A EDUCAÇÃO QUE DESEJAMOS: UTOPIA OU REALIDADE *Igor Leandro Alves de Carvalho Mestre em Ciências da Educação (UFRGS) **Tânia Regina Souza Rocha Especialista em Psicopedagogia (UNIFOA) RESUMO Este artigo tem o propósito de reescrever as contribuições de José Moran para alcançar uma educação de qualidade. Enfatiza a necessidade de mudanças estruturais escolares, a importância da gestão educacional envolvendo a comunidade escolar, as competências da cidade e a integração aos vários órgãos governamentais. São temáticas presentes a formação docente, o aprender de forma integral, numa assimilação individual e social como indispensáveis de modo a impulsionar inovações necessárias. Focaliza a essencialidade das tecnologias no processo ensino aprendizagem em todos os níveis educacionais, para o alcance da cidadania plena e para vencer os desafios da sociedade, ressignificando a educação atual. Palavras chaves: educação, inovação, desafios, gestão e tecnologias.
ABSTRACT This article is intended to rewrite the contributions of José Moran to achieve a quality education. Emphasizes the need for structural changes, the importance of educational management involving the school community, the city and integration skills to various government agencies. Are gifts to teacher training, thematic learning fully, in a individual and social assimilation as indispensable in order to boost innovations necessary. Focuses on the essentiality of the technologies in the teaching learning process at all educational levels, to the achievement of full citizenship and to overcome the challenges of society, redefines the current education. Keywords: education, innovation, challenges, and management technologies.
* End.: Rua Hortência, nº 18, Lote 18 Quadra H, Bairro Vila do Tinguá – Queimados, RJ. CEP 26383250. Docente permanente da SEEDUC/RJ. **End.: Rua 570, nº 163, Bairro Nª Srª das Graças – Volta Redonda, RJ. CEP 27215-400. Conselheira Municipal de Educação de Volta Redonda.
INTRODUÇÃO
Neste artigo reescrevemos proposições de José Manuel Moran (2012) que aponta caminhos para alcançar uma educação de qualidade. O autor ressalta a necessidade de mudanças estruturais nas escolas, mesmo nas didaticamente avançadas. A superaração dos desafios que construam uma nova realidade nas escolas perpassa pela formação docente, para que torne a escola um espaço vivo, estimulante, com currículos mais contextualizados, centrados em projetos com atividades desenvolvidas em espaços além da sala de aula, inclusive on-line, visto que a cidadania plena e melhores condições educacionais e profissionais, implica na apropriação das tecnologias e possibilidades de acesso digital. Outra temática presente neste é a importância da gestão educacional que envolva a comunidade escolar, as competências da cidade e a integração aos vários órgãos governamentais. Gestores bem preparados, comunidade participativa, valorização da escola são indispensáveis; bem como a promoção de uma educação dinâmica, investigadora e ativa para uma sociedade que aprende por novos caminhos e de forma contínua e por modelos não convencionais. O aprender de forma integral, humana, ética e afetiva, numa assimilação individual e social são indispensáveis aos educandos e educadores de modo a impulsionar inovações necessárias. Enfatiza ainda que a educação é um processo complexo e que as ações políticas conscientes e estratégicas, como a motivação, qualificação e remuneração adequadas aos professores precisam de atenção e ações emergentes.
AS MUDANÇAS ATUAIS NA EDUCAÇÃO “A educação é como um caleidoscópio. Podemos enxergar diferentes realidades:podemos escolher mais uma perspectiva de análise e cada uma terá sua lógica, seu fundamento, sua defesa,porque projetamos na educação nosso olhar parcial, nossas escolhas, nossa experiência.”
Moran (2012) enfatiza que os índices de repetência, de abandono e os resultados dos educandos em competições internacionais, as diferenças entre as escolas de elite e da periferia, mostram estatisticamente o atraso da educação
brasileira. Neste contexto ainda podemos destacar a burocracia, com excesso de leis normas decretos, descontinuidade de políticas públicas, gestão lenta e grande resistência
às
mudanças.
Destarte
podemos
também
encontrar
escolas
revolucionárias, com novos projetos, uso criativo das tecnologias e bons exemplos e inovações pedagógicas. A sociedade hoje percebe a importância da contínua aprendizagem de todos e a educação é concebida como um processo desta, que educa, transmite valores, conhecimentos e novas ideias. Explicitando valores básicos fundamentais impele diretrizes políticas. “As escolas e universidades são os espaços institucionais legitimados para a formação dos novos cidadãos”. Todavia há um “peso cultural imobilizador” que dificulta a libertação da educação do modelo industrial para abertura de novas propostas pedagógicas e gerenciais, adequadas à vindoura sociedade da informação e conhecimento; isto significa que levaremos décadas para propor, implementar e avaliar novas formas de organizar processos de ensinoaprendizagem nos diferentes níveis de ensino. Moacyr Gadotti (apud Moran 2012) afirma: “Na era do conhecimento, distribuir conhecimento é distribuir renda. Não há desenvolvimento sem inovação tecnológica e não há inovação sem pesquisa, sem educação, sem escola.” E esta escola carece de alunos e professores que possam experimentar...”a experiência é o livro-texto vivo do adulto aprendiz”... ousar, fugir de modelos prontos, serem preparados ou buscar evoluir. O professor em muitos momentos precisa aprender a aprender... precisa criar conexões e integrar conteúdo didáticos ao saber dos alunos e com o tema da aula. Eles, na verdade, “são as peças-chaves na mudança educacional”. Moran (2012) assinala que temos dificuldades no gerenciamento emocional, tanto pessoal como organizacional, o que dificulta o aprendizado rápido. A aproximação do “pensar do viver”, a ética, a integração da teoria com a prática é um desafio. Precisamos educar para a autonomia e para a liberdade com processos participativos, interativos e libertadores que respeitem e incentivem as pessoas e organizações livres. O Projeto Político Pedagógico da escola deve merecer atenção especial, é um documento único, apresenta sua identidade educacional e deve ser construído coletivamente com a participação de todos os atores envolvidos no processo ensinoaprendizagem, mantendo-se atualizado, sofrendo alterações constantes frente à
liberdade, a sociedade e ao processo contínuo de aprendizagem do educador e educando. O gestor é o articulador deste projeto, sendo um elemento fundamental para a construção de uma boa escola, precisa ser motivador, acolhedor, dinâmico, administrador eficaz de recursos, criativo e integrador de toda comunidade escolar. A escola precisa promover a aprendizagem viva, com aulas que promovam as atividades de pesquisa, experimentação, projetos, com professores desenvolvam situações desafiadoras, solução de problemas, jogos e propostas tecnológicas. Deve integrar todas as dimensões do ser humano, privilegiar uma relação afetiva com os alunos, dando-lhes suporte emocional e o estímulo a acreditar em si mesmo. As mudanças surgirão da organização da aprendizagem, do estabelecimento de formas de pesquisa e comunicação, com ambientes inovadores, que sempre será facilitados
por
pais,
educadores
amadurecidos
intelectual,
emocional,
comunicacional e ético. “[...] É preciso equilibrar o planejamento institucional e o pessoal nas organizações educacionais. Ter um planejamento flexível e criatividade sinérgica; equilíbrio entre a flexibilidade (que está ligada ao conceito de liberdade, de criatividade) e a organização (na qual há hierarquia, normas e maior rigidez), nem planejamento fechado nem criatividade desorganizada, que virá só improvisação.” MORAN,2012
Moran (2012) assinala que as atuais pesquisas em educação consolida que as mudanças perpassaram pela adoção de metodologias ativas, focadas no aluno, como a metodologia de projetos de aprendizagem ou a de solução de problemas; que alteram o foco do “conteúdo que o professor ensinar” para uma aprendizagem baseada na ação-reflexão-ação. Sirvo-me de recente reescrita quando destaquei que situação-problema é para Macedo (2002) um recurso importante à avaliação escolar, desenvolvimento de competências, logo forma de aprendizagem, pois se caracteriza como um desafio para realização e articulação entre diversidade e singularidade. É uma estratégia de aprendizagem... uma forma de ensino e principalmente uma perspectiva complexa, relacional,construtivista que mobiliza recursos; leva a ativação de esquemas e delimita um contexto de reflexão, colocação de um problema, conflito, raciocínio, enfrentamento de uma situação e, por conseguinte a realização de uma tarefa. Meirieu (1998) define assim situação-problema:
“É uma situação didática na qual se propõe ao sujeito uma tarefa que ele não pode realizar sem efetuar uma aprendizagem precisa. E essa aprendizagem, que constitui o verdadeiro objetivo da situaçãoproblema, se dá ao vencer o obstáculo na realização da tarefa. Assim, a produção supõe a aquisição, uma e outra perdendo o seu objeto de avaliações distintas.”
Perrenoud (2000) complementa que a didática hoje deve ser pensada tendo em vista que a “primeira competência do professor hoje é organizar e dirigir situações de aprendizagem” ou seja um desafio que leva “ o sujeito a mobilizar recursos no contexto de uma situação- problema para tomar decisões favoráveis ao seu objetivo ou às suas metas”. Isto implica em promover a aprendizagem através das situações-problema incita o planejamento, tematização, a reflexão, o enfrentamento de conflitos e paradoxos e ainda a diversidade e argumentações relevantes. Complemento ainda recorrendo a Alessandrini (2000) quando enfatiza que “ O projeto como proposta metodológica, torna-se um guia eficaz para a ação educacional”.
E
ainda
apresenta
outra
proposta
metodológica
para
o
desenvolvimento das competências que é a Oficina Criativa, que convida aos alunos a elaborar temas e questões, permitindo à
autonomia criativa, a expressão, a
elaboração e trabalho com novos recursos e linguagens, quando esta elaboração mexe com sentimentos e cognição, constituindo uma excelente estratégia para a mobilização do conhecimento a serviço da inteligência ou do projeto das pessoas. Moran (2012) ainda afirma que “ a metodologia de projetos de aprendizagem é a única compatível com uma visão de educação e aprendizagem que encare o alunos como protagonista, como parte da solução e não do problema”. Outra proposição do autor é a importância do educador aprender a trabalhar com tecnologias, desde as mais simples até as mais sofisticadas para que consiga conviver com as novas situações de aprendizagem que reúne os recursos audiovisuais, internet, educação presencial e virtual. Define os educadores como: humanistas que são os que focam na comunicação, na interação, na construção do conhecimento e criação de comunidades de aprendizagem; Falam mais da educação afetiva e dos valores; Concordam que as tecnologias são importantes, mas resistem a sua utilização mais ampla. E os tecnológicos que utilizam o avanço dos softwares, velocidade de transmissão e soluções telemáticas; Prometem soluções
facilidades
e
grandes
mudanças;
Focam
no
conteúdo,
na
autoaprendizagem e no atendimento de um número maior de alunos. Todavia afirma que é essencial humanizar as tecnologias, que tanto os educadores humanistas como os tecnológicos podem colaborar para um diferencial na educação. As tecnologias
“[...]caminhos para facilitar o processo de aprendizagem. É importante
[...] inserir as tecnologias nos valores, na comunicação afetiva, na flexibilização do espaço e tempo do ensino-aprendizagem”.
EDUCAÇÃO INOVADORA
Moran (2012) aborda que as diretrizes fundamentais para construir uma educação inovadora são: o conhecimento integrador e inovador; o desenvolvimento da autoestima/ autoconhecimento; a formação do aluno empreendedor; a construção do aluno-cidadão; o processo flexível e personalizado. Acrescenta que somado as tecnologias poderão tornar o processo de ensino-aprendizagem muito mais flexível e integrado. Moran (2012) reforça que a condição humana deveria ser o objeto essencial do ensino; que o conhecimento deve contextualizar o objeto para ser pertinente que esta atrelado a “quem somos... de onde estamos...de onde viemos...para onde vamos”. Enfatiza que o conhecimento não se impõe, se constrói e que o grande desafio da educação é desenvolver no aluno a curiosidade, a motivação, o gosto pelo aprender. “O gosto vem do desejo de conhecer e da facilidade em fazê-lo. A facilidade depende do domínio técnico da leitura, da escrita, da capacidade de análise, comparação, síntese, organização de ideias e sua aplicação”. O autor supracitado ainda enfatiza que os grandes obstáculos para uma educação inovadora são: currículo conteudista, a formação ineficiente
dos
professores, a cultura da aula tradicional; o excessivo número de alunos por turma, a obsessão pelo vestibular das melhores universidades o que interfere na visão da importância da formação integral do adolescente. Afirma que nos dias atuais, na sociedade está aumentando o número de possibilidades de interações e as tecnologias são capazes de desenvolver habilidades espaços-temporais, sinestésicas e criadoras, mas o professor é indispensável para adequar esta as habilidades às situações de aprendizagem em determinado momento histórico.
Moran (2012) menciona que a aprendizagem institucional é relevante, pois esta deve buscar sua estruturação e ao mesmo tempo a inquietação, a pesquisa por novas saídas; evitando o excesso de rotinas e burocracia. A escola está negligenciando quando não ensina os avanços das ciências, quando não faz adoção das tecnologias e dá ênfase à mudança de currículos, de conteúdos programáticos e pouca integração ao conhecimento. Moran (2012) enfatiza que “a integração do pessoal grupal e institucional se torna importante para o avanço da educação em todos os níveis”. A educação inovadora buscará desenvolver o potencial de cada aluno dentro de suas possibilidades e limitações. A inclusão de todos deve ser um compromisso. É fato que a afetividade é indispensável ao conhecimento e está intimamente ligada ao sensorial e ao intuitivo, pois dinamiza as interações e favorece a busca de resultados; facilita à comunicação, a troca entre os participantes, promove a união e multiplica as potencialidades. A autoestima e autoconfiança são fundamentais para os alunos e os professores. A falta de uma educação emocional, de valorização profissional, são obstáculos à promoção desta educação. É importante nos dias atuais organizar atividades
com
gestores,
professores
de
sensibilização
e
técnicas
de
autoconhecimento e autoestima Destarte menciona que nas organizações, inclusive escolas e universidades, o grande problema é educacional, de desenvolvimento de habilidades intelectuais, a ética como uma vivência prática, mas de desenvolvimento humanizador, pessoal e interpessoal. Acrescenta que o empreendedorismo como inexplorado e importante de ser trabalhado com os alunos e professores, para que promovam a criatividade, inovação e coragem. “ a sociedade precisa de pessoas inovadoras, que se adaptem a novos desafios, possibilidades,trabalhos, situações. “[...] Precisamos trabalhar os professores, os gestores e os alunos: focar a pesquisa, o novo, encontrar ângulos, exemplos, relações, adaptações diferentes; superar a aprendizagem meramente intelectual e vivenciar mais os projetos, as experiências, a resolução de problemas; propor e implementar ações baseadas em informações. È uma nova postura proativa, que contrasta com a forma tradicional de aprender, com base em reflexões feitas por terceiros.[...]” MORAN,2012
Indispensável educar para o conhecimento integral em todas as dimensões, ampliando a consciência pessoal, interpessoal, social e ecológica, universal,
cósmica; educar para responsabilidade social e inserção de cada aluno no seu bairro, na sua comunidade, país e mundo; a competência de conviver e utilizar espaços virtuais; o envolvimento e qualificação das famílias, o acionamento das diferentes esferas do governo e utilização de todos os espaços da cidade como educativos, são objeto de estudo dos teóricos da educação inovadora. Moran (2012) enfatiza: “[...] - o conhecimento integrador, o desenvolvimento da autoestima, a formação do aluno empreendedor e a construção do aluno cidadão – relacionam-se com os quatro pilares da educação do relatório Delors (2001.p.90): saber compreender, fazer comunicar-se e ser. Aprender a compreender implica lidar com a complexidade, a ignorância, o erro, a descoberta, a infindável caminhada ao longo da vida, tornar o conhecer um objetivo de realizar pessoal e social. Aprender a fazer lembra a relação necessária entre teoria e prática, entre fazer e compreender e desafia nossa organização educacional, muito mais focada na leitura do que na experiência. Aprender a comunicar-se é um dos componentes essenciais do educar: aprendemos quando nos comunicamos, quando trocamos, quando somos reconhecidos. E aprender a ser parece simples, mas é sutil e complexo, porque implica aprender a integrar valores, práticas, reflexões e atitudes de vida. São quatro pilares fundamentais para aprendizagem individual e social e para o ensino, em qualquer área.”
Igualmente assinala que precisamos romper com modelos educacionais engessados, que a aprendizagem da sociedade do conhecimento tem que ser ativa, ir para além-sala de aula, focando em projetos, pesquisa, colaboração presencialvirtual, individual-grupal; e que “um dos eixos fundamentais é mudar a configuração da escola, do currículo e do educador.”
O EDUCADOR E OS DESAFIOS ATUAIS “[...] O importante, como educadores, é acreditarmos no potencial pessoal, na capacidade de evoluir, de integrar sempre novas experiências e dimensões do cotidiano, ao mesmo tempo em que compreendemos e aceitamos nossos limites, nosso jeito de ser, nossa história pessoal [...].
Moran (2012)
evidencia que os educadores ao educar trazem a tona
valores, atitudes, ideias, emoções e os que têm credibilidade e visão construtivista da vida contribuem para motivação dos alunos em aprender e aceitar-se melhor. Cada docente é um testemunho real da aprendizagem contínua, tem sua trajetória de aprendizagem, revela suas dificuldades em mudar, em lidar com as contradições
do
cotidiano
e
das
aprendizagens,
precisando
construir
sua
identidade
pacientemente e integrando o intelectual, o emocional, o ético, o pedagógico; mas há pontos coincidentes, que Moran (2012) descreve, sendo: - a iniciação (o professor procura ser inovador e também reproduz técnicas de lecionar vivenciadas como aluno, algumas até criticadas por ele mesmo. Apresenta insegurança, entusiasmo e medo de fracassar. Através da tentativa e erro vai aprendendo a se diversificar...a desenvolver um feeling para lidar com diferentes classes.; - a consolidação (Vira um “tocador” de aulas. Às vezes repete fórmulas,métodos e técnicas aprendidos no decorrer do tempo, por vezes preparando aulas em cima da hora e tentando se poupar); - crise de identidade (é o momento de questionar-se; nada está bom e tudo se torna enfadonho; a crise profissional pode ser acompanhada de uma crise afetiva; é uma sensação de estar no local inadequado que é reforçado pela desvalorização profissional; -mudanças (Fase em que alguns desistem , outros buscam atividades profissionais complementares e outros buscam um novo foco...estudam...redescobrem prazeres...procuram simplificar a vida e procuram relaxar...alguns envelhecem motivados em aprender todos os dias, tornando-se mais humanos, acolhedores e compreensivos); - o educador bemsucedido (è aquele que em geral apresenta capacidade em relacionar-se, comunicar-se de modo a motivar o aluno de forma constante e competente. Mostra vínculos pelos alunos. A competência intelectual, emocional e ética causa um profundo impacto sobre os alunos. “ A junção da fala competente com a pessoa é didaticamente poderosa”. A comunicação afetiva e pessoal de vivências e histórias cria identificações com os alunos) – o professor aprendiz ( Alunos e profissionais são sujeitos e objeto de aprendizagem. A atitude de se perceber como aprendiz torna o profissional sensível as informações do ambiente, dos outros. Educadores e gestores humanistas são necessários e apresentam grande capacidade de compreender, de ouvir e aprender e estão sempre dispostos a ajudar os outros a crescerem.) Moran (2012) apresenta ainda algumas diretrizes para o professor que quer ser excelente profissional: aberto a atualização; conhecedor da realidade econômica, cultural, política e social do país; envolvido em projetos e atividades importantes da escola; escolhe didática que atende a diversidade e procura cativar os estudantes; está atento a realidade do aluno e da comunidade; participa das associações de categoria por melhores condições de trabalho; utiliza diferentes
estratégias de avaliação. Afirma ainda, que é importante que aprenda a construir sua identidade pedagógica pessoal, quando é preciso ter uma boa autoimagem pessoal e profissional, sendo emocionalmente maduras para gerenciar conflitos pessoais e grupais, tendo flexibilidade em compreender diferentes pontos de vista e intuição para aproximar-se das pessoas e da forma de viver. O autor enfatiza que há um longo trabalho no campo político, para implementar mudanças estruturais de apoio à mudança integrada, contemplando diretrizes, currículos e processos. Faz-se necessário também a vivência se práticas mais ricas, abertas e significativas de comunicação inovadora, profunda, crítica e progressista.
TECNOLOGIAS NO ENSINO E APRENDIZAGEM INOVADORAS
Moran (2012) sinaliza: “[...] Na educação, o presencial se virtualiza e a distancia se presencializa[...] As tecnologias são meio, apoio, mas com o avanço das redes, da comunicação em tempo real e dos portais de pesquisa, transformam-se em instrumentos fundamentais para a mudança na educação[...]”
O autor descreve as etapas da aprendizagem tecnológica, destacando que a primeira delas é a definição de quais tecnologias são adequadas para o projeto de cada instituição. Outra questão é que para que as instituições avancem na utilização das tecnologias da educação, devem utilizá-las no gerencial e no pedagógico, capacitando todos os docentes, os funcionários e alunos no domínio técnico e pedagógico. Destarte apresenta que após implantar as tecnologias, as escolas passam por algumas etapas de sua apropriação pedagógica: 1ª – São utilizadas para melhorar o desempenho da gestão administrativa, automatizar rotinas de matrículas; no apoio ao professor na organização das aulas; na avaliação, nas pesquisas e para os alunos como tecnologias de apoio a aprendizagem. 2ª Tecnologias para mudanças parciais: como criação de espaços e atividades novos dentro da escola; desenvolvimento de alguns projetos no laboratório de informática; criação de páginas na web para divulgação de trabalhos; 3ª Tecnologias para mudanças inovadoras: Utilizadas para modificar a própria escola e a universidade, flexibilizando o currículo, a forma de gestão do ensino-aprendizagem. Há mais
atividades semipresenciais ou on-line. As atividades típicas da Educação a distância são incorporadas à educação presencial. Moran (2012) salienta: “O professor, em qualquer curso presencial, hoje, precisa aprender a gerenciar vários espaços e a integrá-los de forma aberta, equilibrada e inovadora.” Esse profissional preocupar-se-á com sua sala de aula e com a integração e acompanhamento de atividades desenvolvidas no laboratório de informática, na internet primando por práticas, projetos e experiências contextuais e que observem a relação entre teoria e a prática. O autor acentua a importância da reorganização dos ambientes presenciais, a sala de aula, deve ser espaço rico e equipado com tecnologias, aparelhos multimídia e internet servirão como um local aonde haverá apresentação de resultados de uma pesquisa, para contextualização e generalização da aprendizagem individual e coletiva. Moran(2012) elucida que “há três campos importantes para as atividades virtuais: o da pesquisa, o da comunicação e o da produção-divulgação”. As instituições escolares na promoção da educação de qualidade deverão estar atentas ao currículo de modo a inserir atividades e experiências tanto para os alunos como profissionais em ambientes diversificados; experimentais, profissionais e culturais, lutando pelo envolvimento das famílias, qualificando-as, e acionando diferentes esferas governamentais e espaços comunitários em prol desta meta. Essa será ainda, facilitada através da competência e no equilíbrio entre organização e inovação; sistematização e superação. A abordagem das tecnologias como instrumento: de apoio às pesquisas (páginas da web, links, webquest); à comunicação e publicação (chats, videochats, blogs,webblogs e web conferência); o jogo como recurso didático fundamental;as tecnologias de apoio à inclusão social são temáticas relevantes e descritas por Moran (2012) contribuindo para aplicabilidade nas instituições escolares, logo para as inovações no planejamento didático. Outra importante contribuição que convém destacar são as citações dos caminhos e atitudes necessárias para uma escola inclusiva: - prática inclusiva e disposição para mudar, com respeito às peculiaridades de cada aluno; fornecer aos professores capacitação educacional para diversidade para suprir necessidades e lacunas; ensinar a todos sem distinção e homogeneizar; abolir a discriminação como ato educacional, educar com o conceito de cidadania e dignidade e tratar os alunos deficientes como os sem deficiência.
Outra abordagem do autor é acerca da avaliação, quando ressalva que ela precisa ser diferenciada, com parâmetros delineados pelo professor, com a possibilidade dos alunos sugerirem atividades e formas de realização da aprendizagem; podendo ser negociada e personalizada. Apresenta as possibilidades de avaliação da aprendizagem dos alunos pode ser realizada através: - Elaboração de atividades relacionadas ao conteúdo, à compreensão de conceitos, de textos e de contextos, em resenhas, comparação entre textos ou autores até concluir um ensaio-síntese com as principais ideias aprendidas.; -Pesquisa sobre próximos à vida e ao interesse do aluno; -Avaliação da qualidade da participação no ambiente virtual em fóruns,listas, chats e blogs. Finaliza abordando que tanto a avaliação presencial
como
virtual
deve
ser
continuada,
considerar
a
pesquisa,
o
desenvolvimento de projetos, a criatividade dos trabalhos e a flexibilidade com que os alunos fazem conexões e relações com diversos temas, autores e áreas do conhecimento. Não obstante há muito os teóricos destacam que o processo de avaliação precisa de ressignificação.
NOVOS CAMINHOS NA EDUCAÇÃO COM AS TECNOLOGIAS
Parafraseando Moran (2012) a conectividade educacional à internet facilita a aprendizagem personalizada, flexível e integrada, todavia ainda é um processo complexo, visto que nem todos têm condições de desenvolvê-los. Há várias situações que são enfrentadas pela educação brasileira:- o domínio efetivo de todas as possibilidades tecnológicas de domínio pedagógico; - algumas escolas e universidades utilizam as tecnologias de forma pontual ou complementar; - existe certo preconceito contra as possibilidades pedagógicas das tecnologias;- a utilização das tecnologias com o foco no ensino, no professor e no conteúdo, o que promove mudanças superficiais; - a utilização com a finalidade de baixar custos e abrir competitividade no mercado; - a utilização para ofertar cursos semipresenciais ou on-line com vários formatos e projetos pedagógicos e define um novo design educacional. Moran (2012) sinaliza que a educação caminha para direções diferentes, uma centrada de informações e outra à aprendizagem de projetos e que ambas sofrerão influências das tecnologias. Aborda dois modelos: 1. A multiplicação do ensino centrado no professor, na transmissão da informação, de conteúdo e na avaliação
de conteúdos aprendidos: Este terá diversos modelos, tanto na educação presencial como a distância, incluindo teleaulas com atividades de pesquisa, compreensão de textos e avaliação de conteúdo; aulas simultâneas para várias salas com um professor principal e outros assistentes, com atividades on-line em plataforma; aulas gravadas e acessadas a qualquer tempo e lugar pela internet ou TV digital. Segundo o autor os cursos presenciais se tornarão cada vez mais semipresenciais. – 2. O foco na aprendizagem, no aluno e na colaboração, quando haverá o predomínio da experimentação, o desenvolvimento de atividades individuais e grupais de aprendizagem teórico-prática, de projetos de pesquisa acadêmicos, de inserção no ambiente de trabalho, de intervenção e modificação de uma realidade social, de criação de contextos. Algumas instituições inovadoras trabalharão sem disciplina, por solução de problemas, por projetos transdisciplinares sem currículo totalmente predeterminado. As aulas presenciais impulsionaram o planejamento de pesquisas. Esses dois modelos equilibrarão a transmissão de informação e colaboração, conteúdo e pesquisa, informação pronta e conhecimento construído. Para Moran (2012) caminhamos para uma sociedade, onde todos estarão envolvidos com a educação, todas as instituições contribuirão mais diretamente para a educação escolar, mas terá a aprendizagem como essência: aprender a conhecer, a sentir, a comunicar-se, a equilibrar o individual e o social. As cidades e as escolas estarão conectadas e os alunos terão acesso individual e grupal às redes digitais, dentro e fora da escola. Moran (2012) ainda ressalva que os professores terão uma nova forma de atuar: darão menos aulas
presenciais e
virtuais;
acompanharão
projetos
pedagógicos dos alunos individualmente e em grupo supervisionando-os e gerenciando-os. Os professores mapearam as pesquisas e projetos, integrando esses com de outros colegas. O currículo será mais livre e escolhido pelos alunos, professores e instituição de comum acordo. Afirma: “ [...] Em poucas décadas, os modelos atuais de ensinar e aprender comporão um capítulo específico da história da história da educação e, mais adiante, da pré-história dela. Nossos prédios e a organização em salas de aula, de acesso diário, em tempos fixos e com atividades iguais para todos serão considerados modelos totalmente antipedagógicos e antieconômicos, e analisados, como a organização possível numa sociedade industrial do passado, já totalmente superada e esquecida.[...] [...] Com o apoio das tecnologias, os pilares de uma educação inovadora se apoiam em um conjunto de propostas com alguns grandes eixos, que lhe servem de guia e de base; conhecimento
integrador e inovador; desenvolvimento da autoestima e do autoconhecimento (valorização de todos); formação de alunos empreendedores (criativos, com iniciativa); construção de alunos cidadãos (com valores individuais e sociais). São pilares que poderão tornar o processo de ensino-aprendizagem muito mais flexível, integrado, empreendedor e inovador [...]”
Moran (2012) faz menção às competências básicas que serão necessárias para cada etapa da aprendizagem,destaca que os currículos serão mais flexíveis e cada vez mais personalizados, todavia algumas áreas serão privilegiadas: como saber ler, interpretar, escrever, relacionar, contar, raciocinar e posteriormente as alternativas para avançar na formação. Aborda ainda os diferentes papéis governamentais, das secretarias de educação, das instituições superiores, dando ênfase à importância do gerenciamento inovador, quando a escola ativa precisará de pessoas criativas, de visão, dinamizadoras das relações entre professores, alunos e comunidade. e de projetos pedagógicos institucionais bem gerenciados. “Bons gestores são fundamentais para dinamizar a escola ,para buscar caminhos, para motivar todos os envolvidos.” Define como gestores todos os envolvidos com a educação, como o professor que é o gestor de pessoas... que é o representante institucional... Este precisará de capacitação contínua mediante acordos nacionais entre o setor público e o privado, entre o federal, estadual e municipal. Os gestores definirão as escolas de qualidade das outras, porque investirão na formação de docentes e na atualização tecnológica e metodológica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Moran (2012) tem uma linguagem clara e utópica, pois apresenta o possível não experimentado, como ao descrever os educadores e as aulas daqui a dez anos, ainda
aborda a educação inovadora depositando nas tecnologias grandes
expectativas e possibilidades de mudanças. Reitera o papel da escola como privilegiado para intervenção social e à vida; visto que é capaz promover elaboração de projetos, a experimentação de situações desafiadoras, mas, no entanto precisará atentar-se ao desenvolvimento integral da criança e do jovem através da integração do conteúdo escolar e da vivência em diferentes espaços de aprendizagem. Para alcançarmos a “educação que desejamos” precisaremos de pessoas abertas, criativas, inovadoras e acrescento competentes. Sendo assim recorro a
recente reescrita das ideias de Perrenoud (1999) faz abordagens sobre as competências que são necessárias aos atores educacionais, sendo assim para ele, competência pode ser considerada segundo três características: “tomada de decisão, mobilização de recursos e saber agir, enquanto construção, coordenação e articulação de esquemas de ação ou de pensamento.” Macedo (2001) que complementa esta ideia: “[...] Ser competente é ousar julgar em momentos de incerteza, dificuldade, ambivalência, contradição, dúvida e, por isso, ser competente é ser tolerante, generoso. Tolerante no sentido de aperfeiçoamento, correção, retomada e, com modéstia, ver os diferentes aspectos que devem ser considerados em função de um contexto, de uma história e configuração atual[...].” MACEDO,2001
Para tanto, desenvolver essas competências precisaremos que os gestores, administradores das instituições educativas sejam menos centralizadores e
mais integradores, invistam na formação humanística dos educadores e no
domínio tecnológico. É fato o que Moran (2012) menciona que as possibilidades educacionais são imensas e que os problemas são enormes porque não temos experiência para gerenciar pessoas em grupo e individualmente; as estruturas organizativas e os currículos precisam ser mais criativos e flexíveis; é necessário desenvolver as competências intelectuais e o saber específico para facilitar a compreensão do mundo, da aprendizagem experimentada. Evidencia que a diferença dos países que avançam investe em qualificação das pessoas. A inovação educacional perpassa pelos caminhos da integração do humano e do tecnológico, do racional, sensorial, emocional e do ético, do presencial e do virtual; da escola, do trabalho e da vida em todas as dimensões. Nesta obra nos reportamos a vários momentos a ideias de Morin (2011) que enfatiza a importância dos sete saberes para educação do século XXI; quando apresenta algumas dessas
dimensões e menciona o papel fundamental da
educação para a sobrevivência da vida planetária. No Brasil encontramos grandes diferenças regionais, desigualdades econômicas, descasos políticos frente às condições estruturais de unidades escolares e outras variáveis complexas. [...] Estamos comprometidos, na escala da humanidade planetária, com a obra essencial da vida, que é residir à morte. Civilizar e solidarizar a Terra, transformar a espécie humana em verdadeira humanidade torna-se o objetivo fundamental e global de toda educação que aspira não apenas o progresso, mas à sobrevida da
humanidade. A consciência de nossa humanidade, nesta era planetária, deveria conduzir-nos à solidariedade e à comiseração recíproca, de indivíduo para indivíduo, de todos para todos . a educação do futuro deverá ensinar a ética da compreensão planetária” MORIN,2011
Retornando a obra de Moran (2012) posso afirmar que é muito enriquecedora, pois não se limita a considerações filosóficas, sociais, políticas e econômicas que envolvem a educação, ela pontua caminhos, apresenta formas de inserir as tecnologias nos espaços escolares, etc. É um ponto de partida à educação de qualidade, ainda que façamos inovações de forma incompleta, com possível foco conteudista, mas certos da importância de promover pesquisas, experimentações e principalmente nos aproximando do contextual, da realidade da comunidade, tornando-se envolvente e diferenciada e principalmente inserindo as tecnologias nos espaços escolares. Estamos construindo esta realidade ou ainda é uma utopia, quando precisamos “fazer a diferença” Esta é uma das possibilidades da nossa contribuição e o façamos já! “ A educação tem de surpreender,cativar, conquistar os estudantes a todo o momento. A educação precisa encantar, entusiasmar, seduzir, apontar possibilidades e realizar novos conhecimentos e práticas. O conhecimento se constrói com base em constantes desafios, atividades significativas que excitem a curiosidade, a imaginação e a criatividade.” MORAN,2012
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALESSANDRINI, C.D. Avaliando competências no Professor e Aluno. Psicopedagogia, Revista da Associação Brasileira de Psicopedagogia. Edição Especial, v.2, Fórum de Psicopedagogia da ABPp, Sâo Paulo, v.19,n.58,p.44-53. MACEDO, L. Apresentação: In: PERRENOUD, P. Ensinar: Agir na urgência e decidir na Incerteza. Porto Alegre: Artmed,2001. MEIRIEU, P. Aprender... sim, mas como? Porto Alegre, 1998. MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro; tradução de Catarian Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya. São Paulo:Cortez;Brasília, DF: UNESCO, 2011. MORAN, J. M. A Educação que desejamos. Novos desafios e como chegar lá.5ª edição. Campinas,SP. Papirus,2012.
PERRENOUD, P. Dez novas competências para Ensinar: convite à viagem. Porto Alegre: Artmed, 2000. _____________ Pedagogia Diferenciada: das intenções à ação. Porto Alegre: Artmed,1999.