2004.10.10 - Cargas Causam Acidentes - Estado De Minas

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GERAIS FERIADO

Polícia Rodoviária Federal registra 71 batidas e atropelamentos nas estradas mineiras, com três mortes e 40 feridos. Colisão provoca engarrafamento na BR-040, perto de Congonhas

Cargas causam acidentes MARIA TEREZA CORRÊIA

GISLENE ALENCAR O início da operação Nossa Senhora Aparecida, coordenada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), foi marcada por acidentes envolvendo transporte de cargas pesadas. Na manhã de ontem, duas bobinas de aço, pesando 12 toneladas cada uma, se soltaram da carroceria da Scania placa BWL 5801 na BR-381, em Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Na noite de sextafeira, um bloco de granito caiu na BR -116, em Padre Paraíso, no Vale do Jequitinhonha, e provocou a morte de uma pessoa. A PRF já registrou 71 acidentes, com três mortes e 40 feridos, desde o começo do feriado. Na manhã de ontem, o trânsito ficou congestionado por cerca de um hora na BR040, em Congonhas, devido à colisão de dois caminhões. Segundo o inspetor da PRF Clóvis Cendon, a falta de legislação específica para o transporte de carga pesada contribui para aumentar os acidentes nas estradas. No trecho de Belo Horizonte a João Monlevade, na região Central do Estado, foram registrados três acidentes envolvendo esse tipo de carga, nos últimos seis meses. “Proporcionalmente, é um número alto. Esse tipo de material é transportado em um veículo capaz de conduzir

qualquer carga. Já existem carretas específicas para esse transporte, mas o custo é muito alto”, informou o policial. O motorista Maurício Cândido Rodrigues, de 35 anos, contou que estava seguindo no sentido Monlevade/Belo Horizonte quando viu a bobina tombando junto com a Scania, em frente ao posto da PRF. “Graças a Deus que não aconteceu nada mais grave”, disse aliviado. O material vinha de Ipatinga e seguia para São Paulo. Para o inspetor, o motorista foi vítima da própria carga e teve sorte porque a curva contribuiu para que as bobinas caíssem para o lado e não em direção à cabine do veículo. As bobinas estavam colocadas em um suporte de ferro pregado na madeira. “Quando a carga se desloca, a madeira não consegue segurar o material. A orientação é que o motorista redobre os cuidados com buracos e ondulações na pista, que contribuem para que a carga se movimente com mais facilidade”, orienta o inspetor.

Bobinas de aço, com 12 toneladas de peso, se soltaram da carroceria de um caminhão e caíram no acostamento da BR-381, próximo a Sabará

GRANITO O outro acidente envolvendo carga pesada aconteceu às 19h de sexta-feira. Um bloco de granito caiu da carreta Scania, placa GLY 9580, de Santa Catarina. O motorista Sebastião Manuel do Nascimento, de 45, que conduzia o Cami-

nhão placa BWS 3427, também de Santa Catarina, que vinha atrás, não conseguiu desviar. Ele bateu na carga e morreu no local. O Pálio, placa ALC 6071, de Curitiba, também se envolveu no acidente, mas não hou-

ve vítimas graves. O trânsito ficou parcialmente interditado, nos dois sentidos, por cerca de uma hora, na BR-040, na manhã de ontem, próximo a Congonhas, a 89 quilômetros de Belo Hori-

zonte. Segundo a PRF, o caminhão Ford placa LYG 8209, de Conselheiro Lafaiete, bateu na lateral do caminhão Mercedez Benz, placa GUG 0119, de Sete Lagoas. De acordo com a PRF, o acidente foi em uma curva e o

motorista do Ford, Ronaldo de Oliveira, ficou ferido e foi socorrido ao Hospital de ProntoSocorro João XXIII. O motorista do outro caminhão Romeu de Figueiredo Souza, de 27, não se feriu.

FOTOS MARIA TEREZA CORREIA

ASFALTO

Restauração adiada Falta de equipamentos de segurança aumenta o risco de acidentes graves envolvendo bicicletas

TRÂNSITO

Risco para ciclistas Em menos de 24 horas, quatro ciclistas morreram em acidentes em rodovias e ruas da capital e Nova Lima, na região metropolitana. A falta de equipamentos de segurança, como capacete e cotoveleiras, é um dos principais motivos para a gravidade dos ferimentos. Mesmo com o risco, é comum encontrar ciclistas disputando espaço com carros e caminhões em avenidas e rodovias movimentadas. Os números da imprudência podem ser percebidos no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS), onde 2,5 mil pessoas são atendidas por ano vítimas de acidentes ciclísticos. Segundo o diretor do HPS, Charles Simão, os acidentes envolvendo bicicletas são os que mais matam no mundo, apesar de não existir um levantamento sobre o número de mortos registrados no hospital. Nos primeiros minutos de ontem, a colisão entre a Kombi e uma bicicleta na avenida Artur Bernardes, no bairro Vila Paris, região Centro-Sul de Belo Horizonte, terminou com a morte do ciclista Rogério Júnior da Silva, de 20. Ele chegou a ser socorrido ao HPS, mas não resistiu aos ferimentos. Ainda na capital, às 22h30 de sexta-feira, o ciclista Ernane

Não estou com capacete porque saí de casa apressado ■ Leandro Melo,

ciclista Ribeiro Viana, de 47, se envolveu em acidente com o ônibus da empresa de turismo Irmãos Lessa, conduzido por Derli Benício da Silva, de 51. A vítima morreu no local. Três horas antes, na BR-356, em Nova Lima, um acidente entre uma bicicleta e um Astra terminou com a morte do ciclista Raimundo José Xavier, de 45. Na manhã de sexta-feira, o ciclista Cristiano César Santos Dias, de 16, estava segurando na traseira de um caminhão no quilômetro três da rodovia MG424, na capital, quando se soltou e caiu embaixo de uma carreta que seguia atrás. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, os

ciclistas devem respeitar algumas regras ao trafegar pelas rodovias, como andar no acostamento, seguir no mesmo sentido dos carros e usar equipamentos de segurança. O entregador Daniel Luis Lopes, de 35, conta que percorre cerca de 200 quilômetros de bicicleta por dia. No final da manhã de ontem, ele disputava espaço com os carros na avenida Cristiano Machado, região Nordeste da capital. Ele disse que sempre usa equipamentos de segurança, mas ontem estava apressado e não teve tempo de usá-los. “Bicicleta é bem seguro, mas é necessário que os ciclistas tenham cuidado ao circular por lugares movimentados. A falta de ciclovias acaba nos levando de encontro aos outros veículos. Os motoristas deveriam respeitar mais os ciclistas”, sugere o entregador. O serralheiro Leandro Silva Melo, de 32, transitava, ontem, pela contramão, na avenida José Cândido da Silveira, no bairro Cidade Nova, Nordeste de BH. “Estou tentando atravessar para pegar a pista certa. Geralmente ando pelo menos 30 minutos de bicicleta para chegar ao trevo de Sabará, onde faço alguns bicos”, justificou o serralheiro.

Um dos principais corredores de escoamento da produção agrícola e industrial e responsável pela ligação entre a Zona da Mata e o Sul de Minas, a BR-267 comprova que a pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT), divulgada na semana passada, revelou apenas uma parte do precário estado das rodovias mineiras. A estrada não foi percorrida durante o levantamento, mas é alvo de protestos e denúncias de motoristas, que cobram uma nova pavimentação para todo o asfalto. O trecho mais movimentado, entre Leopoldina e Juiz de Fora, é também o em pior estado. Ele foi construído há mais de 40 anos. Neste período, ocorreram várias operações tapa-buracos, que o transformaram numa grande colcha de retalhos. Outro trecho crítico da BR-267 fica en-

tre Juiz de Fora e Lima Duarte, em direção ao Sul de Minas. Nos 50 quilômetros de percurso não se trafega mil metros sem passar por um remendo. E tudo indica que os usuários terão mesmo que se contentar com este tipo de intervenção, pelo menos a curto prazo. O Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transporte (Dnit) anunciou que, só a partir de 2005, está programada a restauração da rodovia que, de maneira diferente de um recapeamento completo, eliminará, pelo menos, os trechos mais precários. Enquanto isso, a solução em andamento são as operações tapa-buracos. Entre Leopoldina e Argirita, o serviço está pronto. De Argirita à Juiz de Fora, e de Juiz de Fora à Lima Duarte, a operação começa após o feriado.

ALERTA O inspetor da PRF, Nestor Rodrigues Fajardo, alerta que a BR-267 não suporta mais este tipo de serviço. "Os buracos surgem novamente. Ela está precisando de um recapeamento geral", revela. Seu colega de trabalho e estrada, o inspetor Luís Heleno Lima Corrêa, da delegacia da PRF em Juiz de Fora, está preocupado com a chegada da estação das águas. "Com as chuvas os buracos vão piorar", disse. Aos usuários da rodovia, como o motorista de uma empresa de transportes, Arlei de Paula Neto, de 22 anos, só resta ter muito cuidado. Arlei freqüentemente faz o trajeto Juiz de ForaCaxambu para transportar alumínio. Num período de dois anos, ele dormiu cinco vezes na estrada. "Tive problemas de rolamentos, suspensão, mola e pneu". revelou. ARTHUR MOURA

Seqüência de buracos representa prejuízo para os motoristas que trafegam pela rodovia BR-267

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