A verdade sobre o mal Segundo Ron Rhodes, o problema do mal, posto de maneira simples, é este:
De duas uma, ou Deus quer abolir o mal, e não pode; ou Ele pode, mas não quer fazê-lo; ou Ele não pode ou Ele não quer. Se Ele quer, mas não pode, ele é impotente. Se Ele pode, mas não quer, logo Ele é perverso. No entanto, se Deus quer e pode abolir o mal, então como o mal ocorre no mundo?14 Da leitura recente que fiz do livro dele: Por que Coisas Ruins Acontecem se Deus é Bom; aproveitei muita coisa boa, nas quais eu ainda não havia pensado. Segundo o autor o mal é a ausência ou privação de alguma coisa boa, de algo bom que deveria estar lá, mas não está. Assim, por exemplo, a saúde, que é inerente a Deus e é o bem, deveria estar sempre presente. Mas, quando ela está ausente, provém a doença que é o mal. O mal é, então, a privação do bem. A morte é a ausência da vida, a doença é a ausência da saúde, a raiva é a ausência do entendimento; a guerra é a ausência da paz e assim vai... O bom e o bem parece ser a origem natural de todas as coisas e o mal, a ausência do bem que deveria existir. O mal é o resultado do estado de separação de Deus. O autor lembra ainda, William Dembski, importante teórico que defende o projeto inteligente e explica o mal desta maneira:
O mal sempre é um parasita do bem. Na verdade, todas nossas palavras para definir o mal pressupõem que um bem foi pervertido. Impureza pressupõe pureza, improbidade pressupõe probidade, desvio pressupõe caminho (i.e., uma via) de onde partimos, o pecado [...] pressupõe um alvo errado, e assim por diante.15
O Mal que vem para o Bem Isto definido, há um outro ponto a considerar. Só seria possível distinguir o mal do bem se for possível estar além de todos os fatores de referência para se fazer a avaliação plena. Ouseja, apenas do ponto de vista de Deus é que se pode fazer uma avaliação inequívoca. Esse ponto de referência é importante, porque há muito “mal” que acaba por produzir um bem e todos nós já tivemos experiencias assim. Para demonstrar isso eu selecionei um trecho do livro “Guerreiros da Paz”, de Paulo Coelho:
“Deus usa a solidão para nos ensinar sobre a convivência. Às vezes, usa a raiva para que possamos compreender o infinito valor da paz. Outras vezes usa o tédio, quando ele quer nos mostrar a importância da aventura e do abandono. Deus costuma usar o silêncio para nos ensinar sobre a responsabilidade do que dizemos. Às vezes usa o cansaço para que possamos compreender o valor do despertar. Em outras ocasiões ele usa a doença para nos mostrar a importância da
saúde. Deus usa o fogo para nos ensinar sobre a água. Às vezes, usa a terra, para que possamos compreender o valor do ar. E às vezes usa a morte, quando ele quer nos mostrar a importância da vida.”
O alcance do Mal Nossas ações podem repercurtir infinitamente como o círculo de ondulações sobre um lago e esses efeitos podem afetar a nós e aos outros por tempo indeterminado. Decisões de “autoridades” podem afetar sua população e o mundo, para o bem e para o mal, por séculos adiante. Assim, como uma bola de neve, muito do mal que existe hoje na humanidade, é fator que advém das ações de toda a humanidade ao longo da sua história. A abrangência pode ser infinita, pois, nossas ações afetam as ações de outras pessoas e assim sucessivamente. O mal, a mentira, a ira, a angústia, a dúvida, o desprezo, tudo o que voce pode produzir de mal ao outro, pode ter um efeito devastador sobre a humanidade. É como a história do homem que foi demitido, brigou com a esposa, que gritou com o menino, que chutou o cachorro, que mordeu o carteiro... Tanto o mal como o bem são contagiosos.
Daí a pergunta; não teria sido mais fácil se Deus tivesse criado o homem incapaz de pecar? Em resposta a isso, Ron cita um bom exemplo:
Gordon R. Lewis e Bruce A. Demarest, teólogos, oferecem-nos uma ilustração desse ponto de vista na pessoa de Henry Ford: "Henry Ford é a causa final de todos os carros de marca Ford, devido ao fato de que não existiria nenhum deles, se ele não os tivesse inventado com a finalidade de proporcionar transporte para as pessoas. No entanto, ele, que poderia muito bem ter previsto os maus usos para seu invento, aparentemente, após uma espécie de análise de prós e contras, achou mais sábio inventá-los do que não fazê-lo".18 Contudo, quando uma pessoa, que tomou um ou dois drinques a mais, pega seu carro e acaba provocando uma colisão e matando inocentes, Henry Ford não se torna por isso culpado de ter cometido um crime. Por analogia, não podemos responsabilizar Deus por todo mal do mundo, apenas por que Ele deu livre arbítrio ao ser humano, pois foi o mau uso que a criatura fez desse dom que causou tamanho mal. O Livre arbítrio é uma dádiva. A meu ver, Deus não erra e Ele tem absoluta confiança na perfeição de sua criação, pois ela foi criada imagem e semelhança de seu criador, que, é bom lembrar, não pode criar diferente. Deus sabe que seus filhos, como crianças e aprendizes de Deus, precisam de tempo para atingir a Sua perfeição. E foi isso que Ele nos deu: Tempo. Hoje, apesar dos horrores qua ainda acontecem, não podemos negar que a humanidade melhorou como um todo. Hoje nos revoltamos com a escravidão, que era visto como algo natural há poucas décadas atrás. Também começamos a questionar a violência doméstica e a falta de respeito à democracia, o desrespeito racial, e muito mais. Temos muito o que agradecer pela eterna paciência de Deus.
Ron diz: Considere que Deus simplesmente não pode fazer certas coisas.12
Por exemplo, Deus não pode fazer círculos quadrados. Nem pode fazer quadrados redondos. Para Deus é impossível mentir, pois esse ato violaria sua natureza santa. Como também é impossível para Deus eliminar todo o mal sem acabar com o livre arbítrio. Devido ao fato do livre arbítrio ser necessário para a existência de um universo com moralidade — um universo que inclui a livre expressão do amor — Deus não pode eliminar o mal sem também acabar com esse bom e moral universo. Contudo, a livre escolha, conforme citado acima, sempre tem a possibilidade de uma escolha errada. Ele não pode dar livre arbítrio aos seres humanos em algumas ocasiões e em outras não. Ele não pode criar agentes com liberdade moral e depois, sempre que se desviarem de seus desejos, segurar seus dedos, tornando-os robôs. Deus não pode criar seres com livre arbítrio e depois forçá-los a fazer escolhas corretas. Podemos dizer que o plano de Deus, desde o início, trazia em si um potencial para o mal, mesmo que transitório. A intenção do criador é expandir-se e ele o faz multiplicando-se em consciencias individuais que vão precisar despertar a si mesmos, pois de outra forma, Deus estaria admitindo que criou seres incapazes, fracos e sem o potencial para atingir a Sua perfeição. A partir do momento em que conferiu a liberdade de escolha ao ser humano, Ele admitiu o risco da separação, do bem e do mal, da individuação. Mas, Ele, também, já antevia o final, com o despertar do homem, através do Espírito Santo. A verdadeira origem do mal é o resultado de como o homem direcionou seu desejo para longe de Deus, em atenção às necessidades do EGO, mas, acredito, até mesmo isso já era esperado, pois o processo do aprendizado pressupõe a passagem da consciencia do EU primário para o EU DIVINO. "Apesar de Deus ter criado a liberdade, são os seres humanos que realizam os atos de liberdade. Deus tornou o mal possível, as criaturas o tornaram real". O ego humano está sempre tentando fazer com que o mundo seja o que ele quer. Tudo o que ele constrói diz ao ego a respeito de si mesmo. O ego forma sua identidade pelo que ele cria a sua volta. As sucessivas experiências, quer nessa vida, ou em várias, permitem ao ego alcançar um grau de busca e evolução a fim de DESPERTAR seu EU DIVINO. O ego, então, deixa de existir como identidade, passando apenas a ser uma ferramenta temporal do SER DESPERTO. O Ser Desperto, iluminado, manifesta o mundo de Deus na Terra, e o mal sucumbe. Volto a citar Ron: “Deus não é pego de surpresa pelo fato de os seres humanos usarem a livre escolha, que Ele mesmo concedeu. Deus, em sua onisciência, sabia que isso poderia acontecer. Deus, em sua sabedoria, sabia que a temporária permissão para que houvesse mal no mundo, no fim, valeria a pena. CS. Lewis explica que Deus em sua onisciência "viu que Ele com um mundo de criaturas livres, embora estas tenham caído, poderia
alcançar [...] uma felicidade mais profunda e um esplendor mais pleno do que qualquer mundo autômato [de robôs] permitiria". “Conforme as coisas estão agora, certamente podemos dizer que nosso mundo presente não é o melhor dos mundos possíveis. No entanto, em concordância com os planos soberanos de Deus, esse é o melhor caminho para o melhor mundo possível.”
A única forma de superar o mal é encontrar a Deus. Aquilo que aparece como erro é uma crença equivocada na existência de uma vida separada de Deus. É o resultado da capacidade limitada do ser humano em criar a partir da substância de Deus. O ser humano separado de Deus reflete sua própria limitação. O erro existe porque é dado ao homem o acesso à graça de Deus. A ele foi dado o direito e a inteligência de criar como Deus, mas o resultado não é satisfatório. É preciso saber o que fazer como essa substância Divina que se manifesta em todas as coisas e circunstâncias que nos cercam. Faço aqui uma analogia com uma criança pequena a quem pedimos que desenhe um homem. Ela provavelmente fará um desenho composto por uma bola, um corpo disforme e pauzinhos representando pernas, braços e mãos. Esta criança um dia vai crescer e saber desenhar muito melhor e eventualmente, se ela estudar desenho, poderá até ser uma profissional. Mas, pequena, ela só é capaz de desenhar segundo sua capacidade limitada. Assim somos nós tentando criar o mundo de Deus. Somos as crianças de Deus aprendendo a criar no mundo de Deus. Somos crianças brincando de Deus e nossa produção é o retrato de que há muito a aprender ainda. Quando estamos despertos em Deus, não é possível criar um mundo ruim, mas como poucos de nós estamos conscientes 100% do tempo, ainda experimentamos um mundo de faltas, flagelos, disputas pelo poder, luta pela fome, etc. Essa eterna busca pela paz de Deus exige constante vigilância. Joel Goldsmith lembra que quando fazemos meditação alcaçamos o Divino e mergulhamos na saudável paz de Deus. Isso mantém nossa visão pura e nos ajuda a influenciar o mundo de forma benéfica, sob o prisma de Deus, de forma a sermos capazes de nos relacionar com o mundo sem pertencer a ele. Entretanto, isso dura algumas horas e logo precisamos silenciar a mente novamente, e, através de outra meditação, reencontrar a Deus, visto que a densidade do mundo material é tanta, que facilmente nos esquecemos de quem realmente somos.. Quando reconhecemos nossas limitações, como crianças espirituais que somos, e abrimos os nossos corações e mentes para a tutela do Mestre, permitimos que Ele se manifeste e faça, então, a demonstração do SEU mundo perfeito.
Jesus sabia disso e sempre dizia: “Eu, por mim mesmo, nada posso fazer”. Ele era capaz de curar porque não via o erro, não via a doença, não via o mal, nem o pecado. Ele era capaz de ver Deus manifesto além do mundo humano e limitado que o cercava. Como enxergava a perfeição, ele podia dizer ao aleijado para se levantar e ao moribundo para sair do sepulcro. Jesus é a prova de que o bem sobrepõe ao mal. O milagre é a prova de que nosso mundo não é real e que o poder de Deus pode se manifestar no nosso mundo sempre que nós conseguirmos nos conectar com Ele. E, que, ao contrário do que nos parece, Deus tem poder absoluto para acabar com todo o mal.