1o. Trabalho Desenvolvimento

  • July 2020
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1o.
Trabalho
de
Desenvolvimento
I
 Título:
Cultura
e
Instituições:
confiança,
preferências
e
múltiplos
equilíbrios
 Nome:
Michel
Dummar
Azulai
 1. Introdução
 Cultura
 e
 instituições
 são
 dois
 fatores
 amplamente
 discutidos
 como
 causas
 fundamentais
 do
 desenvolvimento
 econômico
 de
 diferentes
 países.
 Diversos
 trabalhos
 foram
 feitos
 objetivando
 mostrar
 os
 impactos
 desses
 dois
 fatores
 diretamente
sobre
renda
e
bem
estar
econômico
(Acemoglu
et
al.
[2001],[2002],
 Guiso
et
al.
[2006],[2009],
Fernández
e
Fogli
[2009]).
Porém,
para
saber
utilizar
 os
 aprendizados
 desses
 estudos
 em
 prol
 do
 desenvolvimento
 econômico
 (por
 exemplo,
 via
 ajuda
 internacional
 condicional,
 reformas
 institucionais,
 políticas
 de
 integração
 cultural,
 entre
 outras
 possibilidades),
 é
 necessário
 também
 conhecer
 as
 inter‐relações
 entre
 esses
 fatores.
 Por
 exemplo,
 se
 cultura
 for
 um
 fator
 importante
 na
 determinação
 das
 instituições
 formais
 e
 informais
 que
 aparecerão
 em
 um
 país,
 é
 provável
 que
 mecanismos
 de
 ajuda
 internacional
 condicional
e
reformas
institucionais
radicais
sejam
pouco
capazes
de
consolidar
 os
seus
propósitos.
 Com
base
nessa
motivação,
o
presente
trabalho
investiga
quais
são
algumas
 possíveis
 relações
 entre
 cultura
 e
 instituições.
 Mais
 particularmente,
 queremos
 entender
qual
é
o
papel
de
confiança
entre
pessoas
para
o
desenvolvimento
de
 instituições
 de
 direitos
 de
 propriedade
 e
 democracia.
 Empiricamente,
 a
 tese
 de
 que
confiança
entre
as
pessoas
é
importante
para
o
desenvolvimento
econômico
 e
 institucional
 já
 é
 antiga,
 e
 toda
 uma
 literatura
 de
 impactos
 de
 capital
 social
 sobre
crescimento
e
sobre
qualidade
do
governo
se
desenvolveu
em
cima
dessa
 tese.
 Porém,
 é
 uma
 questão
 pouco
 entendida
 nessa
 literatura,
 em
 termos
 de
 relevância
 empírica,
 quais
 são
 os
 canais
 teóricos
 pelos
 quais
 confiança
 afetaria
 instituições.

 Em
 termos
 de
 impactos
 teóricos
 de
 confiança
 sobre
 instituições,
 pode‐se
 pensar
em
alguns
canais.
Uma
primeira
possibilidade
é
que,
em
sociedades
com
 culturas
 coletivistas,
 os
 conflitos
 de
 interesses
 podem
 ser
 menores
 que
 em
 sociedades
 com
 culturas
 individualistas.
 Isso
 naturalmente
 implica
 que,
 em
 sociedades
 coletivistas
 haveria
 maior
 confiança
 entre
 as
 pessoas.
 Ao
 mesmo
 tempo,
nessas
sociedades,
haveria
menos
proteção
de
direitos
de
propriedade
e
 à
democracia
(democracia
pode
ser
compreendida
como
o
sistema
necessário
se
 indivíduos
 têm
 valores
 diferentes,
 e
 por
 isso,
 valorizam
 mais
 o
 individualismo
 que
 o
 coletivismo).
 Porém,
 se
 conseguíssemos
 controlar
 para
 coletivismo
 /
 individualismo,
confiança
não
teria,
nessa
teoria,
um
impacto
sobre
instituições.


 Da
mesma
forma
que
descrevemos
a
tese
anterior,
podemos
descrever
uma
 tese
 com
 implicações
 contrárias
 à
 do
 parágrafo
 anterior.
 Se
 indivíduos
 são
 naturalmente
 egoístas,
 sociedades
 com
 culturas
 individualistas,
 que
 respeitam
 mais
a
unicidade
de
cada
indivíduo,
podem
apresentar
maior
confiança
entre
as
 pessoas
 que
 sociedades
 com
 culturas
 coletivistas.
 Ao
 mesmo
 tempo,
 essas
 sociedades
 apresentarão
 instituições
 mais
 democráticas
 e
 com
 maior
 proteção
 de
direitos
de
propriedade.
 Por
 fim,
 podemos
 ter
 uma
 outra
 tese
 de
 que
 confiança
 opera
 na
 seleção
 de
 equilíbrios.
 Instituições
 são
 regras
 formais
 e
 informais
 desenvolvidas
 para


regular
 a
 interação
 entre
 indivíduos.
 Pode
 ser
 que,
 em
 um
 lugar
 no
 qual
 as
 pessoas
 confiem
 mais
 umas
 nas
 outras,
 elas
 consigam
 implementar
 regras
 (direitos
de
propriedade,
democracia,
sanções)
que
trazem
como
resultado
uma
 solução
 cooperativa
 (que
 maximiza
 bem
 estar
 coletivo).
 Por
 outro
 lado,
 em
 um
 lugar
 no
 qual
 as
 pessoas
 confiam
 menos
 umas
 nas
 outras,
 regras
 que
 trazem
 a
 solução
 competitiva/individualista
 (basicamente,
 lei
 da
 selva)
 aparecerá
 com
 maiores
chances.
 Resumindo
 as
 possibilidades:
 se
 confiança
 se
 relaciona
 diretamente
 com
 valores
 coletivistas
 ou
 individualistas,
 esperamos
 que
 a
 correlação
 entre
 confiança
 e
 valores
 individualistas
 tenha
 o
 mesmo
 sinal
 da
 correlação
 entre
 confiança
e
direitos
de
propriedade/democracia/instituições
de
facto.
Por
outro
 lado,
 se
 confiança
 se
 relaciona
 com
 a
 crença
 na
 implementação
 de
 soluções
 cooperativas,
 esperamos
 que
 a
 correlação
 entre
 confiança
 e
 valores
 individualistas
 seja
 negativa
 (confiança
 traz
 menor
 chance
 de
 solução
 competitiva
 –
 em
 outros
 termos,
 individualista),
 mas
 que
 por
 outro
 lado,
 a
 relação
 entre
 confiança
 e
 direitos
 de
 propriedade,
 democracia
 e
 instituições
 de
 facto
“melhores”
seja
positiva.
Essas
são
as
relações
que
procuraremos
testar.
 2. Dados
 Os
dados
utilizados
serão
dados
no
nível
do
indivíduo
e
dados
agregados
da
 World
Values
Survey
(WVS),
em
conjunto
com
dados
de
proteção
de
direitos
de
 propriedade
 (Heritage
 Foundation),
 democracia
 (POLITY
 IV)
 e
 corrupção
 (Transparency
International,
2004).

 Mais
especificamente,
se
usará
os
dados
da
WVS
no
nível
do
indivíduo
entre
 1994‐1999
para
se
obter,
em
primeiro
lugar,
uma
proxy
para
confiança.
Ela
será
 a
resposta
de
cada
indivíduo
à
pergunta:
“você
confia
nas
pessoas?”.

 O
primeiro
passo
desse
trabalho
é
associar
essa
proxy
de
confiança
à
diversas
 proxies
 de
 valores
 coletivistas
 e
 individualistas
 (controlando‐se
 para
 alguns
 fatores
 demográficos).
 Como
 correlatos
 de
 culturas
 coletivistas,
 usamos
 as
 respostas
às
perguntas:
“você
considera
ser
importante
ensinar
os
seus
filhos
a
 serem
altruístas?”,
“você
considera
igualdade
entre
as
pessoas
desejável?”,
“você
 considera
ser
importante
ajudar
os
outros?”,
“religião
é
importante
na
sua
vida?”
 e
 “política
 é
 importante
 na
 sua
 vida?”.
 Essas
 perguntas
 parecem
 focar
 em
 preferências
 por
 “bens
 coletivos”
 (igualdade,
 por
 exemplo,
 nada
 tem
 a
 ver
 com
 um
 bem
 individual
 por
 si
 só),
 olhar
 para
 ações
 em
 prol
 de
 um
 “bem
 social”,
 ou
 falar
 de
 esforços
 coletivos.
 Por
 outro
 lado,
 considerou‐se
 aqui
 como
 proxies
 de
 valores
 individualistas
 as
 respostas
 às
 seguintes
 perguntas:
 “você
 considera
 competição
 algo
 bom?”,
 “É
 importante
 ensinar
 tolerância
 e
 respeito
 aos
 seus
 filhos?”
 e
 “você
 acharia
 a
 vida
 melhor
 com
 menos
 materialismo
 e
 ênfase
 no
 dinheiro?”.
 Essas
 perguntas
 parecem
 focar
 em
 posses
 do
 indivíduo,
 respeito
 às
 diferenças
 entre
 indivíduos
 e
 para
 o
 potencial
 de
 uma
 solução
 não
 cooperativa
 (competição)
 ser
 boa,
 e
 por
 isso,
 foram
 consideradas
 proxies
 de
 valores
 individualistas.
Com
essa
associação,
conseguimos
medir
uma
primeira
parte
da
 estória
 contada
 na
 introdução:
 a
 correlação
 entre
 confiança
 e
 valores
 coletivistas/individualistas.
 O
 segundo
 passo
 desse
 trabalho
 será
 associar
 a
 proxy
 de
 confiança
 à
 ações
 diferentes,
 que
 podem
 representar
 regras
 de
 comportamento
 diferentes.
 Os
 comportamentos
considerados
foram
escolhidos
para
(i)
representar
ações
que
 podem
 ter
 impacto
 sobre
 instituições
 macro
 de
 direitos
 de
 propriedade
 e


democracia
 e
 (ii)
 representar,
 potencialmente,
 micro‐instituições
 e
 instituições
 de
 facto
 locais.
 Com
 foco
 no
 primeiro
 ponto,
 consideramos,
 para
 montar
 a
 variável
 “indivíduo
 é
 membro
 de
 algum
 grupo
 de
 interesse”
 as
 respostas
 às
 perguntas:
“você
é
membro
de
sindicatos/grupos
políticos
locais/associações
de
 classe/grupos
 de
 mulheres?”.
 Para
 montar
 uma
 variável
 de
 participação
 em
 grupos
 de
 direitos
 com
 alcance
 mais
 geral,
 consideramos
 as
 variáveis
 “você
 é
 membro
 de
 organização
 de
 direitos
 humanos/ambientais/direitos
 dos
 animais/movimentos
 pela
 paz?”.
 Ainda
 consideramos
 uma
 variável
 composta
 indicando
a
participação
em
grupos
de
lazer,
educação,
cultura
e
grupos
jovens,
e
 por
 fim
 uma
 variável
 que
 indica
 se
 o
 indivíduo
 é
 membro
 de
 algum
 partido
 político.

 Para
representar
o
segundo
ponto,
precisamos
recorrer
à
WVS
de
1989‐1993
 (onde
 conseguimos
 também
 uma
 medida
 da
 proxy
 de
 confiança
 descrita
 anteriormente).
Com
essa
outra
rodada
da
WVS,
conseguimos
algumas
variáveis
 que
mostram
propensão
a
praticar
certas
ações
políticas
(mais
especificamente,
 elas
indicam
se
o
indivíduo
já
fez
uma
certa
ação,
se
ele
faria
a
ação
em
alguma
 circustância
 e
 se
 ele
 nunca
 faria
 a
 ação).
 As
 variáveis
 consideradas
 foram,
 em
 primeiro
 lugar,
 as
 de
 “participar
 de
 abaixo‐assinados”
 e
 “ir
 para
 uma
 passeata
 legal”,
 para
 montar
 uma
 variável
 de
 ação
 “pacífica”.
 Em
 segundo
 lugar,
 montamos
 uma
 variável
 de
 ação
 “punitiva”,
 a
 partir
 das
 variáveis
 “fazer
 boicotes”,
 “participar
 de
 greves
 não
 oficiais”
 e
 “ocupar
 prédios
 e
 fábricas”.
 Por
 fim,
 consideramos
 uma
 ação
 mais
 extremada,
 a
 resposta
 à
 pergunta
 “existem
 situações
nas
quais
violência
por
fins
políticos
é
justificável?”.
 Com
 esse
 segundo
 passo,
 conseguimos
 identificar,
 dentre
 os
 caminhos
 teóricos
 indicados
 na
 introdução,
 qual
 é
 o
 mais
 provável.
 Porém,
 conseguimos
 fazer
 isso
 com
 micro‐instituições/instituições
 de
 facto
 e
 com
 ações
 que
 potencialmente
têm
impacto
sobre
macro‐instituições.
Porém,
não
sabemos,
até
 aqui
 se
 esses
 canais
 são
 realmente
 relevantes
 para
 determinar
 instituições
 macro.
 Para
 isso,
 agregamos
 cada
 uma
 das
 proxies
 descritas
 acima
 no
 nível
 do
 país
 e
 juntamos
 elas
 com
 dados
 de
 democracia
 em
 2000‐2005,
 direitos
 de
 propriedade
em
2004,
origens
legais,
renda
per
capita
em
1995
e
um
índice
de
 corrupção
 percebida
 do
 Transparency
 International
 em
 2004.
 Com
 essas
 variáveis
em
mãos,
rodamos
algumas
regressões
de
determinação
de
direitos
de
 propriedade
e
democracia.
 Dessa
 descrição
 dos
 dados,
 talvez
 duas
 coisas
 tenham
 ficado
 claras:
 em
 primeiro
 lugar,
 temos
 um
 problema
 sério
 de
 medição
 de
 valores
 coletivistas/individualistas,
além
de
um
problema
na
medição
de
confiança.
Não
 só
 é
 difícil
 associar
 as
 perguntas
 de
 forma
 certeira
 aos
 valores
 teóricos
 que
 temos
em
mente,
como
também
não
sabemos
bem
o
que
as
pessoas
entendem
ao
 ouvir
essas
perguntas
nas
pesquisas
do
WVS
(por
exemplo,
Glaeser
et
al.
[2000]
 mostram
 que
 as
 pessoas
 tendem
 a
 interpretar
 a
 pergunta
 “pessoas
 são
 confiáveis?”
 como
 “você
 é
 confiável?”).
 De
 qualquer
 forma,
 a
 partir
 da
 análise
 abaixo,
é
possível
ter
alguma
noção
vaga
da
associação
entre
as
perguntas
e
os
 valores
teóricos.
 Em
 segundo
 lugar,
 para
 fazer
 a
 associação
 das
 regressões
 com
 dados
 micro
 com
 as
 regressões
 com
 dados
 macro,
 temos
 um
 problema
 de
 poucas
 observações.
 A
 WVS
 em
 1989‐1993
 nos
 dá
 dados
 de
 confiança
 para
 54
 países,
 enquanto
 que
 a
 WVS
 em
 1994‐1999
 nos
 dá
 dados
 de
 confiança
 para
 42
 países.
 Para
tentar
melhorar
um
pouco
a
amostra,
usamos
uma
média
da
confiança
nos


dois
anos
para
os
países
que
estão
em
ambas
as
amostras,
e
usamos
o
nível
de
 confiança
de
somente
um
dos
anos
quando
temos
dados
somente
para
um
ano.
 Ficamos,
assim,
com
68
países
na
nossa
amostra
final.
 Por
 fim,
 as
 escolhas
 dos
 períodos
 tiveram
 como
 motivos:
 (i)
 ter
 um
 bom
 tamanho
 de
 amostra
 nas
 análises
 micro,
 (ii)
 nas
 análises
 macro,
 se
 considerou
 todas
 as
 variáveis
 explicativas
 na
 década
 de
 90
 e
 as
 variáveis
 dependentes
 na
 década
 de
 2000
 na
 tentativa
 de
 garantir
 maior
 exogeneidade
 de
 confiança.
 Por
 fim,
 se
 utilizou
 corrupção
 como
 variável
 explicativa
 na
 equação
 de
 democracia
 para
controlar
para
o
fato
de
que
democracias
são
mais
transparentes,
a
maior
 transparência
 pode
 deixar
 corrupção
 mais
 à
 mostra
 e
 com
 isso,
 reduzir
 a
 confiança
 das
 pessoas
 no
 governo
 (e,
 potencialmente,
 reduzir
 a
 confiança
 nos
 outros).
O
índice
de
percepções
de
corrupção,
porém,
não
foi
achado
para
antes
 de
2004,
sendo
utilizando,
portanto,
corrupção
percebida
em
2004.
 3. Resultados
 A
 primeira
 tabela
 mostra
 os
 resultados
 das
 regressões
 de
 valores
 em
 confiança.
Foram
usados
como
controles
a
idade,
o
sexo,
a
renda,
a
educação
do
 indivíduo,
 além
 de
 efeitos
 fixos
 de
 região
 no
 nível
 sub‐nacional.
 Aqui,
 estamos
 usando
(por
tamanho
de
amostra),
a
WVS
de
1994‐1999.
A
tabela
(1)
indica
que
 mais
confiança
está
associada
à
valores
mais
coletivistas
e
menos
individualistas.
 Sendo
 assim,
 pessoas
 que
 confiam
 mais
 nos
 outros
 tendem
 a
 achar
 mais
 importante
 ensinar
 valores
 altruístas
 aos
 filhos,
 tendem
 a
 achar
 menos
 que
 igualdade
 é
 ruim,
 acham
 que
 ajudar
 os
 outros
 é
 importante,
 e
 que
 política
 é
 importante
 (confiança
 não
 parece
 covariar
 de
 forma
 estatisticamente
 significante
 com
 a
 importância
 atribuída
 à
 religião
 e
 com
 a
 importância
 de
 ensinar
tolerância
e
respeito
aos
filhos).

Esses
resultados
parecem
já
descartar
 uma
 das
 teses:
 confiança
 não
 está
 associada
 a
 valores
 individualistas,
 mas
 sim,
 coletivistas.
 Ainda
 não
 foi
 mostrado,
 porém,
 nada
 para
 escolher
 entre
 (i)
 confiança
 e
 coletivismo
 gerando
 instituições
 com
 menos
 proteção
 a
 propriedade/menos
 democracia
 (que
 argüimos
 serem
 instituições
 mais
 coletivistas)
e
(ii)
confiança
servindo
como
mecanismo
de
seleção
de
equilíbrios.
 Em
outras
palavras,
ainda
não
apresentamos
nada
que
mostre
influência
direta
 de
uma
“preferência
por
coletivismo”
gerando
instituições
piores,
ou
somente
de
 confiança
 ajudando
 a
 selecionar
 entre
 um
 equilíbrio
 cooperativo
 ou
 um
 equilíbrio
competitivo.
 Para
isso,
rodamos
as
regressões
do
segundo
passo,
mostradas
na
tabela
(2).
 A
 tabela
 (2)
 favorece
 o
 resultado
 de
 confiança
 como
 seleção
 de
 múltiplos
 equilíbrios
 (de
 novo,
 dadas
 medidas
 certas).
 De
 novo,
 controlando
 para
 os
 mesmos
 fatores
 demográficos
 e
 para
 efeitos
 fixos
 de
 região
 sub‐nacional,
 pessoas
 que
 confiam
 mais
 nos
 outros
 tendem
 a
 participar
 mais
 de
 grupos
 “de
 interesses”,
 de
 ações
 políticas
 locais
 e
 de
 partidos
 políticos.
 Por
 outro
 lado,
 a
 participação
 em
 grupos
 de
 defesa
 de
 interesses
 amplos
 (tais
 como
 defesa
 de
 direitos
 humanos,
 ambientalistas,
 entre
 outros)
 parece
 não
 ser
 muito
 afetada
 pela
confiança
do
indivíduo
nos
outros.
Isso
é
coerente
com
a
tese
de
seleção
de
 equilíbrios
 múltiplos:
 é
 mais
 difícil,
 em
 um
 jogo
 com
 equilíbrios
 múltiplos,
 garantir
a
cooperação
de
muitos
que
garantir
a
cooperação
de
poucos.
Por
outro
 lado,
 esperaríamos
 que
 preferências
 por
 “coletivismo”
 fossem
 coerentes
 com
 lutas
por
valores
tanto
de
interesses
locais
quanto
de
interesses
amplos.
Porém,
 ainda
 não
 podemos
 tirar
 dessas
 regressões
 uma
 conclusão
 definitiva:
 pode
 ser


que
a
nossa
medida
de
confiança
esteja
capturando
somente
confiança
local
(em
 outras
 palavras,
 ao
 perguntar
 para
 alguém
 morando
 no
 Rio
 de
 Janeiro
 se
 ele
 confia
 em
 outras
 pessoas,
 é
 difícil
 acreditar
 que
 esse
 morador
 do
 Rio
 estará
 pensando
 em
 pessoas
 de
 Salvador
 como
 as
 “outras
 pessoas”
 citadas
 na
 pergunta).
 Para
 fortalecer
 as
 conclusões,
 se
 considera,
 ainda
 na
 Tabela
 (2),
 os
 tipos
 de
 ações
 políticas/coletivas
 tomadas
 pelos
 indivíduos.
 Os
 resultados
 indicam
 que
 confiança
 nos
 outros
 aumenta
 não
 somente
 a
 probabilidade
 de
 executar
 ações
 pacíficas
 (participar
 de
 abaixo‐assinados,
 ir
 à
 uma
 demonstração
 legal),
 como
 também
 aumenta
 as
 chances
 de
 tomadas
 de
 ações
 coletivas
 punitivas
 (fazer
 boicotes,
 invadir
 fábricas
 e
 prédios,
 participar
 de
 greves
 não
 oficiais)
 e
 faz
 crescer
 o
 uso
 de
 ações
 políticas
 violentas.
 Se
 o
 canal
 relevante
 que
 leva
 de
 confiança
 em
 instituições
 fosse
 de
 preferências
 maiores
 por
 coletivismo,
 a
 tomada
de
ações
punitivas
não
se
faria
necessária
em
lugares
em
que
as
pessoas
 confiam
 mais
 umas
 nas
 outras.
 Por
 outro
 lado,
 as
 estratégias
 necessárias
 para
 sustentar
 equilíbrios
 cooperativos
 com
 pessoas
 egoístas
 são
 estratégias
 de
 punição
de
desvios
do
equilíbrio
cooperativo.
Se
maior
confiança
está
ajudando
a
 selecionar
 um
 equilíbrio
 cooperativo,
 no
 qual
 as
 pessoas
 participam
 de
 ações
 coletivas
 e
 políticas,
 a
 maior
 confiança,
 necessariamente,
 deve
 aumentar
 a
 disposição
 a
 adotar
 estratégias
 tais
 como
 boicotes,
 invasão
 de
 prédios
 e
 ações
 políticas
violentas.
 Devemos
 notar
 duas
 coisas
 das
 análises
 até
 agora.
 Em
 primeiro
 lugar,
 estamos
controlando
para
dummies
de
regiões
no
nível
sub‐nacional.
Isso
pode
 levar
 a
 crer
 que
 não
 estamos
 analisando
 o
 impacto
 de
 confiança
 sobre
 instituições.
 Porém,
 observamos
 muito
 mais
 variação
 em
 regras
 de
 comportamento
 que
 a
 variação
 entre
 regiões:
 observamos
 aqui
 as
 regras
 de
 escolha
 de
 cada
 pessoa,
 e
 podemos
 associá‐la
 à
 confiança
 que
 cada
 pessoa
 tem
 nos
outros.
Sendo
assim,
a
análise
até
agora
é
capaz
de
capturar
instituições
de
 facto
(no
sentido
de
regras
de
comportamento)
em
um
nível
muito
desagregado,
 o
 que
 pode
 ser
 bastante
 útil
 para
 a
 determinação
 de
 instituições
 macro.
 Em
 segundo
 lugar,
 em
 nenhuma
 das
 regressões
 até
 agora
 apresentadas
 (e
 em
 nenhuma
 das
 regressões
 que
 serão
 apresentadas)
 sabemos
 o
 sentido
 de
 causalidade.
 
 Porém,
 as
 duas
 teorias
 que
 estamos
 comparando
 dão
 sinais
 das
 correlações,
 e
 pouca
 direção
 em
 termos
 de
 direção
 da
 causalidade.
 Tudo
 que
 precisamos
 para
 chegar
 nessas
 conclusões
 (além
 de
 dados
 melhores
 e
 mais
 precisos)
é
a
hipótese
de
que
preferências
por
coletivismo
estão
correlacionadas
 com
 ações
 coletivas
 de
 interesses
 amplos
 e
 sem
 necessidade
 de
 estratégias
 de
 punição,
enquanto
que
a
parcela
de
confiança
usada
somente
como
instrumento
 de
 seleção
 de
 equilíbrio
 deve
 estar
 mais
 correlacionada
 com
 cooperação
 por
 interesses
mais
locais
e
com
a
necessidade
de
estratégias
de
punição.
 Como
 já
 foi
 argumentado,
 essas
 regressões
 nos
 indicam
 que
 confiança
 nas
 pessoas
afeta
instituições
de
facto
locais
e
ação
política.
Mais
ainda,
as
regressões
 nos
indicam
que
o
canal
é
via
seleção
de
equilíbrios
múltiplos.
Porém,
ainda
não
 temos
 nada
 que
 mostre
 o
 quão
 relevantes
 são
 essas
 instituições
 locais
 e
 essa
 ação
 política.
 Alguma
 estimativa
 dos
 impactos
 de
 confiança
 sobre
 macro‐ instituições
seria
informativo
nesse
sentido.
 Foram
 feitas
 regressões
 no
 nível
 macro
 para
 duas
 variáveis
 institucionais:
 direitos
 de
 propriedade
 em
 2004
 e
 democracia
 média
 entre
 2000
 e
 2005.
 As
 regressões
 consideraram
 somente
 variações
 cross‐section
 entre
 países,
 para


captar
 impactos
 de
 confiança
 sobre
 instituições
 no
 longo
 prazo.
 A
 estratégia
 adotada
 foi
 fazer
 (i)
 uma
 regressão
 simples
 de
 confiança
 na
 instituição,
 (ii)
 controlar
para
valores
coletivistas/individualistas
(para
saber
se
os
canais
acima
 supostos
 são
 coerentes),
 (iii)
 controlar,
 sem
 valores,
 para
 ações
 (com
 isso,
 tomamos
o
equilíbrio
como
dado,
e
não
estamos
mais
olhando
para
o
impacto
de
 confiança
 sobre
 seleção
 de
 equilíbrios),
 (iv)
 controlamos
 para
 renda
 e
 origens
 legais
 (no
 mesmo
 espírito
 de
 (iii))
 e
 (v)
 fazemos
 uma
 regressão
 com
 todos
 os
 conjuntos
 de
 variáveis.
 Vale
 notar,
 logo
 antes
 de
 discutir
 as
 regressões,
 que
 o
 número
 de
 países
 na
 amostra
 é
 pequeno,
 tornando
 a
 precisão
 das
 estimativas
 menor.
 A
 tabela
 (3)
 apresenta
 os
 resultados
 para
 direitos
 de
 propriedade.
 Para
 direitos
de
propriedade,
não
conseguimos
achar
na
WVS
nenhuma
variável
que
 especificasse
ações
contra/a
favor
de
direitos
de
propriedade
(por
exemplo,
não
 temos
 variáveis
 dizendo
 se
 alguém
 rouba
 os
 vizinhos,
 ou
 de
 ação
 coletiva
 para
 proteger
 as
 propriedades
 da
 vizinhança).
 Sendo
 assim,
 pulamos
 aqui
 o
 passo
 (iii).
De
fato,
a
tabela
(3)
mostra
evidências
coerentes
com
os
argumentos
acima.
 Confiança
 tem
 impacto
 grande
 sobre
 proteção
 de
 direitos
 de
 propriedade.
 Pela
 coluna
 (2),
 isso
 ocorre
 via
 a
 transmissão
 de
 valores
 coletivistas/individualistas
 (no
 caso,
 usamos
 a
 proxy
 de
 valores
 a
 ensinar
 para
 os
 filhos).
 Uma
 vez
 que
 se
 controla
para
origens
legais
e
renda
per
capita,
estamos,
de
alguma
forma,
pré‐ selecionando
o
equilíbrio
institucional
do
país.
De
forma
coerente
com
a
análise
 acima,
uma
vez
que
controlamos
para
esses
fatores,
confiança
perde
significância
 (coluna
(3))
e
valores
também
perdem
significância
(coluna
(4)).
Vale,
de
novo,
 mencionar:
apesar
de
tudo
isso,
não
sabemos
se
isso
ocorre
por
coerência
com
a
 teoria
acima,
ou
pelo
tamanho
limitado
da
amostra.
 Por
 fim,
 a
 tabela
 (4)
 apresenta
 os
 resultados
 para
 democracia.
 Nessas
 regressões,
 em
 todas
 as
 colunas,
 controlamos
 para
 o
 número
 de
 anos
 sob
 transição
 de
 regime
 e
 para
 número
 de
 anos
 de
 existência
 do
 país
 entre
 2000
 e
 2005
 (alguns
 países
 não
 existiam
 como
 países
 em
 2000,
 e
 passaram
 a
 existir
 entre
 2000
 e
 2005).
 Mais
 ainda,
 para
 controlar
 para
 o
 fato
 de
 que
 países
 mais
 democráticos
 podem
 ser
 mais
 transparentes,
 mostrar
 mais
 a
 corrupção
 ao
 público
e,
daí,
gerar
desconfiança
no
Estado
e
nas
pessoas,
controlamos
para
um
 índice
 de
 percepção
 de
 corrupção
 em
 2004
 em
 todas
 as
 regressões
 de
 democracia.
 O
 resultado
 da
 regressão
 mais
 simples
 diz
 que
 confiança
 não
 tem
 correlação
 significante
 estatisticamente
 sobre
 democracia.
 Ao
 controlar
 para
 a
 importância
 que
 os
 indivíduos,
 em
 média,
 dão
 à
 política
 no
 pais
 (ou
 seja,
 controlando
 para
 valores
 coletivistas,
 mais
 especificamente,
 valores
 democráticos)
 perdemos
 ainda
 mais
 significância
 no
 coeficiente
 de
 “confiança
 nos
 outros”.
 Surpreendentemente,
 ao
 controlar
 para
 ações
 políticas
 (tanto
 pacíficas
 quanto
 punitivas),
 o
 coeficiente
 de
 confiança
 se
 torna
 negativo
 e
 estatisticamente
significante
ao
nível
de
10%,
apesar
da
redução
do
tamanho
da
 amostra
 relativo
 à
 coluna
 (1).
 O
 coeficiente
 de
 confiança
 também
 permanece
 estatisticamente
 significante
 na
 regressão
 da
 coluna
 (4)
 (com
 controles
 para
 origens
 
 legais).
 Porém,
 o
 coeficiente
 de
 confiança
 na
 regressão
 de
 democracia
 volta
 a
 ser
 insignificante
 na
 regressão
 completa.
 Isso
 pode
 influenciar
 a
 conclusão
 de
 antes:
 se
 temos
 ação
 coletiva
 correlacionada
 com
 confiança
 e
 confiança
 correlacionada
 negativamente
 com
 democracia,
 talvez,
 a
 tese
 certa
 para
 democracia
 é
 a
 de
 que
 confiança
 tem
 um
 impacto
 sobre
 democracia
 via
 “valores
e
preferências”,
e
não
via
múltiplos
equilíbrios.
Porém,
a
sensibilidade
à


especificação
nos
resultados
da
tabela
(4),
em
conjunto
com
a
amostra
limitada,
 reduz
muito
o
escopo
para
a
análise
dessas
regressões.
 4. Conclusão
 Nesse
trabalho,
tentou‐se
desenvolver
um
teste
preliminar
do
meio
pelo
qual
 cultura
 pode
 afetar
 instituições,
 mais
 especificamente,
 pelo
 canal
 de
 confiança.
 Foram
 consideradas
 duas
 possibilidades:
 em
 uma
 primeira,
 confiança
 entre
 as
 pessoas
 tem
 a
 ver
 com
 preferências
 coletivistas
 ou
 individualistas,
 e
 essas
 preferências
 afetam
 instituições.
 A
 segunda
 possibilidade
 considerou
 a
 possibilidade
de
confiança
permitir
coordenação
em
equilíbrios
cooperativos,
ao
 invés
de
coordenação
em
equilíbrios
competitivos.

 O
que
se
considerou
como
teste
preliminar
foi,
em
primeiro
lugar,
ver
quais
 valores
 estão
 associados
 à
 confiança
 (coletivistas
 ou
 individualistas).
 Achamos
 uma
associação
entre
confiança
e
valores
mais
coletivistas:
pessoas
que
confiam
 mais
 nos
 outros
 tendem
 a
 achar
 dar
 mais
 importância
 à
 ensinar
 valores
 altruístas
 para
 os
 filhos,
 valorizar
 mais
 religião
 e
 política
 –
 que
 podem
 ser
 considerados
 fenômenos
 de
 grupos
 –
 e
 dar
 menos
 valor
 à
 um
 “modo
 de
 vida
 materialista”
e
à
competição.
 A
 partir
 disso,
 procurou‐se
 compreender
 se
 confiança
 leva
 à
 ações
 coletivistas
sendo
efetivamente
tomadas
(no
sentido
de
serem
em
prol
de
causas
 “amplas”
e
de
não
necessitarem
de
estratégias
de
punição)
ou
se
confiança
traz
a
 adoção
 de
 estratégias
 de
 punição
 –
 necessárias
 à
 implementação
 de
 equilíbrios
 cooperativos
–
e
a
ações
com
escopo
mais
local
(ou
seja,
se
confiança
tem
a
ver
 com
 seleção
 de
 equilíbrios).
 Os
 resultados
 indicam
 que
 pessoas
 que
 confiam
 mais
 nos
 outros
 escolhem
 participar
 mais
 de
 grupos
 de
 interesses,
 de
 grupos
 locais
 e
 partidos
 políticos,
 mas
 não
 escolhem
 participar
 mais
 de
 grupos
 de
 direitos
 humanos
 e
 direitos
 ambientais.
 Além
 disso,
 os
 resultados
 indicam
 que
 mais
 confiança
 entre
 as
 pessoas
 favorecem
 tanto
 ação
 coletiva
 pacífica
 quanto
 ação
 coletiva
 punitiva
 e
 violenta.
 Por
 essa
 evidência
 (em
 conjunto
 com
 a
 evidência
 de
 que
 os
 valores
 de
 fato
 são
 mais
 coletivistas),
 interpretamos
 que
 mais
 confiança
 entre
 as
 pessoas
 permite
 melhor
 coordenação
 entre
 elas,
 e
 isso
 favorece
 a
 seleção
 de
 um
 equilíbrio
 cooperativo
 ao
 invés
 de
 um
 equilíbrio
 competitivo.
Ou
seja,
esses
resultados
nos
dão
uma
evidência
(bastante
fraca)
de
 que
 confiança
 melhora
 instituições
 de
 facto
 locais,
 selecionando
 equilíbrios
 institucionais
–
institucionais
de
facto
–
melhores.
 Por
fim,
também
mostramos
que
esse
canal
parece
ter
algum
poder
preditivo
 de
 direitos
 de
 propriedade
 no
 nível
 do
 pais,
 enquanto
 que
 o
 poder
 preditivo
 desse
canal
para
democracia
no
nível
do
país
parece
ser
fraco
e
pouco
robusto.
 Apesar
 de
 todas
 essas
 conclusões,
 devemos
 ressaltar
 que
 nada
 garante
 que
 essas
 correlações
 não
 estejam
 simplesmente
 mostrando
 como
 pessoas
 relatam
 valores
 em
 pesquisas
 de
 forma
 diferente
 da
 forma
 pela
 qual
 elas
 agem.
 Ainda
 mais,
não
entendemos
bem
como
as
pessoas
interpretam
as
perguntas
feitas
nas
 pesquisas.
 Por
 fim,
 nas
 análises
 de
 instituições
 macro,
 o
 pequeno
 número
 de
 observações
 limita
 em
 muito
 o
 escopo
 para
 inferências
 de
 qual
 teoria
 é
 mais
 relevante.
 Ou
 seja,
 dada
 as
 qualidades
 dos
 dados,
 nada
 garante
 que
 as
 interpretações
 desse
 trabalho
 não
 estejam
 sobre‐analisando
 algumas
 correlações
que
podem
ser
fatos
estilizados
interessantes
por
si
só.
 


5. Referências
 [1]
 Acemoglu,
 Daron;
 Simon
 Johnson;
 James
 A.
 Robinson,
 (2001),
 “The
 Colonial
 Origins
 of
 Comparative
 Development:
 An
 Empirical
 Investigation”,
 American
Economic
Review,
Vol.91
no.
5.
 [2]
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James
A.
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of
 Fortune:
Geography
and
Institutions
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Making
of
the
Modern
World
Income
 Distribution”,
Quarterly
Journal
of
Economics,
Vol.
117
no.
4.
 [3]
 Fernández,
 Raquel;
 Alessandra
 Fogli,
 (2009),
 “Culture:
 An
 Empirical
 Investigation
 of
 Beliefs,
 Work
 and
 Fertility”,
 American
 Economic
 Journal:
 Macroeconomics,
Vol.
1
no.
1
 [4]
 Glaeser,
 Edward;
 David
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 Laibson;
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 Scheinkman;
 Christine
 L.
 Soutter,
(2000),
“Measuring
Trust”,
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Economics,
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Guiso,
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“Does
Culture
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Journal
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Economic
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Vol.
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124,
no.
3.
 


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