2005.08.15 - Obras Causam Mais Acidentes - Estado De Minas

  • April 2020
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GERAIS CÓDIGO DO ASFALTO

Operação inédita da Delegacia de Acidentes de Veículos na capital vai identificar os motoristas que insistirem em avançar sinal e cometerem outras irregularidades

Infratores serão vigiados

BETO MAGALHÃES

FÁBIO FABRINI E ROBERTA ABREU Todas as vezes que o semáforo da avenida Cristiano Machado, no cruzamento com a avenida Silviano Brandão, na região Leste de Belo Horizonte, exibe o vermelho, pelo menos dois motoristas aceleram e continuam o trajeto sem ao menos procurar por carros vindo em outras direções. A cena se repete em outros trechos da via, onde pedestres também ignoram as faixas e motoqueiros fazem manobras radicais, sempre em alta velocidade. No Anel Rodoviário, os veículos só respeitam a velocidade máxima de 70 km/h a poucos metros do radar e, a todo momento, ciclistas e pedestres ignoram as passarelas para atravessar a via. Por isso, o Anel e a avenida Cristiano Machado dividiram, no ano passado, o primeiro lugar no ranking das vias que mais registram acidentes com vítimas na capital mineira, em sua maioria, entre as 12h e as 21h. Os dois, juntos, respondem por nada menos do que 24,8% das batidas e atropelamentos em BH. Na edição de ontem, o ESTADO DE MINAS denunciou o código de trânsito do asfalto, uma realidade paralela que atropela o Código de Trânsito Brasileiro, desrespeitado diariamente pelos motoristas e que tem como saldo acidentes e mortes sem fim nas cidades e nas estradas. Depois de listar as vias e os horários com maior número de acidentes graves, policiais da Delegacia de Acidentes de Veículos (Deav) estão preparando uma operação inédita para evitar tragédias anunciadas. Os cruzamentos mais perigosos terão acompanhamento constante. Motoristas que gostam de furar cruzamentos e adaptar carros para apostar corridas serão identificados e cadastrados. “Se a gente investir em prevenção, vai economizar uma fortuna. Os impactos financeiros dos acidentes de trânsito no Brasil chegam à casa dos bilhões”, observa o delegado Anderson Alcântara, que está à frente do projeto. Ele avalia que não basta instaurar inquéritos de acidentes

As vias com maior índice de acidentes, como a Cristiano Machado, o Anel e a Amazonas, são usadas como rota de fuga ■ Anderson Alcântara, delegado

com vítimas e esperar pela sentença da Justiça para reduzir as estatísticas. Por isso, nos planos do delegado está o investimento no serviço de inteligência, para tirar de circulação infratores em potencial. Segundo ele, a instalação de câmeras nos trechos mais perigosos, como cruzamentos ou vias de acesso rápido, vai não apenas contribuir para flagrar quem avança sinais, ultrapassa a velocidade permitida e dirige perigosamente como também ajudar a prender autores de ações criminosas. “As vias com maior índice de acidentes, como a Cristiano Machado, o Anel, a Amazonas e a Contorno, são usadas também como rota de fuga”, observa o delegado. A PRF também já conseguiu identificar os principais trechos da morte nas rodovias que cortam Minas Gerais. A seqüência de curvas, especialmente entre BH e João Monlevade, na BR-381, é a grande vilã das estradas no Estado. Outra BR recordista de acidentes é a 040, que liga a capital ao Rio de Janeiro, especialmente na Curva do Sabão (km 580) e no viaduto das Almas. Mas, diante da escassez de efetivo, nenhuma operação especial foi traçada ainda para prevenir tragédias.

O Anel Rodoviário é uma das vias campeãs de acidente, principalmente porque motoristas não respeitam a velocidade máxima de 70 km/h

Obras causam mais acidentes O número de acidentes no trecho urbano da BR-381 que se encontra em obras de recuperação, em Ipatinga, Vale do Aço, aumentou 84,9%, conforme levantamento da Polícia Militar. Desde março, quando começaram as intervenções do 11º Batalhão de Engenharia de Construção, até julho, ocorreram 220 acidentes. No mesmo período do ano passado, o número de ocorrências no local foi de 119. A quantidade de batidas também cresce em outros trechos rodoviários em reforma em Minas. O recapeamento de 20 quilômetros da 381, entre Contagem e Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, também provocou mais acidentes, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF). De acordo com a corporação, que não divulgou estatísticas, a troca do asfalto gera degraus na pista, o que representa risco, principalmente para motociclistas. O perigo aumenta ainda mais por causa da falta de sinalização horizontal. Nos pontos onde a frente de trabalho do Exército atua, na BR-458, em Ipatinga (que vai da estação de tratamento de esgoto até a entrada do aeroporto), o aumento no número de desastres foi de 25,8%. Segundo a assessora de imprensa do 14º Batalhão de Polícia Militar de Ipatinga, capitã Marcineli Cristina, as obras do Exército têm relação indireta com os números alarmantes. “Apesar de os trechos em obra estarem muito bem sinalizados, indicando a necessidade de redução da velocidade, grande parte dos motoristas não respeita os alertas”, explica.

A mistura de alta velocidade com as pedras soltas resultantes da fresagem do asfalto é um dos fatores que geram acidentes, por perda de controle da direção. “Outro problema é relativo às interrupções do tráfego. As pessoas geralmente perdem a paciência por ficar paradas devido à obra. Com isso, não dão passagem a quem pede ou forçam ultrapassagens e, novamente, o resultado é colisão, mesmo que sem vítima”, alerta a capitã.

RISCO A assessora de imprensa alerta os motoristas para o risco que também é gerado pelo asfalto novo. “Os índices de aumento de acidentes englobam também os trechos das BRs que já foram recuperados. Infelizmente, o asfalto novo é liso, não oferece muita aderência e, por isso, os limites de velocidade devem ser obedecidos”. O alerta para a redução de velocidade é reforçado pelo comandante do destacamento do 11º Batalhão de Engenharia de Construção, major Belchior. “As obras não são causa de acidentes, mas sim o desrespeito à sinalização. Percebemos que as pessoas não têm cumprido os limites de velocidade e ainda ficam nervosas quando é necessário paralisar o trânsito”, explica. Mas quem transita pelo Vale do Aço deve se acostumar com a presença do Exército nas BRs. “Devemos encerrar os trabalhos na BR-381, em Ipatinga, dentro de quatro semanas, para depois partirmos para o trecho da rodovia em Coronel Fabriciano. Na 458, o trecho próximo à cidade está quase concluído”, explica o oficial. JAIR AMARAL

RECURSOS

Reforma da BR-381aumentou número de acidentes, segundo a polícia

O diretor-geral do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (Dnit), Alexandre Silveira, anunciou, sábado, em Nova Era, a liberação do restante dos recursos necessários para a finalização das obras na BR-381. “Serão disponibilizados R$ 45 milhões para os trabalhos de recuperação da rodovia, no trecho de Nova Era a Antônio Dias e mais R$ 45 milhões para o trecho de Nova Era a Belo Horizonte. As obras realizadas de Antônio Dias a Ipatinga já estão totalmente cobertas”, declara. De acordo com Silveira, a previsão é de que a BR-381 esteja recuperada, em toda a sua extensão, até junho de 2006. Hoje, o diretor-geral do Dnit estará em São Domingos do Prata, onde será aberta a licitação da obra de recuperação de 2,5 quilômetros da BR-262. “Esse trecho contém um trevo que precisa ser refeito pois oferece perigo aos usuários”, comenta.

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