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SUMÁRIO: INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3 CAPÌTULO 1 – O TRABALHO ............................................................................... 6 1.1

Breve introduçâo ...................................................................................... 6

1.2 A història do trabalho como a conta o mundo .......................................... 8 1.2.1 Origem etimológica .................................................................................. 8 1.3

O trabalho na história do homem ........................................................... 9

1.3.1 Na pré-história ......................................................................................... 9 1.3.2 Trabalho na antiguidade ........................................................................ 10 1.3.3. O trabalho na idade média :o feudalismo ............................................. 11 1.3.4. O trabalho na a idade moderna ............................................................ 11 1.4

A evolução da legislação trabalhista no Brasil e no mundo .............. 12

1.4.1 A nível nacional...................................................................................... 13 1.4.2 A nível internacional............................................................................... 15 1.5 A legislação trabalhista e a saúde ocupacional ...................................... 16 CAPÍTULO 2- A ERGONOMIA: UMA CIÊNCIA SEMPRE ATUAL ...................... 18 2.1 Ergonomia: uma olhada para trás- origem e evolução ........................... 19 2.3 A ergonomia: definições ........................................................................... 22 2.4 A ergonomia no Brasil ............................................................................... 24 2.5 Correntes de pensamento da ergonomia................................................. 25 2.5.1 A corrente inglesa .................................................................................. 26 2.5.2 A corrente francòfona ........................................................................... 27 CAPÍTULO 3 A ERGONOMIA DA ATIVIDADE: CONCEITOS E OBJETO DE AÇÂO .................................................................................................................... 28 3.1 Atividade ...o que é? .................................................................................. 28 3.2 qual a diferença entre tarefa e atividade? ................................................ 29 3.3 A ergonomia - teorias da atividade ........................................................... 30 3.4 Teoria da atividade x - ergonomia: o que uma coisa tem a ver com a outra? ................................................................................................................ 33 3.5 Objetivos e propósitos da ação ergonômica ........................................... 35 CAPITULO 4. A ERGONOMIA COMO DISCIPLINA MULTI E INTERDISCIPLINAR .............................................................................................................................. 38

4.1 Ergonomia :campos de atuação ............................................................... 39 4.1.1- Ergonomia física ................................................................................... 39 4.1.2 Ergonomia cognitiva .............................................................................. 40 4.1.3 A ergonomia organizacional .................................................................. 41 4.2- Ergonomia-Áreas de aplicação................................................................ 42 4.2.1 A ergonomia de concepção e projeto .................................................... 42 4.2.2 A ergonomia de correção, remanejamento, modernização ................... 43 4.2.3 A ergonomia de conscientização .......................................................... 45 4.2.4 Ergonomia de participação .................................................................... 46 4.3 Ergonomia e suas áreas de abrangência ................................................. 47 4.3.1 Ergonomia de posto de trabalho ou microergonomia ............................ 48 4.3.2 A ergonomia de sistemas de produção ou macroergonomia ................. 50 4.4 A ergonomia como ciência multidisciplinar ............................................ 52 4.4.1 A ergonomia na engenharia ................................................................... 52 4.4.2 A ergonomia e sua atuação nas áreas do design .................................. 53 4.4.3 A ergonomia na psicologia ..................................................................... 54 4.4.4 A ergonomia na medicina e enfermagem do trabalho ........................... 54 4.4.5 A ergonomia na administração .............................................................. 55 4.5 A ergonomia e os setores de atuação ...................................................... 55 4.5.1. A ergonomia na indústria ...................................................................... 57 4.5.2 A ergonomia na agricultura .................................................................... 57 4.5.3 A ergonomia na mineração .................................................................... 58 4.5.4 A ergonomia na construção civil ............................................................ 58 4.5.6. A ergonomia nas atividades diárias ...................................................... 60 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 62

“ A ergonomia é tão antiga quando a própria existência humana .Quando o homem percebeu que com um tacape que se conformava bem à sua mão, poderia caçar e se defender melhor dos predadores animais e outros homens, embora não tivesse idéia do que fazia, sem notar ou saber,exerceu a ergonomia. Quando vemos nas ruas um gari que, para reduzir o seu cansaço ao final do dia, alonga o cabo de sua vassoura com um pedaço de ano, intuitivamente ele também está exercendo a ergonomia.”( Barbosa Filho ,2010) INTRODUÇÃO

O ser humano é a base da ergonomia e ponto final! Ainda que seja considerada uma ciência complexa e multidisciplinar, cada ação da ergonomia busca na verdade, simplesmente promover uma integração harmoniosa entre o homem e o seu trabalho, a fim de lhe proporcionar além de excelência na produtividade, melhor qualidade de vida no trabalho e proteção contra futuras possíveis limitações. Seu princípio básico não negociável é facilitar a adaptação da máquina e do meio de trabalho ao homem e não vice versa (OIT,1959). Dito desta forma, o exercício perfeito e pleno da ergonomia parece muito fácil de ser exercido. Mas não é assim que funciona na prática!! Há na verdade, um erro comum na expectativa de que para isso acontecer já existam descritos nos livros e em estudos previamente realizados, uma receita pronta e clássica, que facilite o planejamento de uma ação

ergonômica

estrategicamente correta . 3

Cada ação da ergonomia requer acima de tudo,o reconhecimento completo de cada circunstância a ser analisada, em tempo real e sob o máximo de aspectos personalizados possíveis. Embora numa situação ideal, a ergonomia devesse estar desde as primeiros passos iniciais de um processo laboral, do projeto de criação ao controle do local de trabalho e conhecimento do trabalhador, etc,etc...,na maioria das vezes isso não acontece...! Isso porque o problema da adaptação do homem ao trabalho, nem sempre tem uma solução simples, perfeitamente adequada ás circunstâncias e que possa ser resolvido em um primeiro momento. Muitas vezes é um problema difícil e complexo que pode necessitar de algumas idas e vindas em busca de uma resposta harmoniosa para tudo e para todos. Mas ainda que uma ação ergonômica possa esbarrar em algumas entraves como por exemplo, problemas financeiros, prazos curtos ,ou até mesmo atitudes conservadoras diante de alguma novidade sugerida para implantação, vale a quem executará a análise, assumir um compromisso pessoal de fazer o melhor, dentro das limitações existentes, ainda que não haja ainda uma alternativa ideal imediata para o caso. Lembrando que cada caso é diferente do outro, e apenas o envolvimento do profissional, sua disciplina e busca de respostas e experiências, dará ao problema ou ao projeto, uma solução mais adequada. Diante deste cenário, a disciplina “Introdução á Ergonomia vem trazendo como principal objetivo gerar nos profissionais interessados na sua prática e aprendizado um despertar ao conhecimento básico para uma maior compreensão do que seja a ergonomia, navegando textualmente do seu surgimento,á sua evolução histórica e prática atual . A proposta aqui é o ensino da ergonomia

como a disciplina científica

multidisciplinar que é e que quando inserida na vida de qualquer ser humano,

promove resultados bastante positivos tanto no seu cotidiano doméstico e de lazer quanto no trabalho exercido.Neste último caso, por estar baseada em critérios de produção e de saúde, e profundamente comprometida com a transformação de situações de trabalho, a Ergonomia pode efetivamente contribuir para a eficácia produtiva, tanto em quantidade, quanto em qualidade do produto e da atividade laboral.

CAPÌTULO 1 – O TRABALHO 1.1

Breve introduçâo Benjamin Franklin (1706 – 1790), disse que “o trabalho dignifica o homem”. Embora esta frase evidencie o quão relevante é o trabalho na vida do ser

humano, a sua história é das que se contam, uma das mais dramáticas,mas também a mais heróica a ser estudada. Trabalho e homem nasceram juntos! Desde o seu primeiro movimento ainda no ventre materno e em cada dia do seu cotidiano quando precisou fazer algo relativo á uma necessidade específica, de uma simples brincadeira, a pilotar um avião poderoso,seja em seu próprio benefício e ou de outros , o ser humano executa uma espécie de trabalho. Através do trabalho o homem evoluiu física e intelectualmente, criou padrões, levantou e derrubou reinos, foi escravo e foi senhor Pelo trabalho foi

reconhecido e de outra forma, anonimamente,pelo trabalho acabou adoecendo e até perdendo a vida . O trabalho sempre esteve presente na história do desenvolvimento do ser humano, e desde sempre ,nos mais diversos períodos da história, da antiguidade até os dias de hoje, o ser humano com ele se relacionou sob as mais diferentes condições. Como escravo, servo, chefe, artesão,ou simplesmente como um poeta ou pensador, o homem através do seu trabalho,criou as mais diversas identidades humanas que deram á humanidade a face que ela tem hoje.

Por ser tão antiga e abrangente, é que a história do trabalho, para fins de estudo e compreensão, precisa ser entendida debaixo de uma visão ampla dos aspectos sociais, econômicos e culturais que compuseram e ainda compõem as sociedades através dos diferentes processos evolutivos do homem na Terra tais como a escravidão, a servidão, a industrialização, o assalariamento, o sindicalismo, o capitalismo,o comunismo, etc... .Atualmente o trabalho adquiriu maiores e novas perspectivas, diante da conquista do homem pelos direitos á dignidade, diante da possibilidade de se decidir por uma atividade compatível com seu querer e sua capacidade para realizá-la.

Positivamente falando, sabe-se que quando é o trabalho exercido por uma decisão voluntária ,ele pode possibilitar ao homem concretizar seus sonhos, atingir suas metas e objetivos de vida e desenvolver novas habilidades e criar a chance de aperfeiçoá-las.

1.2 A história do trabalho como a conta o mundo

1.2.1 Origem etimológica • A origem etimológica de “trabalho” deriva da palavra latina “tripalium “que significa três paus. E significava um instrumento feito de três paus aguçados e com pontas de ferro, utilizado para ferrar animais de grande porte físico ou para debulhar os grãos de cereais De outra forma, este instrumento era também usado para torturar; daí a palavra “tripaliare”, que significava torturar. Por essa questão, pela relação da palavra trabalho com sua origem, em muitas épocas, o trabalho foi associado a algo difícil e penoso, estando ligado ao próprio sofrimento humano.

Marcos Barbosa: Tripallium: O trabalho transformado em tortura(Editora Kelps ,2007) 1.3

O trabalho na história do homem

Considera-se trabalho,qualquer atividade exercida pelo homem com o propósito de alcançar um objetivo em quaisquer áreas da sua vida. O primeiro modo de produção e de relacionamento colaborativo da raça humana, nas comunidades primitivas, se deu através do trabalho. 1.3.1 Na pré-história Período que vai desde o surgimento do homem até o aparecimento da escrita, lá por volta de 4000 a.C., todo trabalho exercido acontecia pela sua necessidade de comer, se abrigar, se defender. Pela necessidade de ter instrumentos que facilitassem as tarefas diárias, e passa a elaborar diferentes tipos de ferramentas de acordo com o objetivo do trabalho a ser exercido Nessa fase a sociedade primitiva estava em relações iguais de trabalho e cada um desenvolvia uma atividade específica e de certa forma organizada, para o bem de toda a comunidade.

1.3.2 Trabalho na antiguidade Aos poucos a sociedade pré-histórica, a princípio sem uma divisão de classes, deu lugar à sociedade escravagista, formada por senhores e escravos. Nesta época, o trabalho passa a ter em muitas sociedades, significado de punição e submissão Muitas civilizações se utilizaram do trabalho escravo para a execução das tarefas mais pesadas e básicas. Um exemplo disso foi e a civilização egípcia onde a escravidão era tida como algo justo e necessário. Os escravos eram considerados como uma propriedade pessoal, estando a força do seu trabalho totalmente á disposição do seu senhor, sem que esse tivesse direito á descanso ou pagamento de nenhuma forma.

1.3.3. O trabalho na idade média :o feudalismo Esta situação perdurou até os séculos X ao XIII, quando então a escravidão foi substituída pela servidão. Neste sistema, o homem trabalhava apenas para benefício exclusivo do senhor da terra, e era da própria terra que ele retirava em seu próprio proveito,a habitação, a alimentação e

o vestuário. Este período

caracterizou-se como sendo um sistema intermediário entre a escravidão e o trabalho livre (VIANNA, 1991). 1.3.4. O trabalho na a idade moderna Foram as revoluções liberais, um conjunto de revoltas de caráter democrático e nacionalista, idealizadas por membros da burguesia, da nobreza e por trabalhadores (séc XVII e XVII)I, seguidas da Revolução Industrial, que produziram uma profunda mudança nas questões relativas ao trabalho. Utilizou-se

a expressão "Revolução Industrial" para nomear o notável desenvolvimento econômico evolutivo. acontecido na Inglaterra nos séculos XVIII e XIX. Esse progresso teve sua origem na organização de um sistema fabril, tornado possível graças a excepcionais avanços na área tecnológica. A invenção e o uso das máquinas a vapor, de novas ferramentas de trabalho e a criação de equipamentos destinados à indústria têxtil tornaram possível a evolução desse novo sistema de trabalho. Neste período, a manufatura cede seu lugar às fábricas que surgem por todos os lugares e os trabalhadores, para garantir seu sustento e de sua família, enfrentavam muitas vezes, jornada de trabalho em condições calamitosas no tocante á saúde e segurança. É certo dizer que uma grande parcela dos trabalhadores já conhecia seus diretos como seres humanos e como profissionais e ao se organizarem, através de movimentos sociais, buscavam conquistá-los sugerindo modificações específicas na legislação da época. Por conta disso, foi nessa época marcada pelos conflitos de classe ,que surgiram as associações de trabalhadores denominadas até hoje de sindicatos. Tão grande é a importância da Revolução Industrial que é possível comparála à Revolução Francesa, diante das poderosas transformações que acarretaram. A primeira no campo das liberdades humanas e a segunda nos campos do trabalho, da economia e da segurança do trabalhador. A título de ilustração do tipo de trabalho realizado na época, Charles Chaplin, ( 1936) escreve e encena o filme “Tempos Modernos”, onde um empregado passa a ter alterações comportamentais, como frutos do estresse sofrido durante o trabalho, pela ausência de uma capacitação adequada e ergonomicamente factível com a atividade que exercia. https://www.youtube.com/watch?v=CozWvOb3A6E.

1.4

A evolução da legislação trabalhista no Brasil e no mundo

1.4.1 A nível nacional Embora com quase cem anos de atraso em relação á Europa , após com a abolição da escravatura e a vinda dos imigrantes europeus no início deste século, o Brasil deu os primeiros passos no caminho do progresso Industrial. A Revolução industrial na Inglaterra com o advento da máquina a vapor e da indústria têxtil, além das alterações na política socioeconômica mundial impactaram também o País. Contudo o modelo de trabalho industrial brasileiro em nada diferia do que havia sido vivenciado na Inglaterra algumas dezenas de anos antes: as fábricas primitivas e sem mínimas condições mínimas de higiene, empregavam mulheres e crianças, em péssimas condições de trabalho. . A partir daí, no início do século XX, passou o País a ter dois referenciais distintos: as influências externas e internamente e o desejo público de transformações políticas e sociais para o trabalhador. De um modo geral, acatou-se as recomendações pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e posteriormente do Comitê misto composto pela OIT e OMS e as adaptamos à nossa Legislação.

Sobre esta questão e com o intuito de garantir a organização do trabalho em território brasileiro, é criado o chamado Departamento Nacional do Trabalho (DNT), que passa então a ser o órgão fiscalizador das normas trabalhistas ,através do Decreto nº. 19.667, de 04 de fevereiro de 1931. Mas as leis trabalhistas no Brasil, estabelecem mesmo sua força no governo de Getúlio Vargas ( 1937 a 1945 ). A partir de 1930, Vargas uniu um grupo de juristas e legisladores para elaborar o que se denominou de “ Consolidação das Leis Trabalhistas”, a até hoje vigente e chamada CLT. A CLT surgiu pelo Decreto-Lei de nº 5.452, de 1 de maio de 1943 ,que foi sancionado pelo então presidente Getúlio Vargas e unia toda a legislação trabalhista vigente no Brasil .Seu objetivo era basicamente a regulamentação das relações individuais e coletivas do trabalho. A CLT foi o resultado de 13 anos de estudos realizados por juristas e lideranças dos trabalhadores, que se preocuparam em criar uma legislação, que atendesse tanto a necessidade de segurança e saúde do trabalhador e respeitasse também as características e necessidades do empregador . Desde 1943, o CLT sofreu uma série de modificações, Em 2005, as Leis Trabalhistas passaram a representar com mais abrangência as novas relações de trabalho. Em agosto de 2017 ,mudanças novamente acontecem ,contemplando desta vez principalmente as seguintes questões: Trabalho Remoto:Trabalho remoto passa ser também considerado trabalhão ,pela Lei, Home office agora com direitos. Divisão das Férias: Férias até três vezes ao ano Horário Flexível:Horários negociáveis em prol da qualidade de vida do trabalhador. Jornada Flexível:Jornada flexível e sem burocracia. Uma nova opção de jornada que permanece respeitando os limites de 44 horas semanais.

Terceirização: Contratados e terceirizados com benefícios iguais. Horário de Almoço: Horário de Almoço Flexível. Intervalo negociável em benefício do trabalhador. As principais mudanças estavam relacionadas às novas tecnologias e á sua utilização pelo trabalhador e abordavam a necessidade de uma maior qualidade na segurança e bem estar do trabalhador em seu período útil laboral ( (http://trabalho.gov.br) 1.4.2 A nível internacional No meio dos protestos sociais que buscavam legislações mais justas e adequadas á dignidade do trabalho, surgem duas grandes organizações em âmbito mundial: a Organização Internacional do Trabalho (OIT), criada em 1919, pelo Tratado de Versalhes e a Organização Mundial de Saúde (OMS), criada em 1948 e ligada á Organização das nações Unidas (ONU). Juntos, esses dois órgãos estabeleceram em 1950, o objetivo básico e primordial da Saúde Ocupacional que é adaptar o trabalho ao homem. A partir de sua criação, a OIT se torna responsável pela formulação e aplicação

das

normas

internacionais

do

trabalho,através

convenções

e

recomendações,dando ao trabalhador, acesso a um trabalho decente e produtivo, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade, humanas .A OIT disponibiliza ao público um sistema online chamado NORMLEX , que reúne todas as informações sobre as Normas Internacionais de Trabalho, assim como sobre as legislações nacionais relacionadas trabalho e segurança social. (http://www.oit.org ). O Brasil está entre os membros fundadores da OIT e participa da Conferência Internacional do Trabalho desde sua primeira reunião. Além da tradicional promoção das Normas Internacionais do Trabalho, do emprego, da melhoria das condições de trabalho e da ampliação da proteção social, a atuação da OIT no Brasil

tem

se

caracterizado

por

explorar

temas

vistos

como

essenciais

no

desenvolvimento social. O compromisso internacional assumido pelo Brasil após integrar à Organização Internacional (OIT), tinha como proposta a observância das normas trabalhistas, também de fato contribuiu para o desenvolvimento brasileiro no que se refere à legislação trabalhista. A

OIT

mantém

representação

no

Brasil

desde

1950,

(

http://www.ilo.org/brasilia/lang--pt/index.htm) prestando assessoria em diversas áreas, executando projetos de cooperação técnica, além de promover mecanismos e processos de diálogo social. 1.5 A legislação trabalhista e a saúde ocupacional Com a criação da OIT ( 1919),as normas sobre a proteção e saúde e integridade física do trabalhador ganharam forças contribuindo bastante na prevenção de acidentes e doenças do trabalho Em 1950, uma comissão conjunta composta pela OIT-OMS discrimina de forma ampla os objetivos da saúde ocupacional .Em junho de 1959 após inúmeros encontros da Conferência internacional do Trabalho, a OIT adotou princípios, elaborando a “Recomendação 112” com o nome de " Recomendação para os serviços de saúde ocupacional". Nesta recomendação, o serviço de saúde ocupacional é definido como um serviço médico instalado em um estabelecimento de trabalho, ou em suas proximidades. No Brasil, os movimentos que sugeriram que a Recomendação n0 112 fosse adotada em território brasileiro, não surtiram resultado efetivo. Contudo em junho de 1972, o governo federal baixa a Portaria no 3.237 que tornou obrigatória a existência dos serviços médicos, de higiene e segurança em todas as empresas com mais de 100 trabalhadores.  RECOMENDAÇÃO 112 (OIT,1959)

A recomendação n0 112, da OIT conceitua os serviços de Saúde Ocupacional como” serviços médicos instalados em um local de trabalho ou suas proximidades, com as seguintes finalidades:  Proteger o trabalhador contra qualquer risco à saúde que decorra do trabalho ou das condições em que ele é cumprido;  Concorrer para o ajustamento físico e mental do trabalhador em suas atividades na empresa, através da adaptação do trabalho ao homem, em setor que atenda as suas aptidões;  Contribuir para o estabelecimento e manutenção do mais alto grau possível de bemestar físico e mental dos trabalhadores ((http://www.oit.org ). “ Nesta Recomendação a Ergonomia é conceituada como “a ciência da adaptação do trabalho ao homem”. De maneira mais ampla, em 1960, a OIT define a Ergonomia como sendo " define a Ergonomia como sendo " aplicação das ciências biológicas que conjuntamente com as ciências da engenharia visam lograr o ótimo ajustamento do homem ao seu trabalho, e assegurar, simultaneamente, eficiência laboral e bem-estar humano, físico e mental (http://www.oit.org ).

CAPÍTULO 2- A ERGONOMIA: UMA CIÊNCIA SEMPRE ATUAL

Como ciência moderna aplicada á saúde e ao bem-estar humano, a ergonomia “corre” estruturalmente lado a lado com os mesmos em cada instante do seu dia. Isso porque a cada vez que uma mãe repetidamente pega seu bebê para amamentar e incorretamente se senta; uma

criança vai diariamente á escola

carregando uma mochila pesada ou inadequada ao seu biotipo; quando colocamos todos os dias algo em uma prateleira alta, e de maneira sistemática calçamos nosso calçado sob uma postura errônea; se um músico toca repetidamente um instrumento sem estar corretamente posicionado, a ação ergonômica se faz necessária para levar qualidade a estas atividades e impedir futuras limitações e doenças ocupacionais. Neste processo do cotidiano humano, a adequação ergonômica realizada através da indicação de uma conduta adequada, se fará fundamental para que a qualidade de vida e a saúde, sejam os desfechos que se espere encontrar nas circunstâncias mencionadas.

2.1 Ergonomia: uma olhada para trás- origem e evolução A palavra “Ergonomia” vem do vocábulo grego “Ergon” que significa trabalho, e de “Nomos” que significa normas, regras, ou leis. Fazendo ligação com seu conceito etimológico, a atividade da ergonomia está

relacionada com as leis

e ou normas que proporcionam um melhor

desenvolvimento, conforto e satisfação no trabalho e conseqüentemente uma maior produtividade, com baixos índices de retrabalho e doenças ocupacionais (BARBOSA FILHO, 2010). Estabelecer as origens de uma disciplina é sempre uma tarefa complicada uma vez que o seu conceito social é estabelecido através da prática diária e o seu reconhecimento como ciência,acontece por meio de pesquisas realizados ao longo de anos de estudo e desenvolvimento. No entanto é muito interessante poder documentar e tornar mais clara, a ação histórica da ergonomia a fim de personificar o seu melhor entendimento na atualidade. O primeiro a entender a atividade da ergonomia como fundamental no processo de produção humana ,foi o médico italiano Bernardino Ramazzini (1633-

1714) ao descrever doenças e lesões relacionadas ao trabalho, em sua publicação de 1700 chamada "De Morbis Artificum" (Doenças ocupacionais). Contudo, o termo ergonomia só foi utilizado pela primeira vez em 1857 pelo polonês Woitej Yastembowky em seu artigo intitulado “Ensaios de ergonomia ou ciência do trabalho, baseado nas leis objetivas da ciência sobre a natureza” Historicamente, a adaptação do homem ás condições gerais do ambiente onde habitava e a criação de ferramentas que facilitassem o seu trabalho, remonta aos primórdios da humanidade, sendo isso considerado uma atividade ergonômica. Mas ainda que a história da Ergonomia seja muito antiga, a sua aplicabilidade como ciência entendida e aplicada, efetivamente, teve início mesmo a partir de 1949, logo após a segunda guerra mundial, com a criação na Inglaterra, da Ergonomics Research Society (SER) pelo engenheiro inglês Hywel Murrel. E foi neste momento, através de uma conjugação sistemática de esforços entre a tecnologia, as ciências humanas e biológicas: fisiologistas, psicólogos, antropólogos, médicos e engenheiros ingleses, que a ergonomia começa a tomar como ciência aplicada adaptada ao meio social laboral (ABRAHÃO,et al, 2009). A questão a ser respondida pelos estudiosos era : porque apesar das novas e potentes tecnologias bélicas, não se havia percebido melhoria na eficácia e eficiência operacional nesta grande guerra? A resposta para esta questão revelou que embora as máquinas fossem mais potentes que todas as demais já conhecidas na época, elas haviam sido desenvolvidas muito rapidamente e sem nenhuma preocupação em que houvesse alguma adaptação ou ganho de experiência pelos soldados que as manejavam. stock-photo-

Por conta desta condição, foram realizados estudos interdisciplinares com profissionais das várias áreas da medicina ,psicologia e engenharia ,objetivando melhor condicionamento dos soldados ao uso desses novos equipamentos. Surgia assim, a ergonomia com objetivos práticos, baseados principalmente bem estar, segurança e produtividade de qualidade nos mais diversos setores produtivos. Além da Inglaterra, a França foi um País que teve uma grande participação na consolidação da ergonomia na Europa, Em 1961, o primeiro congresso da Associação Internacional de Ergonomia reuniu cerca de vinte participantes franceses. Em 1963, na França, após a criação da “Societé d ́Ergonomie de Langue Française (Self.) a ergonomia é então, caracterizada como uma disciplina autônoma (SILVA ,2010). .

O uso corrente da ergonomia no meio empresarial nos Estados Unidos da

América se efetivou, a partir de 1970, quando a Agência de Segurança e Saúde

Ocupacional deste país - Occupational Health and Safety Agency (OSHA), criou regulamentos exigindo das empresas um ambiente livre de acidentes, saudável e seguro. Um ponto importante da história da ergonomia no Brasil foi a criação da Associação Brasileira de Ergonomia ( Abergo) em 1983 ,entidade que veio para normatizar e congregar os diversos núcleos da ergonomia no país,através de conhecimentos produzidos pela área. 2.3 A ergonomia: definições

Classicamente, de maneira genérica, entende-se a Ergonomia como sendo o estudo científico das relações entre o “homem e a máquina”, tendo como substância primordial de estudo, a segurança e eficiência do modo com que interagem entre si e com o meio ambiente.

Autores e organismos Internacionais e nacionais,apresentam suas próprias definições do que seja a ergonomia colocando em evidência aspectos muito importantes do que signifique para o mundo, esta jovem e promissora ciência. . A mais antiga definição conhecida de ergonomia foi dada na Inglaterra pelo engenheiro inglês Hywel Murrel, um dos precursores da ergonomia na Europa, e fundador em 1949,da primeira sociedade de ergonomia do mundo, a Ergonomic Research Society (WWW.abergo.org.uk). Segundo este pesquisador, “Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento e ambiente e, particularmente, a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas surgidos desse relacionamento”. Em 1960, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) a definiu como a "aplicação das ciências biológicas conjuntamente com as ciências da engenharia para lograr o ótimo ajustamento do ser humano ao seu trabalho, e assegurar, simultaneamente, eficiência e bem-estar” ((http://www.oit.org). A Organização das Nações Unidas (ONU), em 1972, a descreve como "uma tecnologia da concepção do trabalho baseada nas ciências da biologia humana" ( http://www.onu.org.br/onu-no-brasil ) . A Associação Brasileira de Ergonomia ( (WWW.abergo.org,br)criada em 1985, adota a seguinte definição: “Entende-se por Ergonomia o estudo das interações das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente, objetivando intervenções e projetos que visem melhorar, de forma integrada e não-dissociada, a segurança, o conforto, o bem-estar e a eficácia das atividades humanas”. Para o IEA International Ergonomics Association (2000) a definição é mais ampla, conceituando tanto a ergonomia quanto os profissionais que a praticam:” A Ergonomia é uma disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem estar humano e o desempenho global do sistema. Os ergonomistas contribuem para o planejamento de um projeto e a avaliação de tarefas,de postos de trabalho, produtos, ambientes

e sistemas de modo a torná-los compatíveis com as necessidades, habilidades e limitações das pessoas”. Atualmente, fazem parte da IEA, 47 sociedades federadas, 2 sociedades afiliadas, 7 membros organizacionais e 2 membros individuais (ww.iea.cc

2.4 A ergonomia no Brasil No Brasil a ergonomia surgiu junto com a evolução das áreas de engenharia de produção e desenho industrial, voltadas á aplicação de conhecimentos sobre as medidas humanas e a confecção de normas trabalhistas para a população brasileira. Com a evolução e fortalecimento dos movimentos sociais e sindicais, com auge entre os anos 1960 e 1970, grande foi a procura de respostas para os problemas gerados pelas más condições de trabalho e demandas abusivas durante a jornada laboral do trabalhador brasileiro. Um ponto muito importante da ergonomia no Brasil, foi a criação da Associação Brasileira de Ergonomia ( ABERGO) em 1983, Entidade de classe que veio para normatizar e congregar os diversos núcleos da ergonomia no país, através de conhecimentos produzidos pela área (http://www.abergo.org.br/). Em 23 de novembro de 1990 após inúmeras denúncias de acidentes no trabalho, recebidas pelo Instituto Nacional de Assistência social ( INSS ) devido á falta de adaptação do trabalhador ao seu ambiente é criada no Brasil e publicada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), sob a Portaria MTPS n.º 3.751, a chamada

Norma

Regulamentadora



17(NR-17-

Ergonomia)

http://www.previdencia.gov.br/). Esta norma, específica para a ergonomia, dita ainda hoje as condições mínimas de conforto físico e mental que uma empresa deve oferecer para não prejudicar a saúde de seus funcionários.

A título de exemplificação, cite-se o subitem 17.1.2 da norma regulamentadora nº 17, que estabelece como prioridade de uma análise ergonômica, a avaliação da adequação, das condições de trabalho às características mentais e físicas dos trabalhadores, cabendo ao empregador realizar essa análise.

2.5 Correntes de pensamento da ergonomia Estudos, debates e as reflexões fundamentaram nas últimas décadas ,as duas principais correntes da ergonomia. :  A Corrente Inglesa também chamada de anglófona, que recebe este nome por ser praticada em países de língua inglesa, como Inglaterra e EUA, enquanto e a Corrente francesa, também chamada de francófona, mais atual e originária de estudos franceses.

A base da divisão da ergonomia em duas vertentes surgiu a partir das concepções diferentes do sistema de medidas, francês e inglês. Isso porque durante a Idade Moderna, as unidades de medida não seguiam nenhum critério científico e podiam ser diferentes de acordo com cada região geográfica,mesmo dentro de um mesmo país (DIAS, 1998) 2.5.1 A corrente inglesa Tem o enfoque da ação ergonômica centrado em fatores humanos. Neste caso, o que importa são os aspectos físicos da relação homem-máquina, os quais seriam dimensionados, discriminados e controlados. A necessidade de adaptação da máquina ao homem é o centro deste tipo de pensamento . Esta corrente orientava a ergonomia para a concepção e/ou transformação de dispositivos técnicos (máquinas, utensílios, postos de trabalho, écrans, programas, ferramentas, etc.), defendendo uma ergonomia baseada nas características dos homens (antropométricas, fisiológicas, cognitivas, etc.). Exemplo: para a análise ergonômica de um posto de trabalho,deverá ser definida a altura da cadeira e da mesa, características do assento e do encosto, o tamanho ou a forma dos símbolos a colocar no monitor do computador ( para que sejam lidos pelos utilizadores sem dificuldade, etc.,caracterizando a adaptação da máquina ao homem.

2.5.2 A corrente francòfona Caracteriza a ação ergonômica com base na atividade humana mas também na tomada de decisão,com foco nas atividades do operador e na organização do posto de trabalho. Um exemplo disso é a análise ergonômica de um posto de trabalho, como o citado no caso anterior. Nesse caso,a análise ergonômica preocupar-se-á não apenas( mas também) com o assento ou com o monitor do computador ou outros, isoladamente, mas especialmente em como se dará a atividade laboral a partir da organização geral e da capacitação do trabalhador. Nesse caso, é a atividade o mais importante a ser avaliado sendo o homem o objeto da ação.

CAPÍTULO 3 A ERGONOMIA DA ATIVIDADE: CONCEITOS E OBJETO DE AÇÂO 3.1 Atividade ...o que é?

O conceito de atividade foi introduzido pela primeira vez pelo filósofo alemão Georg W. Friedrich Hegel, que reconheceu o papel da atividade produtiva e os instrumentos do trabalho no desenvolvimento progressivo

do conhecimento

humano ( SANNINO, 2011).  CURIOSIDADE: italiano, trouxe

Leonardo

da

Vinci,

(1452- 1519)artista

importante fundamentação da atividade através de

pesquisas e desenhos

representativos do homem e suas atividades

dinâmicas,o que trouxe ao mundo uma autêntica visão de todo o processo da movimentação humana. Ao desenhar o que chamou de “homem vitruviano” (em homenagem a Vitrúvio, arquiteto romano que viveu aprox. de 27 a 16 aC.) mantendo o homem fixo em um lugar, girando e

ou articulando seus membros inferiores e superiores ainda conectados ao tronco, criou o que veio a ser um princípio primordial da ergonomia. Neste trabalho Da Vinci , demonstra que

o posto de trabalho, o

ambiente, a roupa e as questões periféricas devem se adaptar ao homem, e não o homem a eles. Combinando em um mesmo desenho o homem inserido no círculo e no quadrado, promove estudos acerca das dimensões e movimentos humanos. Atualmente, o conhecimento das formas e medidas do corpo, bastante aplicado em projetos de ergonomia é chamado de antropometria (Boueri, 2008)

Figura do homem vitruviano ( Da Vinci ,1490)

3.2 qual a diferença entre tarefa e atividade?

Uma dúvida temática que sempre acontece , é se há ou não,diferença entre o que seja “uma tarefa ” e “atividade de trabalho”. Em ergonomia, o termo tarefa, especifica a função para o qual o empregado foi contratado. Assim, um operador de máquinas tem como tarefa a operação de máquinas de alguns tipos e um estoquista faz controle de estoques, apontamentos recebimentos e entrega de materiais, e assim por diante. Já “atividade de trabalho “ é exatamente o que o trabalhador realiza no seu dia a dia,. para que sua tarefa seja cumprida. São as ações, movimentos e decisões que o trabalhador realiza no seu dia ,envolvendo aí o uso de ferramentas, meios tecnológicos, o controle do ambiente de trabalho Enquanto tarefa tem um perfil coletivo, podendo ser exercida por muitas pessoas contratadas para a mesma função, a atividade, por sua vez, é individual porque diz respeito aquilo que cada trabalhador realiza em seu posto de trabalho 3.3 A ergonomia - teorias da atividade Muitas foram as teorias que buscaram encaixar a atividade humana, organizada ou não, em padrões humanos conhecidos, Mas foi a partir dos trabalhos do psicólogo e pesquisador bielo-russo Lev Vygotsk (1896-1934) que o mundo teria,o que se determinou ser a primeira geração das teorias da atividade. Segundo este autor, atividade seria algo que teria como princípio geral, “a ação de um sujeito, mediada por uma ferramenta e destinada a um objetivo. Na questão relativa ao “sujeito”, a abordagem da pesquisa buscou entender a interrelação entre a aprendizagem e os processos mentais humanos , cujo elemento norteador fosse uma atividade humana individual ou coletiva Na questão das ferramentas, Vygotsky relata que os seres humanos produzem os instrumentos (mentais ou físicos) necessários à realização do trabalho, sendo capazes, também, de conservá-los para uso posterior, assim como

preservar, aperfeiçoar,criar novos e transmitir sua função aos membros de seu grupo.Lembremos que isso já acontecia no trabalho do homem mesmo na pré história,conforme nosso estudo na história do trabalho A Teoria da Atividade ( TA ) de Vygtovsky,foi desenvolvida a partir do conceito de mediação que segundo o mesmo, implicava em dizer que toda relação do indivíduo com o mundo é feita por meio de instrumentos técnicos(ferramentas), físicos ou mentais Importante aqui é salientar que a idéia de atividade voltada para um objetivo tem como motivo transformar esse objetivo em resultado. Assim, esta atividade pode ser realizada de maneiras diferentes tendo como base os mais diversos motivos pessoais para a sua realização. É o sujeito, a máquina e um objetivo a ser alcançado. O trabalho, sob o ponto de vista desta teoria da atividade, constitui-se em transformar objetivo em resultado, através da ação. Aqui ,segundo o autor,agem também a memória, o pensamento e a emoção , como formas distintas de atividade caminhando juntos com o realizar a ação previamente determinada A Figura abaixo representa o sujeito como o agente cuja atividade se pretende analisar; os artefatos mediadores são objetos (materiais ou idéias) utilizados pelo sujeito para atingir seu resultado; e o objeto refere-se ao material bruto sobre o qual o sujeito vai agir.

Modelo da Teoria da Atividade da primeira geração

Desde esta data muitos foram os estudos sobre o assunto. Uma segunda geração da Teoria da Atividade veio através dos estudos de Leontiev, psicólogo e pedagogo russo (1904-1979) que adicionou ao modelo descrito por Vygotsky, composto somente de “sujeito, ferramentas e objeto”, a “mediação por outros seres humanos e as relações sociais estabelecidas entre eles’. Enquanto a primeira teoria coloca a atividade de forma individual, Leontiev , a coloca

como ação exercida por um individuo mas sendo influenciada e

influenciando a sociedade. A relação entre ações individuais e atividades coletivas é a maior contribuição da segunda geração da TA. Aqui as atividades humanas constituem um sistema que está contido nas relações sociais, no qual o trabalho ocupa o lugar central e a atividade do indivíduo tem sua origem externamente, já que o homem encontra na sociedade os motivos para exercê-la , não apenas o lugar onde desenvolvê-las. È o homem organizado em sociedades. A terceira e mais moderna Teoria da Atividade veio através dos estudos do engenheiro finlandês Yrjö Engeström ( 1948),que embora reforce a natureza coletiva e social da atividade, volta seu foco para as interrelações entre o sujeito e sua comunidade. À estrutura básica da atividade seria caracterizada por um sujeito (individual ou coletivo) e seu objetivo de transformar um objeto empregando uma ferramenta de mediação, As ações aqui seriam mediadas por artefatos e significações sociais, históricas e culturais. Neste sistema da atividade, descrito como “uma atividade humana direcionada a um objeto, coletiva e culturalmente mediada” .”. O sujeito é organizado em comunidades , que são compostas de múltiplos indivíduos que compartilham o mesmo objeto. Este sujeito relaciona-se com a comunidade através de normas e de uma determinada distribuição de tarefas, poderes e responsabilidades entre os participantes do sistema de atividade.

Um exemplo aqui seria o trabalhador de um setor têxtil de uma indústria que funcione 24 ininterruptas dividindo o trabalho em 3 turnos. Ao dividir sua máquina com colegas, ele está sujeito ás regras do trabalho e normas coletivas de ação de toda a sua comunidade laboral. Sua função exerce influência sobre o trabalho dos outros e ao mesmo tempo é exercida segundo seus próprio jeito de ser e pensar e caracterizada por uma maior ou menor disposição para o aprendizado e promoção de mudanças.

Modelo do sistema de atividade de terceira geração de Engeström.

3.4 Teoria da atividade x - ergonomia: o que uma coisa tem a ver com a outra?

Ergonomia é atividade!! E toda forma de atividade física ou mental evidencia a Ergonomia em ação!! A Ergonomia da atividade é a ação buscando e se responsabilizando pela qualidade de vida do ser humano. Como ciência a ergonomia se responsabiliza pelo estudo da atividade através do conhecimento do :sujeito e suas experiências, do objeto da ação, do instrumento usado na sua execução, da resposta desejada, da coletividade envolvida no processo,das normas regras necessárias e determinadas para a sua execução, etc. Basicamente tem como principal objetivo, adaptar o trabalho ao trabalhador, conhecendo suas características gerais ,para através disso planejar e ou ajustar o tipo de ofício que lhe seja permitido executar, buscando preservar sua saúde e evitar limitações físicas e mentais ao longo de toda sua atividade produtiva.Dito isso é certo dizer que a ergonomia acaba criando sua auto-definição segundo a disciplina que no momento da ação esteja representando. Em um nível geral, os teóricos da atividade procuram analisar o desenvolvimento da consciência na atividade social prática. A preocupação deles é com os impactos psicológicos da atividade, com as condições sociais e sistemas nela produzidos e que através dela influenciam a sociedade como um todo. Toda atividade ergonômica, deve ser compreendida sob três diferentes aspectos. A) É o trabalhador quem executa as ações ou as redefine de acordo com uma realidade própria e quem toma as decisões para atingir um objetivo; B) O trabalhador usa de si mesmo para atingir suas metas; C) A análise da atividade ergonômica deve ser feita de acordo com as estratégias determinadas pelo trabalhador para atingir seus objetivos . Isso significa dizer que é o trabalhador quem coloca em marcha o funcionamento do sistema muscular, do sistema nervoso central e periférico, o que gerará produção e o gasto de energia.

O tamanho desta ação pode ser

avaliada observando-se um

comportamento visível de movimentos como a fala, respostas dadas, gestos automáticos ou voluntários (a direção do olhar ,trejeitos,expressões faciais) caminhar, correr, etc...,o que validaria,ou não, a qualidade tanto da atividade física quanto da atitude mental do trabalhador. Neste contexto de ação da ergonomia, uma intervenção eficaz e duradoura no campo da qualidade de vida no trabalho, pode remover ou atenuar as causas principais do mal-estar dos trabalhadores, em relação ás condições e relações profissionais de trabalho,e conseqüentemente promover o paradigma preconizado pela Ergonomia, de

adaptar o

trabalho ao ser humano e não vive-versa.

3.5 Objetivos e propósitos da ação ergonômica Para que os propósitos de determinada ação ergonômica sejam alcançados é importante que o ergonomista conheça : 

Os modos de interação existentes entre as diversas atividades laborais exercidas em um sistema de trabalho;



Que um trabalhador precisa entender o trabalho do outro;



Que precisam ser consideradas as comunicações nos trabalhos executados. Tais características habilitam a ergonomia na área científica, como uma espécie de “ferramenta”, de uso constante na temática de qualidade de vida no trabalhador. Um exemplo que caracteriza este processo seria uma empresa, ter para a realização de trabalho na seção de informática,apenas cadeiras padrões perfeitamente ajustadas para pessoas de pequena estatura sem que isso fosse considerado pela equipe como um problema de todos .Isso validaria a atividade para uns,mas poderia causar problemas para outros.

Nesta dimensão, a ergonomia da atividade atua positivamente dando respostas principalmente sobre: 

A quantidade e qualidade de produção;



O grau de desgaste de instrumentos de trabalho;



O índice de acidentes;



Os efeitos das atividades exercidas em curto e médio prazo;



A saúde do trabalhador;



A evolução das competências e experiências laborais (como um trabalhador assume e se porta diante do que faz e graus de expectativas) ;



Atividades na vida social de um, indivíduo, grupo ou empresa ,

CAPITULO 4. A ERGONOMIA COMO DISCIPLINA MULTI E INTERDISCIPLINAR Dada a sua ação global inter e multidisciplinar, para fins de melhor compreensão, a ergonomia pode ser entendida cinco abordagens diferente, quais sejam : 4.1.Quanto aos campos de atuação  Ergonomia física  Ergonomia cognitiva  Ergonomia organizacional 4.2. Quanto às áreas de aplicação  Ergonomia de concepção e projeto  Ergonomia de ergonomia de correção, ,remanejamento e modernização  Ergonomia de conscientização  Ergonomia de participação

4.3. Quanto à abrangência  Ergonomia de posto de trabalho  Ergonomia de Sistemas de produção

4.4.Quanto à multidisciplinaridade  Ergonomia na área da Engenharia  Ergonomia na área do design  Ergonomia nas áreas da medicina e enfermagem do trabalho  Ergonomia na psicologia  Ergonomia na área da administração Quanto aos setores de atuação



Ergonomia na indústria



Ergonomia na agricultura



Ergonomia na mineração



Ergonomia na construção civil



Ergonomia no setor de serviços



Ergonomia nas atividades diárias

4.1 Ergonomia :campos de atuação A ergonomia como ferramenta multidisciplinar atua nos mais diversos setores da vida ,nos múltiplos componentes laborais de uma empresa, conseqüências e interações no trabalho, impactando e alterando positivamente dos aspectos físicos aos organizacionais do processo laboral. Viabiliza o planejamento, projeto, concepção e avaliação das necessidades e limitações das pessoas, máquinas, ambiente e dos processos durante a realização do trabalho. Na divisão destas tarefas a ergonomia apresenta três campos de atuação distinto mas potencialmente interligados, sendo eles:

4.1.1- Ergonomia física

A Ergonomia Física é a atividade que diz respeito às características da anatomia humana, antropometria, fisiologia do trabalho e ambiente físico (calor, ruído, umidade, entre outros) .Em relação à atividade física, analisa a postura no trabalho, o manuseio de materiais, a presença de movimentos repetitivos, segurança e saúde. Além dos aspectos físicos de uma situação de trabalho, este tipo de ação da ergonomia busca fazer com que a atividade respeite os limites e capacidades do corpo do trabalhador durante a sua jornada de trabalho.Uma outra interpretação e ação da Ergonomia física está na análise de ambientes e atividades do cotidiano humano, seja na academia, nas caminhadas,no lazer, nas atividades domésticas , etc.

4.1.2 Ergonomia cognitiva A Ergonomia Cognitiva surgiu da necessidade de se lidar com as dificuldades que os trabalhadores tem ao exercerem funções que exijam um maior esforço mental para a execução de tarefas no trabalho. Está relacionada á análise de processos mentais, como percepção, memória, raciocínio,resposta motora, interações entre os seres humanos e outros elementos de um sistema (http://www.iea.cc/) e procura evidenciar situações em que o sujeito recebe mais informações do que pode lidar e que de certa maneira,pode levá-lo a cometer erros. A Ergonomia Cognitiva tem seu foco de atuação na capacidade de memorização dos indivíduos, a atenção, percepção e outros processos cognitivos. Cabe ao ergonomista identificar o real impacto da relação da ação executada pelo trabalhador com as máquinas que fazem parte de seu cotidiano no trabalho. É este profissional que avaliará se há excessos, como estresse, cansaço mental, falhas na execução da atividade e desconfortos para o colaborador e ou problemas na produtividade da empresa.

4.1.3 A ergonomia organizacional

A Ergonomia Organizacional está relacionada com a otimização do sistema social e tecnológico no trabalho, incluindo suas estruturas políticas e processos pertinentes á comunicação, administração de recursos, projeto do trabalho, jornada de trabalho, trabalho em equipe, projeto participativo, ergonomia de comunidades, trabalho cooperativo, novos paradigmas de trabalho, organizações virtuais, tele-trabalho e administração de qualidade. O campo de análise da ergonomia organizacional se revela a partir da constatação clara de que toda a atividade de trabalho ocorre no âmbito do planejamento ou organização. Esse campo é conhecido internacionalmente como ODAM (Organizational Design and Management),um sinônimo do que modernamente se chama de Macroergonomia.

4.2- Ergonomia-Áreas de aplicação Atualmente a busca por uma produção industrial mais eficaz, efetiva e confiável, com menor custo ,tem levado as empresas a investir em projetos e estudos adequados ás suas necessidades específicas. Se esse investimento por um lado, talvez pareça significar um maior gasto, por outro representa para a empresa, a integração efetiva entre otimização do tempo, melhor produtividade e alcance de suas metas. Nesse contexto se faz importante a ergonomia como ferramenta facilitadora de todo processo criativo com atividade prática em quatro modalidades específicas de ação, quais sejam:

4.2.1 A ergonomia de concepção e projeto

Envolve e estuda: atividade laboral; ambientes físicos; Iluminação, ruído, temperatura, o posto de trabalho, dimensões, formas,etc. Acontece pela

necessidade da criação de um produto, uma máquina, um sistema ou ambiente. Neste tipo de ação da ergonomia ,as alternativas podem ser antecipadamente avaliadas sob os muitos aspectos do processo criativo. Por se tratar de uma situação hipotética , esta ação exige do profissional específico conhecimento técnico e certa experiência no assunto. Modernamente o uso de programas de computadores tem sido de grande importância, porque algumas situações criativas podem ser simuladas sendo de grande ajuda em uma tomada de conduta.

Equipe de criatividade trabalhando juntos 4.2.2 A ergonomia de correção, remanejamento, modernização O foco da ergonomia de correção é identificar produtos e processos associados que estejam apresentando problemas, e então, implantar uma abordagem sistemática para avaliação dos possíveis prejuízos provocados pelas ações realizadas. Quando aplicada na empresa verifica e corrige falhas identificadas no sistema homem-máquina. Tem por objetivo final , desenvolver um plano de ação com a finalidade de reduzir ou preferivelmente eliminar o problema em questão,

melhorando o processo laboral e/ou desenvolvendo um produto melhor e/ou projetando uma ferramenta específica que melhore o resultado final . È aplicada em situações reais pré-existentes, para resolver problemas relacionados á segurança, fadiga excessiva, doenças do trabalhador ou alterações na qualidade e quantidade da produção. Muitas vezes a solução a ser adotada pode apresentar dificuldade (redução da carga mental ou de ruídos) ou exigir um alto custo

para sua implantação (

ex..compra de maquinário de alta tecnologia) .Outras vezes,porém, algumas pequenas melhorias como a correção de posturas, colocação de dispositivos de segurança ou aumento da iluminação, fazem enorme diferença no contexto transformador e no processo laboral como um todo. Alguns efeitos observados, podem ser

indicadores de possíveis problemas

ergonômicos no trabalho de uma empresa e

estar acontecendo porque um

empregado ou seu grupo, estão com dificuldades de realizar o trabalho o que geraria custos para o sistema. Diante disso é importante observar:  Aumento de distúrbios ocupacionais e tendência a doenças;  Aumento de absenteísmo (ausências no trabalho);  Alta rotatividade de pessoal;  Reclamações dos trabalhadores;  Alto índice de horas extras;  Alterações no trabalho efetuadas pelos empregados;  Alto índice de reclamações quanto a segurança;  Baixa qualidade de produto.

4.2.3 A ergonomia de conscientização Muitas vezes, os problemas ergométricos não são resolvidos prontamente, nem na fase de concepção ou na de correção, devido á própria dinâmica do processo produtivo Esta atividade da Ergonomia busca capacitar os próprios trabalhadores para a identificação dos problemas do dia a dia ou os emergenciais, na empresa onde atuam. Neste caso,o trabalhador é orientado a usufruir dos benefícios de seu posto de trabalho, através do conhecimento do que seja uma postura adequada, o uso adequado de mobiliários e equipamentos, a implantação de pausas, ginástica labora l(antes, no meio e depois da atividade) etc. Diante disso é imprescindível que haja investimento em treinamentos específicos sobre a atividade exercida, proteção pessoal e coletiva e uma análise ergonômica dos ambientes e postos de trabalho

Dessa forma os trabalhadores podem estar preparados para identificar e informar sobre o problema a quem de direito e de fato os possa resolver. Ex: desgastes naturais de máquinas e equipamentos, alterações na iluminação, alterações de produtos e da programação da produção, substituição de trabalhadores, etc...

4.2.4 Ergonomia de participação

È atividade ergonômica que procura envolver os trabalhadores na resolução de problemas ergonômicos, podendo ser um trabalhador num posto de trabalho ou um consumidor no caso de produtos de consumo. Enquanto a Ergonomia de conscientização busca apenas manter os trabalhadores informados,a Ergonomia de participação os envolve de forma mais ativa no conhecimento do assunto. Com isso permite que os trabalhadores retroalimentem os responsáveis pelas fases ergonômicas de concepção, correção e conscientização, com informações relativas á uma

determinada ação ou a um produto. A informação dada poderá promover alterações, por vezes muito valiosas, para a reavaliação e resolução do problema. Exemplo simples disso é a verificação de produtos alterados, produtos com defeitos e ou especificações incorretas, etc...

Cinto de segurança de fixação de empresário

4.3 Ergonomia e suas áreas de abrangência

Segundo as áreas de abrangência a Ergonomia se divide em :Ergonomia de posto

de trabalho (microergonomia) E Ergonomia de Sistemas de Produção ou Macroergonomia 4.3.1 Ergonomia de posto de trabalho ou microergonomia Entende-se por “posto de trabalho” o espaço ocupado por uma pessoa em uma empresa, em ambiente domiciliar, ou no lazer, onde seja desenvolvido algum tipo de atividade laboral, . Fazer a abordagem ergonômica de um posto de trabalho significa realizar a análise da tarefa e das exigências cognitivas e físicas do trabalhador ,levando em conta o conhecimento da dinâmica do trinômio homem-máquina- ambiente . Exemplo para isso, está na análise ergonômica de um posto de trabalho ligado ao uso de um ou mais computadores ou a um painel de controle em aspectos como: postura,visão,máquina,concentração,ambiente e nível de estresse para a realização

da

tarefa.

Um posto de trabalho pode estar fixo em um determinado espaço ou não ter delimitação física para que a atividade ocorra. Um exemplo de posto de trabalho móvel é o local onde um ciclista profissional executa sua atividade. A avaliação

ergonômica aqui se fará da mesma forma , ,levando em conta o conhecimento da “dinâmica do trinômio homem-máquina- ambiente”.

 SOBRE O SISTEMA HOMEM-MÁQUINA AMBIENTE: O QUE É? È um sistema composto por um conjunto de subsistemas interdependentes e inter-relacionados entre si . Como exemplo disso, temos em nós, seres vivos, sistemas complexos como o: circulatório, respiratório, digestivo, etc. No caso das empresas, os exemplos de sistemas seriam os vários departamentos que as compõem como: financeiro, comercial, de produção, etc. O sistema Homem-Máquina- Ambiente é a unidade básica de estudo da ergonomia, sendo constituído basicamente, como o próprio nome já o diz, por um homem e uma máquina que interagindo entre si promovem a realização de um trabalho. No caso de uma linha de produção, este sistema pode abranger

também mais homens e mais máquinas ;O conceito de máquina aqui é bastante amplo e abrange qualquer tipo de artefato usado pelo homem para realizar seu trabalho ou melhorar seu desempenho. Indo desde uma caneta ,uma pá de jardinagem ao mais complexo avião ou computador.

Para atuar o homem precisa das informações fornecidas pela máquina, das informações que lhe fornece o ambiente interno e externo do trabalho, além das instruções para a realização da atividade solicitada. Uma análise ergonômica do meio ambiente, como parte do sistema pode fornecer informações acerca de problemas como por exemplo: ruído, vibração, temperatura etc., que se não forem resolvidos podem afetar o desempenho humano e interferir na

execução da

operação ..

4.3.2 A ergonomia de sistemas de produção ou macroergonomia

Este tipo de análise, diferentemente da ação ergonômica que é realizada em um posto de trabalho único e específico, preocupa-se com o funcionamento global de uma equipe, quando ela se utiliza de uma ou mais máquinas para sua realização . Enquanto a primeira se preocupa com o indivíduo, a segunda tem como principal

preocupação o bem estar de toda a equipe. Abrange aspectos mais amplos como a distribuição do trabalho entre os trabalhadores e a máquina, mecanização das tarefas, etc..Neste tipo de análise deve ser levado em conta, critérios como custos, confiabilidade e segurança.

Neste caso dizemos que é realizada uma Ação

Macroergonômica .

 SOBRE A MACROERGONOMIA?

Se chama Macroergonomia á abordagem da Ergonomia ( também chamada de Ergonomia de Sistemas de produção) que lida com os quatro subsistemas que envolvem uma atividade laboral : o tecnológico, o pessoal , o da atividade exercida e o ambiente externo, influenciando na estrutura organizacional e processos. Conceitualmente, a Macroergonomia é a ação ergonômica realizada dentro de um contexto amplo, não se limitando a questões pontuais para atuar (como o posto ou o ambiente físico de trabalho),mas expandindo sua ação também ao processo organizacional. O ponto de vista importante aqui é o do operador, ou dos grupos de operadores. A visão macro da ergonomia neste caso, focaliza o ser humano, o processo de trabalho e sua organização,seu desempenho, o ambiente e a máquina ,como se tudo isso ,no fim constituísse o todo de um sistema .

4.4 A ergonomia como ciência multidisciplinar

‘Desde sua origem, a Ergonomia sempre se fez presente no cotidiano humano agindo interligada á uma gama diferente de disciplinas científicas,sendo

estudada

por

especialistas

de

diferentes

formações, dentro de uma natureza multi e interdisciplinar. Por conta disso, é a Ergonomiadescritacomoumadisciplinadecarátermultidisciplinarquefundamentaseuestudoem várias áreas científicas como a Medicina, Enfermagem, Arquitetura, Engenharia, Desenho Industrial, InformáticaAdministração,etc.

Através de ação multi e interdisciplinar, encontra e retira das disciplinas de base, elementos e conhecimentos que permitem fundamentar diagnósticos em um processo analítico ergonômico, enriquecendo a criação de modelos conceituais para a realização de um projeto,ou simplesmente para alterar qualitativamente as necessidades específicas de uma determinada atividade laboral. Principais disciplinas atuantes na Ergonomia: 4.4.1 A ergonomia na engenharia

Lida com a elaboração de projetos ergonomicamente corretos,, garantindo principalmente a segurança do trabalhador, evitando acidentes em seu ambiente de trabalho, promovendo a eficácia da produção e do trabalho laboral.

4.4.2 A ergonomia e sua atuação nas áreas do design A ação ergonômica aqui se responsabiliza pela criação, aplicação das normas e especificações ergonômicas de um projeto e pelo design de produtos e ambientes de trabalho;

4.4.3 A ergonomia na psicologia Promove empresa

na

tanto

o

recrutamento como o treinamento trabalhadores responsável

dos e

é

pela

sua

motivação

mental

durante o

processo

labora

e

nos

aspectos,

pessoal e social

4.4.4 A ergonomia na medicina e enfermagem do trabalho È da responsabilidade destas áreas a prevenção de doenças do trabalho, físicas ou mentais,a valorização do bem estar e a manutenção da qualidade de vida e de produção do trabalhador.

4.4.5 A ergonomia na administração A ergonomia nesta área lida da mesma forma com a qualidade laboral e bem estar do trabalhador. È este tipo de atividade ergonômica a responsável também, pela gestão ergonômica de recursos humanos, projetos e mudanças organizacionais

4.5 A ergonomia e os setores de atuação

Se fizermos uma pesquisa sobre o que é a Ergonomia,por certo, mais da metade das pessoas entrevistadas responderão que ergonomia tem a ver com trabalho na frente do computador, ginástica laboral, postura ou talvez com levantamento de peso... !? Porém ergonomia é muito mais do que isso. Ergonomia está em tudo que revela uma atividade. È a ciência que estuda a humanidade em movimento !! Se Inicialmente as aplicações da ergonomia restringiam-se a indústria, ao setor militar e aero-espacial, atualmente as suas ações se expandiram para a agricultura ,setores de serviços em geral e de maneira abrangente,também para a vida diária do cidadão comum.

Isso aconteceu ás custas da aquisição de novos conceitos científicos e conhecimentos tecnológicos, mas também

através do entendimento das

características do trabalho das mulheres, idosos e portadores de dificuldades especiais, iniciados modernamente no mercado de trabalho. Basicamente nos dias de hoje, a ergonomia atua nos seguintes setores

4.5.1. A ergonomia na indústria

Consiste em identificar locais de acidentes mais freqüentes e graves, índice de erros, rotatividade de empregados, acidentes, doenças ocupacionais, absenteísmos, etc., buscando melhorar a eficiência, confiabilidade e qualidade das operações industriais laborais, através do aperfeiçoamento do sistema homemmáquina- ambiente.

4.5.2 A ergonomia na agricultura

Embora ainda lentamente. (IIda, 2005) pesquisas na área da agricultura tem sido cada vez mais

realizadas) .Nesta área, a ação da ergonomia é de extrema

importância e está diretamente ligada aos cuidados da saúde e bem estar dos trabalhadores durante todo o processo de produção agrícola, desde a preparação do solo plantio,colheita, transporte e armazenamento de produtos agrícolas, bem como realiza o controle dos efeitos danosos de agrotóxicos sobre a saúde dos trabalhadores. De outra forma,a sofisticação de máquinas para o trabalho agrícola tem evidenciado a absoluta necessidade da ação ergonômica também na concepção e execução de projetos,além da adaptação dos trabalhadores ao manejo das novas tecnologias.

4.5.3 A ergonomia na mineração

Nesta área, a Ergonomia vem realizando trabalhos constantes, lidando com questões como a saúde dos trabalhadores, sua qualidade de vida, questões que afetam o meio ambiente e buscando identificar possíveis fontes de contaminação humana por materiais.. Um exemplo disso é o que tem acontecido com o uso indiscriminado do mercúrio na busca do ouro,o que vem causando problemas ao meio ambiente,na saúde e na vida dos mineradores (IIDA,2005, 21). 4.5.4 A ergonomia na construção civil Provocada pela mecanização e modernização na automação da indústria e pela busca de indivíduos especializados para a maioria das funções neste setor, a mão de obra excedente, vem se voltando para vários setores de serviços gerais como por exemplo,o da construção civil . Por envolver um grande número de tarefas, a grande maioria, árduas, estressantes, ou perigosas, as empresas tem buscado na ação ergonômica, o suporte para uma organização eficiente do trabalho realizado e um maior controle das doenças ocupacionais, evitando possíveis limitações funcionais aos trabalhadores;

E da mesma forma com que a engenharia vem expandindo seu conhecimento tecnológico assim também a ergonomia se move buscando acompanhar as enormes mudanças que vem acontecendo nesta área.

4.5.5 A ergonomia no setor de serviços A complexidade de operações que acontecem no cotidiano da vida moderna tem alterado profundamente o mercado de trabalho. A enorme gama de atividades que se sofisticaram dentro dos setores de serviços, ,tem exigido do trabalhador um compromisso constante na busca de qualificação tanto na prática quanto no conhecimento adequado e seqüencial ,de uma determinada função De outro lado, a melhoria na oferta de serviços ao consumidor, sob todos os aspectos conhecidos, tem promovido a criação de diferentes postos de trabalho que trazem á ergonomia uma grande diversidade de novas ações como a criação de projetos, análise de postos de trabalho e saúde do trabalhador. Como exemplo, temos os trabalhos avançados realizados em universidades, bancos, aeroportos, hospitais,centrais de abastecimento centrais de serviços ao consumidor (como metrôs, aviões,ônibus, serviço policial, serviços de saúde, etc.)

 INFORMAÇÂO:Atualmente existe um ramo da ergonomia que lida apenas com testes de produtos de consumo, em serviços ligados a Órgãos de defesa do consumidor, avaliando produtos e divulgando os resultados dos testes para a população em geral

4.5.6. A ergonomia nas atividades diárias È certo pensar que o homem sempre buscou preencher os espaços do seu tempo, através da realização das mais variadas atividades que pudessem lhe proporcionar sustento e suprir suas aspirações pessoais. Neste aspecto, sua tarefa mais importante sempre foi tentar achar um equilíbrio entre suas obrigações de sobrevivência,suas vontades, e a necessidade de descanso e lazer. A ação da ergonomia , como parceira na produção da qualidade de vida ,está presente em cada atividade praticada tanto no ambiente de trabalho do homem ,quanto no seu cotidiano e em no seu tempo de lazer. Ao tornar mais cômodos e seguros os meios de transporte, mais confiáveis os produtos de consumo, mais confortáveis

as mobílias do lar; quando há o

estímulo a que haja uma boa postura correta na frente do computador... e até

mesmo no uso certo de uma calculadora para diminuir o esforço mental, lá está a ergonomia em ação na vida da humanidade. Assim é que quando andamos, comemos, varremos uma casa, usamos o telefone, os aparelhos na academia, o aparelho dentário, cortamos a grama no jardim, estamos realizando uma atividade que se rotineira , quando mal feita acaba por trazer prejuízos á nossa saúde através de limitações físicas ou mentais. Quando nos sentamos numa cadeira que não nos prejudique,quando empurramos um carrinho de supermercado adequado para não causar problemas, quando dirigimos um carro confortável ou corremos usando um tênis bem adaptado aos nossos pés, é importante saber que uma ação ergonômica aconteceu e que paralelamente houve o processo de concepção e elaboração daquele produto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1.BARBOSA FILHO, A. N. Segurança do GERALtrabalho e gestão ambiental,. São Paulo: Atlas, 2010. 2.IEA (InternationalErgonomicsAssociation). Definição Internacional de Ergonomia. Ergonomia Organizacional. Revista Ação Ergonômica, v. 1, nº 4, 2003. 3.IIDA, Itiro. Ergonomia: Projeto e Produção. São Paulo: Edgard Blücher,2005. 4.KROEMER, K., GRANDJEAN, E. Manual de homem, São Paulo: Bookman, 2005. 5.ABRAAO,J.et al.Introdução á Ergonomia: da prática á teoria .São Paulo. Blutcher ,2009. 6. DANIELS, H. Vygotsky e a Pedagogia.. São Paulo: Loyola, 2003. 246p. 7. DIAS, G. F. Educação Ambiental: Princípios e Práticas. 5. ed. São Paulo: Gaia,1998. 8. ENGESTRÖM, Y. Aprendizagem por expansão na prática: em busca de uma reconceituação a partir da teoria da atividade. Cadernos de Educação Universidade Federal de Pelotas, ano 11, n.19:31-64, jul./dez. 2002. 9. IIDA I.Ergonomia projeto e construção, 3ed. São Paulo.Ed. Edgard Blücher, 2016. 10.SANNINO, A. Activity theory as an activist and interventionist theory. Theory & Psychology,v. 21, n. 5, p. 571-597, 2011. 11 .SILVA, J.C.P., ;PASCHOARELLI, L.C:A evolução histórica da ergonomia no mundo e seus pioneiros Editora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010.

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