1936-vgouveia

  • Uploaded by: Alberto Vieira
  • 0
  • 0
  • April 2020
  • PDF

This document was uploaded by user and they confirmed that they have the permission to share it. If you are author or own the copyright of this book, please report to us by using this DMCA report form. Report DMCA


Overview

Download & View 1936-vgouveia as PDF for free.

More details

  • Words: 2,170
  • Pages: 19
DR. VICENTE HENRIQUES DE GOUVEIA

-

P

- -

- -

-

-

Aeeão baeterieida do Vinho Madeira (Verde1ho) sobre o baeilo de Eberth j

ESTUDO EXPERIMENTAL

FUNCHAL 1.936

-

-

=

. - r

536

Do mesmo autor

I - COlil%A ESPAS~I(')I)ICO - StJAY R E I ~ A ~ Õ I CCOM S .4 ASMA. 'rése de doutorarneiito (Diias ediyões ) 11- (iOIiI%i! ESPLISM(.)DIC~ - S i J . i S I X E L X ( : ~ E Y(:OU A ASIIA. Notas c0iii~16rneritares dum anterior estudo. 111 - AC'I~ION DE QUELQUES EiIUX M I N ~ K A L E SPORTt;G,IISES SIYR L'IN1'ESVI'IN ISOL$;. S. R. TV - KTUDES EXP~RIMENTALESSUR L ' A N E S T ~ I ~ S TPAR E I,'ETHYT , ~ N ES.. H. V - ESTIJDOS ESPERIMENTAIS SOBRE A ANESTESIA PELO ETILEKO. Nota histórica, preparação, caracteres e acyão aliestésica do gaz. 1'1 - l,ES PJIÉNOIIENES IiESPIRATOIKES AU CO[!L\S DE 1,'ANAPIITLAXIE nu C O B ~ ~ Y ES.. n. VI1 - INBI,UENCIADO );:TER, COMO ANEST$:SICO, SOBRE O NSTtlFIIAOCO. Estiido cxperimetital. S. R. De colaboração com o Prof. Dr. Feliciano Guimarães VI11 - SUR L'ACTION ZTMOSTIIF!!NIQUE DE L'EAU DE CURIA (PORTVGAIJ). S. B. I s - ROLE DES ELECTROLYTES DANS L~ACTION ZIMOSTI~I;:NIQ~TE DE L'EAU DE CURTA (PORTUGAL) S. B. X - ACTION ANTI-ANAPIIY1,ACTIQUE DE L'EAU DE ÇURIX (PORTCGAL). S. R.

Qiiàsi todos êstes estudos foram feitos no Instituto de Farmacologia e Terapèutica experimental da Faculdade de Mediciria da IJriiversidade d e Coimbra. Krn deles-o VI I-executeio-o no rnesmo Instituto e no Lãboratório de Microbiologia e Química Biolcgica dacyuela Faculdade. As letras S. R. indicam o s trabaltios zpreseiitados na Sociedade de Biologia.

TRABALHO E X E C U T A D O N O

POSTO

DE

BACTERIOLOGIA E HIGIENE UO FUNGHAIA

Accao bactericida 9

Vinho Madeira (Verdelho) sobre o bacilo de Eberth (ESTUDO EXPERIMENTAL)

Diferentes estudos feitos em Medicirlu mostram que o viiiho é uma bebida salutar-quando usada coii, prudcncia. Salgiiris casos especiais julgou-se que essa bebida poderia intervir na dissemjnacão de certas niolkstjas infecciosas. Ch. Doptei, porkm,- baseatio em trabalhos experimentais cle Aloi's Pick, Sabrazks, kfarcandier e Allio t -invalitla taniantia siispeita. Segiirido o conceito mais geral, o viiiho, erh rcz de favorecer as doeii(;as rnicrol~iarins,coritrihr~epara e ~ i ta-Ias-até certo ponto. Erri referericia ;io mesrrio assiiiito .I. Doli~i~is d;irios pormenoines interessantes. Merecem registo particirlai. :is espei~i~:iiciascle

Sal ~razése Mat-candier, execii tadas no Instiiuto Pasteiir de Paris. Os coiiliecidos iiivestigadores dernonsti*arani qiie o vitiho, puro, revela u m poder bnctericida sôbre o bacilo tífico, vai~iandoeiitiBeI5 rninu tos, aproxirnadamen te, e 3 tior;is-coriforrne n espécie e a idade da bebida-o prazo necessário para a inutilização n~icrohiana. Ililii ído, o vinlio inariifesta, turn bkm, qualidades bactericidas, embora o tempo iridispensavel seja superior*. Por exemplo: numa mistura de viiiho cornum e água, em partes iguais, o bacilo de Eberth resiste 4 e 8 horas. Quanto maior é a dose de micróbios, maior a sobrevivencia. Para chegar As suas co~içlusões,Sabtaazés e Marcandier serviram-se de amostras de vinho puro ou niisttirado coin água, nas quais introduziam 2 ou 5 gotas de cultura do hacilo tifico. O conhecimento de tão curiosas experibncias incitou-me a fazer um estudo com o Vitiho Madeira, cuja faina é mundial. Todavia, não segui, inteiraniente, as indicacões de Sabrazés c Marcandier., Na parte respeitarite h influência directa do vinho sôbre o agente da febre tifoide, fiz uso de ciilturas do bacilo de Eberth, ern água peptonada (24 horas). Por outro lado, como há pessoas que só podem beber viriho diluido, achei mais razoável submeter a ensaio amostras de água propositadarnente inqiiinada pelo bacilo tífico, numa pei1centagem milito grande"), ( 1 ) Clieguei a empregar a proporção de 4C18.0íM bacilos de Ebertti por ceiitimetro ciibico -grosso rnodo, está claro.

para assirri ficar bem deinonstrado o poder hacteiaicida do vinho. Tanto riurn caso como noritro, preferi iitn viritio Madeira com 24,25 "I,,de alcoól e 8,33 de acidez, espressa em H, SO I-Verdel ho de 1895. Nesta or*derii de ideias, executei u m graride iii'iniero de experiêiicias, cujos i~esiiltados,senipiae concordes, me levaram a publicar o preserite titabalho. Não tenho, evidenteirtente, a itiienção de jiilga-10 conipleto. Mas o que fica escrito, é jh bastante para forinaianios iini juizo qtianto ao podei bactericida do viriho Madeira. Estou certo de que novas pesquisas, feitas coin outras variedades de ~ i n h oe com outras bactérias, confirniarão os primeiros resultados do rneii estudo. O/,,

Protocolo das experiências Para innis fácil compreensáo coiivéin consiiltar os ecqiiemas.

1.* SÉRIE viriho &Iatieira (10 ceritimet,ros cíi bicos), laricei doses variáveis de ciiltiira do bacilo tifico: 2, 5 e 8 gotas. Fiiiclos tempos diferentes (1, 3, 5, 10 e 15 miiiiitos) retirei de cada u m tlCsses t h o s u m a porcão, iiisignificante, do conjun t.o (0,3 c. c.). introcluzindo-n, a segiiii., iio respectivo tubo de igua peptonada. Desta maneira dispiinha tr&s giaiipos de tiihos, que iarn para a estufa, a 37",onde ficavarii 2 dias. Para rnaioi seguranp, servia-me, iam bkiri, de tiibos testemunhas, com igua peptonada e gotas de ciiltura do bacilo de Eberth. Após 24 horas, fazia a primeira observacáo. RESULTADOS:

Grupo I-Nenhrirri

dos tubos aparecia tiirvo, até mesmo o correspoiidente a 1 minuto de accão do virilno sòbre o bacilo. Grupo 11-Turvaqiio rio tubo inicial e liinpidez nos seguintes, a partir de 3 minutos. Grupo 111-Lirnpidez a partir de 5 minutos. Todos os tubos testemunhas-como é natiiralestavam tiirvos.

Esquema representando a maneira como foi feita a SÉRIE de EXPERIÊNCIAS

Os tubos de ensaio estào figurados em corte horizontal (círculos). O traçado indica a turvaçào d o meio de cultura

3 tubos, conteiido lima qiiaiitidade fixa de i g u a iriqiiiii:ida (10 centímetros ciibicos), 1;rncei doses vaiiiveis tle vinho M;rdeirl:i: 10,s e 3 centímetros ciibicos. Decoi*r>idosteiripos diferentes, (5, 10 e 30 iniiiiitos, 11 e 4 horas) retirei de cada u m dL?sses tiihos iinia iiisigiiificarite porqão da rriisiura (0,3 c. c. ), ir] t r80diiziriKiii

do-a, logo, no respectivo tubo de Agiia peptoriada. Qoailto a estada dos tiibos na estufa, obedeceu :ts niesrnas norwias que resiimi ria 1.' série de expei-iericias. Servi-irie, igiialmente, de tubos testeiiiiinhas. RESULTA DOS:

Grupo I-Nenhum tubo aparecia tiirvo, até mesmo o correspondente a 5 minutos de contacto do vinho coni a água inqiiinada. Grupo 11-Turvacão nos dois tubos iniciais ( 5 e 15 minutos) e limpidez nos seguintes, a partir de 30 tninii tos. Grupo 111-Todos GS tubos turvos excepto os dois últirrios (1 e 4 horas). Turvacão rios t ii bos testemunhas. Ê s t e s r e s u l t a d o s obtinham confirmação, no segiindo exame, isto é depois de 48 horas de estiifa. Todas as experiências foram repetidas, u m graiide niimero d e vezes e, para ter a certeza da vei*dadeiina inutilização do bacilo titico, não me contentei, apenas, coni a limpidez do meio escolhido.

Esquema representando a maneira como foi feita a 2.a SÉRIE de EXPERIÊNCIAS

Os tubos de ensaio estilo figurados em corte horizontal (círculos). O traçado indica a turvação do meio de cultura.

Os tiibos 1 iiiipidos eram siijeitos a diferentes provas de bacteiaiologia. Uina delas coiisistia iio segiiiiite: ApGs 24 horas de estufa deit;lv:i fora o coriteiPt(lodcsses tubos, com os mesmos ciiii-lados tla decarit-qio, deixatido sòmente, no fundo, unia peqrieriissima parte. Sòhre essa parte fazia cair um voliirne de água peptoiiatla, igual ao do liquido regeitado. Os tiibos, assim, iaiii iiovamente para a estufa oride ficavaiii o teinpo indispeiis;ivel. Isto feito iiriia duas ou t2im6s vezes: em condicóes i-igorosamerite assépticas, seiii ob~er* tiiilvaqão, eiDao bastante para dai*como extei~inir~ados todos os bacilos. A tuiava$ào estava siijeita a iim cr*it&i*iosemelliarite, tratarido eii sein pi-e de inquirir, por. meio de métodos difei*ericiais, se a bacthi-ia em causa era, tie facto, o bacilo de Eberth, pois podia uiri inicrcibio acidental compioineter os iaesuitados.

Conclusões A 1.' série de experieiicias leva-nos

certeza de que o vinho Madeira,-pelo inenos numa das suas variedades,- possiie, u m alto poder bactericida sòbre o bacilo tífico. Eni 2 minci to colisegue-se a iriiitilização dos bacilos existeiites ern 2 gotas de ciiltiira, i~ ciista de 10 centímetros cúbicos de vinho. &te facto tein graride import;incia sob o ponto de \lista higiCi~ico. :I

Partiiido do principio qlie u m calice era pnssado por ;igria suspeita, lrastnva o coiitact,~do vinho, cliirnri te 1 ininii to, p:ir:~obtermos a esteriliza~áo. Ein ceiatnsregifies, coristiliie iima prova de cortesia oferecer o viriho a ti*;insboi*dar pelos calices. Corri os dados laboi~atnt~iais aiiter*ior*es,não tem nada tfe mau o costiiine, pois daqiiela iriarieira pode-se esterilizar o copo por rleiit.ro e por fciiaa-quando a Agiia tie lavagern não rnerecii absol i i ta coiifi;inqa. Sabrazés e Marc:itidicr*, operaiido, em con(li@es semelhaiites, com oiitilos viiihos, obtiveram a niorte do bacilo de Ehertli, iiiiin teinpo sriperioi~a 11tniniito. O vinho Madeira ( Verde1ho), portarito, 6 dotado de qiialidades bactericidas iniiito api'eciiiveis. Urna dose rnaior de micrcibios requer2 ruiais tempo, mas, mesmo assirn, os niiiiiei30sobtidos siio, sempre, bastante favoráveis.

A 2."série de experiencias, dernoristi*aqiie o mesnio vinho Madeira i*evel;iurna riotável acqão hactericida sobre a água iriquiriada. Em 5 miriutos consegiie-se ;i esterilizaçào de 10 ceiitirnetros ciibicos de iguii, com igiial volume tle viiiiio. Quaiito rnenoi* fòi* :r dose tla brbiil;), maior o terrlpo tie coiitacto. Assiin, (ein refeil6iiçi;i aos inesmos 10 c. c. de água) teinos: corii 5 c. c. de virilia-30 ii~iriutos; corii 3 C. C. de vitiho-/l hoiba. Eiii todo O C:~SO, os nútuieros obtidos tit?o tleixnrn de sCr l~nstarite satisfzict órios.

Note-se que a iniluinação da 6gua foi inuito alta, o que dá ainda rriais valor aos resultados. Observando as coiidicões impostas pela experiência, o vinho, diliiido, oferece toda a seguianca. Toco neste assunto, porque hh, rialmente, pessoas que sb podem beber vinho rnistuiado com igua. Fica demonstrada, das duas formas, a acção bacterieida do viiiho Madeira (Verdellio) sôbre o bacilo de Eberth. Quanto a outros bacilos semelhatites, é riatural que o referido viriho manifeste a mesma eficácia. A que atribuir a acção bactericida do vinho? -Ao alcoól, mas, sobretiido, aos ácidos. Dizem algiins autores qiie os éteres concorrem, também, para a inutiliza$io dos inicróbios. Eu não coiirio muito no poder esterilizador dêstes últimos compostos, advindo o meu conceito dum estudo que fiz sôbre o Bteia. Dou, antes, mais valor a determinadas essêricias, qiie comuriiçani ao nosso vinho u m aroma tão particular.

Aetion baeterieide du Vin de Madère sur le baeille d'Eberth ETUDE EXPERIMENTALE

J e me suis assignk c:omnie but du preseiit travail de démontrer que le Vin de Madère (au moins I'iine de ses varibths) possède ii n grand pouvoir bactéricide. La variété que j'ai employée a été le Verdelho de 1895 contenant 14,%0/0 d'alcool et 8,330/00 d'acidité exprimée en H?SOI. Dans une 1. " h d i e d'expériences, j'ai é t udié l'action directe de ce vin suia le bacille d'Eberth. A cet effet je me suis servi de tut~es2 essais daris lesquels j'ai versé eri quantités égales du vin et des doses variées de culture de bacille typhique. Dans iine 2.ème sséie d'exphriences, j'ai tiiehé de vérifier jusqu'h que1 poitit irait l'actioii du inêine viri sili. l'eaii iriteritiorinellemei~tsouillée avec le bacille d'Eberth. Dans ce but j'ai employé atissi des tiihes essais daris lesquels j'avais mis des qilantités égales d'eau et des doses variées'de vir].

Daris les deux séries, après des laps de teinps différents, j'ai prélevé une quantité insigriifiante clu inélange sur chaciiri des tubes 5 essais mentionnés, et je l'ai vernsée dans le tube respectif conteiiant de I'eau peptonnée. Cest daris ce inilieu de ciiltrii*eque j'ai fait ia preiriière constatatiori slir Ia cie ou Ia rnort des bacilles -1impidité dans le prernier ças, ti*oubIedaris le secorid. Les résultats de mes expériences, reprises plusieurs fois, se troiivent iiidiqriés dans les tableaiix siiivants:

Dose d e vin

Gouttes de culture

Dose d'eau souilld *

Dose de vin

-

--o-

10 c c". 5 c. =, 3 " c-

Temps Bcoulé après Ia contamination artificielle du vin

Temps 4coulé après le mélange du vin avec l'eau A

--

Coiielusions L e vin de Madkre (Verdelho) i~év&leune action bactkricide remarqua ble sur le bacille typhique. En iine i~iiniiteon obtient Ia mort de tous les bacilles contenus dans deux gouttes de culture. A pliis forte dose de bacilles, correspondra i111 temps d'actiori d'autant plus graiid, mais niêrrie daris ce cas les chiffres obtenus sont trtís favorables. I1 a été particiilikremeri t ir]téressan t pour moi de connaitre I'action du vin de Madkre siir I'eau souillée; ori sait que bien des gens ne peuvent preridre cette boisson qu'eii y ajou tant de l'eau. I1 a été déin~nt~ré par rnes expéibiences que le vin de Madkre (Verdelho ), additionné d'eau 5. parties égales, tue le bacille d'Eberth en 5 tniniites. Si la dose de vin, par rapport à celle de l'eau, est rnoindre, la stérilisa tion du rera plus longtemps, mais les résultats, daris iine certaine mesure, sont totljours ti.& sa tisfaisan ts. En ce qui concerne d'aiitres bacilles semblables i1 est naturel que le viri de Madbre qui a été choisi pour cet étiide, posséde le mêrne pouvoir bactiiiicide.

More Documents from "Alberto Vieira"