3vidas (ebook)

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3 VIDAS

3 VIDAS

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A cobardia é uma coragem inacabada

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I - RANCOR

Tamanho rancor tem uma simples razão de ser; levaram quem eu mais amava e queria proteger. Com um invisível estalar de dedos, fizeram-na desaparecer. Em menos de duas semanas, a minha pequena filha, que ainda não tinha chegado ao seu sétimo ano de vida, definhou e morreu. Levada por uma doença que nenhum médico foi capaz de compreender. Foi o sinal que me faltava, para entender. Nos seus últimos instantes de vida olhou-me nos olhos para se despedir, uma tristeza amedrontada que pedia perdão ao seu pai por aquilo que estava a acontecer, e que me fez revoltar as entranhas, vomitar, odiar, ter vontade de matar. Procurei em vão, durante o resto da minha vida, o pescoço do responsável para estrangular. Só já muito velho me convenci que não há; no seu lugar só existe ar. Depois de morta e de ter ido a enterrar, afagaram-me as costas com o conforto dos inúteis. Disseramme que dizia palavras injustas e até de profanação, que Deus tinha um plano maior que nos cabia respeitar e que não éramos capazes de entender, que na nossa insignificância devíamos apenas seguir e aceitar o caminho que nos tinha sido traçado, para percorrer. Mas o ódio não desapareceu. Posso ser insignificante na escala do tempo e da matéria, mas sou. E ser é a razão de toda a complicação. Ser é a pequena palavra que encerra o poder infinito que transforma um simples átomo de matéria na vontade de se conhecer. Ser é a força omnipotente que me permite elevar nos céus, acima de p4

3 VIDAS qualquer deus, e esmagar todo aquele que se atreva a aparecer. Mas o meu poder infinito é de estranho formato; que podendo dar cabo do autor não é capaz de eliminar o seu efeito. Agarro-me a ela num último e inútil movimento, esperando que uma qualquer propriedade de absorção a possa salvar, transportando para mim o mal que alguém lá fez nascer. Choro sangue quando ela se despede com o seu último olhar, fechando os olhos para a eternidade e deixando-me vivo para sofrer. Sofrer até ao fim; agarro-me ao sofrimento, pois mais nada sobrou. A minha sina; a minha salvação.

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3 VIDAS

II – O SILÊNCIO DOS PÁSSAROS

Depois da morte da minha filha, escorracei com vil prazer todos aqueles que viviam à minha volta. Achava que esse acto rude, que usei para afastar a minha mulher e a minha família para longe de mim, era o acto natural de quem não está certo de ter ficado vivo depois do acto que o consumiu. Na verdade, a morte de Joana levou-me o amor e a emoção, mas deixou-me para trás. Deixou-me para trás sem saber porque não fui eu também a enterrar. Vivia na cidade, como sempre vivi desde que nasci; e o ruído da cidade sempre me ocultou a verdade; mesmo quando o ruído é composto por silêncio absoluto. Nos recantos mais escondidos da cidade não existe sinal de vida; nem o mais pequeno canto de pássaro se houve; nem o esvoaçar da mais pequena mosca. É o silêncio da morte que se espalha em torno de tudo aquilo em que a humanidade toca. Na cidade, o silêncio absoluto é ensurdecedor. Um dia, sem mais, e para surpresa minha, fiz uma viagem às montanhas. Foi aí, numa encosta monumental, que me apercebi; faltava-me o silêncio dos pássaros. O silêncio dos pássaros permite-nos ouvir coisas impensáveis, coisas que já foram esquecidas pela humanidade e ofuscadas pelo ruído e silêncio mortal da cidade. O silêncio dos pássaros dá-nos um dom especial de visão; a contemplação do recorte das cadeias de montanhas p6

3 VIDAS sobrepostas, o horizonte manchado pelo céu vermelho e azul de um pôr-do-sol, as árvores, infinitas, que preenchem o mundo e que acenam, ao vento, às nuvens tranquilas que navegam lá em cima e anunciam a noite. O silêncio dos pássaros é a tranquilidade que permite reduzir o tamanho do mundo para metade. Ouvimos as palavras de uma criança que ao longe parecem perto, escutamos o ladrar do cão que ressoa nas montanhas e o faz triplicar, sentimos o peso da caruma que se parte como ossos debaixo dos nossos pés, arrepiamo-nos com o frio da neblina que inicia o seu deitar, somos assaltados pelo perfume da floresta que nos invade por dentro, escutamos, sentimos, arrepiamo-nos e vivemos com o palpitar do sangue que passa na veia junto à minha orelha; que o ouço; que me ouço. O silêncio dos pássaros fez-me ser e pertencer, permitiume ver e sentir. Multiplicou-me por mil. Tirou-me do torpor do vazio e devolveu-me a razão. Compreender e até perdoar. Sim, perdoei-Lhe. Porque olhando aquela imensidão de mundo que se debruava a meus pés, percebi que o acto ignóbil que levou a minha filha não era ignóbil. O grande mistério do universo não é saber que deus manda no mundo. O grande mistério é descobrir; Deus não sabe que existe. Sim, fiquei por lá. E sendo isto tudo verdade ou não, o que importa é que esta é a razão que permite manter-me são. E daqui não me irei mover, nem à bala de canhão.

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3 VIDAS

III – O 7º DIA

Abandonado. Foi assim que me senti, muito anos depois, ao fim de meia vida a viver nas montanhas, fingindo amigos e amores convenientes. Conversava com eles; conversava com os pássaros; conversava com as montanhas; conversava com a minha filha; conversava comigo. Um dia essas conversas terminaram abruptamente, sem direito a despedida, e fiquei novamente por minha conta. Talvez fosse a chegada da velhice. Por um momento, afligi-me com a lembrança de um passado longínquo que novamente ameaçava tomar-me de assalto. Mas era apenas medo, nada mais. Por essa altura, embora ainda não a sentisse, já a velhice se tinha entranhado. A memória era apenas memória. Já havia subido os degraus necessários para poder olhar para baixo e perceber que o passado não se atreveria a sair desse lugar antigo. Convenci-me. Protegido agora do passado, não sabia o que fazer com o futuro. O que era um luxo. A maior parte das pessoas não pode sonhar com tamanha sorte, pois o destino esperto artilha a vida do homem com compromissos eternos. Fruto do acaso e da tragédia pessoal, fruto do meu convencimento, podia agora fazer o que me desse na veneta. Mas tal campo aberto é sempre difícil de percorrer, porque sem ponto de referência para nos guiar é difícil escolher. O que era uma contradição. p8

3 VIDAS Ao fim de uma semana a pensar no assunto, cheguei à conclusão que não precisava de guias para poder ver. Tinha de ser capaz de escolher, e para isso, em vez de abrir os olhos tinha de os fechar. Entreguei-me a essa tarefa de corpo e alma. Preparei estrategicamente uma bateria de bebida e comida à mão de semear, vendei os olhos e tapei os ouvidos com algodão, arejei a casa para expurgar qualquer cheiro que por ali pudesse andar, e assim fiquei, num vazio tão vazio quanto pude arranjar, e prometi a mim mesmo que só dali sairia quando soubesse o que fazer com esse futuro que sempre chega e não temos maneira de evitar. Ali ficaria, à espera ou a pensar (não sabia bem que estratégia escolher), nem que para isso tivesse de morrer à fome e à sede depois de acabar a comida que tinha posto logo ali ao lado na mesa de comer. No primeiro dia nada aconteceu. Era uma calmaria nos sentidos, como a imobilidade deixada para trás pela passagem da tempestade. Foi um dia de habituação que se prolongou pelo início do segundo dia. Mexia-me cada vez menos, como se o corpo não tivesse razões para se movimentar, e passei o dia imóvel no sofá, sem saber o que pensar. No segundo dia senti uma ansiedade que não era capaz de compreender. Tinha vontade de voltar a ver e a ouvir, e por mais de uma vez levei as mãos aos olhos para retirar a venda e desistir. Mas, por uma razão que nunca cheguei a compreender, nesses momentos de quase desistência o coração acelerava de repente e quase que me faltava o sincronismo da respiração. Imagino que fosse a ansiedade da ansiedade, e com isso aguentei durante o dia dois e três. No final desse terceiro dia vomitei, e os desejos de retirar a venda desapareceram e não mais voltaram. Mas se a partir do quarto dia deixei de ter sinal do corpo, como se este tivesse ido dormir deixando-me acordado para trás, numa estranha inversão da ordem natural, de repente e sem aviso voltaram imagens do passado para me p9

3 VIDAS atormentar. E agora não tinha a escapatória do sono para me fazer esconder. Como já disse, o corpo foi embora sem me levar com ele, e a verdade é que desde esse quarto dia não me lembro de ter ido alguma vez dormir. Só dava pelos dias a passar através do relógio interno do estômago, que é impossível de enganar, mesmo que ausente, e que exigia as três refeições diárias a que estava habituado. Mas esse quarto dia foi uma tormenta para a consciência. Foi a repetição lenta da minha vida e do sofrimento que não se quer esquecer; a minha sina, a minha salvação. A minha filha veio visitar-me. Chorei de alegria, e as lágrimas humedeceram a venda que agora não queria mais retirar. A visão era tão real que me deixei levar, queria acreditar que ela estava ali comigo a brincar e a falar. Nunca senti em toda a minha vida, com tamanha intensidade, tão forte aperto daquele pequeno corpo que vinha abraçar-me e reconfortar-me. Roguei a Deus (sim, admito) que nunca mais me tirasse a venda dos olhos e que procedesse de imediato à multiplicação dos pães, ou à eliminação da fome e da sede, pois queria ficar ali para sempre até morrer, porque agora, de olhos vendados e ouvidos tapados, era novamente feliz, junto de quem amava num amor verdadeiro, como é impossível de haver a não ser entre um filho e um pai. Queria a perenidade, e gritei de raiva quando o quarto dia chegou ao fim e a imagem da minha filha começou a desvanecer, até ao ponto em que deixei de acreditar que ela estava ali, e a ilusão de que aquilo tudo poderia ser o futuro que queria escolher me era novamente roubado, cinicamente roubado. Voltei a maldizer os deuses da Terra e do Céu, e jurei que no dia seguinte iria sonhar com o deus maior, trazê-lo à tribuna da minha mente, condená-lo de imediato e proceder à sua execução. No início do quinto dia doía-me toda a carne do corpo, lembrança de que afinal ele ainda estava por ali e não se tinha ausentado, mas não sabia se a dor era o resultado do desconforto das entranhas pelo meu contorcido desespero, do p10

3 VIDAS dia anterior, ou apenas o cansaço da imobilidade a que tinha sido subjugado. O quinto dia foi, concluí posteriormente, uma espécie de castigo divino por ter importunado e ameaçado os deuses que silenciosamente e sorrateiramente comandam o destino. De repente e sem aviso, olhei para o lado e estava tudo encarnado. Não sabia ou reconhecia exactamente que objectos eram aqueles, não sabia ou não era capaz de entender a sua função ou até o seu contorno, apenas sabia que estavam ali e eram muitos, e todos cobertos de um líquido pastoso encarnado e reluzente que escorria sem nunca acabar, de baixo para cima e ao mesmo tempo da esquerda para a direita. Quando tudo ficou coberto por aquela pasta líquida, do chão ao tecto, nada mais havia para além desse encarnado reluzente e eu. Então, senti o meu corpo abrir, embora não seja capaz de descrever como e em que parte, e de lá de dentro também começou a jorrar a mesma pasta encarnada que, saindo, foi envolvendo o meu corpo por fora, agarrando-se à minha pele como se quisesse tomar conta de mim, subindo e cobrindo-me, até que chegou ao meu pescoço sem dar sinal de parar, entrou boca adentro e cortou-me a respiração. Sustive a respiração, mas era inútil. Entrou-me pelos ouvidos também, tapou-me os olhos e deixei de ver. Era como ter uma segunda venda por cima daquela que tinha posto por minha própria iniciativa. Fiquei sem saber o que fazer. Queria descobrir o caminho que devia seguir e agora estava perdido num mar incolor e sem sentido. Sim, incolor, pois ter uma única cor para ver é como não ter nenhuma, é como viver no escuro. Ao fim de um tempo, senti-me no centro de uma esfera perfeita que se expandia e deixava perceber, lá em baixo, no fundo, um mar de fogo igualmente encarnado, e que sendo exactamente da mesma cor da pasta reluzente não entendia como o conseguia identificar; como o conseguia ver. Senti o calor a crepitar por baixo de mim, e o meu corpo, que se afastava na esfera perfeita que crescia para o infinito, ardia com as chamas desse fogo. p11

3 VIDAS Mas quem sofria era eu, minúsculo e imóvel no centro, sentindo essa dor, enquanto a esfera de carne ou sangue (não sei bem o que era), fugia para longe dali. Foi uma dor tão intensa e prolongada que acabei por me habituar; tornou-se banal. A única coisa que notei, nesta condição, foi que tinha o pensamento menos lesto, como que dormente pela dor desse calor abrasador. E continuando isto por uma eternidade de tempo que me era impossível de medir, que pode ter durado o tempo infinito ou até ter dado a volta ao tempo do universo, ter-se este extinguido e de novo recomeçado, uma vez e infinitas vezes, até ao ponto em que me apanhou novamente numa repetição, e por aí ficou à espera de saber o que vou eu fazer a seguir. E o que fiz foi simplesmente abrir os olhos, sem saber que os tinha fechados, sem saber que os queria abrir, e assim que isso aconteceu tudo desapareceu, e fiquei novamente na negridão da primeira venda, sentindo o corpo todo dorido por uma imobilidade que durava há um tempo sem possibilidade de medição. O sexto dia foi estranho no formato e na dimensão. Pareceu-me que à medida que os dias iam passando os cenários iam ficando cada vez mais estranhos, fugidos da realidade que conhecia, vividos apenas da maneira que lhes apetecia, e eu, contemplando tal facto que não podia negar e só aceitar, sentiaos, nos calores e nos frios, na dor e na alegria, e à medida que me afastava para esses cenários cada vez mais estranhos, a realidade ocultada pela venda de pano deixava de ser a realidade que conhecia e, cada vez mais, passava a ser um sonho alternativo àqueles que eu tinha, um dia atrás do outro. Pensava eu, nesse sexto dia, que provavelmente cada um desses dias era um cenário alternativo que me era apresentado para poder avaliar, e que no fim poderia accionar a manivela respectiva e decidir, e assim, finalmente, poderia desaparecer da minha vida antiga e emigrar para esse novo lugar. Mas se assim fosse, verdade seja dita, também assim estaria a faltar com a p12

3 VIDAS minha promessa, pois tinha vendado os olhos para deixar de ver as paredes que guiam o meu destino; eu não queria simplesmente escolher um corredor, mas sim designar o trajecto que iria ser construído. E agora? O que fazer com o novo e fantástico cenário que me era apresentado? Azul e branco imaculado. O calor leve do sol e vento fresco massajando-me a face. Uma música divinal emanada de um instrumento que não é possível reconhecer. Não se via o chão. Na verdade não havia. Nem chão, nem céu. Nem horizonte, nem nada próximo que pudesse agarrar. Estava ali a flutuar, no divino conforto do prazer, que existe apenas para satisfazer. Mas ao mesmo tempo que não tinha nenhum medo ou desconforto que me impelisse a mover, a sair dali e fugir se tal me apetecesse, a verdade é que também não seria capaz. Podia bater as asas da mão, espernear, tentar nadar, dar cambalhotas ou naturalmente andar que nada acontecia, continuava a flutuar sem sair do lugar. Era como estar aprisionado num espaço sem tamanho e ao mesmo tempo de tamanho infinito. Convenci-me. Achei que aquilo tudo era um engano, que a venda que tinha colocado nos olhos tinha sido um erro, e que todas aquelas coisas que me foram oferecidas ao longo de todos aqueles dias eram presentes envenenados, enganos dolorosos ou incómodos confortos que, na verdade, eram muros de caminhos que era obrigado a aceitar; a escolher (apenas). Belisquei-me com toda a força que consegui arranjar e a dor fez tudo desaparecer. Desapareceram todas aquelas coisas e voltei ao ponto de partida, que pelas minhas contas era agora o sétimo dia, sentido agora o suor já putrefacto debaixo dos meus sovacos, da linha de cintura e do papo do pescoço, e que de suor já tinha pouco, parecia pus e fazia bolhas quando me mexia.

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3 VIDAS Estava de volta. Os olhos agora já só viam negro. As orelhas já só ouviam o roçar da venda. Tinha dado a volta ao universo sem sair do sofá. Apeteceu-me terminar por ali aquela experiência exotérica, que se fosse escrita (como foi), podia ser lida e dada como lírica ou simplesmente uma falácia, ou mais comodamente como um devaneio de um louco abandonado, que não tendo mais nada para fazer fazia aquilo; ficar sozinho com ele próprio e juntar-se a si mesmo para tentar descobrir a verdade que o rato que vive na roda da gaiola jamais poderá descobrir. Mas não é assim tão simples. Posso-o dizer agora, neste preciso momento de convencimento, que quem pensar isso estará enganado, na mesma medida que julga que eu o estou. Mas as palavras não me deixam dizer o que aconteceu dentro de mim no momento em que o sétimo dia se fechou. Querovos dizer e não consigo. Não sei que letra hei-de usar para começar. Não sei que palavra montar e que sequência construir para dizer essa verdade que só se pode sentir. Queria dizer-vos mas nada consegue sair. E esta experiência exotérica, tão exotérica quanto a minha alma ou qualquer outra, é uma experiência tão simples de fazer, de se experimentar, mas tenho a mais absoluta certeza que nunca mais ninguém, em toda a história do universo (excluindo as suas repetições), a voltou a executar. Fiquei esse sétimo dia assim, no ponto de partida, mas ao mesmo tempo num novo mundo, porque quando retirei a venda dos olhos e a luz do Sol me inundou com toda a potência do universo, Eu respondi-Lhe de volta; «Sei quem tu és e por isso sei quem eu sou. Compreendi que as paredes que me emparedam o caminho são apenas actos de conforto, de dor e talvez até de carinho. Mas eu não as quero. Prefiro percorrer a planície vazia de olhos vendados».

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