a confissáo de suas faltas. Quanto

as duras obras expiatorias que se impunham a tais penitentes, foram sendo substituidas (comutadas) por outras mais brandas, obras ás quais a S. Igreja associava diretamente os méritos

satisfatónos de Cristo; assim, em lugar de jejuns, podiam ser impostas oragóes; em vez de longa peregrinacáo, o pernoitar em um santuario; em vez de flagelacóes, urna esmola... Estas obras mais brandas, embora üvessem em si menos valor expia torio, eram, nao obstante, igualmente valiosas, pois a S. Igreja, num gesto de indulgencia, lhes anexava algo da expiagáo suma mente meritoria de Cristo. Foram chamadas «obras indulgen ciadas» (enriquecidas de indulgencias). A remissáo da pena temporal obtida pela prática de tais obras tomou o nome de «indulgencia». No séc. XI, os bispos comecaram a conceder indulgencias gerais, isto é, oferecidas a todos os fiéis, sem se exigir a inter-

vencáo direta de um sacerdote. Em outros termos: os bispos estipularam que, prestando tal ou tal obra, os fiéis poderiam obter, por especial aplicacáo dos méritos de Cristo, a remissáo da dura satisfacáo devida aos seus pecados já absolvidos. Compreende-se, porém, que tal remissáo ou indulgencia nao se lucrava de maneira mecánica; era sempre necessário que o peni tente, ao realizar a obra indulgenciada, tivesse em si as disposigóes interiores, ou seja, o horror ao pecado e o férvido amor a Deus que ele teria se fosse prestar urna quarenta ou mais de jejum e cilicio... Sem tais disposic5es, nao se ganharia a indulgencia almejada. — 524 —

1975 : ANO SANTO E JUBILEU

13

Verdade é que no fim da Idade Media a prática das indul gencias foi ofuscada pela exuberante piedade e a pobreza teo lógica dos fiéis e dos pregadores da época. Urna aparéncia de

automatismo e «contabilidade religiosa» fizeram que a instituí-

gao das indulgencias se tomasse objeto de críticas. Finalmente, após o Concilio do Vaticano II, o Papa Paulo VI em 1967 reafirmou o valor das indulgencias; quis, porém, por em relevo o sentido profundo e teológico das mesmas, reformulando a maneira de se lucrarem indulgencias; visou assim a excitar o espirito de contricüo e penitencia que deve animar a execugáo das obras indulgenciadas, ficando removida toda aparéncia de automatismo espiritual que outrora podía inspirar certos fiéis.

É por isto que a proclamagáo do Ano Santo de 1975 fica

anexa, como de costume, a concessáo de indulgencias especiáis. Estas nada tém de estranho para o homem moderno, desde que compreenda o significado e o espirito das mesmas. Sejam con sideradas como dom particularmente generoso da misericordia divina e como convite, feito ao cristáo, para conceber a contrigao de seus pecados e entrar, de maneira mais copiosa, em comunháo salvífica com os méritos de Cristo e dos Santos.

Vé-se assim que mesmo o cristáo de nossos días pode en contrar na praxe da peregrinacáo e das indulgencias, caracterís tica do Ano Santo, urna resposta ás suas aspiracóes religiosas. Basta que tais costumes de piedade tradidonais lhe sejam apresentados em auténtica luz, com todo o seu significado teológico. Alias, se os cristáos antigos e medievais deram tanta importan cia a tais práticas (principalmente ao peregrinar), nao é de crer que o tenham feito sem motivos. Também nao é de crer que a autentica vida crista e a genuína piedade só comecem cm nossos días, como se as geracóes de cristáos antepassados tivessem tido urna fé infantil, necessitada de se nutrir em prá ticas religiosas de dúbio e escasso valor. Urna vez propostas as razóes que justificam o jubileu ou o Ano Santo de 1975, incumbe-nos realgar o programa de espirituaJidade e de celebracóes que o S. Padre quis assinalar para

csse ano jubilar.

3.

Ano Santo : renovagao interior e reconciliarás

Duas sao as Iinhas do programa de espiritualidade proposto por S. Santidade para o Ano Santo: renovagáo e reconciliagáo. — 525 —

14


168/1973

Sao estas, alias, duas características do jubileu tal como é indi cado pela própria Biblia (cf. Lev 25); sao também os tragos típicos da penitencia crista.

3.1.

Renovajño

Sao palavras de Paulo VI na citada alocucáo de 9 de maio de 1973: "A concepcáo essencial do Ano Santo é a renovacfio Interior do ho mem: do 'homem que pensa c, ao pensar, ve que perdeu a certeza da ver-

dade;... do homem que trabalha e, ao trabaihar, se dá conta de se ter extrovertido a tal ponto que já nao conserva a posse bastante do próprio coloquio pessoal;... do homem que goza e se diverte e que desfruta em

lal grau os meios que excitam

a sua jubilosa experiencia, que chega a

sentir-se bem depressa entediado e deslludido por tudo isso. é necessárfo

reconstruir o homem; e Isso, a partir de dentro para fora. Fazer aqullo que o Evangelho denomina conversSo, penitencia ou entáo metanola. Trata-se de um processo de auto-renasclmento, simples como urna tomada de conscléncla o, ao mesmo tempo, complexo como um longo tirocinio peda gógico e reformador. £ um momento de graga; e esta habltualmente nao se recebe senáo de cabeca Inclinada.

E pensamos nSo estar em erro, ao

descobrir no homem de hoje urna Insatlsfacao profunda, urna sacledade luntamente com urna insuficiencia, urna infellcldade exasperada pelas falsas receitas de fellcidade, com as quals ele se senté Intoxicado, e. enflm, urna estupefacSo

pelo fato de nao poder gozar os mil

e um prazeres

que a

cMllzacSo Ihe proporciona com abundancia. Por outras palavras: o homem tem necessldade de urna renovacSo Interior, conforme o recente Concillo preconlzou.

Ora bem, é precisamente para essa renovacSo pessoal

e

Interior e,

conseqüentemente, sob alguns aspectos também exterior que se destina o Ano Santo" (cf. SEDOC n? 63, agosto 1973, col. 157).

O que chama a atengáo nestes dizeres de S. Santidade, é_o

interesse de propor a renovagáo dos cristSos como contribuicáo

para a reconstrucáo do homem de hoje. Sim; este é, muitas vezes,

— cético em relacáo á Verdade. Aceita as proposigóes das

ditas ciencias exatas, ¿aseadas em matemática e na experimen-

tagáo. Todavia fora deste setor é propenso ao relativismo,... relativismo que campeia na ética, na filosofía, no direito e ñas expressdes religiosas do homem contemporáneo;

—: dilacerado pelo trabalho. Vive sempre nao só fora de casa, mas também fora de si mesmo, de sua intimidade, de sorte — 526 —

1975 : ANO SANTO E JUBILEU

15

que nao se encontra mais com o seu próprio cu. Ora o homem que nao tem mais interioridade, silencio, recotiniento, arrisea-se a se tornar máquina, robó, joguete...;

— embriagado e também enfastiado pelas recreac5es (prin cipalmente as eróticas). Tantos e tais sao os meios de divertimento, que fácilmente empolgam o homem, mas fácilmente também o decepcionam e deixam vazio, desiludido. Frente a esta situagáo Paulo VI propóe urna renovacáo que parta do íntimo do homem para fora, ou seja, para os seus respectivos ambientes de familia, de trabalho, de recreagáo...

É dentro do homem que estáo as verdadeiras riquezas da per-

sonalidade (as riquezas do pensar, do querer, do amar, do auto

dominio, da purificagáo dos afetos...). Essas riquezas, urna vez descobertas e cultivadas, se irradiaráo para o contexto de vida da pessoa e o transformaráo.

Ora cabe, antes do mais, aos cristáos realizar essa obra de renovacáo interior, para que possam mostrar e comunicar aos seus semelhantes a alegría de haver encontrado nao somente

esta ou aquela faceta da Verdade, mas a Verdade (que é o pró prio Deus a falar pelo Evangelho);... a alegría de serem felizes por saberem donde vém, para onde váo, qual o sentido da vida humana, do trabalho aqui na térra, do sofrimento, etc. Aos

cristáos, que receberam gratuitamente o dom da fé, do batismo

e da Eucaristía, toca a ingente responsabilidade de nao enterrar esses talentos, mas desenvolvé-los em seu íntimo e em seus

ambientes a fim de que seus contemporáneos — cansados, céticos ou «intoxicados» — se possam interessar e entusiasmar pela vida crista e finalmente encontrar nesta também a sua resposta feliz e entusiasmadora.

É, pois, para favorecer aos cristáos e a todos os homens

a renovacáo interior que Paulo VI quis instituir a celebracáo do Ano Santo.

3.2.

Reconcilíaselo

Esta segunda nota da espiritualidade do jubileu de 1975 está muito próxima da anterior, como observa o S. Padre na mencionada audiencia de 9 de maio de 1973: — 527 —

■••PKKGUNTE E RESPONDEREMOS»

168/1973

"Renovacáo é a tdéia central garal do próximo Ano Santo, polarizada

numa outra idéia central particular e orientada para a prátlca: a reconciüa-

cáo.

... Temos necessidade de roslabelecor relacdes auténticas, vitáis « felizes, com Deus;... de ser reconciliados, na humildado o no amor, com Ele, a fim de que, por meio desta primordial e constitucional harmonía, todo o campo da nossa experiencia... se revista da urna virtude de reconciliacáo, na caridade e na Jusilca para com os homens, de modo a Ihes reconhecermos ¡mediatamente o titulo de irmfios... A reconclllagSo realiza rse também em outros pianos:... na própria comunidade eclesial, na sociedade, na política, no ecumenismo, na paz..." (cf. SEDOC n? 63, agosto 1973, cois. 157s).

Com tais palavras, Paulo VI tem em vista a dolorosa situa dlo da humanidade de nossos dias, dilacerada por odios e por desejos de vinganga, represalia..., embora muito aspire á paz. A Igreja se senté envolvida com todos os homens na procura de urna so.'ucáo para o impasse.

Essa solugáo, Ela a indica por etapas, a saber: a experien cia mostra que a paz entre os homens é impossivel se nao se I he dá urna fundamentado sólida,... fundamentaQáo que é a adesáo a Deus. Deve-se mesmo dizcr numa auténtica visáo crista; se os homens nao se entendem entre si, divididos por interesses egoísticos, isto se deve ao fato de que muitos e muitos romperam o seu relacionamento com Deus (a Biblia mostra

que o irmáo matou seu irmüo, logo depois de mostrar que os primeiros pais abandonaram a Deus; cf. Gen 1-4); o perdáo aos inimigos, a benevolencia para com estes e a justiga sincera nao podem brotar senáo num coragáo reconciliado com Deus; é o Senhor quem inspira e comunica aos homens o amor gene roso, forte como a morte (isto é, capaz de superar ofensas e

ingratidóes). É por isto que a procura de reconciliacüo e paz entre os homens está inseparavelmente associada á reconciliaCáo dos homens com Deus na programagáo do próximo Ano Santo. Assim a Igreja repete hoje com énfase especial as pala vras do Apostólo: «limaos, nos vos suplicamos em nome de Cristo: reconciliai-vos com Deus» (2 Cor 5,20). Dessa reconciliagáo proviráo frutos copiosos para toda a Igreja e para a sociedade civil em seus diversos setores. Vejamos agora sumariamente em que consistiráo as celebragoes do Ano Santo. — 528 —

1975: ANO SANTO E JUBILEU

4.

17

As celebrares do ¡ubileu

A fim de que o ano de 1975 seja realmente um ano de gracas para todos os homens, o S. Padre Paulo .VI quis dar inicio 'ás celebracóes do jubileu no domingo de Pentecostés, ou seja, aos 10 de junho de 1973; a partir dessa data, a S. Igreja já está vivendo um clima de ano jubilar. Toca ás Conferencias Episcopais ou aos bispos de cada país católico tragar normas para promover em cada diocese e paróquia a renovacáo da vida crista. O S. Padre deseja que nos próximos tempos haja em cada célula da Igreja no mundo inteiro

— a explicacáo das finalidades do Ano Santo;

— a pregacáo da Palavra de Deus que prepare os fiéis para atos penitenciáis, individuáis e comunitarios; — celebragóes litúrgicas apropriadas

para despertar nos

fiéis a consciéncia de sua comunháo com Cristo homens;

e com os

— peregrinag5es a igrejas e santuarios famosos em cada país do mundo, como que em preparacáo para a grande peregrinacáo final a Roma.

Essas diversas celebragóes deveráo abrir-se, na medida do possível, para os irmáos separados (protestantes e orientáis ortodoxos). Isto quer dizer: os fiéis católicos háo de procurar

unir-se aos outros cristáos numa orac.áo comum (sem Eucaris tía) em prol da reconciliagáo, como também em obras de colaboragáo em favor da sociedade (luta contra a fome, a nudez, a ignorancia...).

Mais: o S. Padre desoja que o Ano Santo tenha seu signi ficado para os homens que professam outras crencas religiosas

ou mesmo sejam indiferentes a Deus. Possam os fiéis católicos

empreender, juntamente com eles, iniciativas que tenham em mira a reconciliagáo das familias e dos grupos separados pelo odio e pela desconfianza!Os programas de renovacáo paroquial e diocesana seráo executados por todo o ano de 1974. Por fim, em 1975 seráo organizadas as peregrinacóes a Roma a partir das diversas partes do mundo católico. Nao se poderia deixar de Iembrar

— 529 —

18

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS»

168/1973

que essas viagens nao devem assumir caráter meramente turís tico ou ostensivo e luxuoso, pois entáo já nao seriam animadas do espirito de penitencia próprio das peregrinacóes. É outrossim para desejar que a oportunidade de peregrinar nao seja

privilegio apenas de urna élite de fiéis; ao contrario, seria con veniente que os mais aquinhoados (pessoas ou grupos) se interessassem pelos seus irmáos menos favorecidos económicamen te, a fim de que também estes, dentro do espirito de pobreza, penitencia e oracáo, possam entrar em contato com os lugares santos de Roma. Na Cidade Eterna, além dos túmulos dos mártires, merece carinhosa visita a pessoa do S. Padre Paulo VI. O Papa é, para os fiéis católicos, o símbolo e o fator visivel da unidade da Igreja; a sua missáo dura e espinhosa tem-se tornado cada vez mais pesada em conseqüéncia da con-

testacáo que procede das correntes extremistas da Igreja. Nao' é possível, porém, ser cristáo sem «sentir com a Igreja» e, conseqüentemente, com o Papa, na medida em que o Sumo Pontífice é o porta-voz da Igreja inteira e do Cristo Jesús. O

Ano Santo proporcionará aos fiéis católicos a oportunidade de reavivarem em si a consciéncia da funcáo imprescindível do S. Padre e a nogáo de fidelidade filial ao Sumo Pontífice.

Em 1975 também se completaráo dez anos de encerramento do Concilio do Vaticano II. Possam entáo ser de novo modo enfatizados os apelos do Concilio á conversáo e á renovacáo interior! Se o Concilio se tornou ocasiáo de confusóes e desordens na Igreja, isto se deve ao fato de que muitos o entenderam

superficialmente, assumindo atitudes de reformismo desenfreado ou de conservadorismo obcecado, sem levar em conta que a linha-mestra dos documentos do Concilio é um apelo caloroso á conversáo interior e á fidelidade ao Evangelho. Quem se compenetrar praticamente desta verdade, contribuirá podero samente para amainar a presente crise da Igreja. — Ora é a isto que tende a instituicáo do Ano Santo ou jubilar de 1975. Nos fascículos de SEOOC (ed. Vozes), a partir do mes de agosto 1973 (vol. 6, n? 63), encontram-se os documentos da Santa Sé concernentes ao próximo Ano Santo.

CORRESPONDENCIA MIODA CONSTANTE LEITOR (Belo Horizonte): Recebemos o Boletim que nos enviou. O assunto se prende á tese da ressurreicáo logo após a morte. A propósito veja PR 138/1971, pp. 247-258; 156/1972, pp. 542-556.

— 530 —

Aínda a ICAB:

"canonizacáo" do padre cicero Em síntose: O Pe. Cicero RomSo Batista (1844-1934) exerceu seu mi

nisterio sacerdotal em Juazelro (CE), auxiliando o povo fiel de todo o NE na solucáo de problemas espirituais e temporals; tornou-se asslm extrema mente caro á gente simples e religiosa daquela regISo. Todavía veriflcaram-se na vida do Padrim Cisso (asslm era chamado pelo povo) fatos eetranhos: atribulam-se-lhe milagres, era lido como urna das pessoas da SS.

Trindade, num ambiente de fanatismo, que o Pe. Cicero (presumidamente, de boa fé) contribuía para aumentar. As autoridades eclesiásticas suspen de ram de ordens o "taumaturgo"; este foi a Roma prestar contas de sua conduta... Envolveu-se também na política cearense, chegando a mover o povo a urna sedigáo armada contra o Governo do Estado — atitude esta

que parece ter sido inspirada ao padre por amigos que o exploraram politi camente. povo

Finalmente morreu aos 90 anos,

delxando fama de Messlas

no

cearense.

Ora a dita "Igreja Brasllelra" canonlzou em julho pp. o Pe. Cicero RomSo Batista, Isto é, declarou-o santo. Este ato merece a reprovacSo da oplnlao pública a varios títulos: trata-se de fmltagSo de um ato típico da Igreja Católica Apostólica Romana; por conseguinte, vem a ser mals um dos numerosos plagios que a ICAB tem realizado para Iludir o povo simples do Brasil. Reveste-se também de um cunho de demagogia, pols a figura do Pe. Cicero é dlscutlvel do ponto de vista da sanldade mental; o seu

comportamento, propenso ao fanatismo, tem traeos patológicos. —Ademáis a canonlzacáo do Pe. Cicero pela ICAB vem a ser a condenacáo da pró-

prla ICAB, pols o Pe.

Cicero, em seu testamento, exortou todos os ro-

melros e fiéis a que segulssem fielmente a Igreja Católica Romana, da qual ele mesmo quería ser membro. Donde se vé que venerar o Pe. Cicero significa aderir á única Igreja de Cristo, que está fundada vlslvelmente sobre Pedro e seus sucessores. Em suma, a "canonizacáo" do Pe. Cicero fe re nSo somonte os senti-

mentos católicos do povo brasllelro, mas também as fibras de honestldade e lealdade que existem em todo hometn de bem.

Comentario: Chamou a atengáo do púbico a apregoada «canonizaqáo» do Pe. Cicero Romáo Batista (dito popularmen te Padre Cisso ou também Meu Padrim ou Padim), que a cha mada «Igreja Católica Apostólica Brasileira» (ICAB) levou a efeito no comego de julho pp., por ocasiáo de um Concilio

plenário brasiliano.

A fim de propiciar clareza sobre o ambiguo assunto, pro

curaremos abaixo trabar um esbogo biográfico-psicológico do — 531 —

20

«tPERGUNTE E RESPONDEREMOS*

1G8/1073

Pe. Cicero (1844-1934). Ao que se seguiráo algumas nogóos atinentes á canonizagáo dos santos e urna análise do gesto da ICAB.

1. 1.1.

Quem era «Meu Padim» ?

Trajos biográficos

1. O Padre Cicero Romáo Batista nasceu em 1844 na cidade do Crato (CE). Tendo ingressado no Seminario, chamou a atengáo dos Superiores pelas suas atitudes singulares, de tal

modo que o Reitor do estabelecimento,

em Fortaleza, Padre

Pedro Chevalier, levantou dúvidas sobre a conveniencia de se lhe conferirem as Ordens sacras. Todavía o bispo do Ceará, D. Luís dos Santos, julgou que o «misticismo» do candidato

nao seria entrave para a sua acáo missionária; em conseqüéncia, o diácono Cicero Romáo Batista recebeu o presbiterado no ano de 1870. Tendo sido enviado para servir no Crato, sua térra natal,

o Pe. Cicero comegou ardoroso trabalho de evangelizagáo na fazenda do Juazeiro, a tres leguas daquela cidade. Os habitan tes dessa pequeña vila, que nao contava mais do que cinqüenta palhogas, em breve se afeigoaram ao seu Cura, que passou a exercer notavel influencia sobre tal populagáo; o padre entáo desenvolveu agáo benfazeja em prol dos seus fiéis simples e rudes.

Sobrevieram os calamitosos anos da seca de 1877-1879 — o que deu ocasiáo a que o sacerdote mais exercesse seu zelo missionário: atribui-se-lhe a iniciativa do plantío da mandioca c da manicoba na Serra do Araripe, além de construgáo de pogos e pequeños agudes. O Padre Cicero se esmerava tarn-

bém em dar conselhos o ensinamentos ao povo que repetida mente o procurava para lhe expor as suas afligóes; assim praticava ele urna paternidade espiritual, que passou a se exprimir

no apelativo «padrinho» ou «meu padrinho» ou ainda «padrim» com que o povo designava o sacerdote. Muitos dos conselhos do «padrinho» passaram de geragáo a geragáo no NE sob forma de proverbios, dentre os quais se podem citar os seguintes: «Carne de sexta-feira é muito ruim de se comer. Mas é melhor comer

carne na sexta-feira do que falar com amancebado»; «A pessoa

que bebe muito, é urna raposa no inferno»; «Se quiser viver — 532 —

DO PADRE CICERO

21

nestes lugares, no santo Juazeiro, se quiser trazer urna carga de dinheiro, traga urna mochila de paciencia, que será melhor». 2. Em junho de 1890, deram-se no Juazeiro fatos estranhos, que contribuiram para aumentar a autoridade e a fama do Pe. Cicero. Com efeito, Maria de Araujo, depois de receber a S. Comunháo das máos do Pe. Cicero, no dia 11/71/1890,

caiu convulsionada por térra. Os fiéis que a socorreram, verifícaram que um fio de sangue Ihe escorria da boca entreaberta; esse sangue foi tido como o sangue mesmo de Cristo. O pre sumido milagre se repetiu por ocasiáo do sucessivas comunhóes de Maria de Araujo. Propagou-so entáo pelos arredores a noti cia de tais acontecimentos, até mesmo com pormenores fantasistas ou exagerados. Milhares de devotos, atraídos pelo maravilhoso, se deslocaram para o Juazeiro, certos de que o Pe. Cicero era um carismático ou um novo Messias; com o tempo,

houve mesmo quem o identificasse com urna pessoa da SS.

Trindade, como atesta o refráo que o povo repetía insistente mente: "Nao tenho capaeldade Mas sei que nfio digo a toa:

Padre Cipo é urna pessoa Da Santíssima Trindade".

Muitos outros mil agres eram atribuidos ao poder tauma turgo de Pe. Cicero: assim o apressar a chuva que tardava, a repressáo de invernó demasiado copioso, a cura de paralíticos, maniacos, enfeiticados...

Quanto ao caso de Maria de Araujo, em cuja boca a hostia consagrada «sangrava», foi investigado por urna comissáo de sacerdotes e médicos nomeada pelo bispo do Ceará D. Joaquim Vieira. Num primeiro laudo, tal comissáo concluiu seu exame dizendo que o fenómeno nao podia ter explicacáo natural e de-

via ser tido como «realmente milagroso». Um dos médicos chegou mesmo a declarar em atestado escrito «que o sangue em que a hostia se transformava nao podia deixar de ser se-

náo o sangue de Nosso Senhor Jesús Cristo». Todavía o Sr. bispo D. Joaquim Vieira, suspeitando de tal parecer, mandou proceder a novas investigacóes, ao término das quais a comis sáo se retratou: averigüou-se que Maria de Araujo, antes de comungar, colocava na boca urna cápsula cheia de sangue de galinha, cápsula que ela premia entre os dentes depois de co mungar, de modo a fazer jorrar o sangue. A conclusáo que de — 533 —

22

tPERGUNTE E RESPONDEREMOS»

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imediato se tirava do fato, era que o próprio sangue de Cristo assim se manifestava aos homens!...

O Pe. Cicero nao se furtava a receitar em favor dos en fermos que o fossem procurar em busca de alivio: prescrevia

cha de angélica, purga de salapa, infusáo de pepa conha e outros meios caseiros, que, segundo se dizia, eram eficazes para proporcionar a cura ao enfermo.

3. Aconteceu aínda em Juazeiro o rumoroso caso do «boi santo». Com efeito, certa vez deram ao Pe. Cicero um garrote mestigado de zebú, em retribuicáo de um milagre ou

receita do Padrim. Sendo um animal de raga, o Pe. Cicero entregou-o a um dos homens de sua confianga — José Lourenco —, para que o criasse. Um dia, porém, um dos amigos e

eompanheiros de Zé Lourengo fez a promessa de oferecer ao boi do Padrinho um tenro feixe de capim, da melhor qualidade, caso fosse atendido em scus apuros. Urna vez alcancacla a graga, o devoto viu-se obrigado a cumprir o prometido. Todavía, dada a intensa seca da época, nao havia no local senáo gravetos ressequidos ou a rama amarelada das juremas em agonía. Ora deixar de cumprir a pro messa equivalía a incorrer em castigo, castigo com que o Pa

drinho onipotente fulminava os maus (segundo a interpretacáo

do povo). Por isto o fiel devoto resolveu ir roubar a forragem a alguns quilómetros de distancia em um pasto fechado numa várzea sempre fresca. Eis, porém, que, ao apresentar ao boi o capim roubado, notou que o animal o rejeitava com mugidos nao habituáis. O devoto entáo atirou-se aos pés do animal e pós-se a suplicar: «Misericordia, meu Padrim! Misericordia! Eu roubei, mas nao roubo mais ! Misericordia !» Diante do fato, Lourengo, o guarda do boi, concluiu que se tratava de milagre operado pelo boi. Em desagravo ao Padrinho, os fiéis rezaram urna novena em presenta do animal. Daí por diante, numerosos foram os milagres que a piedade popular passou a atribuir ao «boi santo». Poucos dias depois do ocorrido, o boi ruminava diante de manjedoura florida, com rosarios de tucum pendentes ao pescogo, e bentinhos e lagarotes ñas aspas. Muitos romeiros, logo depois de haver saudado o Padrinho, iam procurar o ani mal na ansia de o ver ou mesmo de cumprir urna promessa:

ofereciam-lhe erva fresca, mingaus, papas, bolos... Um frag mento dos chifres ou dos cascos do animal (o que só podia ser comprado a elevado

prego)

punha

_ 534 —

fora

de

perigo qualquer

tCANONIZACAO DO PADRE CICERO

23

pessoa que, atacada de quebranto, «espinhela calda» ou «bouba de legitima», o trouxcsse ao pescoco (dizia o vozerio popular). Impressionado pelos acontecimentos, o Dr. Floro Bartolomeu, chefe político do Juazeiro, resolveu mandar por fim a esse culto do animal. Mas Zé Lourenco e muitos fiéis se revoltaram contra tal ordem. Em conseqüéncia, o guarda do boi foi encarcerado com alguns de seus companheiros, e o boi foi imolado em frente á própria cadeia, entre lamentagóes e lágri mas copiosas dos romeiros inconsoláveis.

4. Compreende-se que, em vista dos acontecimentos do Juazeiro, as autoridades eclesiásticas tenham chamado a atencao do Padre Cicero, que, renitente, foi finalmente suspenso de ordens e chamado a Roma para se justificar. De regresso ao Juazeiro, o Padrinho continuou a exercer a lideranga religiosa — e também política — na sua regiáo, por própria iniciativa e á revelia dos Superiores eclesiásticos. Um médico baiano, Dr. Floro Bartolomeu da Costa, em 1908 apareceu no Juazeiro, acossado por inimigos (segundo se

dizia). Acolhido em casa do padre, tornou-se o seu homem de confianga. O Dr. Floro, assim favorecido, compreendeu as vantagens que poderia tirar da situagáo. Pós-se a exercer intensa atividade política, servindo-se do nome do Padre, que seria o instrumento dócil das maquinacóes do Dr. Floro.

Em 1911, os dois líderes obtiveram a criagáo do municipio de Juazeiro, onde o Pe. Cicero assumiu o lugar de prefeito. O Dr. Floro conseguiu um lugar na Cámara Federal pelo Ceará, e tornou-se ardoroso defensor do Padre, a quem chamava «santo».

5. Em 1913, o Pe. Cicero, incitado pelo Dr. Floro e outros espertalhóes, induziu o povo a pegar em armas contra o Governo do Ceará, que passara das máos da familia Accioly para as do Govemador Franco Rabelo. Aos 9 de dezembro de 3913, o Padrim depós as autoridades constituidas de sua povoacáo e desarmou o pequeño contingente da Forga Pública ai destacada. Logo deu posse ao novo Govemador do Estado, que seria o Dr. Floro Bartolomeu da Costa. Este nomeou os Se cretarios de seu Gabinete e transferiu a sede do Governo de Fortaleza para o Juazeiro, e pós-se a baixar decretos, que eram comunicados ao público por telégrafo. O legítimo Governo do — 535 —

2-i

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS^

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Estado reagiu, enviando urna expedigáo militar a rugiüo rebel de. Todavía os sequazes do Pe. Cicero resistiram dentro das trinchen-as que cercavam a cidado do Juazeiro. Acreditavam os devotos que quem morresse pelo Padrinho, onde quer que fosse, ressuscitaria perfeito e sao no Juazeiro mesmo; contaram-sü até casos que pareciam comprovar cssa crenga. Os re volucionarios puseram-se em marcha sobre Fortaleza, depre dando o saqueando cidades c aldeias, como Quixeramobim, Quixadá, Baturité, Redengáo... Estabeleceram seu Quartel-Gcneral em Maranguape, cortando as comunicagóes entre a capital e o interior do Estado. Em conseqüéncia, aos 4 de marco de 1914 foi decretado o estado de sitio em todo o Ceará e deu-se intervengáo federal no Estado sob o comando do Co ronel Fernando Setembrino de Carvalho. G. Da sedicáo decorreram numerosos males para o Esta do, entre os quais a afluencia de cangaceiros para o Juazeiro: Virgolino Ferreira da Silva, por exemplo, encontrou refugio nesla cidade, depois de ter declarado guerra oficial aos Governos da Paraiba e de Pernambuco.

O jornal «O Ceará», diario de Fortaleza, mandou perguntar ao Pe. Cicero por que nao mandava repelir ou prender ^Lampiño», pois que tinha á sua disposigáo oitocentos homens armados do batalháo patriótico. Ao que respondeu o Padrim: "Nao, meu amiguinho! Lampiáo procurou o Juazeiro com intuitos pa trióticos; ele pretende se alistar ñas (oreas legáis para dar combate aos revoltosos. Urna vez vltorloso, espera que o governo Irte perdoe os crlmes.

Este homem, que velo ao Juazeiro confiando em mlnha protecáo, pretende se regenerar. Se n§o for posslvel alistá-io ñas torgas legáis, eu o encaminharcl para Goles, onde levará vida honesta, como já flz com Slnho Perelra e Luis Padre. Está mals ou menos demonstrado que os Governos de Per nambuco e Paraiba nSo conseguírflo prender Lampiio, entregando seu ban do á Justlca. O povo é sempre prejudicado nestas coisas: é vltlma de Lam piáo e, multas vezes, da policía também... Este estado de coisas pode ser modificado fácilmente: eu consigo que LampISo se vá embora para muito longe e asslm (loaremos livres deles.

Porém, mandar prendé-Io aquí em Juazeiro nestas circunstancias?! Era

um ato de revoltante tralefio. indigno de qualquer homem, quanto mals de um sacerdote católico.

Eu prevejo que muita gente agora, e principalmente meus desafetos, vao dizer que estou mancomunado com LampISo: mas nao é tal. Aquí no

Juazeiro eu recebo todas as pessoas que me procuram é (Ico satisfello em

prestar asslstfincla a um transvlado da sociedade, procurando gulá-lo no bom caminho" (transcrito do llvro de Lourengo Fllho "Juazeiro do Padre Cicero", p. 144. n. 68).

— 536 —

aCANONIZACAO> DO PADRE CiCERO

25

O Pe. Cicero viveu noventa anos, deixando um belo testa mento, em que professava fidelidade & S. Igreja Católica Apos tólica Romana, justificava seu comportamento e doava seus

bens a obras caritativas. 1.2.

Que pensar?

Os julgamentos proferidos sobre o Padre Cicero tém sido

os mais contraditórios possíveis.

É sabido que o povo sertanejo

do Nordeste

o declarou

santo ou mesmo divino, em atitudes mescladas de crcndices e superstigóes. Inegavelmente, o Pe. Cicero fez bem a muita

gente; promoveu seus interesses moráis e humanos, mercccndo o apreco dos fiéis. Também foi exaltado por intelectuais, como o Deputado Floro Bartolomeu da Costa, que obteve urna cadeira na Cámara Federal por prestigio do Padre.

Outros pensadores, porétn, recriminam severamente o Pa-

drim, atribuindo-lhe

sentimentos

e atitudes

merecedores

de

reprovacáo. Entre as duas opinióes extremadas, muitas outras foram proferidas, ora positivas, ora contrarias ao Padrim.

Na verdade, nao se podem ignorar boas intengóes e valio sas realizagóes na pessoa e na vida do Pe. Cicero Romáo Ba tista. Teve zelo missionário e, justamente por causa desse zelo, conquistou a simpatía e a estima do povo. Mas parece que nao se.podem negar no Padrim traeos de aberragáo mental, mito-,

manía e megalomanía. Só Deus pode julgar as consciéncias e definir até que ponto o Pe. Cicero era guiado por sincero zelo sacerdotal, e desde quando os desvíos mentáis o impulsionavam a agir. Terá sido envolvido talvez em círculo vicioso: já pro penso a atitudes pouco normáis ou fanáticas, o padre passou

a viver, como lider, em meio a um povo ignorante, tendente ao

fanatismo obcecado; em conseqüéncia, o padre empolgou ou fanatizou aquela gente simples e foi por essa gente cada vez mais obcecado e fanatizado; era difícil a quem quer que fosse, deter a bola de nevé dos acontecimentos estranhos que se iam

acumulando na vida do Padre Cicero e dos seus admiradores.

Quanto ao foro externo ou ao comportamento visível do Pe. Cicero, nao há dúvida de que nao é modelo, mas, antes,

26

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 168/1973

merece nítida reprovagáo. A insubordinagáo dentro da Igreja e a sedigáo armada por motivos partidarios e politiqueiros nao se justificam; antes, constituem prototipos do que nao se deve imitar.

Ora foi o Padre Cicero Romáo Batista, do Juazeiro, que a ICAB canonizou em julho pp. Vejamos, pois, o que é canonizasao, na acepgáo precisa ou técnica deste vocábulo.

2.

Ganonizasao : que é ?

A palavra canonizagao vem de kánoa (catálogo, em grego) e significa etimológicamente o ato de colocar a!guém no canon ou no catálogo (dos Santos). Quando a Igreja canoniza um fiel cristáo, declara que ele levou vida santa e pode ser tido como modelo para todos os seus irmáos em Cristo. Nos primeiros sáculos, a proclamagáo de santidade de um cristáo era feita espontáneamente pelo povo de Deus. A comunidade que houvesse convivido com tal ou tal irmáo marca do por heroicas virtudes ou pelo martirio, reconhecia a santi dade do mesmo e comegava a venera 4o após a morte.

Contudo as autoridades eclesiásticas velavam para que somente os auténticos homens de Deus fossem venerados pelo povo cristáo; pessoas idóneas eram encarregadas pe'os bispos de consignar por escrito o que se dizia a respeito das virtudes de tal justo e dos milagros obtidos por sua interccssáo. Diver sos Concilios da antigüidade e do inicio da Idade Media tiveram que proibir o culto público prestado a servos de Deus antes que a autoridade eclesiástica se tivesse oficialmente pronuncia do a seu respeito; também promulgaram cánones que mandavam cancelar das listas dos Santos nomes ai prematuramente inseridos pelo fervor popular. Tal estado de coisas se prolongou até o séc. XII... Nesta época sabe-se que os Papas Urbano II (t 1124) e Eugenio III (t 1153) repetidamente recomendaran! que as virtudes e os milagres dos justos que pareciam dignos de ser inscritos no ca

tálogo dos santos, fossem examinados de preferencia em con cilios, e principalmente em concilios gerais. Esta exortagáo é bastante significativa: supóe que a piedade dos fiéis crlstáos se deixara nao raro engañar por virtudes mais aparentes do que — 538 —

«CANONIZACAO» DO PADRE CICERO

27

reais e que os bispos nao sempre davam conta da tarefa de se informar diligentemente a respeito das qualidades e dos milagres atribuidos a tal ou tal cristáo falecido. A Santa Sé era conseqüentemente obrigada a nao ficar mais na atitude de aprovagáo tácita ao culto dos Santos; mais e mais ela, de entáo

por diante, tendería a reservar ao seu supremo juizo a palavra definitiva em assunto táo importante. Aos poucos foi-se elaborando na Igreja urna Iegislagáo me

ticulosa concernente á canonizagáo dos Santos; esta supóe, hoje

em dia, um processo que consta de tres etapas : a)

o exame da

vida e dos atos da pessoa

que morreu

com fama de santidade. É preciso comprovar a heroicidade das virtudes respectivas, apesar das objegóes que lhes possa fazer

o chamado «Advogado do Diabo»;

b) o exame dos escritos (cartas, notas pessoais, livros de espiritualidade ou teología) que tal pessoa haja redigido. Requer-se que tenha nutrido urna fé sadia, isenta de deturpagóes; c)

a realizagáo de milagres auténticos obtidos por inter-

cessáo do (a) servo (a) de Deus em favor de seus irmáos. A S. Igreja nao faz questáo de apregoar milagres; mas reconhece que Deus os pode efetuar a pedido de seus fiéis, a fim de lhes testemunhar mais vivamente urna verdade ou mensagem de terminada. Caso alguém declare ter sido beneficiado milagro samente por algum Santo, a Igreja submete o apregoado por tento ao exame de médicos e dentistas e, somente após verificar que nao há explioagáo natural para o fato, Ela reconhece, no

caso, a intervengáo do Senhor, que assim quis atestar aos ho-

mens na térra a santidade do (a) servo (a) de Deus por cuja Lntercessáo se obteve o milagre.

3.

Padre Cicero e «canonizacao» pela ICAB

A respeito da atitude da ICAB em relagáo ao Pe. Cicero

Romáo Batista, podemos propor tres observares :

1) Em primeiro lugar, nao se pode deixar de sublinhar que a chamada «Igreja Brasileira» nao é a Igreja de Cristo. Este fundou urna única Igreja, que só pode ser aquela que passou pe.'os Apostólos de geragáo em geragáo até nossos dias, — 539 _

28

«PERPUNTE E RESPONDEREMOS»

168/1973

sem sofrer interrupcáo ou hiato e sem recomego humano. Ora a Igreja BrasUeira nao existia antes de D. Carlos Duarte, ex-bispo de Maura, que deu inicio á ICAB em 6 de julho de 1945; o fundador dessa Igreja é o infeliz D. Carlos, e nao Jesús Cris to; por conseguinte, a ICAB, criada pelos homens, nao tem autoridade para declarar em nome de Deus a santidade de algum cristáo.

O que a ICAB tem procurado constantemente, é confundir-se com a Igreja Católica fundada por Cristo, usurpando para tanto insignias e cerimónias do Catolicismo. A «canonizagáo» do Pe. Cicero é mais um dos atos que a ICAB copia do Cato licismo a fim de explorar a credulidade do povo brasileiro.

2) «Canonizando» (embora sem autoridade) o Pe. Cicero, a ICAB lavrou a sua própria condenagáo, pois o Pe. Cicero em seu testamento se dirigiu a todos os amigos nestes termos: "Insistlndo, peso, como sempre aconselhel, que (os moradores desta nossa térra, Juazelro) sejam bons e honestos, trabajadores e crentes, amigos uro dos outros e obedientes e respeltadores ás lels e autoridades civls e da Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana, no selo da qual táo somente pode haver felicldade e salvacfio,... obedientes e respeltadore6 ás leis e autoridades clvls e da Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana,

no selo da qual t9o somente podemos encontrar felicldade e salvagáo. Estes conselhos, que sempre del em mirtha vida, nflo me canso de repetl-los aquí, para que depois da mlnha morte bem gravados fiquem na lembranca deste povo, cuja felicldade e salvacSo sempre foram objetos da mlnha

malor preocupacfio" (extraído do citado livro de Lourenco Fllho, p. 197).

Como se vé, o Pe. Cicero repudiava qualquer divisáo entre

os cristáos o incitava-os a permanecer fiéis á S. Igreja Católica,

cujo Chefe visivel é o Papa. Donde se vé que cultuar o Pe. Cicero implica necessariamente adesáo á Igreja Católica Apos tólica Romana e abandono decidido de qualquer cisma, que o Pe. Cicero nunca reconheceria e aceitaría. — Parece que a ICAB teria sido mais prudente se nao houvesse tocado no nome do Pe. Cicero, que já de antemáo a rejeitou. Alias, os fatos sugerem a pergunta: será que os líderes da ICAB examinaram cuidadosamente os atos e os escritos do Pe. Cicero, para proce der a urna canonizagáo crlteriosa c ponderada? Nao se tem a impressáo de que foi o desejo de captar a simpatía do povo simples do Nordeste que os levou a tal «canonizacáo» precipi tada e inoportuna para a própria ICAB? 3) Além do mais, como se depreende da primeira parle

deste artigo, a vida do Pe. Cicero está envolvida em fatos ambi— 540 —

^CANONIZACACb DO PADRE CtCERO

2?

guos, ou seja, fatos inspirados nao só por fé, mas também por estados psicopatológicos. Com esta observacáo, nao tencionamos julgar a consciéncia do Padim, que podía estar de boa fé sob o efeito do desequilibrio psíquico, num clima de fanatismo ali mentado pela ignorancia dos pequeños c a esperteza dos maio-

rais da térra. Temos em vista, porém, lembrar que as atitudes

do Pe. Cicero nao sao modelo incontestável que se possa apresentar ao povo de Deus como ideal ou prototipo de vida crista e de santidade. Este artigo Já eslava redigldo quando um leile* amigo nos cbamou a atencáo para InterpretecSes mala b«névo(a« doe fenómenos exVaordinárlos ocorrldos em torno do Padre Cicero e, da modo especial, na peseoa da María de Arau)o. Esta terla sido urna autentica crista agradada por dons de elevada vida mística Tal parece ser, entre outras, a tese do Pe. Azarias Sobreira, citado na bibliografía abalxo.

Ora, apos haver ponderado quanto o Padre Azarias escreve, devemo» dizer que sua exposl(lo favorável á gemilnidade doa referidos fenómenos 6 pouco convincente. O Ilustre escritor é Uto fiel a realidade histórica que, atreves de suas llnhaa, se depreendem exageras » atitudes slmptórlaa, s» nao doenlias, no Patriarca do Juazelro e em seua admiradores de outrora.

Em conaeqtlencla, |ulgamos mala urna vez nao poder dar crédito aos fenó menos "misttcoa" do Juazelro do Padre Cicero.

Esta obaeryaefio nao significa necessariamente falha moral no Patriarca e em seus devotos. O fervor mal orientado, unido a desequilibrios psico

lógicos, pode ter dado origem a tala fenómenos extraordinarios. Somonte Deas sabe até que ponto o Padre Cícera era responsivo! por' seus atoa e a partir de que ponto era vftbna da obcecacio palcopatológJca. Em todo e qualquer caso, a eua eonsslincla parece ter procedido sempre com boa fé e reta Intencio. Bibliografía:

M. B.

data.

Pe.

Lourengo Filho, "Juazelro do Padre Cicero".

Azarias Sobreira "O Patriarca de Juazeiro".

S9o Paulo, sem

Juázeiro 1969.

Floro Bartolomeu, "Joazelro e o Padre Cicero". Rio de Janeiro 1923.

E. Hoornaert, "A distlncSo entre Leí e Roligiáo no Nordeste", em REB 19 (1969), pp. 580-606. Notas do Secretárlo-Gera! da Conferencia Nacional dos Blepos do Brasil e do Arcebispo-Primaz publicadas em "Lar Católico" de 29/Vil/73, p. 1.

— 541 —

Ecos da recente historia de Israel:

o templo de salomáo será reconstruido? Em sfntese: O Templo de Jerusalém, construido pela primelra vez por Salomáo (séc. Xa. C), reconstruido no séc. VI a. C, após a destruicfio provocada por Nabucodonosor da Babilonia, fol finalmente arrasado pelos

romanos em 70 d. C. É o único lugar em que a Leí permite e prescreve sejam oferecldos os sacrificios rltuais de Israel. Fora do Templo, os judeus só tem o culto de lelturas e preces em suas sinagogas, mas nSo oferecem os sacrificios previstos pela Leí de Moisés.

Sobre o lugar do Templo destruido, os muculmanos construíram no séc. Vil a bela e suntuosa mesquita de Ornar, que ó um dos principáis santuarios do Islamismo, até hoje altamente venerado e visitado pelos muculmanos.

Mesmo após a destruicfio do segundo Templo em 70 d. C, os Israe litas sempre asplraram é reconstrucfio do mesmo, pola o Templo de Jeru

salém é, para a piedade Judaica, o slnal sensfve! da em meló ao seu povo.

presenca

de

Deus

Até 1948, tal aspIracSo parecía vfi ou utópica. Tornou-se, porém, objeto de reflexáo mais seria quando o Sionismo conseguiu fundar o moderno Esta do de Israel na Palestina; principalmente após 1967, quando fol unificada

a Cidade Santa em mSos dos judeus, a questSo da reconstrucfio do Templo e da restaurado dos sacrificios se tornou presente aos espirites dos Israelitas.

Oíante da quastfio, dlstlnguem-se as posIcSes extremistas dos que absolutamente nSo se Importam com tal problema, e a dos que porlam mfios sem demora á tárela de reconstrucSo. A malorla, porém, dos judeus,

mesmo entre os ortodoxos e pledosos, detém-se em atitude hesitante, moti vada por cinco razóes principáis: 1) nfio há mais dados precisos sobre a localIzacflo exata do antigo Templo; 2) o ritual de sacrlffcios, ao menos em parte, jé é desconhecido ou sujelto a dú vidas; 3) nave ría serlas diflculdades para observar tal ritual em nossos dias; 4) a mentatldade moderna é avessa ao culto tradicional dos sacrificios; 5) nSo seria fácil descobrli hoje em día quals os genulnos descendentes do sacerdote AarSo, únicos ministros legítimos dos sacrificios prescritos pela Leí. Ponderando estas dlflculdades, há judeus que se mantém na expecta tiva de que o Senhor manifesté mais claramente a sua vontade. Outros dizem que o próprio Deus se encarregará de reconstruir o Templo, pondo ssslm o termo final á historia do mundo.

Comentario: Sábese que, para os judeus, o Templo de Jerusalém até 70 d. C. era simultáneamente a Casa de Deus, o símbolo da fé monoteísta e o centro da vida religiosa e na— 542 —

O TEMPLO DE SALOMAO SERA RECONSTRUIDO?

31

cional. Só havia um Templo legitimo, e só podia haver um: o que o próprio Deus mandara construir na Cidade Santa, sobre a colina de Siáo. O reino cismático do Norte, no séc. Xa. C, ergueu um Templo ilegítimo em Betel; cf. 1 Rs 12, 26-32. O mesmo fizeram os samaritaños sobre o monte Garizim; cf. Jo 4, 20. Sabe-se ainda que respectivamente em Elefantina e Leontópolis no Egito dois Templos foram construidos pelos judeus da Diáspora, contradizendo aos principios da ortodoxia israelita. A Lei de Moisés prescrevia que no Templo de Jerusalém — e somente ali — se deviam oferecer os diversos sacrificios de vegetáis e animáis prescritos pelo Ritual israelita. Fora do Templo, principalmente na Diáspora, os judeus se reuniam e reunem em sinagogas, que sao lugares de leituras, oragóes, can tos, nao, porém, de sacrificios rituais. As sinagogas existem no mundo inteiro; todavía o Templo de Jerusalém já nao subsiste, ficando assim o povo de Israel impossibilitado de cumprir os preceitos litúrgicos da Lei de Moisés. Enquanto Jerusalém era

ocupada por nagóes nao judias, compreende-se que os judeus nao se pusessem concretamente a questáo da reconstrugáo do Templo da Cidade Santa. Eis, porém, que a partir de 1967 toda a cidade de Jerusalém está em máos de Israel. É o que torna

atual a questáo da possibilidade de se reconstruir o Templo do Senhor em Jerusalém. Esta reconstrugáo, caso se dé, que sig nificado terá para os judeus?... e para os cristáos? — Exa minaremos o assunto, propondo primeiramente os termos exa-

tos do problema, para depois analisar o pensamento dos judeus contemporáneos nossos a respeito.

1. 1.

O problema

As origens do Templo de Jerusalém datam dos tempos

áureos da monarquía israelita. O rei Davi, no séc. Xa. C,

tendo tomado a fortaleza Jebus para ali estabelecer a capital do seu reino com o nome de Jerusalém, tencionou construir ai

um Templo para o Senhor, segundo as prescricóes da Lei de Moisés; todavía o Senhor lhe deu a saber que nao ele, o rei belicoso, mas seu filho Salomáo, o Pacífico, seria o construtor da Casa do Senhor em Jerusalém; cf. 1 Crón 28,2-21; 2 Sam 7, 1-17.

Salomáo

construiu o Templo e o dedicou

ao Senhor em

960 a. C. com grande solenidade; cf. 1 Rs 6-8; 2 Crón 3-4.

Todavía em 587 Nabucodonosor, rei da Babilonia, arrasou Je._ 543 —

32

^PERGUNTli E RESPONDEREMOS*

1G8/1973

rusalém e seu Templo, exilando a populagáo da cidade. Em

538, Ciro permitiu que os judeus voltassem á Cidade Santa;

estes entáo comecaram em breve a reconstrucáo da Casa do Senhor, obra esta que lutou contra muitos entraves da parte dos samaritanos e dos estrangeiros; após diversas peripecias, o chamado «Segundo Templo» foi consagrado ao Senhor em 520 a. C. aproximadamente, sob o rei Darío I da Pérsia. Esse Se gundo Templo era pobre e pequeño (cf. Esdr 3,12; Ag 2,3); além do que, já nao continha a Arca da AHanca, que desapa recerá na tormenta de 587. Foi violado e profanado por Antíoco Epifánio da Siria.

Finalmente Herodes o Grande concebeu o designio de dar ao Templo do Senhor a amplidáo e a suntuosidade que pudes-

sem rivalizar com o esplendor do Primeiro Templo, construido por Salomáo; a esplanada do monte Morían (ou Siáo, segundo outra nomenclatura) foi alargada gracas a obras audaciosas e gigantescas de terraplanagem. Os trabalhos iniciados no ano 20 a. C. so foram terminados em 63 d. C.; o edificio era real mente majestoso. Infelizmente teve duragáo efémera, pois em 70 d. C. se tornou presa das chamas e os seus muros foram arrasados pelos romanos, segundo a profecía de Jesús: «Nao ficará pedra sobre pedra» (Mt 24,2).

A revolta de Simáo Bar Kochba contra os romanos em 132 conseguiu restaurar parte do Templo de Jerusalém. Mas em 135 Adriano, tendo vencido os rebeldes, mandou construir no local do Templo um santuario dedicado a Júpiter Capitalino; colocou ai urna estatua do próprio Imperador Adriano, á qual se juntou posteriormente a de seu sucessor Antonino Pió (138-161). No séc. IV o

Imperador

bizantino

Juliano

o

Apóstata

(361-363), querendo afligir os cristáos, permitiu aos judeus que reconstruissem o Templo em Jerusalém; mas a obra, logo que iniciada, teve que ser abandonada, pois erupcóes de fogo procedentes do terreno a impediam.

Depois desses fatos, a Esplanada do Monte Moriah esteve abandonada, já que aos cristáos parecia ser um lugar amaldigoado por Deus; ervas bravas e lixo recobriram o terreno.

2.

No séc. VII d. C, os maometanos, apoderando-se da

cidade de Jerusalém, ergueram no lugar mesmo do antigo Tem plo dos judeus a mesquita dita de Ornar, que até hoje é um dos — 544 —

O TEMPLO DE SALOMAO SERA RECONSTRUIDO?

33

principáis santuarios do islamismo e objetivo muito estimado das peregrinacóes musulmanas. Diz a tradigáo islámica que íoi na área do Templo que Abraáo se dispós a imolar seu fílho Ismael (!) e que o profeta Maomé visitou o local. Mesmo destituidos do seu Templo c da cidade santa de

Jerusalém, os judeus durante os últimos sáculos de sua dispersáo sempre formularam preces em favor da reconstrucáo do Templo de Jerusalém e da restauracáo do culto do Senhor naquele santuario. Eis o teor de tais preces como se encontram em diversos livros santos dó judaismo:

"Por causa de nossos pecados é que fomos exilados da nossa patria o estamos longe da nossa térra. Já nao nos é posslvel subir ao Templo, aparecer e

prostrar-nos diante de Ti, para cumprlr nossas obrigacOes na

Casa que escomeste para Ti, Senhor, nesse Templo grandioso e santo que

traz o teu nome... Em tua ¡mensa misericordia, tem piedade de nos e do

leu santuario, e faze que este seja reconstruido e restaurado em seu es plendor de outrora. Nosso Pal, nosso Rei, que a gloria do Teu reino venha sobre nos... Reúne em tomo de Ti o teu povo disperso em meló as nacóes e chama das extremidades da térra todos os nossos exilados. Reconduze-nos na alegría para a tua cidade de Siáo, Jerusalém, o lugar do teu san tuario. Lá ofereceremos sem interrupcBo sacrificios de oblacfio por nossos

pecados segundo o ritual da nossa Leí. Nossa alegría será grande quando nossos passos se detiverem dlante das tuas portas, ó Jerusalém, e nos disserem: 'Subiréis á casa do Senhor!'"

No culto adicional — Moussaph — dos dias assembléia da sinagoga assim ora :

de festa, a

"Reconstrói, Senhor, tua morada como ela era, e restabelece o teu santuario no seu lugar... Possamos vé-lo reconstruido e regozljar-nos com a sua restauracáo!"

Compreende-se a nostalgia dos judeus pelo Templo c pela cidade de Jerusalém, desde que se leve em conta que as sortes do Templo se identificaran!, no decorrer da historia, com as sortes do próprio povo de Israel. Profanacáo e destruicáo do

Templo significaran! geralmente dominio estrangeiro e exilio para os judeus; reconstrucáo do Templo e restauracáo do culto sempre implicaram em liberdade política e aprofundamento da consciéncia nacional.

Mais: a montanha do Templo sempre foi tida como o mais

santo dos lugares santos dos judeus. A sua santidade intrínseca e eterna ter-lhe-á sido conferida pelo próprio Deus por ocasiáo da criagáo do mundo. Segundo os rabinos, era lá que Caím e Abel ofereciam os seus sacrificios; foi lá que Noé agradeceu ao Senhor depois do diluvio e que Abraáo preparou o sacrificio

M

<;PERCUN'iT: E RESPONDEREMOS>

1GS/1973

de Isaque. O Templo, erguido sobre esse lugar que o próprlo Deus terá escolhido, era considerado por Israel como a recom pensa mais preciosa do Senhor ao seu povo. Duas vezes por dia, os sacerdotes lá ofereciam sacrificios em nome de Israel e em favor de todas as nagóes do mundo. Tres vezes ao ano, ñas solenidades de Páscoa, Pentecostés e Tabernáculos, os ju-

cléus peregrinavam até esse lugar sagrado para «ver a face do Senhor». No Templo os profetas recebiam a sua inspiragáo e ñas imediagóes deste proferiam seus oráculos. O Sinedrio (ou

Tribunal Supremo do povo) tinha sua sede permanente no cor

til do Templo, interpretando ai a Tora para todos os israelitas.

Após a destruigáo do Templo era 70 d. C, os sinais de iuío pela catástrofe sao até hoje freqüentes nos costumes ju deus. Assim em toda casa de israelitas piedosos deixa-se urna pequeña secgáo sem pintura; as mulheres nao devem usar todas as suas joias simultáneamente; a cerimónia do casamento com

porta sempre um gesto de luto, que é geralmente a quebra de um frasco por parte do marido debaixo do leito nupcial. Quatro dias de jejum sao observados anualmente: o mais impor

tante de todos, o do 9n dia do mes Av, é precedido de vinte dias de lamentagóes.

3. Até os últimos tempos, podía parecer temerario, se nao quimérico e utópico, falar da possibilidade de se reerguer

o Templo de Jerusalém e nele recomegar o culto oficial pres crito pela Lei. A partir de 1948, porém, ano em que se inaugurou o Estado de Israel na Palestina, surgiu a questáo, coloca da talvez mais freqüentemente por nao judeus do que por ju

deus: o povo de Israel nao pensará em reconstruir o seu Tem plo? Essa pergunta aínda era tímida até 1967, pois até esta

data os israelenses só possuiam a cidade nova de Jerusalém, ficando a cidade velha (com a mesquita de Ornar) em poder

da Jordania. Todavía a partir de 1967, quando Jerusalém se unificou por completo em máos dos judeus, a questáo tomou novo propósito e vulto. De modo especial, levando em conta o Sionismo mundial, com a sua filosofía, muitos perguntavam

(e perguntam): o Sionismo, preconizando desde o século passa-

do a fundacáo de um Estado judeu na Palestina, tem em mira

apenas urna instituicáo política? Ou visa também á restauragao das plenas expressóes religiosas dos judeus, tais como sempre

foram apregoadas pelos rabinos e sabios de Israel? r

Pode-se, de resto, notar que no século passado o rabino alemáo Tsevi Hirsch Kallischer levantou seriamente a questáo — 546 —

O TEMPLO DE SALOMAO SERA RECONSTRUIDO?

35

da reconstrugáo do Templo e da restauracáo dos sacrificios; foi, porém, voz isolada entre os seus colegas de rabinato. O fato é que, mesmo após a Guerra dos Seis Dias em 1967, os mugulmanos conservam até hoje o dominio exclusivo da Esplanada do antigo Templo; nao foram alterados essencialmente os estatutos que regulamentavam a presenca simultánea de judeus, cristáos e mugulmanos na cidade de Jerusalém-Leste ou na velha cidade. Verdade é que aos 15 de agosto de 1967, pouco depois da entrada dos judeus na Jerusalém Santa, o ra bino Goren, capeláo-mor do exército israelense, presidiu a um oficio religioso no recinto da Esplanada do Templo (Haram esh-Sherif). Este gesto avivou o problema da restauragáo do culto no lugar do antigo Templo de Salomáo, provocando co mentarios e tomadas de posigáo por parte dos mestres e dos simples fiéis de Israel diante da questáo candente. 4. Tornou-se, daí por diante, evidente que as opinióes dos próprios judeus divergem sobre o assunto. Com efeito. Nao poucos israelitas nao se preocupam com

a questáo, pois se dizem indiferentes á religiáo. Para eles, a criapáo do Estado de Israel tem significado meramente político; por isto nao lhes interessam a reconstrugáo do Templo e a res tauracáo do culto oficial tradicional. Os grupos que mais se empenham pela restauragáo, nao sao os partidos religiosos propriamente ditos, mas os movimentos nacionalistas extremados. Julgam que o ressurgimento do Templo significada um novo liame com a historia antiga de Israel e apagaría de certo modo a memoria do longo periodo de ausencia dos judeus de Jerusalém. Os objetivos desses na cionalistas sao preponderantemente politicos e patrióticos; nao levam em conta os pros e contras que a reconstrucáo do Tem plo aprésenla do ponto de vista religioso. Quanto aos judeus ortodoxos e chefes religiosos de Israel,

sao mais comedidos; em conseqüéncia de seus estudos de Es critura e de Tradigáo judaicas, perguntam, antes do mais, se

Israel deve reconstruir o Templo. Em caso positivo, quem deveria proceder a essa tarefa?... onde?... e como? Tém consciéncia de que o reerguimento do Templo suscitará novos pro blemas: que forma de culto se deverá ai exerceró Será necessário restaurar os ritos e sacrificios antigos? Será possível encon trar os auténticos descendentes dos sacerdotes israelitas (aaro— 547 —

3(¡

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E RESPONDEREMOS^

108/1973

nitas) de outrora? Estas e outras perguntas detém pensativos muitos israelitas, mesmo entre aqueles que, á primeira vista, pareceriam propensos a propugnar a plena restaurac.áo do passado. Importa, pois, considerarmos mais atentamente

2.

Os motivos da hesitagao

O Professor R. J. Zvi-Worblosky, que rege a cátedra de Historia das Religióes comparadas na Universidade de Jerusalém, xpós em longo artigo do jornal «The Jerusalem Posl.

Week-End Magazine» de 25/VIII/1967 as razóes de hesitacáo dos judeus religiosos no tocante á reconstrugáo do Templo. Reproduzimos aqui o teor dessa explanagáo, que Ate hoje re presenta o pensamento dos judeus ortodoxos. As

razóes

da hositacáo

se

podem

sintetizar sob cinco

títulos:

1) Há carencia de dados precisos e seguros sobre a localizacáo exata do Tempjo antigo;

2) Nao se pode mais precisar com exatidáo qua o autén tico ritual dos sacrificios;

3) Haveria dificuldades para observar muitas das prescriqóes desse ritual;

4) A mentalidade moderna é avessa ao culto tradicional dos sacrificios;

5) Seria difícil descobrir hoje os genuínos descendentes do sacerdote Aaráo.

Examinemos cada um destes pontos de per si. 1) A respeito da localizacáo do Templo antigo, os dados topográficos e as medidas minuciosas fornecidas pelo Talmud e codificadas por Moisés Maimonides (1135-1204) estáo sujeitas

a ser questionadas, pois nao se sabe se correspondem fielmente á realidade histórica. Ora estas dúvidas constituem obstáculos á reconstrucáo do Templo, pois os sacrificios, segundo certos — 548 —

O TEMPLO DE SALOMAO SERA RECONSTRUIDO?

37

autores judeus, devem ser oferecidos exatamente no lugar tra

dicional em que se situava o altar do Templo.

2) Tais sacrificios obedeciam a normas muito exatas e minuciosas. Ora hoje nao se conhece mais o teor preciso de tais normas. Após a catástrofe de 70 d. C, os judeus foram pet-dendo gradativamente o contato com seus rituais e cerimoniais litúrgicos, já que nao mais os praticavam; os sacrificios rituais foram sendo substituidos por oracóes correspondentes. Verdade é que muitos rabinos, no decorrer dos sáculos, alimen-

taram a esperanga de que Deus mesmo reconstruiría o Templo de Jerusalém e, em conseqüéncia, desenvolverán! estudos sobre as minucias do ritual que deveria ser executado em táo alvissareira hipótese; mas nunca se fixaram em regras precisas e de finitivas.

3 e 4) Muitos judeus, mesmo dentre os mais religiosos, perguntam se, nos tempos atuais, ainda seria possível observar todos os pormenores do ritual dos sacrificios. Este se tornaría

para todo o povo de Israel, mormente para os encarregados do culto, um peso insuportável.

Mais. Perguntam: qual seria a reasáo psicológica dos homens modernos, mesmo dos judeus, principalmente dos judeus dos Estados Unidos e da Europa, diante dos sacrificios rituais de animáis, que táo pouco corresponden! as tendencias do pensamento culto contemporáneo? — Esta pergunta tem sua im portancia, pois repercute no plano político e social. 5) A restauragáo do ritual no Templo exigiría naturalmen

te a í-estauragáo do sacerdocio israelita. Com efeito; a «Hala-

kah» (ou legislagáo dos rabinos) prescreve, para a validade dos ritos, sejam estes executados táo somente por «sacerdotes filhos de Aaráo». Neste particular, a tradigáo rabínica é uná nime; ela entende a descendencia de Aaráo em sentido estrito, isto é, biológico, e nao metafóricamente. Ora hoje em día seria

muito difícil dizer quais sao os auténticos descendentes de Aaráo entre as familias que afirmam ter conservado o sacerdocio isra elita em linha genealógica constante, nao interrompida. Nao há dúvida, existem muitas familias judaicas com o nome Cohén,

Kohn ou Kfl!hn (sacerdote, em hebraico); todavía este designativo nao basta para identificar os filhos de Aaráo hoje. — De passagem, observe: um rabino nao é um sacerdote em Israel, mas é um mestre, pregador, presidente do culto da Palavra — — 549 —

38

cPERGUNTE E RESPONDEREMOS»

1G8/1973

o que nao quer dizer: oficiante do cerimonial dos sacrificios ; este é reservado únicamente á linhagem de Aarao. Ponderando tais dificuldades, nao poucos judeus piedosos

sao favoráveis a urna evolugáo da doutrina atinente ao Templo e aos sacrificios: propóem, sim, que seja «espiritualizada». Tal espiritualizagáo removería a problemática, pois dispensaría os judeus de pensar em reconstrucáo do Templo e restauragáo dos sacrificios. Como se compreende, os judeus liberáis, reforma

dos e progressistas sao favoráveis a tal posigáo; conseqüente-

mente cancelaram em seus livros litúrgicos toda referencia á restauracáo dos sacrificios.

3. 1.

A posi;áo afirmativa

Entre os judeus piedosos, porém, há os que, apesar

das hesitagdes propostas, sustentam a necessidade, para Israel, de aspirar a um Templo material reconstruido sobre a Esplanada do antigo santuario em Jerusalém. O Templo material, para eles, é o lugar da «presenga real» de Deus em meio a Israel; os antigos judeus sempre se sentiram apoiados e fortes pelo fato de terem o seu santuario visível em Jerusalém, aonde iam regularmente para comparecer «diante da face do Senhor

Deus». — Á piedade popular entre os judeus de hoje é freqüentemente herdeira desse amor ao sinal sensível do Templo.

Entre esses israelitas religiosos, existem os radicáis, que sem tardanza estariam dispostos a por máos á obra imediatamente, enfrentando destemidamente os obstáculos religiosos, políticos, sociais que fazem hesitar os seus correligionarios. Esses zelosos judeus julgam que o etudo atento das nor

mas e tradicóes dos rabinos, assim como da documentagáo his tórica de Israel, revelará o modo como proceder a tüo monu mental tarefa; a reconstrugáo do Templo, dizem, deverá dar-se aos poucos, como a própria redengáo de Israel se cumpre progressivamente. Mais precisamente: a obra desenrolar-se-á em quatro etapas: a primeira consistirá em se oferecer um sacrifi cio no lugar do antigo altar do Templo, lugar que será deter minado mediante estudos minuciosos; a seguir, haverá a re construgáo do Templo segundo as instrugóes do livro de Ezequiel (cf. Ez 40-48) e a respectiva interpretagáo dada pelo Talmud. Depois, aparecerá o Messias, que corrigirá e embele— 550 —

O TEMPLO DE SALOMAO SERA RECONSTRUIDO?

39

zara a estrutura do Templo e dará as normas relativas aos sa crificios a ser oferecidos. Por último, Deus fará descer um Templo de Fogo celeste, que se colocará no interior do Templo construido por máos humanas. Todas as leis da natureza seráo entáo transformadas, plenitude.

as

criaturas

chegaráo

á

perfeigáo

e

Como quer que seja, atualmente é certo que o Estado de Israel se arriscaría a ver serios tumultos, se nao conseqüéncias desastrosas ou fatais para a sua substéncia, se permitisse a anulagáo dos servigos religiosos celebrados na mesquita de Ornar. Qualquer atentado contra esta provocaría violenta reagáo dos árabes de Jerusalém, do Próximo Oriente, assim como da opiniáo pública mundial.

2. Outros, dentre os israelitas que preconizam um Tem plo material restaurado em Jerusalém, julgam que nao toca aos homens empreender concretamente essa restauracáo, como tocou aos homens construir o primeiro e o segundo Templos. Desta vez, dizem, é o próprio Deus que há de dar o Templo aos homens; Ele o fará mediante o Messias, que assim inaugurará o fim dos tempos. Alias, urna tradigáo popular oriunda após a destruigáo do segundo Templo em 70 d. C. afirma que o novo — o terceiro e definitivo — Templo será reconstruido pelo pró prio Deus por ocasiáo da redengáo final de Israel. A diferenga

dos dois Templos anteriores, que eram obra das máos dos ho

mens, o novo ou terceiro Templo durará eternamente, pois será obra de Deus. Descera milagrosamente do céu, com o seu altar novo. Por isto, dizem, toda tentativa humana que agora se quisesse substituir á obra de Deus, seria ato de impiedade e

arrogancia. — Tal é o modo de pensar da «corrente apocalíp tica» entre os judeus.

3. Muito próximo a este modo de pensar é o daqueles israelitas que afirmam o seguinte: a restauragáo do Templo nao há de ser empreendida, sem mais, pelos homens, nem também se deverá á intervencáo do Messias na historia, mas de pende de um profeta de Deus. Os adeptos desta tese lembram

que a lei judaica nao permite a reconstrugáo do Templo nem o

reinício dos sacrificios a menos que explícitas ordens proféticas sejam dadas; os criterios necessários para se empreenderem

40

-JERCUNTK

K KESPONDEKKMOS-

1GS/J973

estas duas tarefas só podem ser conhccidos sob o ofcito da inspiragüo divina concedida aos profetas. Escrevia o Rabino Kook, Gráo-Rabino de Israel há poucos decenios, na sua obra «Mishpath ha-Cohen» (Lei do Sacerdote): «As disposicóes que se rel'erem á construgáo do Templo e do Altar dependem da profecía e da inspiracáo divina». Alegam outrossim os defensores

desta posicáo

que duas

condigóes devem ser preenchidas para que se possa pensar em

reerguer o Templo de Jerusalóm: reine a paz no mundo, e volte o povo judeu (ao menos, em sua grande maioria) a residir de modo permanente na térra de Israel. Ora estas duas condicóes ainda estáo longe de se realizar.

4. Para terminar, ainda se poderia citar urna sentenca que envolve em síntese elementos das outras posicócs afirma tivas. Com efeito, há israelitas que julgam que, no lugar do antigo Templo, se deveria comecar a celebracáo de oficios re ligiosos; sustentam que algumas regióes da montanha do Tem plo sao acessiveis a todos os judeus, em conformidadc com a «Halakah» (ou legislacáo religiosa de Israel). Apelam também

para precedentes históricos: sim, entre os anos de 636 e 1080 os judeus oravam regularmente numa sinagoga erguida sobre

o local do Templo. Mais: houvc tempo em que a vigilancia dos edificios existentes sobre a Montanha do Templo era confiada aos judeus. — Os defensores desta tese esperam que a celebragáo de oficios religiosos naquele sagrado local contribua para implantar a paz no mundo e prefigure a redengáo de Israel e do género humano tal como está predita no livro de Isaias: «Quanto aos estrangeiros,... conduzi-los-ei ao meu santo mon

te; cumulá-los-ei de alegría na minha casa de oracáo; os seus holocaustos e sacrificios ser-me-ño agradáveis sobre o meu altar, porque a minha casa será chamada casa de oragáo para todos os povos»

(Is 56, 6s).

4.

1.

Entrementes ...

Enquanto os mestres e os fiéis de Israel comcntam o

assunto em foco, confrontando pros e contras, as autoridades públicas do país, responsáveis pela boa ordem da nacáo e sensí-

O TEMPLO DE SALOMAO SERA RECONSTRUIDO?

41

veis á opinláo mundial, estáo dispostas a manter o «statu quo»

religioso da cidade de Jerusalém. Também o Gráo-Rabinato de Jerusalém houve por bem proibir, por enquanto, qualquer acáo

que tenda á reconstrucáo do Templo e á restauragáo dos sacrifi cios, dado que nao há certeza de que seria oportuna e conforme á «Halakah» ou á legislagáo tradicional dos rabinos e mestres de Israel.

A reagáo geral provocada pela atitude do Rabino Goren em 1967 é sinal de que a maioria dos israelitas compreende quanto

o problema é delicado; é tambcm penhor de que as autoridades

judaicas nao permitiráo gesto algum que ofenda os sentimentos religiosos dos mugulmanos e diminua a simpatía de que os judeus precisam no mundo inteiro para sustentar o Estado de Israel.

2. Por ora, há judeus que váo a Esplanada do Templo (que c a Esplanada da mesquita de Ornar, nao o esquecamos)

e a visitam tranquilamente, como os demais visitantes, sem re-

ceio de contrair impureza legal. Outros, ao contrario, respeitam a proibigáo baixada pelas autoridades religiosas judaicas, que colocaram junto á entrada da Esplanada ura grande aviso, por tador dos seguintes dizeres em hebraico, inglés e francés: AVISO E ADVERTENCIA

A entrada na área do monle do Templo é proibida a todos pela leí judaica, em vista da santldade do lugar. O GrSo-Rabinato

de

Israel

Atentos a tal norma, os judeus piedosos abstém-se de visi tar a área, aguardando o dia em que ela será purificada segun

do a Lei. Limitam-se por ora a contemplar a Esplanada do Templo a partir do monte das Oliveiras ou simplesmente de urna das portas de entrada. — Fica, porém, franqueado a todos os judeus o acesso ao Muro Ocidental do Templo ou Muro das Lamentacóes, em frente ao qual se construiu urna grande praca, que diariamente (máxime aos sábados e dias santos) cen tenas ou milhares de judeus palmilham para ir orar junto ao

Muro. — 553 —

42

iPERGUNTE E RESPONDEREMOS»

168/1973

3. Em conclusáo, pode-se dizer que a hipótese da reconstrugáo do Templo levantada recentemente em virtude das no vas circunstancias políticas ñas quais vivem os judeus, parece estar longe de qualquer realizagáo concreta.

Todavía para os

estudiosos, principalmente para aqueles que se dedicam á histo ria da salvagáo, é altamente interessante e significativo exami

nar as diversas atitudes do povo judeu diante da questáo. Com-

preende-se que muitos judeus, mesmo após 2.000 anos de expec tativa, se recusem agora a realizar o seu sonho, por mais viável que ele possa parecer á primeira vista. A propósito vejam-se

Ignace Manclni, "Reverrons-nous un )our le Temple de 1968, pp. 138-145.

Jérusalem?",

em "La Torre Salnte", mal

Rabbln Mordechal Ha-Cohen, "Le Temple sera-t-ll reconstrult de nos jours?", em "Nouvelles chrótlennes d'Israel", nouvelle serle, vol. XXII, 1971, pp. 9-11.

Estevao Bettencourt O.S.B.

resenha de livros A Biblia na llngnagexn de hoje. Edlgao da Sociedade Bíblica do Brasil, com aprovagao da Comlssáo Episcopal de Pastoral da Conferen cia Nacional dos Bispos do Brasil. Rio de Janeiro 1973. Eis mals urna tentativa de tornar a Hnguagem das Escrituras acesstvel ao nosso povo. Trata-se, no caso, do Novo Testamento apenas, e nao da Biblia inteira, como poderla sugerir o titulo. O texto, prepara

do por biblistas protestantes, íol revisto por tres biblistas católicos — o que n&o permite dizer que seja urna tradugáo ecuménica (tradugáo ecuménica serla o resultado de um trabalho conjugado de cristaos de diversas denomlnacSes, que, a partir dos origináis, procurariam verter para a lingua vernácula). O fato de ter esta edigao recebido a aprovaCao de urna Comissáo de Bispos do Brasil parece dar-lhe autoridade e valor novos.

Na verdade, a linguagem da nova edigao do Novo Testamento é simples e clara. Isto, porém, nao quer dizer que seja urna traducao bem íeita. Toda tradugüo. para merecer aprego, tem que guardar fldelidade aos textos origináis, transmitindo com exatidSo o sentido

destes. Ora pódese dizer tranquilamente que a nova edigSo da Socie

dade Bíblica sacriflcou, em mals de um caso « significado dos textos origináis, dando lugar a interpretacOes que nem sempre condizem com os origináis e a fé católica. Abalxo apontaremos apenas alguns cxemplos:

Le 2,7: «María deu a luz o seu primeiro fllho», em lugar de «Pri mogénito:». Ora em portugués quem diz primeiro, Insinúa lógicamente

RESENHA DE UVROS

asegundo,

terceiro...».

Todavía

na

43

linguagcm semita, que o Evan

gelio de Lucas supóu c utiliza, quem diz bekor (filho primogénito)

quer significar aquelo antes do qual nenhum outro nasceu e no quaJ todo o amor dos pais se concentra, independentemente da possibilidade de virem ou nao outros íilhos depois desse. A Leí de Moisés, por cxemplo, mandava que, oito dias depois do nascimento, se consagrassem a Deus todos os primogénitos; estes eram tidos como termo de especial amor da parte de Deus. Cf. Éx 13,2; 34.19; Núm 3,11-13. O primogénito podia mcsmo ser o unigénito ou o único, como se deprcende do paralelismo sinónimo em Zac 12,10: íQuanto áquele que traspassaram,

chorá-lo-So como se chora um filho único; ehorá-lo-üo amargamente como se chora uin primogénito!. Mesmo íora de Israel, podia-sc chamar primogénito o menino que nao tivesse irmaos. Leve-se em conta, por exemplo, a antiga inscricáo funeraria dcscoberta cm Tell el-Hedouhieh (Egito) no ano de 1922: lé-sc ai que urna jovem mulher, chamada Arsinoé, morreu «ñas dores do parto do seu filho primogénito».

Vé-se, pois, que a fidelidade ao sentido do texto original pede rulo

se traduza bekor (hebraico) ou protótokos (grego) por primeiro filho.

Por que nao traduzir por bem-amodo, se é que primogénito nao pode íicar na nova versüo? Im 1,34: Maria responde ao anjo que lhc anuncia a Encarnacáo do Filho de Deus: «Aínda sou virgem», enquanto o texto original diz: «N3o conheco varao ou nüo tcnlio convivio marital». O adverbio aínda,

no caso, nao consta do texto grego original. É interpretacüo arbitra

ria, a qual sugerc que Maria tenha admitido a possibilidade, ou mcs mo tenha tido a intencao, de ter relacOes conjugáis, deixando cntüo de ser virgem.

Em Mfc 16,19, onde se encontra a promessa feita a Pedro, a nova

traducüo usa os verbos mandar e prolbir, em vez de ligar e' desligar

da clássica traducüo; cTudo o que ligares sobres a térra, será ligado no céu, e eudo o que desligares sobre a térra, será desligado no céu». — Ora mandar e proibir sao expressSes mais iracas, que podem ter signi

ficado meramente moral e que nao reproduzem o conteúdo dos verbos ligar e desligar da linguagem dos rabinos. Estes, mediante tais vocábulos, entondiam o poder jurídico de um tribunal, como se depreende dos dizeres do Talmud citados em PR 132/1970, pp. 546s. As palavras «ligar» c «desligar», que Cristo usa sobre o fundo da tradicáo de Israel, dúo á Igreja um poder sacramental (absolver ou nao absolver) que a traducüo «mandan e «proibir» silencia ou cancela.

Eis tres pontos, entre outros, em que a nova cdicüo do Novo Tes tamento nos parece francamente infeliz. Nao podemos delxar de men cionar ainda a índole banal ou mcsmo depauperada de outras passagens dessa traducüo'. Na verdade, nüo é fácil realizar urna boa versáo da Biblia. Toda vía vem ao caso a que Fr. Gilberto da Silva Gorgulho c a Sra. Ana Flora Anderson estúo empreendendo ñas Edlcües Paulinos. Em íasci-

— 555 —

U

«PERPUNTE E RESPONDEREMOS > 1G8/1973

culos de 125 x 180 mm, estes dois beneméritos estudiosos vem publi cando o texto dos Evangelhos; Já sairam a lume Matero, Atareos c JoSto, estando o de Sao Lucas no prelo. Tüm cm vista um texto por tugués que soja, ao mesmo tempo, perto do grego c próximo -do povo. Na verdade, a linguagcm dcssa traducjlo guarda fldelidade aos origi náis; é tambem de fácil compreensao, scm. porém, cair no vulgar ou

banal. A obra merece encomios dada a sériedado c metieulosidade com que vem sendo executada.

A Fé Crista,

por R.

I-JO x 210 mm, 225 pp.

Palva.

Edicdes

Loyola,

Süo

Paulo

1973,

Estamos multas vezes a procura de compendias que, tic mancha sucinta e construtiva, apresentem a íé católica para uso de jovens estudantes ou de adultos que se voltam para o Catolicismo. Ora o livro do Pe. Raúl Paiva S. J. atonde a este interesse. O autor, que é professor ñas Facilidades Anchieta (Süo Paulo), constról a sua sin-

tese cm seis capítulos: Os principios da fé, A Crlacüo e a Queda, Jesús Cristo Nosso Senhor, O Espirito Santo e a Igreja enslnada pelo Espi rito Santo, Vida eterna e tempo presente. A exposicao 6 original e ciara; além do que, propOe com fidelidade o pensamento da Igreja (tenha-se em vista, de modo especial, a doutrina concernente ao peca do dos primeiros país, ás pp. 51-65). O autor recorre frcqüentemont<-' a textos bíblicos (substancioso alimento da doutrlna) c a alusdes a historia antiga ou moderna. Poderiam alguns mestres desejar um mé todo de exposicSo que fosse mais diretamente aos scus objetivos ou -se iiispirassc mals no proceder escolástico. Cremos, porém, que, como iniclacáo á íé crista, o trabalho do Pe. Paiva é muito valido; poderA ser completado por obras mals minuciosas e ampias. Merece particular destaque o capitulo sobre o Espirito Santo e a Igreja cnsinada pelo Espirito Santo. — Ficam aquí expressos os nossos votos para que o

autor continué a trabalhar no setor da formacüo crista de nossa gente.

Natal cristáo. Beílexóes para o Advento, Natal e Epifanía, por Almir Ribeiro Guimanles. Editora Vozes, Petrópolis 1973, 160 x 230 mm, 32 pp.

O livro apresenta urna serie de ponsamentos, preces e textos aptos

para a preparacao c a cclebracüo de Natal c da Epifanía, tanto ñas igrejas como nos lares. O repertorio é bom. Para o Natal de 1974, o autor podera enriquecer a colecao com novas pecas, pois a literatura

crista relativa a Natividade de Jesús é imensa e bem merecería sor

mais condecida pelo nosso público. Freí Almir nos ajuda e a.judará assim a sondar melhor a grandeza do dom de Natal. K.B.

CORRESPONDENCIA MIÚDA I. R. 31. (Rio de Janeiro): O assunto que a Sra. sugerc, jú foi abordado em PR 152/1972, pp. 360-363. A Editora Laudes tem esse fascículo em depósito.

— 556 —

ÍNDICE

1973

ERGUNTE Responderemos

ÍNDICE (Os números

1973

á direita indicam respectivamente fascículo, edícSo e página)

ano do

A

ABSOLVICÁO COMUNITARIA: nova praxe ...

101/1973, p. 212.

ADULTERIO: crime ou nao?

If^íulv' P>

ACASO e existencia de Ueus



ALMA 1MORTAL NA BIBLIA

,• •

AiVlAI VOSSOS 1NIM1GOS»: sentido do prcceito

AMOR A UEUS K V1SÁO FACE-A-FACtí CRISTAO

1S7/19W, p.

S«' 36.

lbá/197J, p. 2Sá.

Í^JgS' P" £?'

163/1973, p.
tí COMUNHAO' FÍSICA

^T/S P' ífK '

TOTAL NO CASAMENTO


ANDES E CANIBALISMO ANGUSTIA DA CULPABIL1DADE DA SOLIDÁO

^S P' 4?«*. í^/í™ £ ISA' ^I/S^lna'

DO VAZIO

165/1973, p. 41W.

ANJOS E DEMONIOS EXISTEM?

J2KÍS £' 52?'•

ANO SANTO: conceito pagáo ou cristao? origem e histórico

ronovacáo interior e reconciliacáo

ANOS JUBILARES: elenco

^HK' p> lít

,■■•:■•;"•

ANTIGO TESTAMENTO: histeria ou tondas? .. ANTROPOFAGIA ^CACA^MAGIA .......

DE 1'0D0S °S

ANTROPOLOGÍA -'slntese da historia da ASCESE CRISTA: valor sempre atual

^}«™ S" H\' ÍG8/}^B' p# 2¿f' 168/J^l' P- ÍZ

ífSOiq?!' S" lofi"

159/1973. P- Mb159/1973. p. £. p. 222.

í^íql?1 £ 10'• 161/1973, p!

22.'

B OUTRORA E HOJE

Sric^

.-:

BONHOEFFEkV D'.','e sÉcÚLARIZACAO

164/1973, p. 363.

162/1973, p. 271.

15V1973. P. 13.

16V1973, p. 190.

c

CABALA E GEMATR1A: que sao?

CANIBALISMO NOS ANDES? «CANONIZACAO» DO PADRE CICERO CANONIZACAO: que é?

CARTA PASTORAL SOBRE

SILEIRAS»

«IGREJAS

VS/ÁV,l !í' ÍÍl~ •••■■•

BRA-

CASAMENTO DE EMERGENCIA EM REALIZACAO GRADATIVA?

INDISSOLOVEL E MORRIS WEST ...

CASTIDADE PRÉ-NUPCIAL: sim ou nao? .... CAVALEIRO MEDIEVAL: ideal e influencia ..

CELEBRACÓES DO JUBILEU EM 1975

CEU OU VIDA ETERNA

— 558 —

JS/íSw" 5' m" ^|^2I!' g" |o?/ 168/1973, p. 536.

159/1973. p. 132.

167<1£5P P> ilí'' ^^SS1 P- It¡ 15J/1973. p. 160/xy 10»

p•

45;

ioh •

167/1973, p. 467. 167/1973, p. 491.

}5|
ÍNDICE DE 1973 CLA: mentalidade do CICERO, PADRE, «CANONIZADO» «COMA JOANEU* (1 Jo 5,7b-8a): ou nao? C0MPROMISS0

47

auténtico

POBLICO NO CASAMENTO CONFERENCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL (CNBB): histórico e significado .. CONFESSIONARIO: ORIGEM E SENTIDO ... CONFISSAO SACRAMENTAL E REPORTAGEM NA ITALIA CONGRESSO EUCARISTICO EM MELBOURNE CONSCIÉNCIA MANA

MORAL

E

DIGNIDADE

HU

MORAL E TRANSPLANTE DE OVARIO CONSUMO DE CARNE HUMANA NOS ANDES CONTEMPLACAO CRISTA: valor CONTINENCIA PRÉ-MATRIMONIAL: discussao do problema CORACAO HUMANO: maravilha da criacáo CORPO HUMANO: arteíato do Criador CORRESPONSABILIDADE E DIGNIDADE HU MANA

CRISE E SANTIDADE NA IGREJA CRISTAOS ANÓNIMOS: que sao? CRISTIANISMO HORIZONTALIZADO HOJE .. CRISTO COM OU SEM IGREJA? CRUZADAS MEDIEVAIS E ESPIRITO CRISTAO CURSILHOS DE CRISTANDADE: sim ou nao?

158/1973, p. 52. 168/1973, p. 531. 166/1973, p. 451. 167/1973, p. 477.

157/1973, p.

13.

165/1973, p. 416.

165/1973, p. 412. 158/1973, p. 49; 16V1973, p. 232. 158/1973, p.

56;

158/1973, p. 90. 159/1973, p. 138. 157/1973, p. 3. 167/1973, p. 467. 160/1973, p. 148. 160/1973, p. 144.

158/1973, p.

162/1973, 162/1973, 161/1973, 164/1973, 167/1973, 158/1973,

p. p. p. p. p. p.

59.

246. 261. 200. 331. 485. 74.

D DECLARACAO BALFOUR

DEMONIO E POSSESSAO DIABÓLICA DESENVOLVIMENTO E MISSAO DEUS EXISTE: rcílcxao sobre mundo e homem DÍA DO SENHOR: sábado ou domingo? DIASPORA DOS JUDEUS: origem e historia DIREITO CANÓNICO PENITENCIA

E

SACRAMENTO

DA

164/1973, p. 363.

160/1973, 162/1973, 160/1973, 158/1973, 164/1973,

p. p. p. p. p.

157. 252. 143. 63. 354.

DISPONIBILIDADE NA JUVENTUDE

165/1973, p. 417. 160/1973, p. 172.

DOENCA: psicologia do enfermo DOMINGO OU SÁBADO: dia do Senhor?

158/1973, p.

DIVORCIO NA IGREJA?

157/1973, p. 43; 166/1973, p. 464. 165/1973, p. 397.

63.

E ENFERMO, COMO TE AJUDAR? ESCATOLOGIA CRISTA: vida eterna ESCRAVATURA E FILOSOFÍA GREGA ESPIRITO SANTO E ORACAO ESTACIONAMENTO DO SOL (JOS 10,7-15) E ELETR6NICA ESTATUTO DE JERUSALÉM INTERNACIO NALIZADA ETIOLÓGICA, NARRACAO: que é?

— 559 _

165/1973, 162/1973, 158/1973. 157/1973,

p. 397. p. 235. p. 54. p. 8.

159/1973, p. 121. 164/1973,3» capa. 159/1973, p. 117.

ÍNDICE DE 1973

EUCARISTÍA E IGREJA: corrclacüo EVANGELHO E DIGNIDADE DA MULHER .. EVANGELIZACAO E DESENVOLVIMENTO:

correlacáo EXCOMUNHAO E SEGREDO DA CONFISSAO

EXISTENCIA DOS ANJOS

EXISTENCIA DE DEUS COMPROVADA PELA CRIACAO EXPULSAO DE DEMONIOS NOS EVANGELHOS

164/1973, p 335 164/1973. p. 342. 162/1973, p. 258. 165/1973, p. 413.

166/1973,0.435. 160/1973, p. 143.

160/1973, p. 15tí.

F FACE-A-FACE

COM DEUS

FAMILIA E EDUCACAO NO «KIBBUTZ» «FÉ SECULARIZADA»: que é? FILOSOFÍA DO «KIBBUTZ»

....

162/1973, p

237

165/1973, p. 389. 161/1973, p. 187. 165/1973, p. 385.

G GALO:

SIMBOLISMO

GÉNEROS LITERARIOS DO ANTIGO TESTA MENTO GIOVANNI PAPINI — um depoimento GRACA E NATUREZA: correlacao

167/1973, p. 503. 159/1973, p. 115. 160/1973, p. 176. 16V1973, p-. 203.

H HERZL, THEODOR, E SIONISMO

HISTORIA ORIENTAL ANTIGA: estilo c modos HISTORIOGRAFÍA rarios

ISRAELITA:

géneros

lite

HOMEM, QUEM ÉS TU? HOMEM-PARA-OS-OUTROS

164/1973, p. 361.

159/1973. p. 109.

159/1973, p. 113. 158/1973, p. 51. 161/1973, p. 189.

I IDADE MEDIA E ANTROPOLOGÍA IGREJA, ALVO DE CONTRADICAO

E CRISE E EVANGEUZAQAO IGREJA-SACRAMENTO IGREJA

LEIRA

<-IGREJAS

CATÓLICA

APOSTÓLICA

BRASILEIRAS*:

de Bispos paulistas

Carta

BRASIPastoral

aspectos juridlcolcgais (parecer do Proí. Ataliba Noguclra) ILHA DE PASCOA: misterios IMOBILISMO E HISTORIOGRAFÍA ANTIGA IMORTAUDADE DA ALMA HUMANA INDISSOLUBIUDADE DO MATRIMONIO ....

INDULGENCIAS: significado INJUSTICADOS SEM VOZ, em nossos dios ... INQUISICAO E PENSAMENTO MEDIEVAL

158/1973, 164/1973, 162/1973, 162/1973, 164/1973.

p. p. p. p. p.

57. 331; 246; 259; 332.

159/1973, p. 132. 159/1973, p. 132. 160/1973, p. 179. 163/1973, p. 301. 159/1973, p. 110. 157/1973. p. 36. 157/1973. p. 43; 166/1973.3* capa. 168/1973, p. 521. 158/1973, p. 60. 158/1973, p. 57.

49

ÍNDICE DE 1973

INTERNACIONAUZACAO

slm ou n5o?

DE

JERUSALÉM:

••

ISRAEL, APÓS A VINDA DE CRISTO

164/1973, p. 369. 1G4/1973, p. 351.

J JEOVA OU JAVÉ? JERUSALÉM: histórico

157/1973, p. 34. 164/1973, p. 369;

JESÚS MENINO E DEVOCAO POPULAR .... JUAZEIRO E PADRE CICERO

161/1973, p. 213. 168/1973, p. 531.

sinal de contradic&o

JUBILEU E ANO SANTO JUDEU: QUEM É? JUDEUS DEPOIS DE CRISTO JUVENTUDE, ESTADO DE ANIMO

164/1973, p. 373.

168/1973, p. 515. 164/1973, p. 365.

164/1973, p. 351. 160/1973, p. 172;

E ESCOLA EM ISRAEL ISRAELITA E FÉ

163/1973, p. 296; 163/1973, p. 295.

K

«KIBBUTZ»: que éT

Jgg£ J.'Sí L

LAZER DA ORACAO LJBERDADE RELIGIOSA E ICAB

157/1973, p. 11. 159/1973, p. 133'.

LTBERDADE SEXUAL LINGUAGEM DOS NÚMEROS

167/1973, p. 467. 163/1973, p. 308.

M MAGIA £ RELIGIAO? NEGRA MAL'AK YAHVEH (MENSAGEIRO

NHOR)

DO

SE-

159/1973, p. 159/1973, p.

95; 98.

166/1973, p. 437.

MANDAMENTOS DE DEUS: outra versáo? .. MANUSCRITOS DE QUMRAN: significado c valor MARÍA SENHORA DE TODOS OS POVOS MATRIMONIO DE EMERGENCIA GRADATIVO INDISSOLOVEL MELBOURNE E CONGRESSO EUCAR1STICO

166/1973, p. 423.

MISTERIO DA IGREJA MORAL NO CAMPO SEXUAL HOJE MORTE: sentido c importancia MORTE DE DEUS E DO HOMEM MULHER ANTES DE CRISTO NO ORIENTE MULLOY, WILLJAM, E ILHA DE PASCOA ..

164/1973, 167/1973, 165/1973, 161/1973, 164/1973, 163/1973.

166/1973, 161/1973, 167/1973, 167/1973,

p. p. p. .p

424. 222. 474; 473;

158/1973, p.

49;

157/1973, p.

45.

161/1973, p. 213.

p. p. p. p. p. p.

339. 469. 397. 198. 342. 305.

N NATUREZA E GRACA: correlacSo NOIVADO: revaloiizagao do contrato

NOVIDADE CRISTA E ANTROPOLOGÍA

— 561 —

161/1973. p. 203. 167/1973, p. 472. 158/1973. p.

54.

ÍNDICE DE 1973

50

NUMEROLOGIA NÚMEROS: simbologia

163/1973, p. 308. 163/1973, p. 309.

O OLHO HUMANO: artefato do Criador

ORACAO NA VIDA DO CRISTAO POR UM ENFERMO OUVIDO HUMANO: arteíato do Criador OVARIO E TRANSPLANTE: sim ou nao? ....

160/1973, p. 146.

157/1973, 165/1973, 160/1973, 158/1973,

p. 4; p. 409. p. 149. p. 87.

P PADRE

ICAB

CICERO

E

«CANONIZACAO»

PELA

PALESTINA E PALESTINO: nomenclatura PAPINI, GIOVANNI — um depoimento

...

PASCOA, ILHA DE: misterios PAULO VI E ANO SANTO E EXISTENCIA DO DEMONIO

E SEUS DEZ ANOS DE PONTIFICADO

PENITENCIA SACRAMENTAL CANÓNICO

E

DIREITO

PEREGRINACAO: sentido e valor

168/1973, p. 531.

164/1973, p. 353. 160/1973, p. 176.

163/1973, p. 301. 168/1973, p. 518; 160/1973, p. 168; 164/1973, p. 329. 165/1973, p. 412.

162/1973, p. 263;

PERFEICAO CRISTA: apelo de Deus «PERGAMINHO DO TEMPLO» E DEZ

MANDAMENTOS PIEDADE PARA COM JESÚS MENINO através dos séculos POSSESSAO DIABÓLICA PROMOVER OU EVANGELIZAR?

168/1973, p. 520. 162/1973, p. 248.

166/1973, p. 424. 16V1973, p. 214. 160/1973, p. 153. 162/1973, p. 252.

Q QUERIGMA E CATEQUESE: que sao?

158/1973, p.

QUMRAN: ambiente humano e manuscritos

77.

166/1973, p. 423.

R RECONCILIACAO DOS

HOMENS

COM

DEUS

RECONSTRUCAO DO TEMPLO DE JERUSALÉM: acontecerá? REFORMISMO NO JUDAISMO REINO DE DEUS SECULARIZADO RELACOES SEXUAIS PRÉ-MATRIMONIAIS:

sim ou nao? RELIGIAO E MAGIA DIFEREM ENTRE SI RENOVACAO DO DIREITO CANÓNICO DOS CRISTAOS

..

INTERIOR DO HOMÉM

REPORTAGEM — TRAICAO NA ITALIA .... RESPEITO A VIDA HUMANA HOJE REVELACOES PARTICULARES: valor e re

servas REVOLUCAO

DO EVANGELHO INDUSTRIAL

E

MULHER

1G8/1973, p. 513. 168/1973, p. 548. 164/1973, p. 359. 161/1973, p. 189.

167/1973. 159/1973, 166/1973, 168/1973,

p. p. p. p.

468. 102. 463; 524;

168/1973, p. 513.

165/1973, p. 412. 158/1973, p. 60.

161/1973, p. 225. 164/1973, p. 348; 158/1973, p. 58.

51

ÍNDICE DE 1973 ROM ARIAS E PEREGRINACÓES

162/1973, p. 263.

s SÁBADO OU DOMINGO: (lia do Senhor?

158/1973. p.

64.

SABÁTICO ANO SACRAMENTO DA IGREJA SANTIDADE: vocacao dos cristaos SANTUARIOS DUVIDOSOS E PEREGRINACÓES SATA NA BÍBLIA SECULARIZACAO EXTREMADA

168/1973, 164/1973, 157/1973, 162/1973, 166/1973, 161/1973,

p. p. p. p. p. p.

516. 331. 6. 269. 439. 187.

SERMAO DA MONTANHA E SUA DINÁMICA SEXO ANTES DO CASAMENTO SIGILO DA CONFISSAO SACRAMENTAL SIMBOLISMO DOS NÚMEROS

163/1973, 167/1973, 165/1973, 159/1973, 163/1973, 164/1973, 165/1973,

p. p. p. p. p. p. p.

284. 467. 412. 118; 308. 361. 381.

159/1973, p.

98.

SENHORA DE TODOS OS POVOS SENSO DE DEUS NO HOMEM DE HOJE ....

SIONISMO SOCIALISMO NO «KIBBUTZ» SOL PAROU EM JOS 10,7-15?

161/1973, p. 222. 161/1973, p. 195.

159/1973, p. 123.

T TABÚ MÁGICO

TAVARD, GEORGES: «OS ANJOS> TEMPLO DE JERUSALÉM SERA

RECONS

TRUIDO? TEOCRACIA: ESTADO DE ISRAEL? «TERCEIRO HOMEM»: indiferente na Igreja .. TÉRRA PAROU EM JOS 10,7-15? TESTEMUNHAS DE JEOVA: quem sao? TOTEMISMO E ANTROPOLOGÍA TRADICAO CRISTA E FÉ NOS ANJOS TRANSPLANTE DE OVARIO: sim ou nao?

166/1973, p. 435.

168/1973, 164/1973, 164/1973, 159/1973, 157/1973, 158/1973, 166/1973, 158/1973,

p. p. p. p.

541. 367. 331. 125.

p. 25. p. 53. p. 445. p. 87.

u UNIAO COM DEUS E VIDA ETERNA

162/1973, p. 238.

V VALORES HUMANOS e VALORES CRISTAOS MORÁIS NO «KIBBUTZ» VAN BURÉN, PAÚL, E SECULARIZACAO ... «VIAGEM DA CRUZ» OU CRUZADAS

161/1973, 165/1973, 161/1973, 167/1973,

p. p. p. p.

203; 391. 192. 487.

E CONSCIÉNCIA PESSOAL .. «VIDA» ÑAS PÁGINAS BÍBLICAS VIDA SEXUAL PRÉ-MATRIMONIAL VISAO DE DEUS FACE-A-FACE VOCACAO CRISTA E FACE-A-FACE

162/1973, 162/1973, 162/1073, 162/1973, 167/1973, 162/1973, 157/1973,

p. p. p. p. p. p. p.

235. 243; 244. 235. 471. 235. 5.

VIDA CONSUMADA SEGUNDO O NOVO TES TAMENTO VIDA ETERNA INICIADA NO TEMPO

Y YADIN, YIGAEL, E QUMRAN YOGA E CRISTIANISMO

_ 563 —

166/1973, p. 423. 16V1973, p. 210.

52

ÍNDICE DE 1973

EDITORIAIS APRESENTANDO...

ATRÁS VEM GENTE CARTA AOS AMIGOS

DE ROMA

EM CIRCULO DE AMIGOS EM MELBOURNE O MUNDO ORA HOMEM DE PALAVRA, HOMEM DA VRA, HOMEM-PALAVRA MAIS UM ANO QUE PASSA NINGUÉM É JOAO-NINGUÉM O CANTO DA PALAVRA

164/1973, p

162/1973, p. 262; 163/1973, p. 328.

PALA-

O POEMA DA AGUA O SEGREDO DA FELICIDADE «SENHOR, DAI PAO A QUEM TEM FOME!> .. 3,5 = 1.000

LIVROS

165/1973, p. 377. 158/1973, p. 49. 162/1973, 168/1973, 167/1973, 159/1973, 163/1973, 166/1973, 160/1973, 161/1973,

p. p. p. p. p. p. p. p.

233. 513. 465. 93. 281. 421. 141. 185.

APRECIADOS

Alfred Ancel — EVANGELHO, AMOR E FECUNDIDADE Alfred Lapple — AS ORIGENS DA BIBLIA. SUBSIDIOS PARA A LEITURA DA BIBLIA A.

329

157/1973, p. 1 161/1973, p. 232;

E A PREGACAO

Pronzato — EVANGELHOS QUE INCOMODAM Carlos Mesters — CÍRCULOS BÍBLICOS Ceríaux, Hamman e outros — A ORACAO ....

David Wilkerson — A CRUZ E O PUNHAL ..

Edicdes Paulinas — A IGREJA E O ABORTO. DECLARACOES DE CONFERENCIAS EPISCOPAIS Georges Tavard, LES ANGES (OS ANJOS) .. Geraldo Pennock — VEM E VÉ. A VOCAQAO NA BIBLIA Gibran Khalil Gibran — JESÚS O FILHO DO HOMEM

Jean-Claude Barreau — QUEM É DEUS?

Jéróme Murphy • O'Connor O.P. — MILAGRES EM MATEUS S. PAULO E A MORAL DOS NOSSOS TEMPOS JoSo Alfredo Montenegro — EVOLUCAO DO CATOLICISMO NO BRASIL JoSo Mohana — PAZ PELA ORACÁO Ladislaus Boros — CRISTO E OS HOMENS DIANTE DA TENTACÁO L. Cerfaux — O TESOURO DAS PARÁBOLAS Morris West e Robert Francis — ESCÁNDALO NA IGREJA Rene Voillaume — A CONTEMPLACAO HOJE

— 564 —

159/1973,3' capa. 167/1973, p. 511.

167/1973,3» capa 167/1973, p. 512. 160/1973, p 184

157/1973, p

42*

157/1973, p. 24. 166/1973, p. 435. 160/1973, p. 184. 160/1973,3* capa.

158/1973, p.

92.

159/1973,3«capa. 159/1973.4'capa.

158/1973,3* capa. 163/1973, p. 299. 160/1973, p. 184. 167/1973,31 capa.

157/1973. p. 43. 160/1973, p. 184.

CARO LEITOR :

DÉ A SEUS AMIGOS UMA ASSINATURA DE PR COMO PRESENTE DE NATAL. VOCÉ ASSIM SERÁ LEMBRADO TODOS OS MESES DE 1974.

OS NOVOS ASSINANTES RECEBERAO O NUME RO DE DEZEMBRO DE 1973, COM A INDICACÁO DO NOME DE QUEM O OFERECE.

ORA CAO

DO

ANO

SANTO

SENHOR DEUS, PAI E AMIGO DOS HOMENS, QUE QUISESTES RECONCILIAR CONVOSCO A HUMANIDADE INTEIRA NO VOSSO FILHO JESÚS, MORTO E RESSUSCITADO, RECONCILIANDO ASSIM TODOS OS HOMENS ENTRE SI, ... .>.<*»■

(R.)

Escutai a oracao do vosso povo neste Ano de graca e de salvacáo !'

QUE O VOSSO ESPIRITO DE VIDA E DE SANTIDADE NOS RENOVÉ NO MAIS ÍNTIMO DO CORAQÁO E NOS UNA PELA VIDA INTEIRA A CRISTO RESSUSCITADO, NOSSO IRMÁO E NOSSO SALVADOR, (R.) PEREGRINOS, COM TODOS OS CRISTAOS. NOS CAMINHOS DO EVANGELHO, CONCEDEI-NOS QUE, FIÉIS A DOUTRINA DA IGREJA E SOLÍCITOS EM AJUDAR OS NOSSOS IRMÁOS. SEJAMOS CONSTRUTORES DE RECONCILIAQÁO, DE UNIDADE E DE PAZ, (R.)

TORNAI

FECUNDOS

OS

ESFORCOS

DAQUELES

QUE

TRABALHAM NO SERVigO DOS HOMENS. SEDE VrtS A ES-

PERANCA E A LUZ DE "QUEM VOS BUSCA TAMBÉM SEM

VOS CONHECER E DAQUELES QUE. EMBORA VOS CONHEQAM, VOS PROCURAM SEMPRE MAIS, (R.)

PERDOAI OS NOSSOS PECADOS. CONFIRMA! A NOSSA FÉ ESTIMULAI A NOSSA ESPERANCA, AUMENTAI A NOSSA

CARIDADE. A EXEMPLO DE JESÚS. FAZEI QUE VIVAMOS COMO VOSSOS FILHOS MUITO AMADOS, (R.)

FAZEI QUE A VOSSA IGREJA. COM O AUXÍLIO MATER

NO DE MARÍA, SEJA SINAL E SACRAMENTO DE SALVAQÁO PARA TODA A HUMANIDADE, A FIM DE QUE O MUNDO CREÍA NO VOSSO AMOR E NA VOSSA VERDADE, (R.)

PAI DE BONDADE INFINITA, ATENDEI A ORACÁO QUE O VOSSO ESPIRITO NOS INSPIRA, PARA VOSSA GLORIA E NOSSA SALVAQÁO, POR JESÚS CRISTO VOSSO FILHO E

SENHOR NOSSO, CAMINHO. VERDADE E VIDA, NA UNIDADE DO ESPIRITO SANTO, (R.) AMÉM.

i Na oragao teUa em particular, suprime-se o refrfio (R.) após cada Invocacáo. — Na oracao comunitaria, os liéis podem também responder: Senhor, tende piedade de nos ou outra fórmula conveniente.

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